abril 18, 2024

LOJA MAÇÔNICA ITALIANA P2 (PROPAGANDA DUE) -


     

Propaganda Due, Propaganda Dois ou P2, era uma loja maçônica operando sob a jurisdição do Grande Oriente da Itália entre 1945 a 1976 (quando a constituição foi reformada), e uma loja pseudo-maçônica "negra" ou "encoberta" funcionando ilegalmente (em violação do artigo 18 da Constituição da Itália que proíbe associações secretas) de 1976 a 1981. Durante os anos em que a loja foi liderada por Licio Gelli, a P2 esteve implicada em inúmeros crimes e mistérios na Itália, incluindo o colapso do Banco do Vaticano - afiliado do Banco Ambrosiano, os assassinatos do jornalista Mino Pecorelli e do banqueiro Roberto Calvi, e casos de corrupção nacional no escândalo Tangentopoli. A P2 veio à tona através das investigações sobre o colapso do império financeiro de Michele Sindona.[1] A Loja P2 esteve envolvida na Operação Gladio – Gladio era o nome das organizações paramilitares nos bastidores da OTAN. Entre 1965 e 1981, tentou condicionar o processo político italiano através da penetração de indivíduos da sua confiança no poder judicial, no Parlamento, no exército e na imprensa.

A P2 foi por vezes referida como um "Estado dentro do Estado" ou um "governo sombra". A loja tinha entre os seus membros proeminentes jornalistas, membros do parlamento, empresários e líderes militares, incluindo Silvio Berlusconi, que mais tarde se tornou primeiro-ministro da Itália, o pretendente da Casa de Savoia ao trono italiano, Victor Emmanuel, e os chefes dos três serviços secretos italianos.

Ao investigar Licio Gelli, a polícia encontrou um documento chamado "Plano para o Renascimento Democrático", que apelava para a consolidação dos meios de comunicação, a supressão dos sindicatos, e a reescrição da Constituição Italiana.

Fora da Itália, a P2 também foi muito ativa na Suécia, Uruguai, Brasil e na Argentina, com Raúl Alberto Lastiri, presidente interino da Argentina (entre 13 de julho de 1973 a 12 de outubro de 1973) durante o auge da "guerra suja", entre os seus membros. Emilio Massera, que fazia parte da junta militar liderada por Jorge Rafael Videla entre 1976 a 1978, José López Rega, ministro da Previdência Social no governo de Juan Perón e fundador da Aliança Anticomunista Argentina ("Triple A"), e o general Guillermo Suárez Mason também eram membros.

A "Propaganda" foi originalmente fundada em 1877, em Turim, como "Propaganda Massonica" sob o Grande Oriente d’Italia (Grande Oriente de Italia). Esta loja foi frequentada por políticos e funcionários governamentais de toda a Itália, que não puderam comparecer em suas próprias lojas e incluía membros importantes da nobreza de Piemonte. O nome foi alterado para "Propaganda Due" após a Segunda Guerra Mundial. Na década de 1960, no entanto, a loja entrou em decadência, mantendo poucas reuniões. Esta loja original, no entanto, teve pouca relação com a que Licio Gelli criou em 1966, dois anos depois de se tornar um maçom.

A Maçonaria na Itália tinha sido proibida pelo regime fascista de Benito Mussolini, mas renasceu após a Segunda Guerra Mundial, sob o incentivo dos EUA. No entanto, suas tradições de pensamento livre sob o Risorgimento se transformou em um fervoroso anticomunismo.

As atividades da loja P2 foram descobertas pelo Ministério Público ao investigar o banqueiro Michele Sindona, o colapso de seu banco e suas ligações com a máfia.[10] Em março de 1981, a polícia encontrou uma lista de supostos membros na casa de Gelli em Arezzo. Continha 962 nomes, entre os quais funcionários públicos importantes, políticos importantes (quatro ministros ou ex-ministros e 44 deputados), e uma série de oficiais militares, incluindo os chefes dos três serviços secretos italianos. O futuro primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi estava na lista, embora ele ainda não estava ingressado na política na época. Outro membro famoso era Victor Emanuel, Príncipe de Nápoles, o filho do último rei italiano.

Em julho de 1982, novos documentos foram encontrados escondidos no fundo falso de uma mala pertencente à filha de Gelli no aeroporto Fiumicino, em Roma. Os documentos foram intitulado "Memorandum sulla situazione italiana" (Memorando sobre a situação italiana) "Piano di rinascita democratica" (Plano de Renascimento Democrático) e são vistos como o programa político do P2. De acordo com esses documentos, os principais inimigos da Itália eram o Partido Comunista Italiano (PCI) e os sindicatos. Estes teriam de ser isolados e em cooperação com os comunistas (o segundo maior partido da Itália e o maior da Europa Ocidental), foi proposto que o compromisso histórico com Aldo Moro precisava ser interrompido.

O objetivo Gelli era para formar uma nova elite política e econômica para levar a Itália para uma democracia de extrema-direita de forma autoritária, e com uma perspectiva anticomunista.[12] A P2 defendeu um programa de corrupção política ampla:. "Os partidos políticos, jornais e os sindicatos podem ser os objetos de possíveis solicitações que poderão assumir a forma de manobras econômico-financeiras. A disponibilidade das verbas que não excedam 30 a 40 bilhões de liras parece suficiente para permitir que os homens cuidadosamente escolhidos, agindo de boa fé, conquistem posições-chave necessárias para o controle geral."

A P2 tornou-se alvo das atenções na questão do colapso do Banco Ambrosiano (um dos principais bancos de Milão cuja maior parte era propriedade do Vaticano), e a morte suspeita em 1982 de seu presidente Roberto Calvi em Londres, de início tida com um suicídio mas mais tarde considerada como assassinato. Levantou-se a suspeição que muitos dos fundos desviados desse banco foram para a P2 e respectivos membros

https://pt.wikipedia.org/wiki/Loja_P2,_Propaganda_Dois

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