Não é por acaso que as relações humanas circunstancialmente acabam ganhando um caráter meramente protocolar.
São conexões - que por razões diversas e que nem sempre encontram uma explicação ou justificativa plausíveis - se perdem no tempo e se diluem.
É natural que o distanciamento acaba gerando um vazio, que por vezes, se torna abismal e invariavelmente complicado para ser preenchido.
E mesmo após tanto tempo, quando essas relações se restabelecem, fica instalado um vestígio de indiferença, que por mais que se tente, mal se consegue disfarçar.
Aliado a isso tudo, numa tentativa de minimizar essa sensação desconfortável e intrigante, arranja-se um bode expiatório que recebe o singelo nome de "falta de sintonia ou afinidade".
Provavelmente, esse eufemismo em forma de desculpa, devesse ser melhor e mais realísticamente substituído por "falta de empatia", ou seja, de reconhecer em sí mesmo a indiposição de explorar a capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente, de querer o que ela quer e de apreender do modo como ela apreende.
Isso tudo, sem no entanto, perder a própria identidade.
Trata-se pois da sutil arte de se reconstruir relações, sem que o emocional sobrepuje a lógica e a razão, agindo como uma espécie de agente restaurador.
As experiências amargas fazem parte do processo de maturidade e de aprimoramento da consciência.
Não é imperativo que se tenha que estar com aqueles com quem já se tenha vivido experiências negativas amiúde.
Não faz mal algum, poder ouvir e compartilhar momentos com aqueles com quem já divergimos ao longo da vida.
Pelo contrário, talvez este seja um sinal de evolução.
Quebrar paradigmas, aprender a estar no lugar do outro e acima de tudo ter a certeza de que ninguém é superior a outrem, são desafios dos quais não se deve fugir; nem tampouco se furtar de enfrentá-los.
O tempo passa e o desafio mantem-se ali.
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