dezembro 01, 2023

JEAN THEOPHILE DESAGULIERS - Alfério Di Giaimo Neto


A fundação da Grande Loja de Londres e Westminster, dita “Especulativa” deve-se, no papel principal, a dois homens: um escocês e um francês. O escocês era o reverendo James Anderson. O francês, uma figura mais importante, chama-se Jean Theóphile Desaguliers, era filho de Jean Desaguliers, Pastor de uma congregação protestante francesa, situada perto de Rochele.

Na França, quando o líder protestante Enrique de Navarra se converteu ao catolicismo romano, passou a ser o Rei Enrique IV, outorgando tolerância religiosa aos partidários protestantes da maior parte da França. Mas, no reinado de seu neto, Luiz XIV, os protestantes perderam gradualmente seus direitos. Todos perderam o direito de emigrar sem a autorização do rei. Aos Pastores Protestantes era permitido emigrar, porém não era permitido levar os filhos. Esses ficariam na França e seriam educados como católicos.

Desse modo, o casal Desaguliers tinha permissão de sair, mas não podiam levar o menino de dois anos, Jeam Theóphile Desaguliers. Resolveram levá-lo no contrabando, colocando-o num tonel cheio de roupas. A criança estava dormindo entre as roupas e assim a família passou na fileira de soldados, no porto. A família viveu alguns anos em Guernsey e depois se mudaram para Londres, Jean, o pai, foi ordenado na Igreja da Inglaterra e passou a ser ministro de uma congregação de refugiados franceses protestantes, em Piccadilly.

Jean Theóphile tinha 16 anos quando seu pai faleceu, em 1699. Ingressou, posteriormente, no Corpus Christi College de Oxford, estudando teologia, mas também era muito interessado em projetos científicos.

Em 1702 a Inglaterra e Países Baixos, entram em guerra com a França de Luiz XIV, que queria se apoderar do trono da Espanha, para seu neto. Nessa época Jean Theophile, concentrava-se pouco na Teologia e, desejando incorporar-se à luta contra Luiz XIV, dedicou-se aos conhecimentos científicos, desenhando um tipo de arma para ser utilizada no sitio de cidades. E enviou seu projeto para a Oficina de Guerra, em Londres.

Os entendidos em armas ficaram impressionados e ela foi utilizada contra os forte de Flanders, com sucesso.

Dava conferências sobre Filosofia Experimental em Oxford e, próximo aos trinta anos de idade, se casou e adquiriu uma casa em Londres. Continuou dando suas conferências, acrescentado agora, conferências sobre as teorias de Isaac Newton, de quem era amigo. Em 1714 foi admitido como membro da Royal Society. Em 1717 deu uma conferência ao Rei Jorge I, em Hampton Court.

É provável que a razão em se interessar pela Maçonaria, tenha sido, pela convicção dele, de que esta representava o caminho mais adequado para que a religião se convertesse em um “Deísmo” tolerante , que era o que ele acreditava e queria. Além do mais, acreditava que, com a revolução de 1688 e ascensão da Casa de Hanover no seu país de adoção, este seria dirigido por uma grande aristocracia. Se pudesse persuadir os membros da nobreza em se tornarem maçons, a Maçonaria floresceria como uma sociedade de “deístas”, livre de perseguição e ataques.

Não foi difícil convencer muitos de seus amigos da aristocracia inglesa para entrarem para a Maçonaria, uma instituição que respeitava as tradições da aristocracia e da classe dirigente. Um pouco diferente do que fizera a Igreja católica, durante séculos.

Seria uma organização em que todos os membros seriam “irmãos” e a diferenciação estaria no mérito de cada um e oferecia um atrativo a muitos aristocratas ingleses, famosos em toda a Europa pela sua disposição em confraternizar com os de classe social inferiores. Gostava da ideia de pertencer à uma sociedade que tinha longa história, que aceitava a Casa de Hanover e a sucessão protestante, mas que evitava as polêmicas religiosas e políticas e que organizava reuniões, nas quais os partidários de religiões em conflito, podiam encontra-se como amigos pessoais.




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