1 – Mestre Instalado é grau, dignidade, cargo, oficialato ou qualidade?
R – Mestre Instalado não é grau. É apenas um título distintivo para aquele que exerce ou já tenha exercido o veneralato de uma Loja Simbólica.
2 – Se for grau por que nunca fez, e ainda não faz parte dos 33 graus da Maçonaria (Graus Superiores ou Altos Graus)?
R – Como foi dito não é grau. Agora “altos graus da Maçonaria”? O melhor seria “altos graus” como particularidade de alguns Ritos. Maçonaria Moderna Universal e tradicional é composta por três Graus – Aprendiz, Companheiro e Mestre. Daí pelo título de Mestre Instalado não ser nenhum Grau, também não há como lhe associar com os ditos altos graus que nada, mais nada mesmo, tem a ver com o Franco Maçónico Básico. Altos graus, se assim podem ser reconhecidos, são particularidades de alguns Ritos e não da Maçonaria como um todo.
3 – Se não é grau, por que em sessões de algumas Lojas no Brasil, e só no Brasil, os Mestres Instalados são convidados a ocuparem o Oriente do Templo e os Mestres Maçons investidos nos Graus Superiores ou Altos Graus (4° ao 33º) não são convidados da mesma forma para ocuparem o Oriente, sendo que estes sim são reconhecidos por todas as Potências mundiais como Graus Superiores ou Altos Graus?
R – Primeiro que “altos graus” não são reconhecidos mundialmente na unanimidade das Obediências mundiais. Como dito anteriormente, o título de Mestre Instalado, quando existe, e conforme a vertente maçónica faz parte do simbolismo maçónico. Normalmente, Ex-Veneráveis têm assento no Oriente, principalmente como distinção para aqueles que já exerceram a presidência de uma Loja Simbólica. Em complemento à questão, qualquer grau dito acima do de Mestre tradicionalmente não faz parte do simbolismo. Portadores dos ditos “graus superiores” são tratados no simbolismo apenas como Mestres Maçons. Repetindo, grau acima do terceiro é particularidade de rito e não faz qualquer diferença em Loja Simbólica.
4 – Qual o avental do Mestre Instalado?
R – Em linhas gerais, ele possui no lugar das rosetas o símbolo do nível/prumo (perpendicular e vertical) chulamente conhecido como “tau” invertido, a despeito que a letra grega “tau” não tem significado algum na Maçonaria, muito menos invertido, ou de ponta-cabeça. Ainda, nos dois lados da face do avental prendem-se duas fitas na cor da borla de cujas pontas aparecem adornos compostos por correntes e bolinhas que tradicionalmente na Inglaterra são, ou eram franjas prateadas.
5 – Qual a joia do Mestre Instalado?
R – Em exercício do veneralato é o Esquadro de ramos desiguais. Na França o Ex-Venerável usa uma joia composta por um Compasso sobre um quarto de Círculo com a figura do Sol ao centro e às vezes substituído pelo Olho Onividente. Já na Inglaterra o “Past-Master” carrega a joia composta pelo Esquadro e a representação pictográfica da 47ª Proposição de Euclides (Teorema de Pitágoras). Como esclarecimento, na França “instalação” em Maçonaria é sinónimo de posse e tradicionalmente não existe a figura do Mestre Instalado, senão do Venerável Mestre e do Ex-Venerável. Já o título de Mestre Instalado e Mestre Instalado Passado é tradição dos Trabalhos Ingleses e, por extensão, da Maçonaria Norte-Americana.
6 – Quais os paramentos do Mestre Instalado?
R – Além do avental e da joia citados nas questões 05 e 06, cuja joia fica presa num colar decorado como motivos maçónicos (geralmente ramos de acácia), o Mestre Instalado usa punhos também decorados que, em muitos lugares estes somente são privativos do Venerável (no Brasil, o GOB adopta este procedimento).
7 – Quando, onde e como se declarar / identificar Mestre Instalado?
R – Não entendi a questão, salvo se for para a composição de um Conselho de Mestres Instalados para a instalação de um Venerável. Este Conselho legalmente só existe para tal e nunca para interferir na direção da Loja. Um Conselho deste tipo é prerrogativa da Obediência que a nomeia para o ato da Instalação e a dissolve após estiver à missão cumprida. No Grande Oriente do Brasil, o RGF regula as atribuições do Mestre Instalado.
8 – Quando, onde, por que, como e em quais circunstâncias foi instituída a Instalação de Mestres na Maçonaria?
R – A figura do Mestre Instalado é tradição da Maçonaria inglesa com o advento da Moderna Maçonaria e a inauguração do primeiro sistema obediencial. Nos anos que se seguiram com a fusão dos Antigos (1717) e os Modernos (1751) que resultaria na Grande Loja Unida da Inglaterra em 1813, o sistema inglês não tardaria, por influência da instalação do Rei no trono inglês, a adoptar este costume criando uma cerimónia específica acompanhada de uma exposição lendária o que viria resultar no título conhecido como Mestre Instalado. A propósito, o Grau de Mestre na Maçonaria somente viria aparecer a partir de 1724. Anteriormente ao facto a Maçonaria Operativa e posteriormente Especulativa era composta por apenas dois graus. A razão do título de Mestre Instalado, provavelmente esteve ligada a aristocratização da Sublime Instituição (ver a influência da Royal Society) que a partir da fundação da Primeira Grande Loja em Londres, já se preparava e previa o intento num futuro breve.
9 – Mestre Instalado é uma invenção da Maçonaria Brasileira ou faz parte da história cultural da Maçonaria Inglesa? Ou foi instituído pelas Grandes Lojas?
R – Como já comentado, o procedimento de instalação é costume integrante da Maçonaria inglesa. No Brasil em primeira instância isto acontecia nas Lojas que praticavam os Trabalhos de Emulação, confundido como título com o de York, comum no sistema Norte Americano. A Maçonaria brasileira que é filha espiritual da França, sempre teve na sua grande maioria de Lojas ritos ligados a esta espinha dorsal, dentre estes o rito majoritário no País que é o Escocês Antigo e Aceito.
Ao longo da história da Maçonaria no Brasil, uma dissidência do GOB daria origem em 1927 às Grandes Lojas Estaduais (CMSB). Ocorreria então o facto do reconhecimento desta nova Obediência pelas Grandes Lojas Norte Americanas que praticavam, e ainda praticam o Rito Americano que é decalcado nos Antigos de York de origem inglesa. Por esta influência as Grandes Lojas Brasileiras adoptariam equivocadamente no Rito Escocês Antigo e Aceito (que é de origem francesa) práticas que poderíamos dizer anglo-americanas. Dentre as tais, apareceria o ato de Instalar o Mestre eleito para o veneralato da Loja.
Em termos de Maçonaria brasileira, esta se manteve por um longo tempo com a Instalação de Mestres restrita às Grandes Lojas, todavia ao longo desse tempo, muitos obreiros acabariam se mudando de uma para a outra Obediência e, por influência de Irmãos egressos da Grande Loja em aporte no Grande Oriente do Brasil, a partir de 1968 o GOB passaria também a praticar o costume de Instalação que prevalece até a atualidade de maneira consuetudinária. Mais tarde, nos anos de 1972 e 1973 haveria o segundo grande cisma no seio do GOB que resultaria nos Grandes Orientes Estaduais Independentes (COMAB). Com esta dissidência e estando o costume de Instalação já arraigado no GOB as lojas pertencentes à COMAB herdariam também esse costume que hoje tem se tornado uma unanimidade na Maçonaria verde e amarela, fazendo com que ritos que nunca possuíram tradicionalmente a cerimónia de Instalação viessem praticar um costume neles inexistentes apenas em solo brasileiro.
10 – Há uma supremacia hierárquica do Mestre Instalado sobre o Mestre Maçom não instalado?
R – Não existe supremacia alguma, salvo quando o Mestre Instalado está na posse do Primeiro Malhete da Loja – o Venerável Mestre. Mestre Instalado como fora dito anteriormente é um título distintivo e, para adquirir este título, inquestionavelmente ele precisa ter atingido a plenitude maçónica que é o Grau de Mestre, além de ser eleito para o cargo. Plenitude neste caso significa o último estágio de evolução na Maçonaria Universal que é o simbolismo que, por extensão, possui apenas três graus. Não é dado o direito a nenhum Mestre Instalado entender que tem supremacia sobre os demais Mestres. O que pode existir, conforme a Obediência, no caso do Brasil, é que os Regulamentos indiquem atribuições e direitos relativos ao título distintivo, como por exemplo, ocupar lugar no Oriente, ou em se tratando da ausência precária do Venerável, dirigir uma Sessão Magna de Iniciação, Elevação e Exaltação, levando-se em conta de que o Primeiro Vigilante não seja também um Mestre Instalado.
11 – Se há a supremacia, há o reconhecimento desta supremacia pela Grande Loja Unida da Inglaterra (dita Mãe da Maçonaria)?
R – Não há supremacia e a Grande Loja Unida da Inglaterra dificilmente se envolve nestas questões, já que lá existem os Preceptores para as diversas Províncias normalmente indicados pelo Grão-Mestre Provincial, além do livro de regulamentos editado sob o título de Regras Gerais. Geralmente na Maçonaria inglesa o Past Master imediato tem função de auxiliar o Mestre da Loja, porém sem qualquer intromissão nos trabalhos.
12 – Será que a dignidade do Mestre Instalado não é compatível apenas e tão somente com os ditos Ritos anglo-americanos, tais como o os Ritos Craft e York (Emulação)?
R – Este título distintivo como já citado anteriormente é tradição da Maçonaria inglesa e, por conseguinte da americana. Particularmente a Instalação do Mestre da Loja como cerimonial lendário não é procedimento dos ritos de origem francesa. Para estes, quando porventura venham existir é um mero produto de enxerto.
Cabe aqui ainda uma consideração: No Craft inglês (working) não se reconhecem ritos, porém “Trabalhos”, por exemplo – Trabalho de Emulação, Trabalho de Bristol, Trabalho de Humber, Trabalho de Taylor’s, Trabalho de West End., etc. Já nos Estados Unidos da América do Norte o título de rito é reconhecido, cuja imensa maioria das Lojas pratica o Rito Americano que é baseado nos Trabalhos Antigos de York (inglês), organizado em solo americano por Thomas Smith Web, daí ser comum intitulá-lo como Rito de York.
Por este esclarecimento o que se pratica aqui no Brasil comumente conhecido como York, não faz sentido algum, pois o aqui perpetrado é o Trabalho de Emulação e não o Rito de York (americano) como equivocadamente é conhecido.
13 – Os Mestres Instalados não são Mestres Maçons eleitos para administrar o Santo Arco Real, que também não é um grau?
R – Mestres Instalados que fazem parte dos “side degrees”, ou graus laterais, nada tem a ver com o Franco Maçónico Básico. Embora isto possa até parecer, o costume somente ingressaria para acomodar uma situação para os intitulados graus de aperfeiçoamento ingleses. Os integrantes do Santo Real Arco são recebidos das fileiras dos Mestres Maçons sem que haja a condição sine qua non de serem Mestres Instalados. Daí um Mestre Instalado do Santo Real Arco não é o mesmo Mestre Instalado do Franco Maçónico Básico, porém uma instalação específica do grau lateral.
Volto a repetir que Maçonaria Universal da atualidade possui apenas três graus. Nada do que acontece nos ditos graus superiores pode interferir no simbolismo. O contrário sim, pois qualquer obreiro que aspire galgar esses sistemas distintos, necessariamente precisa ser um Mestre Maçom.
14 – Será o Mestre Instalado mais um enxerto na Maçonaria?
R – Da Maçonaria em geral não, todavia poderia assim ser considerado no caso dos Ritos que não possuem tradicionalmente este costume.
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