“O ser humano pode alterar a sua vida mudando a sua atitude mental”. William James
Consta no catecismo maçônico da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo/Rito Escocês Antigo e Aceito, que a Arte Real é a arte do pensamento. Parece aproximação à filosofia de René Descartes que sentenciou: “Cogito Ergo Sum”...
Acreditamos na atividade mental para compreendermos o que nos chega, e explicar as possibilidades de aplicação, individual e/ou social, quer seja por meio da dimensão ritualística/esotérica ou mesmo filosoficamente.
E em nossos rituais, as instruções nos três graus, nos empurra a pensar tanto na nuance quanto na complexidade da revelação. E a servir delas para ajustá-las ao nosso moral/social, pois o fito é fazer progressos...
E é o trabalho cerebral que acelera tudo desde a investigação, com reflexão, até a compreensão/conscientização dos mistérios que divisarão o antes e o depois, ou seja, a presença da luz que ilumina os nossos entendimentos.
É óbvio que o intento não é a sua totalidade, mas uma possibilidade que unida a outras, robustecem os ensinamentos, elevando o cabedal que já não é mais individual, senão, coletivo. Conseguimos o Ubuntu! Na filosofia africana significa: “Eu sou porque nós somos”!
Convenhamos que no mundo mecânico o trabalho intelectual não seja considerado "trabalho". Pois no trabalho mecânico tem que atuar uma força e produzir um deslocamento.
No filosofismo, mais intimamente, no existencialismo, Frédéric Allouche, na obra Ser livre com Sartre, ed. Nobilis, 2019, escreve: "Para Sartre, é o pensamento, a consciência que faz toda a originalidade e a dignidade humana dentro da natureza".
Eis aí o convite ao homem/maçom. Ele que experimentou as trevas e a luz; a ignorância e o conhecimento; o doce das realizações e o amargor das decepções.
Então, o presidente numa instrução, segundo o Ritual, assevera: "E para tornardes verdadeiro Iniciado, podeis ler pouco, mas pensai muito; meditai sempre e, sobretudo, não tenhais receio de sonhar!" Ritual do Simbolismo CM.
Em linguagem coloquial significa: "pense por si mesmo; durma sempre com os seus olhos; e desperte para realizar os seus sonhos"...
Em outro trecho, do mesmo Ritual, o presidente recomenda “o estudo no livro da vida/natureza, esforçando-vos por desvendar seus mistérios, sob a luz da Razão e da Ciência”... Os segredos ficam para um outro momento e ocasião.
Pronto! Fundamentamos o presente trabalho. Ajudados pela sabedoria maçônica que por meio da tríade: filosofismo, catecismo e esoterismo, oferta aos iniciados a melhor tábua de delinear. Podemos caprichar nos detalhes!
Também devemos avançar, pois somos livres e de bons costumes!
Livres para pensar e agir; para ir mais longe e colaborar com os reconhecidos, eles que compartilham da mesma luz, dos mesmos propósitos e das mesmas causas: tornar feliz a humanidade.
É tão necessária e verdadeira a atividade da Arte Real que a GLESP oferece aos inscritos uma formação em Mentoria. Aos diplomados Mentores fica a incumbência de atuar na instrução/formação dos Aprendizes, Companheiros e Mestres.
Para tanto há de se construir uma simbiose, ou seja, um clima ou via de mão dupla necessário para haver trocas e compartilhamentos. Troca porque aprendemos sempre. Compartilhamento para ampliar as possibilidades, sem inventar moda, e alcançar a todos os que se dispõe a evoluir.
Consta no manual do Mentor as vantagens da Mentoria para a Loja, para o Mentor e orientandos, e uma recompensa destacada é a satisfação de promover o crescimento maçônico de seus orientandos.
Da pedra Bruta inicial passando ao esquadrejamento da mesma e, mais adiante, servindo-nos da prancheta de delinear, o saber fazer sucedeu o saber aprender, pois o aprender a ser completa-se no aprender a viver juntos, eis o simbolismo do malho e cinzel; esquadro e compasso na melhor composição onde, ao centro, destaca-se o G.
Assim, o conhecimento tão incentivado desde a Iniciação há de tornar-se busca perene por melhores esclarecimentos e ajustes no edifício pessoal. E a Tertúlia Maçônica mediada por um Mestre/Mentor pode ganhar proporções desejadas se contribuir para a compreensão dos símbolos e das alegorias apresentadas.
O canteiro de obras está disponível para todas as ações, exceto, rachar a pedra pela força desmedida do golpe ou falta de afiação do buril. Sim! Para o desbaste perfeito há de refazer o cume para desbastar, sem ferir. Eliminando-se o excesso destaca-se o ângulo reto que permite o melhor assentamento de cada pedra, pelas mãos do artesão.
Nesse trabalho especulativo, atualmente, há muito espaço para a leitura, compreensão, reflexão, adequação do todo lido; compreendido, sim, porque fora bem pensado, e espremido no crivo da reflexão pura e direcionada por uma sã moral.
O aspecto pode até ser de uma dialética de filósofo iniciante. Talvez o seja o da primeira cinzelada do aprendiz. Mas o conteúdo pode estar oculto aos olhos profanos, exceto na imaginação do artesão que percebeu mentalmente a obra escondida sob as aparas.
E a arte de remover o material excedente trazendo, demoradamente à vista, a escultura polida e acabada, torna-se a arte final, na dimensão operativa. Por analogia, o mesmo se dá com as peças de arquitetura esculpidas no íntimo do autor. Elas trazem as formas e contornos precisos porque foram definidos com entusiasmo e vigor.
Em linguagem maçônica esse entusiasmo corresponde à vontade. Não como desejo, mas como consciência promotora de ações e realizações laborais. Significa dizer que essa vontade alinhada com a inteligência e o amor resultam na tríade simbólica que adorna a sua assinatura, verdadeiro arremate na obra acabada.
Eis aí um excelente motivo para todo o maçom adornar a sua assinatura. O adorno deve suscitar-lhe veracidade, autenticidade e trabalho limpo. Caso contrário omita-o para os que nos reconhecem não imaginar má-fé, talvez uma fraude ou necessidade de levar vantagem em negócios ou produções duvidosas.
Refazendo as conjecturas que desvelam os mistérios, a inteligência maçônica deve suplantar a negligência profana, ou seja, do não se esforçar por investigar as possibilidades que criam as oportunidades de melhorarmos nossa obra interior, todo o dia, sem oferecer resistências, ao contrário, facilitando e exercitando o cérebro, e com a força do pensamento encontraremos, indubitavelmente, o que procuramos.
Buscando condensar essa parte reflexiva, sem pretensão de qualquer precipitação, mas com o fito de orvalhar os olhos que leem felicitando-os e convidando-os a voltar nos pontos mais sensíveis ou enigmáticos do que está apresentado, para fomentar outras considerações pelo simples enriquecimento textual.
Arrematando a terceira lâmina insistimos na força do pensamento - feito a alavanca - a mover as dificuldades e permitir a melhor compreensão pelo exercício mental e (re)conhecer nitidamente na essência maçônica a pedra filosofal culminada na Arte de Construir, ou seja, na Arte Real.
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