Fatos Notáveis
Diante dos desmandos e da sandice religiosa que antecederam a transformação da Maçonaria Operativa em simbólica, alguém tinha que reagir a esse estado caótico de coisas. Alguns dos próprios sacerdotes, contrários àquela vexaminosa e vergonhosa perseguição religiosa, aliaram-se aos cadetes (nobres de sangue que não que só assumiam o poder em caso do impedimento do primogênito) e deram início a uma silenciosa resistência passiva. Reuniões eram efetuadas nos mais diversos e reservados lugares, com o finco de se discutir os desmandos da Igreja.
Como o poder era transferido por hereditariedade, aqueles que ousassem participar de uma reunião em público ou mesmo reservada, cujo fato chegasse ao conhecimento dos donos do poder, fatalmente seriam punidos com a pena capital. Isto porque, qualquer reunião fora ou dentro do espaço monárquico (todo o território sob o seu comando) era considerada conspiração contra o Rei e contra a Igreja. Por esse motivo, as oficinas dos pedreiros livres ou engenheiros e arquitetos daquela época (os maçons atuais), no mais das vezes, serviam de espaço para acobertar os descontentes da monarquia e da igreja. As oficinas dos pedreiros livres não eram objetos de suspeitas, porque todos os seus membros, em princípio, eram pessoas livres e de bons costumes. Seus membros tinham por dever iniciático de comportarem-se como pessoas puras, honestas e obedientes às determinações e decisões dos poderes constituídos.
Ser pedreiros livres era uma profissão quase nobre, já que a maioria dos seus membros era, também, os intelectuais, matemáticos, astrônomos, engenheiros, arquitetos e professores da época. Entre eles destacavam-se os sacerdotes mais brilhantes das monarquias, os grandes intelectuais daquele e de outros tempos idos. Os iniciados na arte de construir faziam parte de uma casta privilegiada, cujo prestígio era inabalável. Motivo pelo qual, num sistema de governo no qual quase todos senão todos eram escravos, os pedreiros podiam ir vir a qualquer outro país sem a necessidade de maiores delongas. Além disto, eles eram dispensados dos impostos. Pois, quase sempre eram requisitados para construírem em outros países, devido a alta capacidade e habilidade profissional, não lhes sendo exigidos o pagamento de tributos por nenhum dos poderes, o que era, de certa forma, mais que justo. Daí vem o atributo de pedreiros livres, já que podiam ir e vir livremente e eram dispensados dos tributos. Como conseqüência das reuniões que se realizavam nas dependências das oficinas dos pedreiros livres, sem maiores censuras, os nobres, o clero e os próprios pedreiros livres se conscientizaram de que era necessária a adoção de um novo posicionamento face às pressões dos poderes constituídos. Selou-se, então, a resistência passiva que deu início à reação contra a Igreja e o Poder Monárquico. O resultado foi a queda da monarquia imperialista. A seguir, vejamos a cronologia dos antecedentes que deram origem a transição da Maçonaria Operativa para a Simbólica, cujo maior estímulo foram as matanças religiosas, as Cruzadas e seus sucedâneos. by Reivax.
1095. Aleixo I Comneno, imperador bizantino, envia uma embaixada ao papa Urbano II, para lhe pedir ajuda. Ainda na primavera, o papa Urbano II inicia a sua viagem a França. Em 18 de Novembro, deu-se a abertura do Concílio de Clermont. A 26 de Novembro, Urbano II lança o seu apelo à Cruzada.
1096. Abril, parte a Cruzada popular dirigida por Pedro, o Eremita, e Gautier Sans Avoir. Massacres de judeus na Renânia. A 6 de Julho, realiza-se o Concílio de Nimes, quando Urbano II confia a Raimundo de Saint-Gilles o comando de uma das expedições à Terra Santa. A 01 de Agosto, a Cruzada popular chega a Constantinopla. No verão, deu-se a partida da Cruzada dos barões (Godofredo de Bulhão; Raimundo IV conde de Toulouse; Boemundo de Tarento; Estêvão conde de Blois; Tancredo de Hauteville e Roberto II, Conde de Flandres). O imperador alemão, Henrique IV, e o rei de França, Filipe I, estando excomungados, não puderam dirigir a Cruzada. Em 21 de Outubro, as tropas turcas e búlgaras do sultão de Niceia, Kilij Arslan, aniquilaram a Cruzada popular na Anatólia. Pedro, o Eremita escapa ao massacre e foge para Constantinopla. Em 23 de Dezembro, Godofredo de Bulhão chega em Constantinopla. O imperador de Bizâncio exige, e obtém, após muitas recusas, a promessa de restituição das terras e das cidades retomadas aos muçulmanos, e a aceitação da sua soberania sobre as novas conquistas.
1097 Em fim de Abril, o exército dos barões abandona Constantinopla, passando para a Ásia Menor. Em maio, Tiro cai nas mãos dos Fatimidas do Egito. Em junho, ocorre a tomada de Nicéia pelos cruzados, restituída a Bizâncio. A 1 de Julho, registrou-se a vitória franca contra o sultão turco de Iconium (Konya), em Dorileia. Em 13 de setembro, os cruzados dividem o exército em duas forças, em Heracléia. Ainda em 20 de outubro, os cruzados atingem a Antioquia, e começa o cerco. A 15 de Novembro, Balduíno de Bolonha abandona o campo dos cruzados e toma a direção de Edessa.
1098. Em fevereiro, os Bizantinos abandonam o cerco de Antioquia. Balduíno chega a Edessa. Em março, Balduíno de Bolonha proclama-se príncipe de Edessa, após a morte de Thoros, príncipe armênio, que lhe tinha pedido ajuda e o tinha adotado. Funda assim o primeiro Estado Latino do Oriente. Em 3 de Junho, deu-se a tomada de Antioquia pelos Cruzados. Boemundo I de Tarento, chefe dos normandos da Itália meridional, recusa devolvê-la aos bizantinos e proclama-se príncipe de Antioquia. A 4 de Junho, os cruzados são cercados em Antioquia por um exército de socorro, comandado por Kerbogha, enviado pelo Sultanato seljúcida da Pérsia. Em 14 de Junho, Pedro Bartolomeu descobre a Santa Lança debaixo das lajes de uma igreja de Antioquia. Em 28 de Junho, os cruzados de Antioquia derrotam as forças sitiantes muçulmanas. A 26 de Agosto, os Fatimidas ocupam Jerusalém. Em 12 de dezembro, os cruzados apoderam-se de Maarat An Noman, na Siria. A população é massacrada e a cidade destruída.
1099. Em 13 de Janeiro, os Francos retomam a sua marcha para Jerusalém. A 2 de Fevereiro, o exército passa por Qal’at-al-Hosn, o futuro Krak dos Cavaleiros. Em 7 de Junho, o exército franco chega a Jerusalém. Em 13 de Junho deu-se o primeiro assalto à cidade, sem qualquer preparação prévia, o que culminou em uma imperdoável falha. A 10 de Julho, ocorreu o assalto a Jerusalém. A muralha circundante foi atravessada. Em 15 de Julho, firmou-se a conquista de Jerusalém pelos cruzados, seguindo-se o massacre da população muçulmana e judia. Em, 22 de Julho, Godofredo de Bulhão foi eleito rei de Jerusalém pelos barões, aceitando apenas o título de defensor do Santo Sepulcro. Em 01 de Agosto, Arnoul Malecorne, patriarca de Jerusalém, foi substituído. A 12 de Agosto, os Francos derrotam os Egípcios em Ascalon, na costa mediterrânica, a norte de Gaza.
1100. Deu-se o acordo comercial entre Veneza e o Reino Franco de Jerusalém.
Ainda nesse ano, em 18 de Julho, ocorreu a morte de Godofredo de Bulhão. Balduíno de Bolonha, irmão de Godofredo, príncipe de Edessa, é coroado primeiro rei de Jerusalém em Belém, no dia 25 de Dezembro.
1100-1101. Tivemos as cruzadas de socorro. A primeira foi a Cruzada lombarda, dirigida pelo arcebispo de Milão, Anselmo du Buis, Raimundo de Saint-Gilles, Estêvão-Henrique, conde de Blois, Estêvão, conde da Borgonha e o primeiro oficial do Santo Sepulcro, Conrado. A segunda, foi a Cruzadas de Nevers e a terceira foi a Cruzada da Aquitânia. Nenhuma delas conseguiram atravessar a Ásia Menor, sendo sucessivamente vencidas por uma coligação dos diferentes potentados turcos da Anatólia.
1101. Em março, Tancredo de Hauteville, um dos chefes da primeira Cruzada, abandona Jerusalém, regressando ao Ocidente por Antioquia. Em 17 de maio desse mesmo ano, os francos tomam Cesareia.
1102. Raimundo de Saint-Gilles toma Tortosa e registra-se a vitória de Balduíno em Ramla.
1103. Deu-se o início do cerco de Trípoli pelos Francos.
1104. Em 7 de maio, ocorreu a derrota dos Francos em Harran: Balduíno du Bourg foi feito prisioneiro e deu-se o detimento do avanço da Cruzada na Mesopotâmia, que se dirigia para Mossoul, no rio Tigre. Em 26 de maio, os cruzados tomam Acre com a ajuda de uma esquadra genovesa.
1105. Em 28 de fevereiro, Raimundo de Saint-Gilles morre em Mont-Pèlerin, durante o cerco de Trípoli, sendo sucedido por Bertrand de Saint-Gilles.
1105 – 1113. Os “Assassinos” redobram suas atividades.
1108. Conflito entre Tancredo e Balduíno du Bourg a propósito da restituição de Antioquia a este último.
1109. Em julho, Trípoli cai na mão dos Francos. O conde Bertrand conquista finalmente a cidade de que é titular.
1110. Conquista do Castelo Branco (Safita) e do Krak dos Cavaleiros.
1111. Mawdud, emir ortoqida de Mossul, ataca os Francos, e massacra a população de Edessa quando esta se dirigia para a margem ocidental do rio Eufrates.
1113. Foi publicada a Bula do papa Pascoal II reconhecendo oficialmente a ordem do Hospital de São João de Jerusalém.
1115. Conquista pelos francos do castelo de Shawbak (Montréal), a sul do Mar Morto.
1118. Morte do imperador Aleixo Comneno; a sua filha Ana começa a redação da Alexíada. Em abril, ocorreu a morte de Balduíno I; sucede-lhe Balduíno du Bourg.
1119. Batalha de Ager Sanguinis (do campo de sangue). O emir el Ghazi, de Diyarbakir aniquila o exército franco de Antioquia, pertp de Atareb.
1119 – 1120. Nove cavaleiros ocidentais fundam, em Jerusalém, a Milícia dos Pobres Cavaleiros de Cristo, que mais tarde se constituiu na Ordem dos Cavaleiros Templários. Para alguns estudiosos essa fundação ocorreu em 1118 e para outros, ela teria surgido, de fato, em 1114.
1123. Em 29 de maio, os Egípcios foram derrotados em Ibelin pelo primeiro oficial do rei, Eustáquio Garnier, regente do reino durante o cativeiro de Balduíno II.
1124. Em 7 de Julho, ocorreu a tomada de Tiro pelos cruzados.
1129. Em Janeiro, deu-se o Concílio de Troyes: a Ordem do Templo (os Cavaleiros Templários) foi oficialmente reconhecida pelo papa Honório III. Em 18 de junho, Zinki instalou-se em Alepo e fez apelo à Jihad contra os Francos.
1131. Em 14 de setembro, morreu Balduíno II; Foulques V, de Anjou, rei de Jerusalém.
1135. O Hospital de São João de Jerusalém transformou-se em ordem militar.
1142. O Krak dos Cavaleiros foi cedido aos Hospitalários de São João.
1143. Em 25 de Dezembro, Zinki, atabaque de Alepo e de Mossul, toma Edessa.
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