Em meio a soturnas imagens
Sob Sol sem brilho, poluído,
Com malcheiroso e entupido
Ipiranga, sem suas margens
Há muito adormecido
Por uma obra do destino
Desperta alguém, repentino,
Um tanto ensandecido
Indagou com ar genuíno
A aparvalhado assistente
Desse lugar tão diferente,
Que respondeu o cabotino:
Creio bem conveniente
Desabalares em carreira,
Permaneceres aqui é besteira
Fantasiado de regente !
Não me digas tal asneira
Explica-me pois, a razão
De tanta gente e confusão
Em volta daquela Bandeira
Deve ser um arrastão
E vais passando todo ouro
Se é que ainda tens tesouro
Pois como muitos, sou ladrão
Ora vejam que desdouro...
Está por aí meu cavalo
Se queres, podes levá-lo
Pois tem a força dum touro
Ouças bem o que te falo
Aqui está tudo mudado
Teu cavalo foi trocado
Por uma “pedra”, num estalo
Tomes muito cuidado
Roubam até um pangaré
Aprontam o maior banzé
Aqui é um inferno encantado
Muito brava está a maré
Vês que não tens qualquer jóia
Roubada quiçá por um nóia
Trocada por “pó” lá na Sé
Vive-se uma paranóia
Vândalos por toda cidade
Não há pois, autoridade,
O que vale...é a tramóia
Acho melhor na verdade,
Entregar minha espada
Qual já foi tão honrada
Pra conseguir liberdade
Com uma grande risada
O ladrão penalizado
Disse ao infeliz desvairado;
Não te sobraste mais nada !!
Dom Pedro escandalizado
Sem rumo, sem um norte,
Abominou sua sorte
De ali ter acordado
Já entregue, brada forte;
Eu aqui não mais governo
Melhor tornar ao sono eterno...
Com independência ou morte !
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