dezembro 06, 2023

MORAL DA MAÇONARIA E DO ILUMINISMO



No século XVII foram criadas as condições para o surgimento do movimento iluminista que aconteceu  no  século  seguinte  e  foi  neste momento  que  dois  filósofos,  Descartes  e Espinosa  destacaram-se  na  preparação  do terreno para estes novos tempos. Se tivesse de definir iluminismo diria assim: Iluminismo é um  movimento  popular  que  criticava  o absolutismo  e  defendia  um  governo  não basicamente religioso, mas de crenças livres, desde que não desagregadoras entre si. Baruch  de  Espinosa,  nascido  em  1632  na Holanda, ao afirmar que no Antigo Testamento não contém verdades, mas preceitos morais e políticos que visam a preservar a unidade e a dirigir o povo judaico através dos tempos, ele sofreu  os  efeitos  da  intolerância  religiosa, acusado  de  ateu  e  excomungado  pela sinagoga  de  Amsterdam.  Isto  é  normal, acontece também com a maçonaria até estes dias,  somos  atacados  por  quem  na  verdade não  sabe  quais  nossos  objetivos,  sociais  e políticos.

Segundo  Espinosa,  todo  estado  autoritário tem  origem  na  superstição,  onde  os  chefes alimentam  o  terror  das  massas,  e  este pensamento  de  Espinosa  coincide  com  o pensamento  tanto  do  Iluminismo  como  o pensamento  maçônico,  onde  o  fanatismo político e religioso é tido como o responsável pelas  maiores  desgraças  vivenciadas  pela humanidade. René  Descartes,  nascido  em  1596,  era filósofo e matemático francês e dedicou grande parte  da  sua  obra  às  questões  relacionadas com  a  moralidade.  Em  sua  obra  “O  Tratado das Paixões” ele deduz que é no livre-arbítrio que o homem poderá buscar a educação do intelecto,  capaz  de  livra-lo  do  vício,  que  é  a preguiça de pensar. Afirma também que o erro moral é precedido pela falta de sabedoria, pois para  ele  a  moralidade  na  mão  de  insanos, consiste em governar segundo seus princípios, usando o povo apenas como um instrumento para atingir seus objetivos, sejam eles lá quais forem.

Vejamos o seguinte, se os irmãos de ambas instituições,  maçonaria  e  iluminismo  não tivessem o livre arbítrio para seguirem o seu objetivo  social,  estariam  também  inclusos  nogado repontado para o matadouro, mas eu vou explicar  melhor,  se  um  governo,  se  uma universidade  se  uma  grande  instituição religiosa  afirmassem  que  só  existe  um caminho  a  ser  seguido,  qual  seja,  o  seu caminho,  essas  fontes  doutrinárias  estariam iludindo  com  uma  pseudo  moral  e  seus governados,  estudantes  ou  religiosos  que estariam  por  sua  vez  literalmente  sendo repontados  para  um  abismo  maquiavélico, preparado para fazer frente a seus objetivos, ou  seja,  fazendo  a  cabeça  de  incautos  que passam a imaginar que o mundo só tem uma faceta,  onde  em  tempo  curto  cairiam  numa desgraça  devido  a  lavagem  cerebral.  

É  por isso  que  estes  dois  seguimentos  filosóficos lutam para livrar as pessoas da ilusão de que tudo na vida tem um lado só, portanto tenham, como se diz no vulgo popular, um cérebro lavado,   e   é   para   fugirmos   disto   que defendemos o livre arbítrio, ou seja, estudar outro  lado  também,  não  achando  que  seu chefe é o dono da verdade única e correta. 

A  ruptura  desse  filósofo  francês  com  o pensamento eclesiástico, reside no fato de que o pensamento cristão tratava da virtude como uma preparação para a vida futura, ao passo que  para  ele  o  homem  racional  poderia alcançar  a  virtude  pelo  seu  esforço  de  bem agir,  portanto  cada  instituição  tem  seu  lado bom, mas antes de aprisionar um ser, deixe-o ver  o  outro  lado,  pois  isso  é  que  é  ter  livre arbítrio e não ser repontado. 

Considerando  que  as  obras  dos  principais filósofos do Iluminismo, entre os quais Voltaire, Rousseau,  Montesquieu  e  Diderot,  ainda  não eram  conhecidos  naquela  época,  onde  então aqueles frequentadores da taberna buscavam inspiração   filosófica   e   motivação   para fundarem  uma  instituição  maçônica  da  forma como  é  conhecida  nos  dias  atuais,  eles buscavam criar a hoje maçonaria sem inutilizar o  livre  arbítrio.  

Embora  a  aprovação  da Constituição  do  reverendo  James  Anderson, em  24  de  junho  de  1717,  tenha  acontecido sessenta  e  sete  anos  depois  de  Descartes, suas   ideias   no   campo   da   moralidade influenciaram  certamente  os  fundadores  da instituição maçônica, o que ficará demonstrado mais  adiante,  pelos  seus  conceitos  sobre  a questão  moral  do  ponto  de  vista  racional  e científico. 

E,  para  discernir  entre  os  Vícios  e  Paixões, derivados  da  união  da  alma  com  o  corpo, Descartes sugere a busca da Verdade, através do   Autoconhecimento   impulsionado   pela Vontade,   cujos   conceitos   precisam   ser analisados    meticulosamente,    buscando demonstrar  as  origens  do  pensamento  moral na filosofia cartesiana, como era chamada. 

E  para  finalizar  esta  conversa,  tanto  a maçonaria  como  o  iluminismo  defendem,  já não  digo  o  dever,  mas  a  obrigação  das pessoas se instruírem, construindo o seu livre arbítrio a fim de analisarem a longo prazo o que  será  útil  para  uma  sociedade  em constante mudança. 

É muito mais fácil para um doutrinador, quer governante,   quer   reitor,   quer   orientador religioso, ensinar apenas um lado da questão, ou seja, o seu lado, pois aí em repontando não haverá  ovelha  desgarrada,  todos  comerão  na sua  mão,  para  o  bom  ou  mau  caminho, segundo a sua ótica ou segundo para o que foi ou está sendo pago.

Adaptado por um “Filho da Viúva”

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