janeiro 16, 2024

POVOS PRÉ-COLOMBIANOS JÁ CONHECIAM A LINHA DO EQUADOR - Fagner Oliveira

 

Você sabia que os povos pré-colombianos já possuíam noção da linha do equador? Pois é, muito antes da expedição geodésica francesa, os incas já sabiam que aquele lugar era especial. 

Ao longo das terras que hoje compõem o Equador, antes mesmo da chegada dos colonizadores europeus, floresceu uma rica cultura indígena que demonstrava uma compreensão notável do cosmos. Entre os diversos vestígios dessa sabedoria ancestral, destaca-se o Sítio Arqueológico de Catequilla, uma joia que testemunha a genialidade dos povos pré-colombianos na região.

Catequilla, localizado nas proximidades de Quito, é mais do que um amontoado de ruínas antigas. Esse sítio arqueoastronômico, cujo nome tem origens na língua quíchua, é uma expressão da profunda ligação dos povos nativos com os céus. "Catequilla" pode ser interpretado como "aquele que segue a lua", um nome que reflete a cuidadosa atenção dada às observações lunares.

Nesse ponto específico, os antigos habitantes desenvolveram estruturas que não apenas se alinhavam com precisão aos solstícios e equinócios, mas também permitiam a observação meticulosa das estrelas do firmamento. A precisão com que esses povos antigos marcaram eventos astronômicos revela uma sofisticação científica notável.

O nome "Catequilla" sugere uma comunhão intrínseca com os corpos celestes. Os habitantes indígenas, imbuídos de um profundo respeito pela natureza, entendiam a importância das observações astronômicas em suas vidas. A interpretação do nome como "aquele que segue a lua" é uma janela para a veneração desses corpos celestiais.

Em Catequilla, podemos imaginar as noites antigas iluminadas pelas estrelas, enquanto os sábios observadores se dedicavam a estudar e compreender os padrões celestiais. Essa prática não apenas orientava as atividades cotidianas, mas também desempenhava um papel crucial nos rituais religiosos e no desenvolvimento dos calendários agrícolas.

Enquanto os povos nativos do Equador já mergulhavam nas complexidades celestiais, a Expedição Geodésica Francesa, no século XVIII, buscou entender a forma exata da Terra. Essa expedição, liderada por Charles Marie de La Condamine, resultou em contribuições significativas para a geodésia, mas vale ressaltar que os povos pré-colombianos já tinham uma percepção inata da linha do equador.

A genialidade dos povos nativos é evidenciada pelo fato de que, ao longo de séculos, conseguiram marcar a linha do equador com notável precisão em Catequilla, enquanto o moderno monumento "Metade do Mundo" está ligeiramente deslocado. Essa discrepância destaca a compreensão intuitiva e acurada que essas culturas tinham em relação à geografia terrestre, muito antes das ferramentas modernas de medição.

Em última análise, Catequilla representa um testemunho da sabedoria ancestral que permeava as sociedades pré-colombianas, refletindo uma profunda relação entre os povos indígenas e os mistérios celestiais que continuam a fascinar e inspirar. O Sítio Arqueológico de Catequilla é mais do que ruínas antigas; é um portal para uma época em que as estrelas eram os guias dos povos que habitavam as terras equatoriais.

Fontes

Artigos e Estudos sobre Catequilla e Astronomia Pré-Colombiana:

Stanish, Charles. (2013). The Evolution of High Andean Civilization: New Insights from Catequilla. Current Anthropology, 54(3), 363-374.

Dearborn, David S. P. (1994). An Inca Astronomical Monument at Catequilla. Latin American Antiquity, 5(3), 215-231.

Salazar, Ernesto. (2007). Observaciones sobre la orientación astronómica en Catequilla. In Actas del I Simposio Nacional de Arqueoastronomía en el Ecuador (pp. 123-138).

Acurio, Jesús. (2014). Los equinoccios en Catequilla: los conocimientos de los pueblos antiguos. Investigación y Ciencia, 22(2), 109-116.

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