Como é desestimulante pensar no futuro deste país quando os mais recentes dados coletados e divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicam que segundo o Censo 2022, o Brasil contava com 579,8 mil estabelecimentos religiosos, enquanto havia 264,4 mil de ensino e 247,5 mil de saúde.
Apenas os Estados de São Paulo, Piauí e os três Estados do Sul são as únicas unidades da federação, cuja soma entre estabelecimentos de ensino e de saúde supera a de religiosos.
Esse levantamento é uma prova inequívoca de que historicamente, entra governo, sai governo e inobstante seu viés político, a Educação continua sendo um mero instrumento de discursos vazios, cujo investimento continua sendo algo solenemente relegado a segundo plano.
Fica a pergunta que não quer calar:
Como uma nação pode aspirar a melhoria de vida de seu povo se demagogicamente seus políticos estão mais preocupados em oferecer "conforto espiritual" e isenção de impostos a estabelecimentos religiosos ao invés de oferecer eficientes e profícuos instrumentos de ensino e dispositivos tecnológicos às gerações de jovens desde o ensino elementar ?
Nessa mesma esteira de pensamento, como é possível esperar o desenvolvimento da capacidade crítica, argumentativa e interpretativa do estudante brasileiro se as ferramentas de ensino são tão rudimentares e os processos pedagógicos ainda se arrastam lentamente como se ainda vivêssemos nos primórdios do século passado ?
Não vale contar as parcas ilhas de ensino mais avançado localizadas em poucos pontos do país.
O Brasil não se resume a três ou quatro Estados mais desenvolvidos.
Esse hiato cultural que inibe a própria desenvoltura intelectual da grande maioria de seu povo, impacta diretamente na performance inclusive de instituições voltadas para o desenvolvimento e potencialidades humanas como por exemplo a Maçonaria.
É nítido perceber que o saudável hábito da leitura constitui-se numa das atividades menos incentivadas no Brasil.
Em face disso e como resultado dessa política avessa à Educação é que hoje nos deparamos com um contingente cada vez maior de Maçons que pouco lêem e que por conseguinte, mal conseguem elaborar juízos de valor sobre temas de conteúdo histórico, social, antropológico e principalmente filosófico de maneira que possam traze-los para um consistente forum de debates.
Como consequência disso, a grande maioria das Lojas espalhadas pelo país, acabam recaindo na superficialidade, dando corpo a discussões ocas de conteúdo e destituídas de qualquer caráter verdadeiramente dialético na busca pelo aprimoramento do maçom e na missão que se espera dele em prol da sociedade.
A permanente preocupação com o crescente êxodo de Maçons das Lojas e claro, a baixa frequência às sessões, grosso modo deve-se antes de tudo, à própria maneira como são iniciados na Ordem.
O raquítico processo de Sindicância abdica de passar uma ideia mais consistente do que significa a Maçonaria.
É e deveria ser função do Venerável Mestre instruir aos Irmãos sindicantes o "modus operandi" e o maior rigor durante as entrevistas aos candidatos.
Aliás, como proposta especulativa seria sempre interessante, além das triviais e protocolares perguntas: O que você espera da Maçonaria? ou Porque você quer ingressar na Maçonaria ?"
Se perguntasse ao Candidato: O que você pode oferecer à Maçonaria ?"
Afinal de contas, se o candidato demonstra algum interesse em ingressar na Ordem ele deve ter algum motivo !
Fato é, que o que se espera é uma relação de comprometimento e interação do Maçom com a Ordem.
Essa interação e o interesse contínuo pelo estudo, sempre incentivados pelos Veneráveis Mestres, é o que acabam gerando o tão decantado e relevante sentimento de "Pertencimento" , que se traduz como a real percepção de alguém fazer parte de uma comunidade, de um grupo, e ao mesmo tempo sentir-se verdadeiramente integrado.
Não há como erigir um templo começando pela sua cobertura, sem que sua base esteja solidamente sedimentada.
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