DISCRIÇÃO, S.F. Circunspeção; discernimento; reserva; qualidade de quem sabe guardar segredo; modéstia.
Na iniciação do candidato na loja simbólica, temos uma passagem, na qual o Venerável Mestre, diz ao profano:
... “Há Maçons necessitados, viúvas e órfãos a socorrer, sem ostentação nem publicidade, pois a Beneficência Maçônica não se traduz pôr atos de vaidade, próprios dos que dão com orgulho, humilhando a quem recebe”...
Essas palavras deveriam ser guardadas pôr todos nós e nunca nos esquecermos delas, pois tudo que é feito sem interesse e com discrição é de bom senso e com certeza agradará o íntimo de cada um.
Há uma condenação não velada contra a falta de discrição; uma condenação veemente contra o exibicionismo deslavado.
Penetrando mais intimamente na prática da vida, o Cristo fazia críticas à piedade judaica, ao examiná-la nos três exercícios mais importantes, que os Mestres daquele tempo recomendavam “a esmola, o jejum e a oração”.
Havia uma intenção de sobretudo convencer os que o ouviam, da necessidade de uma justiça interior.
Assentava ele, este princípio:
... “Tende Cuidado, não façais os vossos atos de virtude diante dos homens para que eles vos vejam.
De outra maneira, não tereis galardão do vosso Pai que está nos céus.”...
Assentava aí a discrição que deve nortear a vida voltada à caridade, complementando com um golpe definitivo, ao atacar o primeiro daqueles três deveres fundamentais, mostrando quanto de condenatório tem a caridade ostentatória.
... “Quando derem esmola, não saiba a tua esquerda o que faz a direita, para que tua esmola permaneça em segredo.”...
Ataque direto e não dissimulado ao exibicionismo, à falta de discrição, com expressões muito mais evocativas para os tempos atuais, do que se podia julgar da vida daquele tempo.
É a pureza de intenção, a sinceridade, o amor que dá valor aos atos.
A realidade da vida dedicada tem uma profundidade que não se pode julgar somente pelas aparências.
As obras não são mais do que a sua manifestação.
Por isso, somente o G.’.A.’.D.’.U.’. pode ajuizar delas; E este pensamento deve servir para nos livrar do espírito crítico e da complacência própria.
... “Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o juízo com que julgardes, sereis julgados.”...
Esta é a Lei para todos. Antigamente, o preceito do amor só obrigava para com o parente, amigo, vizinho concidadão e compatriota.
Arcaico e abominável, tal preceito se mostra agora desvendado e indicador de que o próximo são todos os homens, aclarada sobremaneira na máxima:
... “Tudo o que quiserdes que os outros vos façam fazei-o vós a eles”...
Há sempre a lei da compensação, do retorno, em toda a ação praticada para com alguém, ou direcionada a alguém.
Cumpre a cada um, em particular, ser fraterno nas ações, nas manifestações para com o próximo, observando que fraternidade é desprendida de desejos de retribuição, ou, trocando em miúdos, desinteressada.
E a propósito, não se esquecendo que fraternidade, vindo do latim “Fraternitas”, é igual a irmandade, designando a condição de irmãos que une dois ou mais seres, impondo determinadas obrigações de solidariedade.
A fraternidade só tem solidez na existência de vínculos objetivos de solidariedade, fundados na participação em uma vida real de objetivos comuns de harmonia, amizade e irmandade, voltados para uma causa comum e uma mesma comunhão de ideias.
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