A hipótese da origem monogenética africana da humanidade, apoiada pelos trabalhos do professor Leakey, mudou radicalmente a compreensão sobre o povoamento do Egito e do mundo. Há mais de 150 mil anos, os únicos seres morfologicamente humanos viviam na região dos Grandes Lagos, nas nascentes do Nilo. Isso confirma a antiga suposição de que a humanidade teve suas origens aos pés das "Montanhas da Lua", na África.
𝗔 𝗘𝘅𝗽𝗮𝗻𝘀𝗮̃𝗼 𝗱𝗮 𝗥𝗮𝗰̧𝗮 𝗛𝘂𝗺𝗮𝗻𝗮
Dessa região, o homem iniciou sua jornada para povoar o mundo, resultando em dois fatos importantes:
1. Os primeiros seres humanos eram etnicamente homogêneos e negroides, com pigmentação escura. A variação racial aconteceu posteriormente, conforme o homem se adaptou a diferentes climas.
2. Havia duas principais rotas de migração: o Saara e o Vale do Nilo.
Neste artigo, discutiremos a ocupação do Vale do Nilo pelos povos negroides, desde o Paleolítico Superior até a época dinástica, centrados nos vários estudos de grandes intelectuais africanos como Cheikh Anta Diop. E tantos outros não africanos.
𝗢𝗰𝘂𝗽𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗡𝗲𝗴𝗿𝗮 𝗻𝗮 𝗕𝗮𝗰𝗶𝗮 𝗱𝗼 𝗡𝗶𝗹𝗼
Antropólogos são unânimes em reconhecer a presença de uma raça negra no Egito desde os tempos pré-históricos até o período dinástico. A população egípcia no período pré-dinástico era predominantemente negra, e esse elemento negro permaneceu dominante ao longo de toda a história egípcia. O termo “mediterrânico” não deve ser confundido com “branco”, já que os mediterrâneos eram mais próximos da “raça morena”.
𝗘𝘃𝗶𝗱𝗲̂𝗻𝗰𝗶𝗮𝘀 𝗔𝗻𝘁𝗿𝗼𝗽𝗼𝗹𝗼́𝗴𝗶𝗰𝗮𝘀 𝗲 𝗥𝗲𝗽𝗿𝗲𝘀𝗲𝗻𝘁𝗮𝗰̧𝗼̃𝗲𝘀 𝗔𝗿𝘁𝗶́𝘀𝘁𝗶𝗰𝗮𝘀
O arqueólogo Flinders Petrie argumenta que o tipo étnico dos primeiros egípcios era negro, identificando-os como os Anu, cujo ancestral comum era Ani ou An, associado ao deus Osíris. Petrie também sugere que, embora existisse uma distinção entre os povos pré-dinásticos e os dinásticos, ambos pertenciam à raça negra.
As representações artísticas dos egípcios durante o período protohistórico e dinástico confirmam sua negritude. Elementos indo-europeus ou semitas são representados apenas como estrangeiros ou cativos. Faraós como Narmer, Zoser, Quéops e Amenófis I, entre outros, possuíam feições tipicamente negroides, evidenciando que todas as classes sociais no Egito antigo pertenciam à mesma raça negra.
𝗔𝗻𝗮́𝗹𝗶𝘀𝗲 𝗖𝗶𝗲𝗻𝘁𝗶́𝗳𝗶𝗰𝗮 𝗲 𝗖𝗹𝗮𝘀𝘀𝗶𝗳𝗶𝗰𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗥𝗮𝗰𝗶𝗮𝗹
Estudos modernos, como a análise da melanina preservada em fósseis, confirmam a classificação dos antigos egípcios como parte das raças negras. Além disso, estudos osteológicos indicam que os egípcios pertenciam à raça negra, corroborado pela predominância do grupo sanguíneo B, também encontrado em populações da África Ocidental.
𝗣𝗲𝗿𝗰𝗲𝗽𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗱𝗼𝘀 𝗔𝗻𝘁𝗶𝗴𝗼𝘀 𝗘𝗴𝗶́𝗽𝗰𝗶𝗼𝘀 𝗦𝗼𝗯𝗿𝗲 𝗦𝗶 𝗠𝗲𝘀𝗺𝗼𝘀
Os antigos egípcios referiam-se a si mesmos como kmt, que significa “os negros”, uma referência direta à cor de sua pele. Esse termo era usado para descrever a população egípcia como distinta dos povos estrangeiros. Curiosamente, os egípcios não aplicavam o termo “negros” aos núbios, que eram chamados de nahas, sem conotação racial.
𝗥𝗲𝗹𝗮𝘁𝗼𝘀 𝗖𝗹𝗮́𝘀𝘀𝗶𝗰𝗼𝘀 𝗲 𝗖𝗼𝗻𝗳𝗶𝗿𝗺𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗱𝗲 𝗛𝗲𝗿𝗼́𝗱𝗼𝘁𝗼
Escritores gregos e latinos, como Heródoto e Aristóteles, descreviam os egípcios como negros, com lábios grossos, cabelo crespo e pernas finas. Esses relatos reforçam a identidade racial dos antigos egípcios, alinhando-se com os testemunhos históricos.
𝗥𝗲𝗹𝗮𝗰̧𝗼̃𝗲𝘀 𝗖𝘂𝗹𝘁𝘂𝗿𝗮𝗶𝘀 𝗰𝗼𝗺 𝗼 𝗿𝗲𝘀𝘁𝗼 𝗱𝗮 𝗔́𝗳𝗿𝗶𝗰𝗮
A civilização egípcia compartilhava muitas tradições com outros povos da África , como a circuncisão e o totemismo, práticas comuns entre os africanos desde tempos pré-históricos. Além disso, a língua egípcia antiga tem parentesco comprovado com línguas africanas como o walaf, falado no Senegal.
𝗔 𝗥𝗲𝗱𝗲𝘀𝗰𝗼𝗯𝗲𝗿𝘁𝗮 𝗱𝗮 𝗛𝗲𝗿𝗮𝗻𝗰̧𝗮 𝗔𝗳𝗿𝗶𝗰𝗮𝗻𝗮
A redescoberta do verdadeiro passado dos povos africanos deve ser um fator de união e não de divisão. A história e cultura do Egito antigo são centrais para a compreensão da herança africana, da mesma forma que a Grécia e Roma são para a civilização ocidental. A criação de um corpus de ciências humanas africanas, apoiado em bases históricas sólidas, contribuirá para o progresso e o desenvolvimento dos povos africanos.
𝗖𝗼𝗻𝗰𝗹𝘂𝘀𝗮̃𝗼
A redescoberta da verdade sobre o passado africano é fundamental para a construção de uma nova visão da história da humanidade. O Egito antigo, uma civilização negra, é um elemento essencial para entender a história africana e mundial. O reconhecimento desse fato permitirá uma aproximação verdadeira entre os povos, promovendo a união e o progresso em direção a um futuro mais justo e inclusivo.
Se desejar se aprofundar mais neste assunto sugerimos a consulta das ricas obras indicadas abaixo.
𝗦𝗨𝗚𝗘𝗦𝗧𝗢̃𝗘𝗦 𝗗𝗘 𝗟𝗘𝗜𝗧𝗨𝗥𝗔:
✓Diop, Cheikh Anta: A Origem Africana da Civilização: Mito ou Realidade;
✓Asante, Molefi Kete :A História da África: A Busca pela Harmonia Eterna;
✓Obenga, Théophile: Filosofia Africana: O Período Faraônico, 2780–330 a.C.;
✓Van Sertima, Iva:Egito Revisitado
✓ Hassan, Fekri : O Egito na África;
✓Williams, Chancellor : A Destruição da Civilização Negra: Grandes Questões de uma Raça de 4500 a.C. a 2000 d.C.;
✓ Keita, Shomarka Omar Y. Artigo: Estudos de Crânios Antigos do Norte da África;
✓James, George G.M : Legado Roubado.
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