Há muitas palavras que foram criadas pela maçonaria, mas tem também muitas palavras de outras origens que só são usadas pela maçonaria e eu trarei à baila o significado de algumas delas, onde muitas dessas têm duplo significado ou quando fora da filosofia dão outro entendimento.
Considerando que são muitas as palavras próprias da maçonaria e para disseca-las escrever-se-ia um livro inteiro, então eu vou escolher a que mais usamos, qual seja, o amor. Geralmente quando vamos expressar um sentimento, isto se potencializa e quanto mais falarmos desse ou nesse sentimento mais tornamos complexa a palavra em si. Vou dar um exemplo, quando falamos apalavra amor, muito usada na expressão, amor fraternal ou amor de irmãos, isto segundo os dicionários significa forte afeição, ligação calorosa ou simplesmente atração como é empregada no mundo profano.
Esta palavra vida do latim cuja grafia é a mesma em português e nas demais línguas dessa origem, significando resumidamente uma afeição, compaixão, misericórdia, ou ainda, inclinação, atração, apetite, paixão, querer bem, satisfação, conquista, desejo, libido, etc., entretanto o conceito mais popular de amor envolve, de um modo geral, a formação de um vínculo emocional com alguém, ou com algum objeto que sejamos capazes de nele depositarmos um carinho na forma de comportamento amoroso e alimentar com isso, as estimulações sensoriais e psicológicas necessárias para a sua manutenção e motivação.
Amar, popularmente, tem o sentido de gostar muito e sendo assim, é possível amar qualquer ser vivo ou objeto inanimado, mas também aqui, até cabe um passeio pelas múltiplas formas de amor, que é um dos meios ou formas de produzir conforto espiritual, e que com isso, estou afirmando que o amor é unidirecional, ou seja, não ecoa na ou por reciprocidade, portanto se amares teu automóvel, não significa que ele, veículo, te amará também.
Antigamente eu até me aprofundei neste assunto para saber se o que chamamos de amor é um sentimento ou uma reação hormonal e concluí que é o processamento de ambos, pois o sentimento é o responsável para fazer agir a glândula que ejetará no sangue alguns hormônios cujos principais são o serotonina e a dopamina que ao chegarem no cérebro nos dão essa sensação agradável, produzida por alguma coisa que nos atraia, nos agrade, seja um filme, um objeto, uma viagem ou uma pessoa e este amor é proporcional ao prazer que sentimos com quaisquer destas ou outras causas agradáveis.
Na Bíblia Sagrada, os sentimentos são tratados tal qual a complexidade das relações humanas. Os salmos, que fazem parte dos chamados livros didáticos do A. T. e são compostos por 150 salmos que abrangem todo o campo das emoções, desde o amor e alegria até o ódio, do desespero até a esperança sendo entre estes salmos o de número 133, que de modo quase generalizado usamos na maçonaria e que pode ser classificado como um dos salmos de Fraternidade, mas outros trechos podem ser identificados como Eclesiástico 25:1 que diz assim:
“Em três coisas se compraz o meu espírito, as quais têm a aprovação de Deus e dos Homens: a união entre irmãos, à amizade entre os vizinhos e a boa harmonia entre marido e mulher.”
Isto está em Carta aos Coríntios escritos por São Paulo. Já no capítulo13:1, também de São Paulo, diz assim:
“Ainda que eu fale a língua dos homens e dos anjos, se não tiver amor e caridade, sou como o bronze que ressoa, ou como o címbalo que tine.”
Também em coríntios 13:2 diz ainda: “que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que possua a fé em plenitude, a ponto de transportar as montanhas, se não tiver amor e caridade nada sou.”
E para finalizar o estudo bíblico sobre o amor, em Coríntios13:4, diz: “o amor é paciente, o amor é benigno não é invejoso, o amor não se ufana, não se desobedece.”
Já o salmo 133, tipifica as várias formas de amor, através da afeição familiar, da fraternidade e do amor incondicional, principalmente quando cita que o escorrer do óleo sobre a cabeça de Araão, se refere a função do óleo em escorrer como forma de amor e este fato, tem origem nas civilizações da antiguidade oriental, mas principalmente nas cerimônias de consagração dos sacerdotes, sendo para os autores sacros, a alusão e homenagem à relação homem com a mulher, a concepção, de geração em geração para o dito, crescei e multiplicai-vos.
Ao mesmo tempo que convivemos sempre falando do amor nas suas mais diversas formas, ou seja, do amor físico, do amor platônico, do amor fraterno, do amor materno, do amor ao G∴A∴D∴U∴, do amor à vida com todas as suas múltiplas dificuldades que essa diversidade de termos oferece, em conjunto com esta suposta complexidade de significados, ocorrem não só nos idiomas modernos, mas também no grego e no latim, quando no latim encontramos amor, dileto, Charitas, bem como Eros quando se refere ao amor personificado numa deidade. O grego possui outras palavras para amor, cada qual denotando um sentido específico, como por exemplo o EROS que é um sentimento baseado em atração sexual e desejo ardente, já o STORGE significa afeição, especialmente com a família e entre seus membros, o PHILOS significa a fraternidade, amor recíproco e finalmente o ÁGAPE que é o amor incondicional, no comportamento com os outros, sem exigir nada em troca, amor da escolha deliberada.
Para poupar os irmãos eu vou traduzir estes termos gregos: Eros, quando eles pronunciavam esta palavra queriam dizer, coisa boa e daí a pronúncia amendoim que é um afrodisíaco. Quando eles pronunciavam store, se referiam a casa e como consequência família.
Quando eles, gregos pronunciavam Ágape, se referiam a festa religiosa em família. Vejam aqui, portanto, como as palavras sofrem uma metamorfose de sons e grafias para finalmente se referirem a um mesmo fato.
Vejam meus irmãos em maçonaria, como esta filosofia se refere ao amor, em seus ensinamentos, tomando como ponto de partida as instruções do primeiro grau, em cujo objeto de análise, verifica-se como o amor é utilizado para o desbaste da pedra bruta de conformidade coma conceituação grega que se identifica assim: EROS que tem como fim o amor direto que temos com a nossa estima e ao nosso afeto com o que praticamos ou fazemos, portanto é o fato de amarmos o ato de polirmos a nossa pedra bruta, ou seja, de gostarmos de polir.
Já o STORGE, Seus fins supremos são Liberdade, Igualdade e Fraternidade, além disso, considera todos os irmãos realmente como Maçons, quaisquer que sejam suas etnias, brancas, amarelas, pardas ou pretas e também suas nacionalidades convicções políticas ou crenças, já que sustenta que os Maçons tem os seguintes deveres essenciais: amor à família, fidelidade e devotamento à Pátria e obediência à lei, mas praticando continuamente, a beneficência, socorrendo os seus irmãos, satisfazendo as suas necessidades mais urgentes, minorando os seus infortúnios, assistindo-os com os seus conselhos e as suas luzes, já que jurou ainda, ajudar e defender os seus irmãos em tudo que puder e for necessário.
Assim diz a bíblia ou livro da lei. “Raiou, enfim, o dia em que se abrem, para vós, as portas da verdadeira amizade e de agora em diante considerei-nos como irmãos e amigos que conquistastes e que achareis sempre prontos acorrer em vosso socorro, e a servirem dessas espadas para defenderem a vossa vida e a vossa honra.” (p.111) PHILO.
Agora ouçam esta expressão que com certeza também lhes soará como familiar –
“O que trazeis, meu Ir∴ Amizade, paz e prosperidade a todos os meus amados irmãos”.
“Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre abarba, a barba de Arão e que desce à orla de suas vestes”.
Outro verbete, toda ocasião que ele perde de ser útil é uma infidelidade; todo socorro que recusa é um perjúrio; e se a terna e consoladora amizade também tem culto nos nossos Templos é menos por ser um sentimento, do que um dos fundamentos da nossa comunidade. Vejam que tudo que está escrito como forma de amor no ritual do primeiro grau, nada foi inventado, tudo foi tirado do antigo testamento. Lembro, também, que deveis dedicar parte de vosso trabalho maçônico em socorrer os maçons necessitados, as viúvas e órfãos, e de todo o coração, cumprindo não só um dever maçônico, como uma das finalidades desta loja, portanto ainda que não esteja redigido “ibsis verbs” do antigo testamento, porém a ideia veio dele, o livro da lei.
Esta expressão Ágape vem da pergunta: O que desejais meu irmão. Um lugar entre vós e que quer dizer, um lugar à mesa, pois determina que os Maçons estendam e liberalizem os laços fraternais que os unem a todos os homens esparsos pela superfície da terra já que prometeram praticara solidariedade humana sempre que possível, amparando a todos, sem ostentação, sem vaidade, sem orgulho, com a verdadeira humildade maçônica, guardando, deste ato, profundo segredo, ou seja acolher e alimentar pelo amor e nada mais em troca. Pode-se concluir que: entendendo a palavra amor por suas múltiplas dimensões, e verificando a utilização de todas elas, nos ensinamentos do primeiro grau verificamos que a maçonaria é realmente uma escola que ensina o AMOR!
Adaptado por um “Filho da Viúva”
Nenhum comentário:
Postar um comentário