dezembro 22, 2023

LÍNGUA É VIDA ! - Newton Agrella



Do jeito que a história está sendo escrita aqui no país, daqui a pouco, as chamadas figuras de linguagem de pensamento e de construção terão que ser exterminadas do vernáculo e da própria Língua Portuguesa como um todo.

O patrulhamento obsessivo da mídia e de um significativo contingente da autointitulada "elite intelectual"  tem se valido de toda e qualquer expressão linguística que envolva cores, formas ou gêneros, para interpretá-las, sem cerimônia, como instrumentos de ofensa ou de algum tipo de preconceito.

Importante registrar que a composição e estrutura de uma língua são fruto de uma imensa influência de fatores históricos, sociais, climáticos geográficos, étnicos e até mesmo religiosos, dentre tantos outros.

Tudo isso, contribui para que expressões que se consagraram na formação de uma língua, prosperassem e se sedimentassem como meio de comunicação, sem que necessariamente seus falantes estivessem imbuídos de carregar consigo, qualquer ideia ou noção de preconceito ou negatividade.

A transferência de significados e de tons pejorativos que se quer impor à linguagem, é descabida com relação a atitudes ou ações violentas ou preconceituosas que o ser humano despeja ao longo da vida.

Diferentemente do que um xingamento, ou o uso de maneira categórica e ofensiva de alguma expressão que denote a clara intenção de ferir, humilhar ou diminuir alguém, muitas expressões da Língua Portuguesa são analogias a repetidas situações socioculturais e comportamentais originárias de nossa própria história.

A herança cultural de uma língua obedece critérios que se adequam ao tempo e às circunstâncias, e portanto parecem inconsistentes quando se tornam objeto de monitoramento intermitente.

Ultimamente o que se percebe, é que as correntes anteriormente citadas têm empreendido uma instrumentalização política de nossa língua, agindo como verdadeiros censores, e de certa forma questionando até mesmo a legitimidade do exercício semântico seja no âmbito oral ou escrito.

O receio é que com essa postura tão intransigente e arrogante, as formas de expressão linguística ou até mesmo artísticas, sofram um processo de mecanização, tirando das pessoas a espontaneidade e capacidade de se manifestarem naturalmente.

O preconceito não está contido ou embutido na linguagem, mas sim,  na maneira despudorada com que as pessoas se tratam, se agridem e se desrespeitam.


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