Uma rampa talhada na pedra sabão que ali muito havia.
Uma descida de morro, um tanto intrigante.
A meu lado estava Maria,
Atabalhoada com o declive e com o sol causticante,
Desengonçada, na trilha seguia.
O esforço da descida a deixou ofegante
Apesar de tudo, para mim sorria.
O destino era uma imponente e obscura grota
Talhada na base daquele altiplano, verdejante.
Logo, um alecrim que está na rebrota,
Ao lado, grosseira e tortuosa lixeira, mas não obstante
Linda flor de um ipê, ali se nota.
Até uma lagartixa que parece deslizante
Palmeia o solo e, de repente, trota.
Maria e eu. Eu e Maria, naquela paisagem estonteante,
Maria, com tez calma, mas serena, segurando os cabelos
Que o vento insistia em torna-los esvoaçante,
Aproximou-se de mim e com muito zelo
Limpou suor do meu rosto e, com olhar provocante,
Sentiu a barba malfeita e um arrepiar dos meus pelos
Muita adrenalina pelo corpo, nos pulmões respiração arfante.
Nos quadris dela, minhas mãos, depressa, anteponho
Uma sensação inimaginável, ao dela me aproximar
Meus lábios, em seus lábios eu ponho
Entrelaçando-nos, em um lento zanzar
Mas algo me deixou bem tristonho
A realidade pôs-se então a brotar
Acordei, nada aconteceu. Tudo foi apenas um sonho.
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