Por força do trabalho na
divulgação da telemedicina, na empresa que eu trouxe para o Brasil, viajei incontáveis
horas, em todos os horários, literalmente do Oiapoque ao Chuí, de Porto Alegre
a Belém passando por todas as capitais e principais cidades do país. Nunca
gostei muito de voar, porem ossos do ofício, eu tinha de o fazer. Mas nunca
houve grandes problemas. Perdi um avião em Cuiabá porque não prestei atenção na
diferença de fuso horário. A comida, na época, era boa, o pessoal de bordo e de
aeroporto atencioso, as aeromoças bonitas, um colírio para os olhos.
Mas nas viagens para o
exterior houve aventuras sim.
Indo para uma convenção no Havaí, perdemos o avião em Los Angeles porque a van da American Airlines que nos transportava ficou retida em um enorme congestionamento. Pronto, que grande problema pensei. Foi uma oportunidade de ouro. A companhia aérea nos realocou no próximo voo na primeira classe, como compensação do problema. Foi a primeira e única vez na vida que eu senti como vivem os milionários que podem pagar estas passagens. Foi maravilhoso.
Numa escala em Paris no
Aeroporto Charles de Gaulle tínhamos de aguardar a conexão por umas quatro horas.
Sem ter muito o que fazer sentei em um café e pedi caríssimos croissants. Foi
extraordinário. Talvez um dos melhores sabores que provei na vida. Valeu cada
centavo do valor que paguei por eles e nunca mais, em lugar algum, pude provar
algo igual.
Entrar e sair por aeroporto em
Israel é sempre uma aventura. Eu fui muitas vezes, mas como tenho passaporte
israelense para mim era apenas formalidade. Mas em ocasiões diferentes fui
acompanhado uma vez pelo meu cliente, o médico Dr. Branco, um nordestino bem
moreno com aparência de árabe e em outra pelo meu companheiro de Rotary e
padrinho de casamento, Chucre Suaid, um descendente de libaneses nascido em Uberlândia.
É complicado explicar como éramos parados para vistoria em praticamente todos
os lugares que íamos, e após explicar que éramos do Brasil nos liberavamos,
algumas vezes com desculpas e em outras com resmungos.
Chucre, solteiro na época, foi
uma noite em uma boate e nos contou na manhã seguinte que havia caído nas
graças de uma linda loura, de pernas longas e roupa de tigresa, que quis saber
detalhes de sua vida enquanto ele tomava seu uísque. Ele se encantou com a
jovem que só veio a rever alguns dias depois, vestida em uniforme militar, quando
estávamos no aeroporto retornando. Foi aí que a ficha caiu.
Uma das ocasiões que fui a
Israel levando comigo alguns médicos fizemos uma escala no Aeroporto de Zurich,
na Suíça. Estávamos com as malas nos carrinhos e no carrinho do Dr. Luís César
o seu notebook estava naquele suporte que fica próximo a barra de empurrar.
Enquanto ele marcava a passagem no balcão da empresa deixando o carrinho um
pouco atrás de si o notebook sumiu. Ninguém viu nada. Como o voo saía em
seguida não deu nem tempo de reclamar na polícia, mas ficou a preciosa lição,
não é só no Brasil que existem larápios em aeroportos.
O aeroporto Incheon de Seul é
o mais espetacular de todos os aeroportos que conheci. Enorme e limpíssimo, bem
longe da cidade, ele parece uma cidade por si só. Tem hotéis, spa, jardins por
toda a parte, um cassino e até acreditem, um campo de golfe. As lojas são
maravilhosas e talvez seja necessária uma semana inteira para que se possa conhece-lo
todo. No entanto tudo funciona com perfeição.
Retornando da Coréia do Sul
para o Brasil, em companhia de dois amigos, o avião ficou retido na Bélgica por
conta de uma forte nevasca. Era por volta das 20h00 e o voo só sairia na manha
seguinte depois que as máquinas retirassem a neve das pistas. Eu sempre uso uma
bandeirinha do Brasil na roupa ou no boné quando viajo para o exterior.
Decidimos ir experimentar a excelente cerveja belga na Grand Place, uma das
principais atrações da cidade e onde nos disseram havia uma profusão de bares
nas imediações. Verdade, havia mesmo. No primeiro bar que entramos, ao
identificar a bandeira fomos chamados para participar de um alegre e ligeiramente
embriagado grupo, umas seis pessoas. Dali a duas horas nos levaram para outro
bar e o grupo aumentou. No quarto bar, já na hora de retornar para o aeroporto,
um grupo de mais de 20 pessoas já bem mais alegre e alcoolizado, nos acompanhou
de volta ao terminal cantando e gritando como se houvessem ganhado um
campeonato de futebol. Noite inesquecível. Ah, não pagamos nenhuma conta.
Uma outra ocasião ficaríamos
aguardando por cerca de oito horas numa escala no Aeroporto de Amsterdã. Ele é
bem grande, mas muito agradável. Tem uma estação de metrô dentro do aeroporto.
Decidimos ir almoçar na cidade que nos disseram ficava a 20 ou 30 minutos de
trem do terminal. Fomos comprar as passagens no guichê, mas dali até entrar no
trem ninguém as pediu para ver. Não havia catraca nem nada. Entrava-se no vagão
direto. Poder-se-ia viajar sem pagar nada. Perguntamos a um nativo a razão disso e o holandês
explicou, faz parte da cultura holandesa a confiança no cidadão. Ao retornarmos
ainda havia muito tempo disponível e havia uma exposição com quadros de Rubens
que o Museu Nacional da Holanda – Rijksmuseum – fornecia e trocava
periodicamente. Era absolutamente espetacular. O tempo foi pouco para curtir
algumas das mais espetaculares obras da história da arte.
Há muitas outras aventuras que
contarei em outra postagem.
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