setembro 13, 2023

UM DISCURSO PARA A CERIMÔNIA DE ENTREGA DAS LUVAS ÀS CUNHADAS - Jerônimo Borges


Caríssimas Cunhadas, Prezados Sobrinhos e Sobrinhas, meus Estimados Irmãos, Amigos e Amigas:

A Maçonaria é uma Instituição que tem como objetivo tornar feliz a  Humanidade, aperfeiçoando pelo amor, os costumes; pela tolerância, a  razão, pelo dever, e o caráter. Glorifica o Trabalho, liberaliza a  Fraternidade, proscreve a violência e respeita a lei. É uma associação de  âmbito universal, que propugna pelo aperfeiçoamento moral, social e  intelectual do homem, sem distinção de raça, crença ou nacionalidade. É o  símbolo vivo da fraternidade humana. Fundamentada na Tolerância, não  concebe que nenhum homem ou Corporação tenha direito de tornar  obrigatória para outrem a sua interpretação pessoal da Verdade. 

Naquele tempo, não havia uma cerimônia de Iniciação propriamente dita.  Um operário, para ser admitido como aprendiz, era recebido em cerimônia  simples, no próprio pátio da construção, não havendo registros de algum  modo especial com que essa cerimônia de recepção se realizava. Sabe se, porém que prestavam juramentos de fidelidade sobre o "Livro da  Corporação", onde fazia seu registro, manuscrito, estavam anotadas seus  direitos e obrigações que todos deviam decorar, tendo por fim o seu  perfeito cumprimento. Não se tratava apenas de aprender a Arte de  Construir. Nossos antecessores estavam submetidos, também, ao  aprendizado da Moral, exigindo-se que fossem Homens livres e de Bons  Costumes. No mesmo ato da recepção (que equivale à cerimônia de  Iniciação de nossos dias), recebiam utensílios necessários ao trabalho,  entre eles um grande avental de couro e um par de luvas. As luvas e o  avental constituíam-se em proteção indispensável, ao trabalho com  pedras, realizado com as mãos livres, consistia fundamentalmente em  desbastar a pedra bruta, talhando-a de modo a permitir que se  transformasse em material adequado ao edifício que construíam. 

Hoje os Maçons já não são mais operários, mas sim Obreiros  especulativos ou filosóficos, no aperfeiçoamento moral, intelectual e  espiritual. Nossa missão hoje é construir uma sociedade mais justa,  perfeita e mais feliz. Os instrumentos de trabalho possuem para nós  apenas significados simbólicos, úteis ao aperfeiçoamento moral de cada um. Assim do mesmo modo como na antiga recepção medieval o aprendiz  recebia um avental e um par de luvas de couro, o Maçom de nosso século,  ao ser Iniciado, recebe um avental e um par de luvas brancas. A esses  utensílios aplicamos ensinamentos morais. Simbolizam a pureza. As luvas  traduzem "mãos puras", purificadas na Iniciação e assim devem  permanecer. Um Maçom, ao envergar seu par de luvas, implicitamente  está afirmando possuir as mãos limpas, sendo um homem de moral  ilibada. 

A presença da mulher na maçonaria é de suma importância para nós, pois  a sociedade é formada pela família, e a mulher uma das pilastras que  sustenta a família e a maçonaria. E sem sua autorização nós não seriamos  iniciados, caso seja solteiro é a mãe que dá o referendo, casado a  esposa, então veja a grande responsabilidade da mulher na maçonaria.  Até então não se inicia mulher na maçonaria, não que sejamos machistas,  é porque a mulher já nasce perfeita, e o homem não, ai se dá o motivo  para iniciar só homem.  

Um segundo par de luvas a Loja oferece ao novo Irmão. Destinam-se a  aquela de sua maior consideração, e que ocupe lugar de destaque no seu  coração. Assim procedemos para demonstrar a sua família como é grande a Maçonaria Universal. 

A entrega dessas luvas é um ato solene de profundo significado. Posto  que não exigisse que fosse esta ou aquela mulher. Isto se constitui em  escolha individual: Será aquela de maior consideração, é o momento  também que damos boas vindas à família de nosso novo Irmão e amigo,  um novo operário, integrado na tarefa moral de erguermos uma sociedade  nova e - tal qual os antecessores que empreendiam suas tarefas para a  maior Glória do G.'.A.'.D.'.U.'., que é Deus – e dedicamos todos os frutos  que nesta Loja são produzidos. Tudo faz não para nossa vaidade, mas sim  para maior Glória ao G.'.A.'.D.'.U.'..  

A propósito, lembro-me de uma história de amor platônico entre um  médico e sua enfermeira: o Dr. William Stewart Halstedt (1852-1922), grande cirurgião americano, inventor de dezenas de instrumentos  cirúrgicos e apetrechos hospitalares, quando era chefe de um hospital em  Baltimore (USA), ainda solteirão convicto, se apaixonou secretamente e platonicamente, pela enfermeira Caroline Hampton (Carol), que o auxiliava  nas cirurgias. À época os trabalhos pré-operatórios exigiam dos profissionais a lavagem das mãos em fortes soluções anti-sépticas, já que  não havia luvas. Carol, com isto, desenvolveu uma dermatite de contato  com tais substâncias. Com as mãos feridas ela não podia auxiliar Halstedt.  Desespero para o médico. Ele só aceitava operar se fosse com a ajuda  dela, tamanha era a paixão da presença, a segurança e a confiança que  Carol lhe transmitia. Apreensivo, em busca de uma solução para o conflito,  Halstedt procurou um microempresário chamado Goodyear (mais tarde um  dos maiores produtores de pneus do mundo) e pediu-lhe que fabricasse  um par de luvas de borracha para a enfermeira. Assim foi feito.  Para não constranger a amada, pois as luvas eram de borracha preta  (tecnologia da época), Halstedt encomendou pares para os demais  auxiliares. E a partir do uso contínuo das luvas, constatou-se que as  infecções pós-operatórias, praticamente, desapareceram. Ele então determinou que em todas as cirurgias fossem usadas as luvas, procedimento  logo difundido em todo o mundo até se chegar ao uso das finíssimas luvas  atuais.  

Halstedt e Carol trabalharam por muito tempo, cada vez mais unidos pelos  fortes laços do amor, casaram-se e moraram na cobertura do Hospital até  a morte dele em 1922. As luvas cirúrgicas continuaram, por muito tempo,  sendo chamadas de "as luvas do amor", em respeito à história dos dois e  pela pureza que imprimiam no contato com as feridas dos  enfermos.  

Amor, união e pureza são, portanto, os significados maiores daquele  segundo par de luvas brancas dedicado às mulheres da família maçônica. 

A Loja é a Família fortificada. Aqui neste templo estaremos sempre  reunidos, recebendo e transmitindo muita harmonia paz fraternidade e  muitas felicidades, para nós este templo tem três significados que são;  UMA LAR, UM ALTAR E UMA TRIBUNA, UMA LAR porque aqui são todos  irmãos e amigos filho da mesmo mãe (filhos da Viúva), UM ALTAR porque cultuamos o  G.'.A.'.D.'.U.'. que é DEUS e finalmente uma tribuna que é onde nos  debatemos, discutimos e nos entendemos, apesar de todas as adversidades.

E com certeza esta noite que  hoje vivemos permanecerá em nossos corações para todo o sempre,  enquanto pudermos manter esta Loja e nossas Famílias como exemplos  dignos da Grande Instituição que ora representamos. 

Reza a Tradição Maçônica que aquela que é portadora destas Luvas  deverá sempre mantê-las consigo na bolsa, por exemplo, pois se estiver em dificuldade, basta retira-las e colocar sobre o pulso de um dos braços  que havendo por perto um Maçom ele prontamente lhe prestará auxílio. 

Convido ao nosso novo Irmão, para que entregue um par de luvas àquela mulher que mais estima tem o vosso coração. Entregando-lhe essas luvas, afirma ser um homem puro e de mãos limpas, hoje e para sempre.

...

Esse texto é parte do acervo do nosso Ir. Jerônimo Borges, já no Or. Eterno, a quem rendemos um pequena homenagem ao revigorar esse "discurso" para os nossos queridos Irmãos. Com o nosso Fraterno Abraço a todas queridas Cunhadas e sobrinhos

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