UM LABIRINTO INSONDÁVEL - Newton Agrella



O Universalismo de nossa Ordem Iniciática a cada pouco impõe-nos a nos questionar:

Por que fui iniciado Maçom? 

Para que é que isso serve? Como a Maçonaria pode contribuir para um mundo melhor, mais humano, mais solidário, mais fraterno, mais equilibrado ?

É possível ?

Naturalmente que não se vão dar respostas a estas frequentes inquietações, porque à medida que o tempo passa, são maiores as dúvidas do que as certezas, o que, provavelmente, tornar-se-ão irrelevantes para futuras gerações maçônicas.

Gostaria, apenas e tão  somente de compartilhar estas mesmas inquietações, se isso me for permitido. 

Será que a protocolar, porém legítima resposta: 

*"M.'.I.'.C.'.T.'.M.'.R.'."* de algum modo poderia aquietar nossos anseios ?

É fato que há pessoas, espalhadas pelo mundo capazes de nos acolherem, de nos reconhecerem e de nos identificarem como um legítimo maçom.

Porém, a pergunta mais incômoda que eu me faço é:

"O que as pessoas esperam de mim ?"

A rigor, o que nos liga, na inércia do sistema de estarmos vivos, é a ânsia daquilo que nos separa.

Reunimo-nos, corporativamente, para encontrarmos abrigos para o que nos separa. 

Afirmamos a diferença mais do que a semelhança. 

Vale lembrar que a Fraternidade reside no extremo do mutualismo.

Parece inequívoco que a Maçonaria Especulativa acredita numa sociedade laica, em que os valores da cidadania e do humanismo se sobreponham aos interesses e aos valores de uma comunidade religiosa.

Mas, em toda a história da Maçonaria, e mesmo na história contemporânea, encontramos obreiros laicos, agnósticos e outros de grande profundidade religiosa, compartilhando os trabalhos de Loja, unidos sob a mesma cadeia de união.

Isto quer dizer que os valores que nos ligam são mais fortes e consistentes do que os que eventualmente nos separam.

Não vai aí nenhum tipo de sofisma ou falácia afirmar ainda que os credos religiosos, as opiniões políticas, as idiossincrasias culturais que definem a individualidade de cada Maçom, subjazem aos elevados valores humanos e sociais que os conectam nessa sólida cadeia universal. 

A Maçonaria Universal tende para o reconhecimento da diferença e da especificidade cultural de cada Obediência. 

"Talvez" a Maçonaria não seja, e nem nunca será regular, liberal, adogmática, operativa, especulativa, republicana, laica, monárquica, anarquista, socialista, mista, ou libertária.

Ela foi, e será sempre, "Universal", alerta às mudanças culturais, eixo dos ideais sobre os valores que persegue, em cada momento histórico do mundo profano. 

Percorrer esse labirinto insondável que nos remete a dúvidas e inseguranças é um combustível eficaz para que exercitemos o pensamento como o instrumento mais poderoso de um franco-maçom.



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