dezembro 07, 2023

PALAVRAS MUITO USADAS NA MAÇONARIA - Paulo Valle










    


Há  muitas  palavras  que  foram  criadas  pela maçonaria, mas tem também muitas palavras de  outras  origens  que  só  são  usadas  pela maçonaria e eu trarei à baila o significado de algumas delas, onde muitas dessas têm duplo significado  ou  quando  fora  da  filosofia  dão outro entendimento. 

Considerando  que  são  muitas  as  palavras próprias  da  maçonaria  e  para  disseca-las escrever-se-ia  um  livro  inteiro,  então  eu  vou escolher  a  que  mais  usamos,  qual  seja,  o amor.  Geralmente  quando  vamos  expressar um sentimento, isto se potencializa e quanto mais  falarmos  desse  ou  nesse  sentimento mais tornamos complexa a palavra em si. Vou  dar  um  exemplo,  quando  falamos  apalavra amor, muito usada na expressão, amor fraternal ou amor de irmãos, isto segundo os dicionários  significa  forte  afeição,  ligação calorosa  ou  simplesmente  atração  como  é empregada  no  mundo  profano.  

Esta  palavra vida  do  latim  cuja  grafia  é  a  mesma  em português e nas demais línguas dessa origem, significando  resumidamente  uma  afeição, compaixão, misericórdia, ou ainda, inclinação, atração,   apetite,   paixão,   querer   bem, satisfação,  conquista,  desejo,  libido,  etc., entretanto  o  conceito  mais  popular  de  amor envolve, de um modo geral, a formação de um vínculo emocional com alguém, ou com algum objeto  que  sejamos  capazes  de  nele depositarmos  um  carinho  na  forma  de comportamento amoroso e alimentar com isso, as  estimulações  sensoriais  e  psicológicas necessárias  para  a  sua  manutenção  e motivação. 

Amar, popularmente, tem o sentido de gostar muito e sendo assim, é possível amar qualquer ser  vivo  ou  objeto  inanimado,  mas  também aqui,  até  cabe  um  passeio  pelas  múltiplas formas  de  amor,  que  é  um  dos  meios  ou formas  de  produzir  conforto  espiritual,  e  que com  isso,  estou  afirmando  que  o  amor  é unidirecional,  ou  seja,  não  ecoa  na  ou  por reciprocidade,  portanto  se  amares  teu automóvel, não significa que ele, veículo, te amará  também. 

Antigamente  eu  até  me aprofundei neste assunto para saber se o que chamamos de amor é um sentimento ou uma reação  hormonal  e  concluí  que  é  o processamento de ambos, pois o sentimento é o responsável para fazer agir a glândula que ejetará  no  sangue  alguns  hormônios  cujos principais são o serotonina e a dopamina que ao  chegarem  no  cérebro  nos  dão  essa sensação  agradável,  produzida  por  alguma coisa  que  nos  atraia,  nos  agrade,  seja  um filme, um objeto, uma viagem ou uma pessoa e este  amor  é  proporcional  ao  prazer  que sentimos  com  quaisquer  destas  ou  outras causas agradáveis. 

Na  Bíblia  Sagrada,  os  sentimentos  são tratados tal qual a complexidade das relações humanas.  Os  salmos,  que  fazem  parte  dos chamados  livros  didáticos  do  A.  T.  e  são compostos por 150 salmos que abrangem todo o campo das emoções, desde o amor e alegria até  o  ódio,  do  desespero  até  a  esperança sendo entre estes salmos o de número 133, que de modo quase generalizado usamos na maçonaria e que pode ser classificado como um dos salmos de Fraternidade, mas outros trechos  podem  ser  identificados  como Eclesiástico 25:1 que diz assim: 

“Em três coisas se compraz o meu espírito, as  quais  têm  a  aprovação  de  Deus  e  dos Homens:  a  união  entre  irmãos,  à  amizade entre  os  vizinhos  e  a  boa  harmonia  entre marido e mulher.” 

Isto está em Carta aos Coríntios escritos por São Paulo. Já no capítulo13:1, também de São Paulo, diz assim: 

“Ainda  que  eu  fale  a  língua  dos  homens  e dos  anjos,  se  não  tiver  amor  e  caridade, sou como o bronze que ressoa, ou como o címbalo que tine.”

Também em coríntios 13:2 diz ainda: “que eu tenha  o  dom  da  profecia  e  conheça  todos os  mistérios  e  toda  a  ciência,  ainda  que possua  a  fé  em  plenitude,  a  ponto  de transportar as montanhas, se não tiver amor e caridade nada sou.” 

E para finalizar o estudo bíblico sobre o amor, em Coríntios13:4, diz:  “o  amor  é  paciente,  o amor é benigno não é invejoso, o amor não se ufana, não se desobedece.”

Já o salmo 133, tipifica as várias formas de amor,  através  da  afeição  familiar,  da fraternidade   e   do   amor   incondicional, principalmente quando cita que o escorrer do óleo  sobre  a  cabeça  de  Araão,  se  refere  a função  do  óleo  em  escorrer  como  forma  de amor e este fato, tem origem nas civilizações da  antiguidade  oriental,  mas  principalmente nas   cerimônias   de   consagração   dos sacerdotes, sendo para os autores sacros, a alusão e homenagem à relação homem com a mulher, a concepção, de geração em geração para o dito, crescei e multiplicai-vos. 

Ao  mesmo  tempo  que  convivemos  sempre falando  do  amor  nas  suas  mais  diversas formas,  ou  seja,  do  amor  físico,  do  amor platônico, do amor fraterno, do amor materno, do amor ao G∴A∴D∴U∴, do amor à vida com todas as suas múltiplas dificuldades que essa diversidade  de  termos  oferece,  em  conjunto com   esta   suposta   complexidade   de significados,  ocorrem  não  só  nos  idiomas modernos, mas também no grego e no latim, quando  no  latim  encontramos  amor,  dileto, Charitas, bem como Eros quando se refere ao amor personificado numa deidade. O  grego  possui  outras  palavras  para  amor, cada  qual  denotando  um  sentido  específico, como  por  exemplo  o  EROS  que  é  um sentimento  baseado  em  atração  sexual  e desejo ardente, já o STORGE significa afeição, especialmente  com  a  família  e  entre  seus membros,  o  PHILOS  significa  a  fraternidade, amor recíproco e finalmente o ÁGAPE que é o amor incondicional, no comportamento com os outros,  sem  exigir  nada  em  troca,  amor  da escolha deliberada. 

Para poupar os irmãos eu vou traduzir estes termos    gregos:    Eros,    quando    eles pronunciavam  esta  palavra  queriam  dizer, coisa boa e daí a pronúncia amendoim que é um  afrodisíaco.  Quando  eles  pronunciavam store, se referiam a casa e como consequência família. 

Quando eles, gregos pronunciavam Ágape, se referiam  a  festa  religiosa  em  família.  Vejam aqui, portanto, como as palavras sofrem uma metamorfose de sons e grafias para finalmente se  referirem  a  um  mesmo  fato.  

Vejam  meus irmãos  em  maçonaria,  como  esta  filosofia  se refere  ao  amor,  em  seus  ensinamentos, tomando como ponto de partida as instruções do  primeiro  grau,  em  cujo  objeto  de  análise, verifica-se  como  o  amor  é  utilizado  para  o desbaste da pedra bruta de conformidade coma conceituação grega que se identifica assim: EROS  que  tem  como  fim  o  amor  direto  que temos  com  a  nossa  estima  e  ao  nosso  afeto com o que praticamos ou fazemos, portanto é o fato de amarmos o ato de polirmos a nossa pedra bruta, ou seja, de gostarmos de polir.

Já  o  STORGE,  Seus  fins  supremos  são Liberdade,  Igualdade  e  Fraternidade,  além disso, considera todos os irmãos realmente como  Maçons,  quaisquer  que  sejam  suas etnias, brancas, amarelas, pardas ou pretas e também   suas   nacionalidades   convicções políticas  ou  crenças,  já  que  sustenta  que  os Maçons tem os seguintes deveres essenciais: amor  à  família,  fidelidade  e  devotamento  à Pátria  e  obediência  à  lei,  mas  praticando continuamente, a beneficência, socorrendo os seus    irmãos,    satisfazendo    as    suas necessidades  mais  urgentes,  minorando  os seus  infortúnios,  assistindo-os  com  os  seus conselhos e as suas luzes, já que jurou ainda, ajudar e defender os seus irmãos em tudo que puder e for necessário. 

Assim diz a bíblia ou livro da lei. “Raiou, enfim, o dia em que se abrem, para vós, as portas da verdadeira  amizade  e  de  agora  em  diante considerei-nos  como  irmãos  e  amigos  que conquistastes e que achareis sempre prontos acorrer em vosso socorro, e a servirem dessas espadas  para  defenderem  a  vossa  vida  e  a vossa honra.” (p.111) PHILO.

Agora ouçam esta expressão que com certeza também  lhes  soará  como  familiar –
“O  que trazeis, meu Ir∴ Amizade, paz e prosperidade a todos os meus amados irmãos”.

“Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso  sobre  a  cabeça,  que  desce  sobre  abarba, a barba de Arão e que desce à orla de suas vestes”. 

Outro verbete, toda ocasião que ele perde de ser útil é uma infidelidade; todo socorro que recusa é um perjúrio; e se a terna e consoladora amizade também tem culto nos nossos  Templos  é  menos  por  ser  um sentimento,  do  que  um  dos  fundamentos  da nossa comunidade. Vejam que tudo que está escrito  como  forma  de  amor  no  ritual  do primeiro  grau,  nada  foi  inventado,  tudo  foi tirado do antigo testamento. Lembro, também, que deveis dedicar parte de vosso  trabalho  maçônico  em  socorrer  os maçons necessitados, as viúvas e órfãos, e de todo  o  coração,  cumprindo  não  só  um  dever maçônico,  como  uma  das  finalidades  desta loja, portanto  ainda  que  não  esteja  redigido  “ibsis verbs” do antigo testamento, porém a ideia veio dele, o livro da lei. 

Esta  expressão  Ágape  vem  da  pergunta:  O que desejais meu irmão. Um lugar entre vós e que quer dizer, um lugar à  mesa,  pois  determina  que  os  Maçons estendam e liberalizem os laços fraternais que os  unem  a  todos  os  homens  esparsos  pela superfície da terra já que prometeram praticara solidariedade humana sempre que possível, amparando  a  todos,  sem  ostentação,  sem vaidade,  sem  orgulho,  com  a  verdadeira humildade  maçônica,  guardando,  deste  ato, profundo segredo, ou seja acolher e alimentar pelo  amor  e  nada  mais  em  troca. Pode-se concluir  que:  entendendo  a  palavra  amor  por suas  múltiplas  dimensões,  e  verificando  a utilização de todas elas, nos ensinamentos do primeiro  grau  verificamos  que  a  maçonaria  é realmente uma escola que ensina o AMOR!

Adaptado por um “Filho da Viúva”

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