O ACORDAR DE UM LINDO SONHO - José de Oliveira Mendes


Uma rampa talhada na pedra sabão que ali muito havia.

Uma descida de morro, um tanto intrigante.

A meu lado estava Maria,

Atabalhoada com o declive e com o sol causticante,

Desengonçada, na trilha seguia.

O esforço da descida a deixou ofegante

Apesar de tudo, para mim sorria.

O destino era uma imponente e obscura grota

Talhada na base daquele altiplano, verdejante.

Logo, um alecrim que está na rebrota,

Ao lado, grosseira e tortuosa lixeira, mas não obstante

Linda flor de um ipê, ali se nota.

Até uma lagartixa que parece deslizante

Palmeia o solo e, de repente, trota.

Maria e eu. Eu e Maria, naquela paisagem estonteante,

Maria, com tez calma, mas serena, segurando os cabelos

Que o vento insistia em torna-los esvoaçante,

Aproximou-se de mim e com muito zelo

Limpou suor do meu rosto e, com olhar provocante,

Sentiu a barba malfeita e um arrepiar dos meus pelos

Muita adrenalina pelo corpo, nos pulmões respiração arfante.

Nos quadris dela, minhas mãos, depressa, anteponho

Uma sensação inimaginável, ao dela me aproximar

Meus lábios, em seus lábios eu ponho

Entrelaçando-nos, em um lento zanzar

Mas algo me deixou bem tristonho

A realidade pôs-se então a brotar

Acordei, nada aconteceu. Tudo foi apenas um sonho.

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