Viver no *gerundismo* é ironicamente um estado de embriaguez linguística.
Enquanto o *gerúndio* é apenas uma forma ou flexão verbal que se caracteriza pela desinência dos verbos em *"ndo"* para indicar um estado ou ação que ocorre num exato momento e constitui-se numa conjugação verbal legítima, o mesmo é todavia, despudoradamente utilizado no Português falado ou escrito no Brasil.
Por outro lado, o *"gerundismo"* trata-se de um modismo que se vale de maneira inadequada e inconveniente da utilização deste expediente numa incompreensível tentativa de reforçar uma ideia de continuidade de um verbo no futuro.
A rigor o uso descabido deste "tempo verbal venerado pelos brasileiros" acaba por tornar mais complicado o que já é suficientemente complicado por si só.
O *Gerundismo* impõe que aquilo que poderia ser expresso de maneira mais econômica e direta, seja substituído por uma intrincada estrutura que prefere utilizar três verbos a apenas um ou dois.
Exemplos desta sandice:
Padrão da norma culta da língua portuguesa:
Eu farei.
ou
Eu vou fazer.
No gerundismo:
Eu *vou estar fazendo*.
A empresa entrará em contato para resolver o problema.
ou
A empresa vai entrar em contato para resolver o problema.
No gerundismo:
A empresa *vai estar entrando* em contato para resolver o problema.
Como é claramente perceptível, nos exemplos dados, transformamos, desnecessariamente, um verbo conjugado em um gerúndio, ao aplicar aquilo que deve ser evitado,
O *Gerundismo* é, portanto, um excesso linguístico que deve ceder lugar para construções mais adequadas e simples.
Não se quer aqui impor que o gerúndio seja abolido, porém deixar claro que seu uso sistemático em construções de frases que deveriam constar apenas de um único verbo ou de uma locução, faz mal à saúde intelectual ao falante da última Flor do Lácio.
𝙈𝙖𝙧𝙖𝙫𝙞𝙡𝙝𝙖, 𝙜𝙚𝙣𝙞𝙖𝙡 𝙢𝙚𝙨𝙩𝙧𝙚 𝘼𝙜𝙧𝙚𝙡𝙡𝙖! 𝙌𝙪𝙚 𝙖𝙨 𝙥𝙚𝙨𝙨𝙤𝙖𝙨 "𝙥𝙤𝙨𝙨𝙖𝙢 𝙚𝙨𝙩𝙖𝙧 𝙡𝙚𝙣𝙙𝙤" 𝙚𝙨𝙨𝙚 𝙖𝙡𝙚𝙧𝙩𝙖, 𝙖𝙩𝙚𝙣𝙩𝙖𝙢𝙚𝙣𝙩𝙚!
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