abril 22, 2024

A ESCADA DE JACÓ - Darren Allan



Você já sentiu que algo estava faltando em sua vida – um sentido mais profundo de significado, propósito ou conexão com o divino? No mundo atual, orientado para os materiais, é fácil perder de vista o que realmente importa e distrair-se com a busca de riqueza, status e prazeres mundanos

Um dos símbolos-chave da Maçonaria é a história da Escada de Jacó do livro do Gênesis. Esta história e as lições que ela transmite podem servir como um guia poderoso para quem busca viver uma vida mais significativa e virtuosa.

No livro de Gênesis, lemos sobre como Jacó, filho de Isaque e neto de Abraão, adormeceu uma noite usando uma pedra como travesseiro. Enquanto dormia, sonhou com uma escada que se estendia da terra ao céu, com anjos subindo e descendo por ela. No topo da escada, Deus apareceu a Jacó e reafirmou a aliança que havia feito com seus antepassados, prometendo abençoá-lo e a seus descendentes.

Quando Jacó acordou, percebeu que havia passado por uma profunda experiência espiritual. Ele ergueu a pedra sobre a qual havia dormido como coluna, ungiu-a com óleo e deu ao lugar o nome de Betel, que significa “Casa de Deus”. Ele prometeu seguir a Deus e dar-lhe um décimo de seus bens.

Mas antes que Jacó pudesse cumprir esse voto, ele precisava fazer algo importante. Ele teve que remover os “deuses estrangeiros” de sua casa – os ídolos e objetos religiosos associados às religiões pagãs das culturas vizinhas. Ele sabia que, para se dedicar verdadeiramente ao único Deus verdadeiro, ele teria que abrir mão de qualquer coisa que pudesse distraí-lo ou desencaminhá-lo.

Esta história tem paralelos poderosos na Maçonaria e em nossas próprias vidas. Assim como Jacó teve que remover os deuses estrangeiros de sua casa, nós também devemos remover os “deuses estrangeiros” do materialismo, da ganância e do vício de nossas vidas se quisermos subir a escada do crescimento espiritual. Nas nossas cerimónias maçónicas, isto é simbolizado pela entrada de todos os maçons no nível e no esquadro, desconsiderando o material - um abandono simbólico da riqueza e dos apegos mundanos.

Mas eliminar essas distrações é apenas o primeiro passo. Para nos prepararmos verdadeiramente para encontrar o divino, devemos também purificar nossos corações e mentes. Em Gênesis, Jacó instruiu sua família a se purificar antes de ir para Betel. Isto envolvia limpeza ritual e a eliminação de pensamentos e motivos impuros.

Na Maçonaria, esta purificação é simbolizada pelos desejos de iniciação do candidato. Ele é questionado se ele vem com um coração puro e intenções nobres, livre de quaisquer motivos indignos. Esta ênfase na pureza de coração ecoa a limpeza espiritual e moral que Jacó e sua família passaram.

Então, em algum momento da cerimônia, o candidato é investido com o avental branco de pele de cordeiro - a insígnia de um maçom e um símbolo da pureza e inocência que se espera que ele cultive em sua vida. Esta é uma mudança simbólica de vestimentas, como a que Jacó e sua família empreenderam, significa despojar-se do antigo eu e vestir o novo eu (usando o avental) pela adoção de uma nova identidade centrada na virtude e no serviço.

Então, como podemos nós, como Jacó e o iniciado maçônico, subir a escada do crescimento espiritual em nossas próprias vidas?

A resposta está nos três degraus principais da escada de Jacó, representados no simbolismo maçônico: Fé, Esperança e Caridade.

Ao cultivar essas virtudes, podemos nos alinhar com a vontade do Ser Supremo e superar as distrações e tentações do mundo material. Podemos remover os “deuses estrangeiros” do egoísmo e do materialismo das nossas vidas, purificar os nossos corações e mentes, e vestir-nos com o avental branco de uma vida virtuosa e reta.

Não é um caminho fácil, mas é gratificante. Ao nos dedicarmos a esses princípios, podemos encontrar um sentido mais profundo de significado, propósito e conexão com o divino. Podemos tornar-nos homens melhores – não apenas para nós mesmos, mas para as nossas famílias, as nossas comunidades e o mundo em geral.

Então, vamos analisar cada uma dessas virtudes e explorar como podemos cultivá-las em nossa vida diária.

1 Fé

O primeiro passo na escada do crescimento espiritual é a fé – uma crença firme no Ser Supremo e uma confiança no Seu plano divino. Na Maçonaria, esta representação da fé reforça o Irmão a prosseguir a sua própria fé, ao mesmo tempo que proporciona um reconhecimento universal da presença divina em toda a criação. Ao fortalecer a nossa fé através da oração, da meditação e do estudo de textos sagrados, podemos desenvolver uma ligação mais profunda com o Ser Supremo e alinhar-nos com a Sua vontade.

2 Ter esperança

O segundo degrau da escada é a esperança – uma expectativa confiante de um futuro melhor, tanto nesta vida como na próxima. Na Maçonaria, esta esperança baseia-se nas promessas contidas nos textos sagrados e na crença na imortalidade da alma. Ao cultivar um sentimento de esperança, podemos permanecer motivados e focados na nossa jornada espiritual, mesmo diante de desafios e contratempos.

3 Caridade

O terceiro e último degrau da escada é a caridade – um amor altruísta e uma preocupação com o bem-estar dos outros. Na Maçonaria, a caridade é considerada a maior de todas as virtudes, abrangendo tanto a fé como a esperança. Ao praticar a caridade nas nossas vidas diárias – através de atos de bondade, generosidade e serviço – podemos tornar-nos mais semelhantes ao Ser Supremo e realizar o nosso potencial mais elevado como seres humanos.

Para cultivar essas virtudes, devemos estar dispostos a fazer algumas mudanças em nossas vidas. Devemos estar dispostos a abandonar nossos apegos às coisas materiais e nos concentrar no que realmente importa. Devemos estar dispostos a examinar nossos próprios corações e motivações e a lutar constantemente por maior pureza e sinceridade. E devemos estar dispostos a colocar as necessidades dos outros antes das nossas e a servir o bem maior em vez dos nossos próprios interesses egoístas.

Não é um caminho fácil, mas é nobre e gratificante. Ao ascender a escada da fé, da esperança e da caridade, podemos tornar-nos mais do que apenas homens comuns - podemos tornar-nos verdadeiros líderes morais e espirituais, exemplos brilhantes do que significa viver uma vida de propósito e integridade.

A história da Escada de Jacó e os símbolos da Maçonaria oferecem-nos um modelo poderoso para a transformação pessoal e o crescimento espiritual.

Ao remover os “deuses estrangeiros” do materialismo e do vício de nossas vidas, purificando nossos corações e mentes e cultivando as virtudes da fé, da esperança e da caridade, podemos subir a escada da iluminação espiritual e nos alinhar com a vontade do Supremo.

Esta é a verdadeira essência da Maçonaria – não apenas um conjunto de rituais e símbolos, mas um modo de vida que nos desafia a tornarmo-nos as melhores versões de nós mesmos. Ao abraçar estes princípios e colocá-los em prática na nossa vida diária, podemos encontrar um sentido mais profundo de significado, propósito e ligação com o divino.

Então, vamos, como Jacó e o padrão que a Maçonaria estabeleceu para nós, prosseguir nesta jornada de crescimento espiritual e melhoria moral. Vamos remover as distrações e impurezas de nossas vidas e focar no que realmente importa. Tenhamos fé no Ser Supremo e esperemos por um futuro melhor. E pratiquemos a caridade e o serviço altruísta, sabendo que, ao fazê-lo, estamos cumprindo a nossa vocação mais elevada como seres humanos.

Este é o caminho do homem reto e do maçom. É um caminho aberto a todos que o procuram. Que tenhamos a coragem e a dedicação para segui-lo, e que possamos encontrar a sabedoria, a força e a beleza que estão no seu final.



Nenhum comentário:

Postar um comentário