O esquadro e o compasso são disso mesmo um bom exemplo: pessoas com um pouco de cultura reconhecem-nos como símbolos da maçonaria.
Não sabem é, e só o iniciado sabe, que pela disposição dos mesmos existe um significado intrínseco.
A águia bicéfala está num outro patamar, onde somente os mais atentos percebem quando esta é um símbolo maçónico.
A “Águia de Duas Cabeças de Lagash” é o mais antigo brasão do Mundo.
Nenhum outro símbolo emblemático no Mundo pode rivalizar em antiguidade.
A sua origem remonta à antiquíssima Cidade de Lagash [1].
Era já utilizado há cerca de mil anos antes do Êxodo do Egipto, e há mais de dois mil anos quando foi construído o Templo do Rei Salomão.
Com o passar dos tempos, passou dos Sumérios para o povo de Akkad [2], destes para os Hititas [3], dos recônditos da Ásia menor para a posse de sultões, até ser trazida pelos Cruzados aos imperadores do Oriente e Ocidente, cujos sucessores foram os Hapsburg e os Romanoff.
Em escavações recentes, este “brasão” da Cidade de Lagash foi descoberto numa outra forma: uma águia com cabeça de leão, cujas garras se cravam nos corpos de dois leões, estes de costas voltadas.
Esta é, sem dúvida, uma variante do símbolo da Águia.
A Cidade de Lagash situava-se na Suméria, no sul da Babilónia, entre os rios Eufrates e Tigre, sendo perto da actual cidade de Shatra, no Iraque.
Lagash possuía um calendário de doze meses lunares, um sistema de pesos e medidas, um sistema de banca e contabilidade, sendo ainda um centro de arte e literatura, para além de centro de poderes político e militar, tudo isto cinco mil anos antes de Cristo.
No ano 102 a.C., o cônsul romano Marius decretou que a Águia seria um símbolo da Roma Imperial.
Mais tarde, já como potência mundial, Roma utilizou a Águia de Duas Cabeças, uma voltada a Este e outra a Oeste, como símbolo da unidade do Império.
Os imperadores do Império Romano Cristianizado continuaram a sua utilização, tendo sido depois adoptada na Alemanha durante o período de conquista e poder imperial.
É provável que a águia bicéfala tenha sido usada como símbolo maçónico desde o 12º século.
Já as evidências disponíveis indicam ter sido usada pela maçonaria em 1758, após a criação do Conselho de Imperadores do Oriente e do Ocidente em Paris.
Era parte do Rito de Perfeição, do antigo Rito dos vinte e cinco graus, evoluindo em grande parte para o sistema Escocês.
Não existe duvida relativa ao uso da águia bicéfala pelo Supremo Conselho, 33º, Jurisdição Sul dos USA, desde 1801.
Os sucessores do Conselho de Imperadores do Ocidente e Oriente, são os vários Supremos Conselhos do Grau 33° espalhados pelo mundo, que herdaram a insígnia do emblema pessoal de Frederico o Grande, considerado como o primeiro Soberano Grande Comendador do Rito Escocês Antigo e Aceite, conferindo ao Rito o direito de a usar em 1786.
Simultaneamente adoptou (acrescentou) mais sete graus (Aceites) aos vinte e cinco conhecidos (Antigos), chegando-se então a trinta e dois graus Antigos e Aceites.
A estes graus foi acrescentado o Grau governativo do Rito com o número trinta e três.
Observa-se que os Supremos Conselhos que tinham laços com a Grande Loja de Inglaterra têm nos seus selos a águia com as asas para cima, enquanto que os supremos conselhos que tinham laços com a Grande Loja de França, têm nos seus selos a águia com as asas voltadas para baixo.
Existe este padrão, seja ele intencional ou não.
Nos compêndios de heráldica encontramos a águia bicéfala e acreditamos que como resultado da presença dos cruzados no Oriente, trazida como símbolo para os Imperadores do Oriente e do Ocidente, cujos sucessores foram nos últimos tempos, os Habsburgos e os Romanovs, em cujas moedas ela aparece sistematicamente.
Foi sendo copiada pela maioria das “Cidades Livres da Europa”, principalmente as da Alemanha, e como emblema no Império Oriental resultante da união de Bizâncio com Constantino.
O fato de a águia estar representada com as asas abertas para cima ou para baixo é uma questão directamente relacionada com o desenho do selo por um Supremo Conselho em particular, como resultante do gosto artístico de cada povo, preferindo uns o estilo clássico copiando a natureza, enquanto outros dão preferência à representação marcial.
A Águia Bicéfala de Lagash é o mais antigo emblema do mundo e nenhuma outra figura pode gabar-se desta Antiguidade.
Como símbolo do Rito Escocês Antigo e Aceito a Águia Bicéfala de Lagash tem as suas asas abertas e é coroada (encimada) pela coroa da Prússia.
As suas garras estão pousadas numa espada desembainhada que tem uma fita como ornamento, serpenteando-a desde o seu punho até à extremidade da lamina, contendo a divisa: “Spes Mea in Deo Est” (“A Minha Esperança Está Em Deus).
(Adaptado de Autor desconhecido)
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