Recentemente li um texto cujo título era: "O Maçom deve ser uma pessoa hassídica".
Confesso que me senti um pouco desconfortável com o conteúdo do mesmo.
É inequívoco que o adjetivo "hassídico" é de concepção puramente religiosa.
O termo está intimamente relacionado ao Judaísmo.
A Etimologia desta palavra tem origem no Hebraico "hassid", cujo significado é "devoto"; "fervoroso", "temente a Deus".
Algo que me parece um tanto paradoxal quando o texto conclama tratar-se de uma "condição precípua" ou um postulado de que o Maçom seja esta pessoa.
Afinal de contas, a Maçonaria não é religião, seita nem tampouco é dona de qualquer propriedade reveladora, transformadora ou divinal.
Maçonaria é Filosofia e suas propriedades são dialéticas.
A Sublime Ordem não sugere nem fomenta qualquer caráter de "temor a Deus", ou seja lá qual for a ideia de subserviência ou mansuetude.
Sua essência reside na busca pelo aprimoramento da Consciência.
O texto, ainda que bem intencionado, resvala num viés um tanto messiânico e foge dos princípios dialéticos da Ordem, impingindo ao Maçom um atributo que colide com a atitude especulativa, investigativa e de propósito intelectual que é o que se espera de um livre pensador.
Ser bom e ser sensível ao bem são predisposições da alma e do caráter que se esperam de qualquer ser humano, sem que seja uma prerrogativa exclusiva do maçom.
De qualquer forma, o autor do referido texto ocupou-se de dar uma interpretação bem subjetiva ao termo, procurando de algum modo estabelecer um vínculo consistente ao conceptismo maçônico.
Enfim, não se busca aqui arrogar-se qualquer tipo de razão, mas apenas pontuar aspectos que podem nos conduzir a possíveis inconsistências conceituais.
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