A narrativa e o aspecto histórico-lendário dão conta que a Torre de Babel - nome provavelmente derivado da língua acadiana BĀB-ILIM na Mesopotâmia - cujo significado é "Portão de Deus" - teria sido uma vã tentativa das pessoas à época, desejarem atingir o céu de maneira intrépida e ousada.
Porém, como em tese, falavam uma única língua, Deus preocupado com o fato destas pessoas terem blasfemado erigindo uma torre com o intuito de evitar-se um segundo dilúvio - ocupou-se de criar uma multiplicidade de línguas, de sorte que as pessoas ficassem incapazes de se entenderem entre si.
Assim os humanos foram divididos em distintos grupos linguísticos, interrompendo a empreitada da construção da referida torre.
É claro que há, todo um simbolismo em torno desta lenda, cujo pano de fundo é o de fomentar a contínua busca pelo entendimento mútuo entre as pessoas - tornando a vida, um processo de provas e experiências pela edificação de um templo interior baseado no exercício das virtudes, da compreensão, da capacidade de ceder e de compartilhar fraternamente a convivência humana.
A própria Bíblia em Gênesis 11:1-9 traz referência sobre este fenômeno.
No judaísmo há também uma explicação que se refere à construção da Torre como um "ato arrogante" de desafio a Deus.
Fato é, que inúmeras suposições são feitas a respeito da famigerada Torre de Babel.
Ironicamente, contudo, na contramão do preâmbulo feito acima, em Julho de 1887, ao final do século 19 - o estudante de medicina polonês, Ludwik Leijzer Zamenhof, um apaixonado estudioso de línguas, que vivia em Bialystok, na época Império Russo, constatando que naquela região viviam comunidades que falavam diversas línguas, o que tornava a comunicação no dia a dia algo bastante complicado - motivou-se a criar uma língua neutra, o Esperanto.
Isto é, elaborar uma língua artificial, aglutinante, sem flexões de gêneros gramaticais, sem conjugação de verbos variáveis por pessoa ou número, cujo propósito era o de torná-la um língua sintética e universal, que visasse de forma pragmática, o entendimento comum entre todos os povos.
Contudo, o vocabulário do Esperanto é primordialmente composto de línguas românicas, ou seja, línguas neolatinas, com algumas poucas inserções e contribuições de línguas germânicas e eslavas, sejam nos contextos morfológicos, fonéticos ou semânticos.
O sistema de escrita do Esperanto é o Alfabeto Latino.
Em razão da supremacia e imperialismo linguístico herdado do Latim e de suas línguas descendentes em detrimento dos demais grupos linguísticos - o Esperanto jamais prosperou da maneira que seu idealizador pretendia, a de torná-la um língua de entendimento universal.
Como uma língua artificial e planejada, a mesma não conseguiu impor uma "cultura de identidade", isto é, uma língua sem literatura e sobretudo, "sem falantes nativos".
Por estas eloquentes razões, ainda que se encontrem alguns grupos de "esperantófonos" que buscam praticar e se comunicar nesta língua - , seu emprego e praticidade são irrisórios, podendo ser considerado apenas um hobby o seu estudo, especialmente quando se sabe que cerca de 7000 línguas naturais são faladas no planeta e pelo menos uma língua desaparece em média a cada ano.
Nunca é demais lembrar que uma língua é uma entidade viva, que carrega consigo propriedades legítimas e naturalmente humanas, capazes de transmitir todas as sensações, sentimentos, pensamentos e emoções e não pode ser substituída por um mecanismo artificial.
A vida não se terceiriza.
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