O Irmão, em pé, voltado para o leste, tem os pés em ângulo reto. Ele realizará seu aprendizado, dando-lhe o direito de sentar-se no templo. Pausa ! 1 2 3!
Dizem que a alvenaria é uma pousada espanhola, mas não se entra como num moinho! Entrar no templo é um ritual.
Este movimento e esta posição, para marcar a passagem simbólica do mundo profano para o mundo sagrado. A retidão de intenções que deve animar o Irmão é simbolizada nesta marcha para o Oriente, ao entrar no templo.
Grotesco, incomum aos olhos do novo iniciado, esse passo desajeitado, às vezes desestabilizador, incomoda mais de um aprendiz. Além disso, podemos realmente falar de etapas?
Por que entrar assim? Posição instável e desconfortável. Cada um de nós sentiu esse desconforto ao se mover assim. Nem francamente de frente, nem completamente de perfil. O assento é inexistente, a menor correria e dá uma sensação de desequilíbrio! Será que esta desordem não é necessária para lembrar, talvez ao aprendiz, isto é, a cada irmão que ingressa no 1º grau, a natureza incerta e frágil da sua busca, como a criança que dá os primeiros passos no mundo dos homens.
Esta caminhada de três passos lembra a idade do aprendiz. Três passos de igual distância: começando com o pé esquerdo para marcar sobretudo a primazia do coração em todos os atos maçônicos.
Você vai me dizer, outros F… aqui entram com o pé direito. Eles têm menos coração do que nós?…
Esta piada talvez nos lembre da relatividade de qualquer interpretação simbólica. O essencial não é esta marcha do amor rumo à estrela impossível?
O passo é linear, contínuo; assim, o jovem irmão não pode ainda desviar-se do caminho traçado pela tradição. Ele deve a ordem: Retidão e obediência. Não é este o BABA de toda educação verdadeira: profana ou iniciática?
Mozart, no primeiro movimento do seu quarteto conhecido como “dissonâncias”, conseguiu transcrever musicalmente esta perturbação dos primeiros passos da alvenaria (literal e figurativamente). Abertura melancólica e dolorosa, sem dúvida evocando uma exploração do passado. Depois, no segundo movimento, tudo parece ficar mais claro.
1, 2, 3: batalha perpétua de luz e sombra.
O passo rígido e retilíneo se modificará com a medida da era maçônica; sem muito significado aparente, será enriquecido posteriormente para manifestar, sem dúvida, o essencial: afastar-se para melhor retornar a si mesmo. Marca assim esse desejo de alcançar o conhecimento, a verdade.
Nesta etapa o maçom demonstra seu comprometimento com o caminho do autoconhecimento, ou seja, o desejo de trabalhar pela sua própria libertação. Ele caminha pelo caminho do meio, expressando assim seu desejo de ir além do que ele é. Ato voluntário e livre como é a sua entrada no espaço e tempo maçônico.
Seja qual for a idade ou roupa, o F \ entra na pousada com esse passo de aprendiz, integra o ritual com esses passos.
Estes três passos marcam uma ruptura com o mundo secular. Do mundo binário, o F \ acessa assim simbolicamente o mundo terciário. Um passo consciente, para ajudá-lo a depositar melhor seus metais na porta do templo. Esta porta, premissa de: não... sábia!
Não esqueçamos de onde viemos: 1-2-3! Começo sem fim.
Dei esse primeiro passo como aprendiz pela primeira vez, algum tempo depois da morte do meu pai. Lembro-me do provérbio italiano que ele gostava de repetir para nós, aquele que não era pedreiro:
“Na vida é preciso saber dar o passo de acordo com a perna"…
Sim, creio que nestas poucas palavras reside para mim grande parte do segredo maçônico. Este preceito tornou-se mais claro à luz da minha jornada.
Cabe a cada um de nós caminhar de acordo com o nosso ritmo, a nossa conveniência, tentar ao longo do tempo encontrar a harmonia certa e perfeita no nosso templo interior... passo a passo.
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