outubro 17, 2024

RESPONSABILIDADE, BASE DA ÉTICA - Leon Grinberg


 

Ser significa ser totalmente. 

Sermos nós mesmos, assumir. 

É nos comprometermos com cada hora de nossos dias, é sermos um homem em plenitude. 

Reiteramos: viver é dar sentido à vida. 

Cada momento da existência põe à prova o homem. 

Assumirá ele a responsabilidade de responder com todo seu ser à invocação do momento? 

É livre. 

Pode escolher e decidir. 

Nesta eleição ele joga o sentido da sua existência. 

E ao eleger para si mesmo, estará elegendo para a humanidade.

A responsabilidade é a única insofismável base de toda ética. 

É precisamente a responsabilidade que possibilita o exercício da ética e a prática da moral.

O que é conflitante? 

O que cria a crise do homem e no homem? 

A cisão da existência em tabela valorativas distintas. 

Pode ser que individualmente estabeleçamos a nossa própria escala de valores, nossa própria mensuração com prioridades diferentes. 

O importante é o ajustamento da nossa conduta à nossa tabela valorativa, evitando a multiplicidade de morais. 

Não há uma ética para o Templo e outra para o mercado.

O processo formativo maçônico nos encaminha, desde o primeiro grau, rumo a uma coerência entre pensamento, palavra e ação. 

Guia-nos para alcançar afirmativamente a unidade da vida do homem em todos os campos. 

Uma única vida, uma única resposta, uma única responsabilidade, um único compromisso, uma única ética.

Sempre há no recôndito do homem uma voz interior que o chama, que pergunta que indaga que reclama. 

Às vezes a chamamos de consciência. 

Perante ela, alguns se ocultam entre palavras, entre ideias, entre ações. 

Outros se revelam se manifestam tal como são. 

Alguns argumentam tranquilizando-a, se justificando. 

Outros se realizam se ajustam. 

Lutam contra a fragmentação, a divisão da vida em categorias distintas e em recintos temáticos, qual compartimentos estanques, que nenhuma relação estabelece entre si. 

O ético, o estético, o religioso, o metafísico, o sociológico, o econômico, o psicológico etc., que em definitivo refletem aspectos do homem, nunca do homem total.

Karl Jasper disse: “O modo como vejo a grandeza e como me comporto perante ela, me faz chegar ao meu próprio ser”.

Ante um ideal de perfeição alguns expressam: são utopias; negam-no e reduzem tal ideal ao comodismo do nível em que se encontram. 

Outros, pelo contrário, e entre eles estão os maçons, tentam-se elevar, se realizar nessa meta de perfeição. 

Essa meta de perfeição logicamente leva implícita a efetivação dos nossos princípios básicos.

Liberdade, Igualdade, Fraternidade. 

Amor à justiça; procura da verdade. 

Respeito à sabedoria; reconhecimento da harmonia e da justiça. 

Tolerância no seu legitimo limite.

Rejeição, superação ou controle da hipocrisia, ambição, inveja, egoísmo etc. 

Mas, acima de tudo, a pedra básica, o fundamento da nossa Instituição; a Fraternidade. 

E ela depende da compreensão.

Ambas, fraternidade e compreensão determinam e descansam na responsabilidade, forjada, no nosso caso, como maçons, na real interiorização do que os nossos símbolos dinamizam.

Nossa formação maçônica implica ao menos estarmos a coberto de intenções e ideias espúrias, vigilantes de que a sabedoria, harmonizada pela beleza e pelo amor, seja a potência das nossas ações, e por onde a nossa conduta esteja nas vinte e quatro horas do dia, a prumo, no transcurso do reto caminho a transitar pela vida.



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