novembro 05, 2024

ARLS ÓRION 465 - São Paulo


O tempo chuvoso e o transito complicado não ajudavam a presença, mas mesmo assim um expressivo número de irmãos, de diversas Lojas, compareceu à ARLS Órion 465 da GLESP, onde sob a direção do Venerável Mestre Rogério Camellini de Castro realizou-se a sessão de palestra onde o irmão Paulo André brindou os presentes com uma notável apresentação em que falou sobre as origens da Ordem Rosa Cruz e as diferenças e pontos em comum desta Ordem e da Maçonaria, começando o passeio no Antigo Egito, passando pelos hebreus, pela Idade Média, pela fundação da primeira potência maçônica na Inglaterra, até os dias de hoje.

O palestrante Paulo André, que também colabora neste blog, demonstrou notável erudição e grande didática e apresentou um tema complexo de forma leve e com pitadas de bom humor de modo que ninguém se cansou mesmo com cerca de hora e meia de palestra. A participação dos assistentes através de comentários e questionamentos durou também aproximadamente uma hora, muito bem aproveitada.

O palestrante foi brindado com um dos meus livros, O caminho da Felicidade, que foi assinado como dedicatória por todos os irmãos presentes e o encerramento se deu com um festivo encontro no Restaurante Pedra Bruta da Grande Loja.

O MITRAÍSMO - Lucas do Couto Santana

 




Em tempos ancestrais, repleto de mistério e os símbolos governavam a mente humana, surge a figura de Mitra, um herói divino venerado tanto na antiga Pérsia quanto em culturas como a Índia, no bramanismo. Mitra é muito mais que um deus comum. Ele é o "Sol Invicto", aquele que ilumina onde as sombras prevalecem. Sua jornada, marcada por coragem e sacrifícios, simboliza a eterna batalha entre o instinto primordial e a consciência humana.

Na antiga Pérsia, sua origem, é associada a Ahura Mazda, a divindade suprema do Zoroastrismo, e eventualmente se transforma em um deus soberano em várias culturas, culminando no Mitraísmo. Este culto, uma escola iniciática, formada guerreiros devotos de Mitra, reverenciavam-no como símbolo de força e luz.

Mitra e Jesus: Simbolismo e Sacrifício

Um dos aspectos mais fascinantes do Mitraísmo é a semelhança simbólica com o cristianismo. Mitra nasce de uma rocha à beira de um rio sagrado, sob a sombra de uma árvore sagrada, e é testemunhada por dois pastores, o que evoca uma narrativa cristã. Armado com uma faca e uma tocha ao nascer, Mitra já está simbolicamente associada à luta e à luz. Como Jesus, ele é visto como um salvador, alguém destinado a livrar o mundo do mal. Seu nascimento cercado de símbolos solares reflete sua condição de "Sol Invicto", o herói solar que ilumina o mundo.

Os pastores que testemunharam o nascimento de Mitra oferecem os frutos de suas colheitas, registrando-o como o salvador. Mitra, ainda nu, veste-se com folhas de figueira, uma ação que remete à narrativa do Éden, mas sem o conceito de pecado. Ao contrário, o ato de comer o fruto sagrado confere a ele forças para enfrentar as potências do mal.

É possível dizer ainda que após se alimentar e comer o fruto da árvore sagrada, Mitra absorve a luz do Sol e fica investido dos seus poderes. Isso simboliza a ação do elemento fogo sobre a alma humana.

A Luta de Mitra e o Touro Primordial

O elemento mais marcante no culto a Mitra é o sacrifício do touro primordial. Mitra, conhecido como o "Deus touróctone", aquele que enfrenta e sacrifica o touro selvagem. Esta alegoria representa a luta do homem contra a natureza, o domínio sobre as forças primordiais, e, ao mesmo tempo, a batalha interna contra os próprios instintos.

Após subjugar o touro, Mitra o carrega nas costas até uma caverna, onde o sacrifício deve ser consumado. Alguns estudiosos associaram essa cena à imagem de Jesus carregando a cruz, pois ambos representam o sacrifício redentor.

Na caverna, um corvo, mensageiro do Sol, traz o aviso de que chegou a hora de sacrifício. Em outra versão do mito, o touro escapa. Mitra, auxiliado por um cão, o persegue e faz o sacrifico.

Certo é que, com um golpe preciso no pescoço, Mitra derrama o sangue da fera, do qual emergem todas as plantas e ervas úteis à humanidade.

O sacrifício do touro tem um significado profundo: do seu sangue, nascem todas as plantas e ervas que cobrem a terra. Da espinha dorsal do touro brota o trigo, enquanto da uva, originada de seu sangue, vem o vinho. Ambos são elementos centrais nos rituais mitraicos, simbolizando a renovação e a fertilidade da terra. Do sêmen do touro, purificado pela Lua, surgem todos os animais que servem à humanidade.

Mitra, ao vencer essa batalha, torna-se o criador de todas as bênçãos da terra. Embora os espíritos malignos tentem corromper as dádivas produzidas pelo corpo do touro, Mitra prevalece, mantendo uma terra fértil e protegida contra o mal.

A Luta Contra o Mal e a Fertilidade da Terra

Apesar do sacrifício do touro gerar vida e abundância, forças malignas tentam envenenar as primícias que o corpo do touro se prodigalizar. Animais como serpentes, escorpiões e sapos simbolizam essas forças do mal. No entanto, Mitra, como criador e protetor, impede que o mal prevaleça, garantindo que a terra continue fértil e produtiva.

Dois outros personagens, Cautes e Cautópates, acompanham Mitra em seu mito. Eles seguram tochas acesas: Cautes aponta sua tocha para cima, simbolizando o sol nascente, enquanto Cautópates a segura para baixo, representando o sol poente. Juntos, eles expressam o ciclo solar e as estações do ano, uma metáfora para os ciclos da vida e da natureza.

O Significado Espiritual do Sacrifício

O sacrifício do touro simboliza a transformação da matéria primordial em algo útil e produtivo, uma metáfora para a jornada espiritual e emocional do ser humano. A luta de Mitra contra o touro é uma luta da humanidade para superar seus impulsos primitivos e alcançar um propósito superior. Essa batalha representa a transição do instinto bruto para a humanização, um passo crucial na evolução da consciência.

A tradição indiana cita a existência das Gunas, formas de movimento na manifestação. São elas: Tamas, a inércia; Rajas, o impulso; e Satwa, o equilíbrio, elevado a um ponto superior como um triângulo. Isto é, a busca pelo equilíbrio. A dualidade só pode ser superada com terceiro elemento.

Vale aqui lembrar o simbolismo do presépio que se monta no Natal. De um lado, o burrinho, que representa a inércia; do outro, o boi ou o touro, que representa o impulso descontrolado; e, lá em cima, na manjedoura (ponta do triângulo), o Cristo, que representa o equilíbrio, a serenidade. Paralelamente, seria a luta contra o touro é a busca por esse equilíbrio.

Elementos Culturais e Símbolos Universais

A figura do touro primordial não se limita ao Mitraísmo. Ela aparece em várias culturas antigas: na mitologia egípcia, o touro branco, representava o deus Ápis, que simboliza a fertilidade; na mitologia nórdica, a vaca primordial Audhumbla alimenta o primeiro ser divino; e, na mitologia hindu, a vaca sagrada representa a vida e o sustento.

A associação entre Mitra e elementos como pão e vinho remete a tradições que influenciaram a espiritualidade cristã. Essas conexões mostram similaridades entre diferentes sistemas de crenças.

A Relevância do Sol e a Superação Humana

Na mitologia mitraica, o Sol desempenha um papel central. Não é apenas uma fonte de luz e vida, mas também o símbolo máximo da energia suprema. Os antigos deuses solares, como Hórus, Apolo e Merodac, também lutaram contra monstros e estabeleceram civilizações, tal como Mitra. Hoje, os Cavaleiros do Sol (REAA) são chamados a enfrentar novos desafios, preservando e expandindo nossa civilização.

Para fazer comunhão com o todo poderoso Sol, Mitra se banqueteia da carne do touro, por meio de ajudantes que usam máscaras. E, por fim, Mitra realiza uma última ceia com os iniciados e depois embarca em sua carruagem e desaparece nos céus, de onde continuará a proteger a criação humana dos seus ferozes e terríveis adversários, os demônios “devas”.

A Caverna e a Jornada Interior

A caverna, onde a Mitra sacrifica o touro, simboliza o útero sagrado, o espaço de introspecção e renascimento, associado à mulher e ao espaço sagrado. Na caverna, o homem se reconecta com sua essência mais profunda, enfrentando seus medos e superando suas limitações. O sacrifício do touro é uma metáfora para a transformação necessária que permite a fertilidade e o sustento da humanidade, uma metáfora para a jornada de autodescobrimento e transcendência espiritual.

É dentro da caverna dela que Mitra transforma o touro em fonte de vida para toda a humanidade, refletindo o ciclo contínuo de morte e renascimento.

Mitra: Um Símbolo de Superação

A história de Mitra nos ensina que a batalha mais importante que enfrentamos é contra nossos próprios instintos e limitações. É uma luta para superarmos as sombras interiores e alcançarmos a luz da consciência. Mitra exorta seus iniciados que defendam a luz contra as trevas. Que pratiquem o bem − pois que o bem é a luz − e lutem conta o mal, que está nas trevas. A vida é uma eterna luta entre esses princípios

O Touro representa a matéria primordial, fecundada pelos raios do Sol, uma característica que se repete diariamente diante de nós. O Sol, além de dissipar as trevas da ignorância, é fonte de toda atividade na Terra. Embora não o adoramos, o reverenciamos como o símbolo mais elevado da Energia Suprema. As mitologias antigas apresentavam deuses solares como Hórus, Merodac, Indra, Apolo e Mitras, retratados como heróis que venciam monstros e fundavam civilizações. Hoje, os Cavaleiros do Sol têm o dever de combater novos monstros e preservar e desenvolver nossa civilização.

Portanto, Mitra nos ensina que a batalha mais importante que travamos é contra nossos próprios instintos e limitações. É uma jornada do ser humano para superar suas próprias sombras e alcançar a luz. Como disse o filósofo Carl Jung, “Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta”. E assim, seguimos a lição de Mitra, buscando despertar a consciência plena através da superação dos obstáculos internos e externos.


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ENCONTRAR A SUA MISSÃO NA MAÇONARIA -Todd E. Creason


Eu recebo muitos e-mails. Demasiados para poder responder. Há um tipo  de email em particular que me faz quase morder a minha língua; então  pensei em aproveitar esta oportunidade para dizer o que realmente penso.  Eu recebo um fluxo aparentemente interminável de reclamações dos maçons  sobre as suas Lojas – todo tipo de queixa que se possa imaginar que eu  tenha lido nos últimos doze anos. E quando eu pergunto a um Maçom o que é  que está a fazer para resolver a situação, sabem qual é a resposta mais  frequente? Não estão a fazer nada sobre isso… para além de escrever  para o Midnight Freemason como se fosse a “Dear Abby” ou algo assim.

Deixem-me colocar alguma perspectiva sobre isto. Quando entrei na  minha Loja, passei por três graus maravilhosos (há poucas Lojas neste  país que fazem um trabalho melhor com o ritual do que as Lojas aqui  mesmo na minha área). Eu esperava que esta experiência continuasse  depois de passar a Mestre, mas, tal como muitos maçons que me escrevem,  não foi isso que eu encontrei. Eu vi-me em chatas reuniões de negócios e  panquecas no café da manhã, e nós tínhamos sessões onde éramos  instruídos no ritual – e deixem-me dizer, os instrutores nessas sessões  não eram educados, não eram pacientes, e eu escolhido de uma forma que  às vezes me lembrava a minha experiência no treino básico do Exército.

Eu sabia que havia uma intenção de que a Maçonaria fosse mais para os  Homens do que eu encontrei quando entrei. Eu assumi a responsabilidade  de trazer “algo mais” para a Maçonaria eu próprio. Eu fui subindo.  Comecei uma newsletter na minha Loja. Li livros e pesquisei muito sobre  Maçonaria e partilhei o que eu estava a aprender com a minha Loja (em  peças muito curtas e muito interessantes); pesquisei e escrevi livros,  comecei um blog e no inicio escrevi e publiquei três pequenas peças de  educação por semana – é o blog Midnight Freemasons que se  tornou um dos maiores e mais lidos blogs maçónicos que existem hoje. Ao  longo de anos e anos, conheci outros maçons da minha área interessados  ​​no mesmo tipo de experiência em Maçonaria em que eu estava  interessado. E com o tempo, nós lentamente mudámos a cultura em algumas  das Lojas na minha área. Ambas as Lojas a que eu pertenço agora focam-se  na educação dos membros – ensinando os nossos membros mais antigos e  novos sobre os princípios da Maçonaria e como os aplicar nas suas vidas  diárias. E nós estamos a chegar lá agora, depois de treze anos de duro  trabalho. É um trabalho que continuarei a fazer por muitos, muitos,  muitos anos. É um destino ao qual nunca chegarei, mas tem sido uma  viagem muito gratificante – e tenho certeza de que, quando eu finalmente  entregar as minhas ferramentas, alguém irá recebê-las e continuar o  trabalho que comecei.

Então, pode imaginar o que eu gostaria de dizer às pessoas que se  queixam sobre as suas Lojas. Ainda não ouvi uma reclamação que eu não  tivesse já vivido, de uma maneira ou de outra – de Past Masters  atrevidos a confrontos com culturas de Loja totalmente resistentes a  qualquer coisa que seja nova. A chave para tudo isto é associar-se aos  irmãos que partilham a sua visão – como pode ver nos Midnight Freemasons, presentemente, eu já não estou sozinho por aqui.

A Maçonaria é uma chamada para a ação. É uma chamada para o  trabalho. Não está aqui para o seu prazer, e se é por isso que entrou,  então está no lugar errado. Há uma expectativa na maçonaria de que você  vai trabalhar:

Você vai aprender os nossos caminhos.

Você vai aprender e aplicar os nossos valores.

Você vai trabalhar na sua Loja para se tornar um líder e um exemplo para os outros tanto na Loja quanto fora das suas paredes.

Você vai-se esforçar para se melhorar a si mesmo, para que possa tornar-se um exemplo que os outros possam seguir.

Você vai trabalhar na sua comunidade para melhorar a qualidade de vida das pessoas que lá moram.

Há uma razão pela qual muito do nosso ritual tem a ver com o trabalho  nas pedreiras e a construção de um edifício não feito com mãos humanas.  O que aprendi com os maçons sobre os quais estudei e escrevi ao longo  dos anos é que a grande maioria deles eram de homens de ação. Eles não  reclamavam… viam o que precisava ser feito e  fizeram, mesmo quando  falharam repetidamente, como aconteceu com alguns deles.

Cada uma das nossas jornadas na Maçonaria será certamente diferente, e  a sua não será  provavelmente como a minha. Mas para que, da Maçonaria  saia o que foi originalmente planeado, temos que trabalhar todos para  isso. E em algum momento, todos nós encontraremos o nosso canto… todos  nós encontraremos a nossa missão. Para mim, é sobre desenvolvimento dos  membros e educação maçónica. Para outros, é sobre instrução ritual. Para  outros ainda, eles encontram a sua missão em tudo, desde fazer  panquecas para arrecadar dinheiro para caridade, até conduzir crianças  pequenas para consultas médicas no Shriner’s Hospital.

Mas a Maçonaria não está aqui para nosso prazer – está aqui para a  nossa melhoria. E às vezes o caminho para o crescimento pessoal não é  claramente marcado. Muitos de nós tivermos de abrir o nosso próprio  caminho. Isto é o que muitos de nós aqui nos Midnight Freemasons  fizemos. A vantagem de abrir o nosso próprio caminho na Maçonaria é  quando nos voltamos, encontramos outros maçons seguindo-nos, sinal de  que estabelecemos um caminho claro para ser seguido.

É por isto que aqui estamos e é o que eu gostaria que as pessoas soubessem quando me escrevem. Nunca subestime a sua capacidade para fazer a diferença.

Tradução de António Jorge, revisado por Miguelzinho. https://www.freemason.pt/encontrar-a-sua-missao-na-maconaria/

O PÓRTICO E AS INSCRIÇÕES EM HEBRAICO NO PAINEL DO GRAU DE MESTRE - Almir Sant’Anna Cruz

 


Para as Obediências e Ritos que fazem uso do Painel inglês do Irmão John Harris, o Pórtico é um dos Ornamentos da Loja de Mestre.

O Pórtico é a entrada do Sancto Sanctorum ou Santo dos Santos e simboliza a entrada para a vida post mortem no Templo Celestial, a entrada para a Câmara do Meio.

Todo Maçom para transpor o Pórtico, que recorda os nossos deveres morais, deve adornar e fortalecer o seu caráter, a fim de que possa efetivamente compreender os Mistérios do Grau de Mestre.

O Pórtico contém as seguintes inscrições em hebraico:

- He (H) – Vau (V/W) – He (H) – Iod (I/J/Y)

- Lameth (L)

- Schin (SH) – Daleth (D) – Cof (K/C)

Lendo-se da direita para a esquerda, como o fazem os judeus, e acrescentando-se as vogais, ausentes no alfabeto hebraico, temos, de baixo para cima:

- KaDoSH ou KaDeSH 

- eL 

- Y?H?W?H

*Kadosh ou Kadesh* significa santo, santidade, sagrado, consagrado e também pode designar a própria divindade, aparecendo com esse sentido nas Escrituras judaicas, principalmente nos profetas, especialmente Isaías.

*El* muitas vezes designa em hebraico a divindade, caso em que vem precedido de um artigo (o El) ou com outra palavra que designe algum dos atributos divinos, como em El Hashamaim = Deus do céu e em El Hay = Deus vivo.

Às Vezes El designa também um falso deus ou significa simplesmente forte, poderoso.


*O Tetragrama ou Tetragramatom YHWH* é o nome inefável de Deus. Sua verdadeira pronunciação é atualmente desconhecida.

Somente o Sumo Sacerdote o pronunciava uma única vez por ano, sob grande alarido do povo para não ouvi-lo, no Dia da Expiação dos Pecados.

Os hebreus consideravam esse nome demasiado sagrado para ser proferido e, ao lerem as Sagradas Escrituras, o substituíam por Adonai, que significa Senhor.

Embora até hoje seja desconhecido o verdadeiro nome velado no Tetragrama, atribui-se a ele os seguintes nomes:

- JeHoWaH (Jeová) – o mais usado

- YHaoWaH (Iaová)

- YaHWaH (Iavá)

- YeHWeH (Ievé)

- JaHWeH (Javé)

- YaHWeH (Iavé) – o mais provável

O nome velado no Tetragrama é um substantivo derivado da terceira pessoa do singular masculino do verbo ser e significa “Aquele que é” ou “Ente”.

Portanto, as inscrições contidas no Pórtico, Kadosh El YHWH, tanto pode significar “consagrado ao poderoso Deus”, como simplesmente “Deus”, tendo sido usado três dos sete nomes que designam a divindade nas Escrituras Judaicas. Os outros nomes são: Elohim, Adonai, Shadai e Elyon.

Do livro O que um Mestre Maçom deve saber - interessados contatar o autor, Irm.’. Almir, no WhatsApp (21) 99568-1350

novembro 04, 2024

BEBIDA DOCE E AMARGA - Luis Santtos


A bebida doce transmuta-se em amargor

A adrenalina estava a mil quando fui levado ao altar dos juramentos.

Coração apavorado ? Sim.

Porém, quando o doce se transformou em amargo...o desespero tomou conta.

Foi minha primeira lição de transformação.

Ao longo de minha vida maçônica, por muitas vezes o doce tornou-se amargo.

Quando sai de casa todo empolgado, e a sessão não foi como eu esperava,

Quando minha ideia, meu ponto de vista, minha opinião foi rejeitada;

Quando tive um entendimento diferente da maioria dos irmãos sobre nossa tradição.

Quando elegeram um VM e eu apoiava outro,

Quando decidiram por uma ação filantrópica/social/cultural que eu não concordava;

Quando iniciaram alguém que não apoiei,

Quando cometeram uma injustiça contra um irmão,

*São diversos momentos, com maior ou menor amargor, que o doce se transformou em amargo.* 

Porém, assim como a primeira vez, o transmutar do doce em amargo foi uma *lição aprendida* e mesmo achando que seria o fim, o aprendizado continuou.

Quando provamos do *Amargo* aprendemos a valorizar o *Doce*.

Pensemos nisso.


UM SANTO COM O NOME DE LÚCIFER? - Almir Sant’Anna Cruz


Certamente em virtude do sentido que se passou a dar ao nome, a própria Igreja Católica não cita nem divulga que existe um Santo por nome Lúcifer. Pelo menos nos primeiros 300 anos da era cristã, Lúcifer era um nome próprio, como qualquer outro, e não um sinônimo de Diabo, Satanás, como modernamente se entende. 

Enquanto Diabo vem do grego “diabolos” e significa “enganador” e Satanás vem do hebraico “satan” e do grego “satanas”, que significa “adversário”, Lúcifer, em latim, significa “portador da luz” e é associado à “Estrela da Manhã”, o planeta Vênus.

São Lúcifer ou São Lúcifer Calaritano ou ainda São Lúcifer de Cagliari era um bispo católico (morreu em 370-371) de Cagliari, na Sardenha - Itália, que se opunha ao “arianismo”, dourina pregada pelo Bispo Arius, que dizia que Jesus Cristo era uma “criatura de Deus” e não “o Próprio Deus”, doutrina essa que contestava a Santíssima Trindade.

Conquanto seja pouco conhecido e pouco citado, sua festa, no calendário da Igreja Católica, é no dia 20 de maio. Uma única capela é dedicada a São Lúcifer: fica na Catedral de Cagliari, onde estão os restos mortais da esposa do rei francês Luís XVIII, Maria Josefina Luisa de Savóia.

Há fortes indícios que a associação do nome Lúcifer a Satanás, por má-fé ou outra razão que desconhecemos, partiu da Igreja Católica! Vejamos: o Monsenhor José Alberto L. de Castro Pinto, ex Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro em seu Dicionário Prático de Cultura Católica, Bíblica e Geral, não menciona São Lúcifer e assim se expressa no verbete Lúcifer: “(lat: portador de luz) 1. Nome dado pelos romanos à estrela d’alva, Vênus; 2. Nome dado a Satanás, príncipe dos demônios, quer porque em Isaías 14,12, é aplicado ao rei de Babilônia, como hostil a Deus, quer principalmente por ter sido antes um anjo de extraordinária beleza e glória, perdidas por seu pecado (Lucas 10,18)”.

Como citado pelo dicionarista católico, Isaías, em sua escritura contida no Antigo Testamento, no capítulo mencionado refere-se ao rei de Babilônia e, no versículo 12, segundo a tradução da Bíblia para o Português de Almeida (usada pelas Igrejas Protestantes e pela Maçonaria), compara-o à estrela da manhã (“Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações!”). Portanto, não se usa o vocábulo “Lúcifer’ nessa tradução. Já na tradução de Figueiredo (usada pela Igreja Católica) é que o texto substitui a estrela da manhã por Lúcifer (“Como caíste do céu, ó Lúcifer, tu que ao ponto do dia parecias tão brilhante? Como caíste por terra, tu, que ferias as nações?”).

Cita também a escritura de Lucas, contida no Novo Testamento, onde igualmente, na tradução de Almeida, não se usa a palavra Lúcifer e sim Satanás (Lc 10,18 “E disse-lhes: eu via Satanás, como um raio, cair do céu”). Interessante é que, ao contrário do que comentou o dicionarista, também na tradução de Figueiredo não é usado o nome Lúcifer e sim Satanás (“E o Senhor lhes respondeu: Eu via cair do céu a Satanás, como um relâmpago”).


Além dos textos citados pelo dicionarista católico, temos ainda em 2 Pedro 1:19 a substituição da “estrela alva” por “luzeiro”: Almeida: “Assim, temos ainda mais firme a palavra dos profetas, e vocês farão bem se a ela prestarem atenção, como a uma candeia que brilha em lugar escuro, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça no coração de vocês”. Figueiredo: “E ainda temos mais firme a palavra dos profetas: à qual fazeis bem de atender, como uma tocha, que alumia em um lugar tenebroso, até que o dia esclareça e o luzeiro nasça em vossos corações”.

Todavia, o texto mais interessante encontra-se em Apocalipse 22:16 em que em ambas as traduções o próprio Jesus é a resplandecente estrela da manhã: Almeida: "Eu, Jesus, enviei o meu anjo para dar a vocês este testemunho concernente às igrejas. Eu sou a Raiz e o Descendente de Davi, e a resplandecente Estrela da Manhã.". Figueiredo: “Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos dar testemunho destas coisas nas Igrejas. Eu sou a raiz e a geração de Davi, a estrela resplandescente da manhã”.

Então, se por um lado a tradução de Almeida (usada pelas religiões Protestantes e pela Maçonaria) nunca substitui a estrela da manhã por Lúcifer, a tradução de Figueiredo (usada pela Igreja Católica) substitui a estrela da manhã ora por Lúcifer ora por Jesus Cristo. 

Que coisa, né?

Na Maçonaria, a Estrela da Manhã, Estrela Vésper ou Estrela d’Alva, que é o planeta Vênus, o segundo planeta do nosso sistema solar e o mais próximo da Terra, está presente na Abóboda Celeste (teto do Templo), próximo da Lua (Primeiro Vigilante) e representa o Segundo Diácono.

O TEMPO - Mário Quintana

 


A vida é o dever que trouxemos para fazer em casa.

Quando se vê, já são seis horas!

Quando se vê, já é sexta´geira!

Quando se vê, já é Natal!

Quando se vê, já terminou o ano!

Quando se vê perdemos o amor de nossa vida.

Quando se vê passaram 50 anos!

Agora é tarde demais para ser reprovado...

Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógop.

Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inputil das horas...

Seguraria o amor que está {a minha frente e diria que eu o amo...

E tem mais: não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo.

Não deixe de ter pessoas a seu lado por puro medo de ser feliz.

A única falta que terá será desse tempop que, infelizmente, nunca mais voltará.

novembro 02, 2024

DIA DE FINADOS - Adilson Zotovici




Basta olhar triste semblante

De quem hoje tem chorado

Por  amigo, um semelhante

Um ser há muito amado


Que viveu perto ou distante

Em algum lugar do passado

Qual  já seguiu adiante

Ao futuro reservado


O coração palpitante

Não por tristeza alquebrado

Mas, saudade desconcertante


Sem prantos, ao Pai Louvado,

Roguemos por paz reinante

Ao querido já finado !



O CANIBALISMO MORAL DOS TOLERANTES - Sidnei Godinho







O texto abaixo é do xará Sidney Silveira (escritor e jornalista) e suscita a reflexão sobre a inépcia da justificativa da "Tolerância Total" para a falta da reação racional e necessária para manter a coerência e não exaltar a ignorância. 

Tudo possui o limite da aceitabilidade e este se define pela tênue linha do equilíbrio entre o desejável e o necessário ; o mais certo e o menos errado ; o ideal e o real. 

Há uma torpe interpretação de que é preciso Tolerar Tudo e Todos para ser uma pessoa de bem, humilde e admirada. 

Mas a realidade é que a vida é seletiva e quem não se posiciona termina por ser insosso e complacente com aquilo que contesta e se torna um amoral. 

É preciso ter limites! 

O próprio Cristo ao entrar no Templo e se deparar com o desvirtuamento de seus preceitos, tomou o chicote e açoitou os mercadores para fora do lugar sagrado. 

Ter posição Moral e Ética definidas não é sinônimo de Intolerância social, ao contrário é apenas a defesa dos valores que norteiam a convivência, o respeito comum e a boa educação. 

Estejamos então cautelosos para que a dita "Tolerância" não se torne jamais a arma da fútil "Conivência" ... 

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... Só se tolera o que não é bom e isto, circunstancialmente, seja para evitar um mal maior, seja em ordem a um bem mais valioso. 

Assim, por exemplo, podemos tolerar os defeitos de um amigo para manter a amizade; do cônjuge para não se desfazer o casamento e os nossos próprios para não enlouquecermos, por excesso de escrúpulos. 

Tolerância não é algo que se ostente, pois além de tudo não é sequer princípio moral. 

A tolerância será boa apenas quando estiver conformada pela virtude da prudência. 

Em todos os demais casos ela é falha grave ou gravíssima, razão por que tem comumente outros nomes: 

_tolerar o vício é permissividade; 

_tolerar a mentira, cumplicidade; 

_tolerar a maldade, covardia; 

_tolerar o erro, estupidez;

_tolerar a tirania, suicídio político; 

_tolerar a louvação da mediocridade, assassinato civilizacional. 

Apresentar-se como tolerante é *velhacaria* típica do caráter sucumbido ao *espírito de rebanho*. 

O balido dos tolerantes autoproclamados é, pois, o das ovelhas carnívoras prontas a canibalizar quem não adere ao seu grupo. 

A intolerância, por sua vez, será boa sempre que representar a adesão a princípios inegociáveis: a verdade, o bem, a beleza, o moral... 

O mundo que quer enfiar a tolerância goela abaixo de todos, como se ela fora dever moral, tem um nome: *inferno*. 

Esta é a mais terrível maneira de ser intolerante. 

*Onde é proibido proibir, impera o mal.*... 


novembro 01, 2024

ANTI-MAÇONARIA - Almir Sant’Anna Cruz


*SÉCULO XVII*

Mesmo antes da constituição da primeira Potência Maçônica, a Grande Loja de Londres (1717), já surgiram os primeiros ataques antimaçônicos, o que comprova, inclusive, que a Maçonaria Especulativa já vinha tomando o lugar da Maçonaria Operativa. 

Em 1652 um pastor presbiteriano de Kelso, Escócia, Maçom Especulativo, já levantara suspeita e estranhara o fato de se ter palavras secretas. 

Em 1698, um panfleto anônimo, endereçado “a todas às pessoas piedosas de Londres”, a Maçonaria era qualificada de “seita diabólica”, e seus membros de “sequazes do anticristo”, sob o argumento - ainda usado até os nossos dias – de que “se esses homens não fazem o mal, por que se reúnem em segredo e têm sinais secretos?”

*SÉCULO XVIII* 

Com o surgimento da Grande Loja de Londres, os ataques anti-maçônicos tornaram-se mais intensos e mal-intencionados, até porque o escândalo é rentável para uns e desperta grande curiosidade no público em geral. É muito fácil – até os nossos dias – entreter na imaginação do público, o que de pior se possa conceber sobre o “segredo” dos Maçons! 

Os Maçons eram acusados de serem beberrões que se reuniam misteriosamente para confraternizarem unicamente entre eles, sugerindo, inclusive, que seriam homossexuais, razão pela qual não admitiam mulheres na fraternidade. 

Nessa época surgiram os “Mock Masons” (Maçons de Brincadeira), anti-maçons que, em Londres, realizavam procissões burlescas com personagens fantasiados de Maçons. 

É dessa época, também, a publicação das “exposures” (exposições), em que se revelavam certas práticas maçônicas. Algumas dessas publicações, como a “Masonry Dissected” (Maçonaria Dissecada) de Samuel Pritchard em 1730, acabaram se tornando importantes fontes de pesquisas sobre como era a Maçonaria Especulativa nos seus primórdios. Por essa publicação, sabe-se que em 1730 o Grau de Companheiro já havia se dividido em dois para constituir o Grau de Mestre. 

Outra acusação curiosa era a de que os Maçons eram “papistas”, em virtude da Inglaterra ser um país de maioria protestante e um Grão-Mestre (1729-1730), o Duque de Norfolk, ser católico. 

Na França, não foi diferente e as “exposures” proliferavam. Citaremos como exemplo apenas algumas: 

Uma publicação em “La Gazette d’Amsterdam” nos mostra que desde 1738 já havia o cargo de Orador e que todos em Loja portavam espadas. 

Em 1742 o Abade Perau publicou “O Segredo dos Franco-Maçons”, descrevendo uma iniciação no Grau de Aprendiz. 

Em 1744 Léonard Gabanon publica o “Catecismo dos Franco-Maçons” que descreve uma iniciação no Grau de Mestre. 

Em 1745 surge “A Ordem dos Franco-Maçons Traídos”.

Em 1746, o Padre Abeé Larudam em “Les Francs-Maçons Écrasés” (Os Franco-Maçons Esmagados) nos revela como surgiu o termo “Goteira”.

*SÉCULO XIX* 

Começam a se distinguir os temas anti-maçônicos preferenciais: 

(1) a Teoria Conspiratória Anglófoba, em que a Maçonaria seria uma fachada do Serviço Secreto Inglês para obter o domínio mundial; 

(2) A Teoria Conspiratória Anti-Semita, em que as altas finanças judias, especialmente dos Rotchschild, estariam por trás dos Maçons. Surgiram caricaturas de marionetes vestidas de Maçons com cordéis sendo manobrados por judeus e que o simbolismo do Templo de Salomão utilizado pela Maçonaria significava, na verdade, a dominação mundial pelos judeus; 

(3) o Tema Satanista, em que os segredos maçônicos ocultavam o culto ao demônio e que as Lojas seriam “singogas de satanás”, tema que ainda perdura até os nossos dias. 

O mais célebre propagador dessa mentira foi um impostor que se utilizava de diversos pseudônimos, entre os quais o de Léo Taxil, tema já tratado em capítulo anterior.

*SÉCULOS XX e XXI* 

Continuam recorrentes os ataques anti-maçônicos, sempre utilizando os temas do passado, sobretudo o tema Satanista e as Teorias Conspiratórias para obter a dominação mundial. 

A Internet tornou-se um importante veículo de propagação de ridículos ataques anti-maçônicos dos Detratores da Maçonaria, que não passam de uns idiotas, que acreditam piamente nas inverdades sobre a Maçonaria que ouvem e as disseminam. Por mais que se tente esclarecê-los, adotam a postura do avestruz e não aceitam qualquer tipo de argumentação. Alguns são pretensamente mais esclarecidos, mas nem por isso deixam de ser igualmente idiotas. São geralmente fanáticos arraigados a conceitos religiosos distorcidos ou meramente pessoas de má-fé, que produzem elucubrações mirabolantes e desenvolvem teorias pretensamente eruditas, que uma mente sugestionável acaba acreditando tratar-se de verdades absolutas. 

Muitas dessas idéias aberrantes, de certa forma, são alimentadas inconscientemente pelos próprios Maçons, com conceitos errôneos sobre quais são verdadeiramente os segredos maçônicos e achando que tudo é segredo na Maçonaria.

Do livro *Maçonaria para Maçons, Simpatizantes, Curiosos e Detratores Interessados no livro contatar o autor, Irm.’. Almir, no WhatsApp (21) 99568-1350

A LENDA DE HIRAM - Rui Bandeira


Lenda é uma história romanceada. Normalmente partindo de um fato historicamente ocorrido ou referindo-se a um personagem que efetivamente existiu, constrói uma história mais rica, mais pormenorizada, mais interessante, que embeleza e enriquece o fato em que se baseia ou que engrandece ou particularmente qualifica o personagem que refere.

Na lenda parte-se da realidade e vai-se para além desta. Parte-se do que foi e chega-se ao que se gostaria que tivesse sido. Vai-se do real para o surreal (mais do que o real; para além do real). A lenda é sempre mais interessante, mais bela, mais apelativa à nossa imaginação e à nossa afetividade do que a realidade. A lenda é melhor do que a realidade. Só assim se justifica. Só assim existe. Só assim persiste.

A lenda é a melhor homenagem que a mente humana pode prestar à realidade. Um personagem valoroso, fora do comum, que se destaca, pode tornar-se um personagem lendário. Um acontecimento, porventura banal, quiçá trivial, mas que impressiona o intelecto emociona a mente, desperta a imaginação, pode, com o passar do tempo, assumir uma dimensão lendária.

Porque a lenda vai para além da realidade, e, portanto é melhor do que a realidade, mais bela, mais apelativa, mais memorável, facilmente a lenda perdura mais do que o real. E representa melhor os mais nobres ideais do homem. Todas as organizações humanas da maior relevância, mais tarde ou mais cedo assumem uma dimensão lendária, umas vezes coexistindo com a realidade, outras vezes apropriando-se desta e substituindo-a. Também a Maçonaria tem a sua dimensão lendária, com especial relevância e particular importância no seu ideário.

A moderna Maçonaria Especulativa baseia o seu simbolismo fundamental na Lenda de Hiram. Não vou aqui revelá-la, embora ela esteja profusamente publicada.

A Lenda de Hiram tem a sua origem no episódio da construção do Templo de Salomão, relatado na Bíblia, no Livro dos Reis e também referenciado nas Crônicas. Conforme se pode ler num interessante trabalho de Ethiel Omar Cartes González, maçom da Loja Guatimozín 66, da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo (Brasil), publicado na reconhecida Pietre-Stones, Revue of Freemasonry, na Bíblia é mencionado Hiram como Hirão de Tiro, (Reis 7, 13) ou Hurão Abiú sendo Hurão, meu pai, (Crônicas 2,13) filho de uma mulher viúva, filha de Dã e que, junto com ser um homem sábio de grande entendimento, sabia lavrar todos os materiais.

Mas a Bíblia não credita a Hiram Abif o cargo de diretor dos trabalhos de construção do Templo e sim como um artífice encarregado de criar as obras de arte que iriam a causar admiração aos visitantes. (De passagem: é esta referência bíblica a origem da expressão filhos da viúva, com que os maçons se auto denominam.)

A Lenda de Hiram, trave-mestra dos ensinamentos transmitidos num dos graus da Maçonaria Azul e pretexto de desenvolvimentos em vários dos Altos Graus, sejam do Rito de York, sejam do Rito Escocês Antigo e Aceite, é indubitavelmente uma peça central do ideário maçônico. Apesar de todos lhe reconhecerem a natureza de lenda, a mesma é pretexto e instrumento e ferramenta para extrair e trabalhar muitos símbolos fundamentais da maçonaria, muitos ensinamentos a obter e desenvolver. Um maçom, após lhe ser transmitida a Lenda de Hiram, pode - e deve! - levar muitos anos a estudá-la, a analisá-la, a compreender os significados dos símbolos por ela mostrados ou sugeridos, e disso tirar grande proveito pessoal, moral e espiritual. A Maçonaria não é só - longe disso! - a Lenda de Hiram. Mas a Lenda de Hiram, e os ensinamentos que possibilita e proporciona, é muito, muitíssimo, na Maçonaria.

A propósito de lenda: também a Loja Mestre Affonso Domingues tem como trave-mestra da sua existência uma lenda: a lenda da Abóbada, incluída pelo grande Alexandre Herculano nas suas Lendas e Narrativas, na qual o escritor nos apresenta o personagem de Mestre Affonso Domingues (que historicamente é certo que foi um dos arquitetos do Mosteiro da Batalha), elevando-o à imortalidade lendária, com o episódio do fecho da abóbada da Batalha e a subsequente morte do velho Mestre, após três dias de isolamento sob esta, como prova de confiança de que a mesma não derrocaria e a emblemática tirada de que a abóbada não caiu; a abóbada não cairá.

Também nós, esforçados maçons da Loja Mestre Affonso Domingues nos honramos muito do nosso patrono e da sua dimensão lendária e, confiantemente, declaramos que, em relação à nossa querida Loja, nem a abóbada cairá, nem as suas colunas abaterão, enquanto existirem, pelo menos, sete membros da Loja à face da Terra.


(Este texto foi originariamente publicado no blog A Partir Pedra em 21 de janeiro de 2009)