Quando começamos a despertar para a
nossa vocação religiosa ou até profissional, ainda na infância, para muitos,
não escolhemos ser Maçons. Afinal, maçonaria não consta em nenhuma lista como
uma dessas opções. Por uma simples razão: maçonaria não é religião e tampouco
emprego.
Embora trate das relações espirituais
com as quais cada indivíduo se identifica, inclusive no trabalho, somente após
adquirida a maturidade necessária, e no tempo certo, é que se manifestará o
desejo de se tornar um maçom. A questão que se deseja responder é: por que
quero entrar para a Maçonaria?
Ao fazermos a opção de integrar a
Ordem, o que esperamos dela? Qual é a fonte das informações que possuímos que a
torna tão atrativa ao ponto de queremos nos tornar um Maçom?
Na maioria das vezes, somos
despertados por um parente, um amigo ou até um conhecido. Ainda que raro, por
admirar a um Maçom em específico pelas suas atitudes. Todavia, as razões que
mais parecem surtir influência e se evidenciam atrativas aos propensos
candidatos serão, exatamente, as mais combatidas pela Ordem, quais sejam:
1-
Por
que nos confere “status”?
2-
Por
pertencer a um grupo influente?
3-
Por
que serei apoiado nos meus negócios?
4-
Por
que o meu parente ou o meu chefe é um Maçom?
Como
se presume, são estas “possibilidades” que afastam muitos daqueles que assim
procuram integrar a Ordem e que, uma vez investidos, não encontrarão terreno
fértil para colher suas expectativas materiais. Desse modo, passarão a
engrossar as estatísticas dos que a abandonam logo de início e, a uma outra
lista, que não tardará ser preenchida.
Ainda,
se a esses, os “mistérios da maçonaria” se resumirem a vestir um terno preto; participar
de encontros “secretos”; pertencer a uma Ordem secular; ou ter tratamento
diferenciado que lhe proporcione vantagens sobre outras pessoas, não será a Maçonaria a Instituição que os
abrigará, confortavelmente, em seu meio.
É
sabido que, no meio maçônico, buscam-se ressaltar em seus indivíduos os valores
morais. Estes, devem ser resgatados por intermédio da apuração do caráter,
através do constante burilamento pessoal a culminar numa condição social
exemplar. Para tanto, é mais do que perceptível serem dispensáveis aqueles
valores comuns pretendidos por um postulante.
Estas
perguntas, em princípio, elaboradas como questionário a ser empregado nos processos
de sindicância, cabem, por força de reflexão, serem refeitas por alguns Obreiros,
independente do grau ao qual pertençam. Todavia, a estes, aprofundaremos em
outras questões, agora direcionada aos Maçons:
Qual é o sentido de
ser Maçom? Uma vez dentro da Ordem, você consegue definir essa questão?
Mesmo
no seu primeiro ano, pode ocorrer ao Iniciado Aprendiz perceber o quão
“distante” tais impressões iniciais vêm se tornando e, por esta razão, se “desmanchando”
ao longo do seu caminhar maçônico, uma vez que, nesse processo evolutivo velhos
conceitos vão dando lugar aos novos valores preconizados pela Ordem.
Contudo,
quantos de nós saberemos responder o que se segue? Houve, de fato, uma
substituição desses valores profanos uma vez aplicados e assimilados os
conhecimentos maçônicos?
Quantas
vezes aplicamos a máxima: “... não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua
direita” (Mateus 6:3)?
Quão
tolerantes somos se contrariados das nossas posições ou pensamentos?
Quantos
“templos à virtude” erigimos e quantas “masmorras ao vício” cavamos?
Quem
de nós sabe o “... quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união...” (Salmo 133), e qual é a nossa
contribuição pessoal para isso?
Quantos
de nós sabemos o que significa: “Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade
de vaidades! Tudo é vaidade” (Eclesiastes
1:2)?
Estamos
verdadeiramente empregando o “conceito” maçônico: primeiro, a família; segundo,
o trabalho e; por fim, a maçonaria? À última, legamos o respeito e a
importância que lhe são devidas, quando a trocamos por atividades sociais
julgadas mais “importantes”? Não é caro relembrar a nós maçons de que, por meio
do aperfeiçoamento obtido com as práticas maçônicas, é que conservamos a
família e conquistamos o trabalho.
O texto, por si, encerra a sua construção dialética, onde se expôs pela tese, antítese e síntese, o princípio, meio e fim da evolução do caráter de um Maçom. Contudo, quantos de nós, hoje, seríamos capazes de nos submeter confortavelmente a um “reexame” onde fôssemos reavaliados aptos, ou não, para permanecer integrantes da Ordem Maçônica?
Depois
de ler esse trabalho, seríamos capazes de responder:
1-
Vale
à pena estar na maçonaria? Por quê?
R:
2-
Estou
sendo leal comigo mesmo?
R:
3-
Devo
continuar na maçonaria?
R:
Não se pretende neste trabalho, de forma alguma, avaliar ou julgar as credenciais maçônicas de Obreiros. São apenas EXERCÍCIOS DE REFLEXÃO, tais quais aqueles que fazemos em outros cenários de nossas vidas. Se para alguns, no entanto, tais proposições lhes pareçam impertinentes ou até mesmo ofensivas, talvez, seja chegada a hora, para esses, de rever seus próprios conceitos sobre maçonaria.
Faz-se, aqui, um convite a uma nova inserção à “Câmara das Reflexões”. Desta feita, entraremos de olhos abertos e uma forte luz deverá nos acompanhar. Não nos surpreenderá mais o VITRIOL, nem seus adereços ou o cenário fúnebre. Se, ainda assim, nos encontrarmos “indignados” e rotularmos tal proposta como petulante, pode significar que, no passado, nela se adentrou e saiu da mesma forma; o que provavelmente se repetirá, mesmo que, embora “renascido” há anos e submetido a toda a sua liturgia, simbolismo e alegorias, ainda que tenha sido comprometido pela emoção daquele momento, não introjetou seus ensinamentos ou sequer se dispôs a conhecê-los.
O que mais parece ter importado naquela primeira “Câmara” sugere ser o mesmo adereço desafiador desta segunda: “Se a curiosidade aqui te conduz, retira-te”.
Reavaliar passos e
decisões é uma constante em nossas vidas. Quantas empreitadas deixamos de lado,
nos esquivando de assumi-las e, em quantas outras mergulhamos de cabeça e nos
esforçamos para mantê-las? Talvez, encontremos a resposta na lógica: O que é
bom pra mim ou me dá retorno, me faz ficar; o que me incomoda e me tira da zona
de conforto, provoca meu abandono.
Somente dentro da Ordem saberemos se foi uma “empreitada acertada”, ou não. Se certa, há o desejo de avançar, mesmo que para alguns a obra maçônica se apresente de forma prazerosa e até natural. Para outros, pode não ser algo tão confortável, mas que, com disciplina e perseverança, bons frutos serão colhidos e isso lhes tornará homens melhores.
E se essa escolha não lhes agradou? Nesse caso, ser sincero consigo, se retirar e retomar seus caminhos seria a opção mais apropriada, pois suas ideias diversas ou até paralelas ao que preceitua a Ordem não coadunam. Não se permitir abandonar a sua “zona de conforto” sugere muitas dificuldades até para se aprofundar no tema. A sua natureza dogmática ou temporal, seria de difícil lapidação. A estes, aparentemente frágeis ao maço e o cinzel, pela ótica profana, não têm do que se recear. Como dito, pode ser uma questão apenas temporal.
Contudo, recobrar a necessidade de atitudes assumidas com bom senso e dignidade pode minimizar desconfortos e atritos desde o início, ainda antes de se iniciar a um amigo. Ao se bater à porta de um maçom (seu propenso “padrinho”), inicia-se um “namoro” ainda na rua, correspondido pela janela da maçonaria. Adentrar à Casa, não dependerá exclusivamente desse padrinho, mas de uma constante avaliação que passará pelos olhos vigilantes de seus membros maçons, da janela da rua para o seio da Instituição. Se estranho aos olhos será defenestrado, mesmo que investido das nossas insígnias. Portanto, uma vez dentro da Casa, a sua permanência dependerá, única e exclusivamente do seu desempenho.
Depois de submetidos e imersos na sua própria “Câmara das Reflexões”, pela segunda vez, no caso deste texto, como você responderia às questões mais evidentes no VITRIOL (“Visita Interiorem Terrae, Rectificando, Invenies Occultum Lapidem” – Visita o Centro da Terra, Retificando-te, encontrarás a Pedra Oculta)? Recordemos:
“Se tens receio de que se descubram os teus defeitos, não estarás bem
entre nós”;
“Se fores dissimulado, serás descoberto”;
“Se és apegado às distinções mundanas, retira-te; nós aqui, não as
conhecemos”;
“Se tens medo, não vás adiante”;
“Se queres bem empregar a tua vida, pensa na morte”.
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