Saber e acreditar que DEUS existe é uma condição "sine qua non".
Trata-se da única explicação plausível que justifica e ratifica a nossa existência.
Em outras palavras, trata-se de um Princípio Criador e Incriado do Universo.
O surgimento das religiões, crenças e credos no entanto, em tese, é um dispositivo humano cuja missão é a de um "amortecedor espiritual" que se traduz como forma de amenizar dores, sofrimentos e além disso, de injetar uma contínua dose de esperança por uma jornada cada vez mais profícua ao longo da vida.
No entanto, as repetidas e insistentes tentativas de vincular a filosofia maçônica aos preceitos divinais e religiosos inclusive de âmbito proselitista parecem inesgotáveis por parte de significativo contingente de maçons.
Não raro, a impressão que fica, é que estamos participando de um Culto, de uma Missa, de uma Sessão Espírita ou de qualquer outro Serviço Religioso.
Na apresentação de textos e mesmo em Palestras ou nas singelas saudações entre Irmãos, são recorrentes as eloquentes e efusivas manifestações de bençãos, exaltações divinas e principalmente de citações bíblicas, bem como de algumas outras citações contidas em outras literaturas religiosas, inobstante suas origens.
Esta entrega ao dogmatismo, quer queira quer não, impõe um freio à capacidade de elaborar meios de se buscar a explicação dos fenômenos humanos e naturais através do processo "especulativo".
A Maçonaria Especulativa, que é a que se pratica hoje em dia, é o processo
de transformação que os ingleses denominaram de "Revival", que significa renovação, renascimento, cujos indícios sugiram por volta do início do século XVIII.
O adjetivo “especulativo” só foi aplicado aos Maçons “Aceitos” em meados do século XVIII.
A referida denominação de era dada, a todo aquele propenso à contemplação e à reflexão.
O “especulativo” era o idealista, o pensador e não o homem de ação ou profissional
Eram homens cultos, eruditos, artistas, escritores e historiadores que passaram a ser "Aceitos" na Sublime Ordem.
Lembrando que o verbo especular advém do Latim *"speculari"* que significa observar ou examinar minuciosamente, cuja raiz é *"specio"* (espelho) que quer dizer ver, olhar, enxergar.
Com o processo de transformação linguística ao longo do tempo, tanto no âmbito morfológico quanto semântico, *"speculari"* ganhou o significado de examinar alguma coisa, um tema, ou um assunto, refletindo sobre o mesmo mentalmente, ou seja; analisando suas origens, desenvolvimento e consequências sob o ponto de vista dialético.
Assim, o adjetivo "especulativo" no que se refere à Filosofia é aquilo que impõe uma análise abstrata e teórica para se chegar ao conhecimento.
A filosofia Especulativa se concentra no âmbito do raciocínio, na natureza da razão, e no exercício infinito do pensamento.
É justamente essa natureza que confere à Maçonaria um caráter universal na sua essência, permitindo uma diversidade de posições filosóficas, desde que não sejam radicais ou extremistas, razão pela qual nela encontraremos ritos deístas, teístas e até mesmo agnósticos.
Essa é a Tolerância e a Liberdade de Pensamento que caracterizam seus Princípios e sua verve filosófica.
Portanto, a Maçonaria Especulativa constitui-se numa entidade filosófica, posto que seu propósito é o de investigar, pesquisar as leis da natureza, as relações humanas e o Universo; bem como, estabelecer uma relação do conhecimento com as bases da moral e da ética.
Esse arcabouço dialético é o que a torna um instrumento para o progresso e a evolução humana, sem se prender a sincretismos, dogmas, estereótipos ou superstições.
A Maçonaria Especulativa é progressista e evolucional porque parte do entendimento da existência de um "Princípio Universal Criador e Incriado", fonte inspiradora que não impõe qualquer barreira ou limite para que o ser humano se esmere na busca da verdade.
Além disso, esse caráter oferece ao homem o exercício de aprimoramento da própria consciência.
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