setembro 03, 2024

TUDO PASSA...- Heitor Rodrigues Freire



" Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derrubar e tempo de construir. Há tempo de ficar triste e tempo de se alegrar; tempo de chorar e tempo de dançar; tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las; tempo de abraçar e tempo de afastar”. (Ecl 3:1-8) 

A morte é um tema que sempre mereceu atenção especial dos seres humanos. Ela é um fato natural e diz respeito a todos, sem distinção de classe, raça, nacionalidade ou gênero. A morte significa o fim de uma etapa e o começo de outra, no plano espiritual. Tudo continua, mas em níveis diferentes. Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo apenas se transforma, como bem conceituou Lavoisier. 

A morte enseja também um dos maiores medos dos humanos, que decorre do desconhecimento de uma verdade básica: ninguém morre. A morte é apenas uma passagem de um estado da matéria para outro, na espiritualidade. Conforme Santo Agostinho demonstrou em seu famoso poema “A morte não é nada”, a vida segue seu fio, mesmo do lado de lá:

A vida significa tudo

o que ela sempre significou,

o fio não foi cortado.

Por que eu estaria fora

de seus pensamentos,

agora que estou apenas fora

de suas vistas?

Eu não estou longe,

apenas estou

do outro lado do Caminho…

Você que aí ficou, siga em frente,

a vida continua, linda e bela

como sempre foi”.

Quanto a mim, sei que a qualquer momento, não sei quando, chegará a hora de partir para novas realizações no plano espiritual e de voltar para a pátria celestial, e ali assumir novas missões em função do nosso plantio aqui na Terra.    

E com essa perspectiva natural e inevitável, comecei a conjecturar a respeito da morte, de sua finalidade, dos benefícios que ela proporciona – embora para a grande maioria que não consegue alcançar esse entendimento, ela seja um castigo – e das suas consequências.

Em vez de tristeza, ansiedade e desesperança, deveríamos aceitar a morte como um fato perfeitamente natural da vida. E para isso acontecer é preciso que se fale da morte, e não que se usem palavras ou expressões substitutas que amenizem o seu significado. Isso requer admitir que, assim como outros processos – como o nascimento –, a morte é um estágio da vida, o qual sabemos que virá implacavelmente para todos nós.

Aceitar essa situação como parte da nossa natureza representa uma libertação.

“A separação definitiva entre os que se amam jamais acontece. Transfigura a dor da saudade em obras de amor consagradas à memória dos entes queridos que partiram”, ensinou o Irmão José, no livro Vigiai e orai, psicografado por Carlos A. Bacelli.

O povo diz: “está morrendo gente que nunca morreu”. O que não é verdade, afinal todos nós já morremos muitas vezes. 

A falta de conhecimento faz com que as pessoas se desesperem, se lamentem e se cobrem quando se veem diante desse fato inexorável.

É muito interessante a manifestação das pessoas a respeito dos falecidos, demonstrando, naturalmente, carinho e solidariedade: “meus sentimentos”, “vai fazer muita falta”, “perda irreparável”, e por aí afora.

À medida que houver entendimento a respeito desse fato inevitável, com a consequente libertação, se manifestará em nós uma alegria imensa porque atingiremos um estágio de consciência que despertará a vontade de participação nesse novo estado e nessa nova dimensão, abrindo perspectivas de crescimento, trabalho e participação ativa.

Aceitemos e trabalhemos!


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