Gregório Faria
· 9 de mar.Como começou a guerra de Israel vs Palestina. Existe lado certo?
Qualquer explicação sobre a questão israelense/palestina que não comece há quase 2.000 anos não vai ser uma boa explicação. Se você é cristão ou ao menos conhece a mitologia deste povo, deve se lembrar que Israel estava sob domínio (isto é, foi conquistada e mantida à força) romano. Em seus últimos dias, Jesus foi levado a uma votação em que a população poderia escolher a ele ou a um rebelde, de nome Barrabás para ser libertado pelos romanos. E escolheu Barrabás. A razão é que a maioria da população queria se ver livre dos invasores romanos e um líder rebelde (ou um rebelde) era mais popular que um líder religioso barbudo que pregava a paz e o amor. E, bom, neste clima a vida em Israel continuou por mais alguns anos até uma imensa revolta dos judeus, que derrotaram os romanos e se libertaram. Digo, foi uma imensa vitória breve e Roma lidou com a revolta da forma habitual, enviou legiões, matou tantos quantos necessários, destruiu templos e fortalezas, levou os rebeldes, suas esposas e filhos como escravos e a terra de Israel foi deixada quase vazia. Este tipo de situação aconteceu centenas de vezes na antiguidade. Povos inteiros foram escravizados e desapareceram nas areias do tempo. Mas os judeus tinham algo admirável. Mesmo escravos, mesmo oprimidos, mantinham sua cultura e costumes. E mantiveram por milhares de anos. Os egípcios? Desapareceram no tempo. Citas? Assírios? Etruscos? Todos eram minorias que, pois serem assimilados em grupos maiores, foram desaparecendo século a século até nada deles restar. Obviamente haverá 1% de genes deles aqui, 5% ali, até mesmo vamos encontrar pessoas com quase todos os genes deles, mas que não tem a língua, cultura, religião ou identidade destes povos. Eu trabalho com um indígena, ele visivelmente é indígena, mas ele se enxerga como branco, casou com uma loira e tem um filho branco… Literalmente é um exemplo de como um povo desaparece. Por os judeus manterem sua religião, parte da língua e costumes, eles também passaram a ser sempre vistos como “os diferentes” e, na era antiga e medieval, o diferente era visto como o mau. Então, vezes sem conta, algum problema acontecia, a culpa era jogada nos judeus, que eram perseguidos, forcados a fugirem ou expulsos. Por exemplo, também se você é cristão, deve ter lido na Bíblia passagens bobas, por exemplo, médico que lidava com um doente ficava impuro até se lavar. Bobagem, claro, pra que seguir regras da Bíblia? Bom, ao serem obrigados a se lavarem e banharem após tratar doentes, os médicos e cuidadores judeus praticavam a assepsia, que hoje sabemos é primordial para um médico não passar uma doença grave de um paciente para outro que só foi ver uma dor de dentes. Já numa Europa medieval, por exemplo, quando os cristãos enfrentavam pestes que - misteriosamente - infectavam todos aqueles tratados por médicos cristãos (que não se lavavam, aliás não se lavavam até um século e pouco atrás) mas não infectavam os judeus (por que será?), concluíram o óbvio: Os judeus tinham um acordo com o Diabo para não ficarem doentes e deveriam ser mortos para acabar com a praga. É, bons tempos, sem essa polarização toda de hoje. Edit: Em alguns casos, na idade média, as leis impediam judeus de terem terras. Imagine, numa época que a terra era a fonte de sustento, judeus não podiam ter terras… Sem poder ter terras, eles se mudaram para as cidades, onde se tornavam artesãos… Sendo um povo que poderia ser expulso a qualquer momento, passaram a guardar suas economias em redes de confiança, que se tornariam bancos. Por isto muitos associam judeus à riqueza e avareza. Não é que judeus sejam geneticamente banqueiros e burgueses, simplesmente após gerações só podendo fazer algumas coisas, a cultura deles se tornou boa naquilo. Aí, olha que chato, medievos pegavam dinheiro emprestado, mas na hora de pagar, conforme combinado, ficavam com raiva. Falavam mal e deixavam os judeus como malvados (imagine, cobrar pelo que emprestaram?)… O que gerou mais ódio, geração a geração eles eram perseguidos e mesmo com a chegada da Era Industrial, ainda eram vítimas de perseguição e preconceito. Até mesmo em nações mais educadas, como França, Inglaterra e Alemanha. E em países mais remotos, como no Leste Europeu e vários países das Américas, eram malvistos e mesmo mortos pelas populações locais! No Brasil e Portugal mesmo, foram expulsos! Para ver como era um sentimento com raízes profundas na cultura de então. Então, muitos judeus pensaram: ”Não somos bem-vindos à estas terras, somos sempre tratados como estrangeiros, mesmo vivendo como eles, servindo em suas guerras, trabalhando em seus governos e ajudando em sua ciência… Se não somos queridos aqui, deveríamos voltar à nossa Terra Natal.”. Então, muitos judeus foram deixando a Europa e Américas e indo morar na Palestina. A Palestina era parte do Império Otomano. E os otomanos não eram gente legal - desculpe qualquer turco que ler esta resposta, sinto muito, mas eles não eram - e oprimia muito o povo da região que, assim como os judeus odiavam os romanos, também odiava os otomanos. Nisto veio a Primeira Guerra Mundial e a Inglaterra precisava de ajuda. Os judeus tinham dinheiro e disseram “Se nos ajudarem a voltar à nossa Terra Natal, ajudamos vocês!” e os ingleses prometeram que, se vencessem os otomanos, ajudariam os judeus a criarem sua nação ali. Oh Oh… O problema é que lá já existiam - como eu disse antes - os moradores locais, os palestinos. A história dos palestinos é um pouco mais simples (simples não quer dizer menos interessante): Eles eram descendentes de árabes e judeus que haviam conseguido escapar e ficar ali depois do expurgo que Roma promoveu ali mais os filisteus, outro povo aparentado. Conquistados pelos otomanos séculos antes, viviam sob uma opressão menor que seus primos árabes, pois era uma região meio marginal do Império. Assim mesmo, eram oprimidos. E quando estourou a Primeira Guerra Mundial, os ingleses precisavam de apoio e alianças. Prometeram aos islâmicos que expulsariam os otomanos dali e os árabes seriam livres para refazer seu antigo Reino das Arábias. E toca os árabes e palestinos pegarem em armas e lutarem contra os otomanos, morrendo às centenas de milhares, mas ajudando imensamente na vitória inglesa. De repente, os ingleses prometeram livrar os islâmicos (árabes e palestinos) dos otomanos e cumpriram sua promessa. Ou quase. Eles cumpriram a metade de que iam libertar os povos do Oriente Médio dos otomanos. Mas esqueceram a parte de dar autodeterminação a eles e tomaram o lugar dos otomanos como donos do lugar. É. Chato, né? Mas, bem, quem acredita em promessas de inglês tem mesmo que tomar na tarraqueta. Naquele mesmo tempo, os ingleses precisavam de dinheiro. Judeus eram muito ligados a bancos, financeiras e indústrias. E os ingleses pediram ajuda, prometendo que, uma vez vencida a Alemanha e o Império Otomano, dariam uma parte das terras da Palestina para que os judeus pudessem estabelecer sua terra. Os judeus então fizeram sua parte, ajudaram a financiar a Inglaterra contra a Alemanha. Ajudaram com pesquisas e ideias para vencerem a guerra e também enviaram seus filhos para lutar lado a lado com eles, também morrendo aos milhares. E, uma vez vencida a Guerra, eles cumpriram a metade do acordo e deixaram os judeus voltarem para sua antiga Terra Natal, a Palestina. Mas esqueceram a parte que dariam aquelas terras aos judeus, eles chegavam lá e já tinha gente morando e controlando o lugar. Simplesmente trocaram a Europa pelo Oriente Médio. É. Chato, também, né? Mas, bem, quem acredita em promessas de inglês tem mesmo que tomar na tarraqueta. ___________ Os judeus, os árabes e os palestinos tomaram na tarraqueta. Tanto os ingleses não libertaram a Palestina, como também não criaram o reino novo de Israel. Ficaram com tudo. Tá ficando grande este texto, né? Piora mais pra frente. Desculpem-me. Sou péssimo em resumir. Agora, ao mesmo tempo que estavam felizes de ter quase ajudado todo mundo, os ingleses ficavam muito chateados. Acredita que tanto os palestinos como os judeus ficavam reclamando, arrumando briga e até mesmo conflitos e confrontos com eles? Uma injustiça contra o povo que ajudava todo mundo sem querer quase nada em troca (O último rei de Portugal que o diga). De qualquer modo, a região estava dando problemas, era uma dor de cabeça. A cada di acreditavam naquele povo que só fazia promessas de boca. Ambos estavam certos. Sério, não é ironia. Eram duas culturas se encontrando e é normal este choque. Edit: Imagine um mexicano chegando nos EUA, com uma lingua, uma cultura, uma religião diferente… Não acha horrível os americanos racistas que não aceitam imigrantes? Pois é, os vitória inicial, começaram a brigar entre si e deram o tempo para Israel organizar suas defesas e contra-atacu e tomou parte das terras deles. Aqui, é uma opinião pessoal. Ao atacar os vizinhos, os árabes/palestinos fizeram o pior negócio de suas vidas. Se um país o invade e você vence, e normal tomar terras dele. No caso de Israel, era deserto, não terreno fértil. A razão de tomarem tais terras era estratégica. Por exemplo, se os árabes reunissem uma frota de mil tanques na Palestina e decidissem atacar, eles teriam que marchar por uma hora e chegariam a Israel. Não haveria tempo hábil de organizar as defesas, enviar os civis para proteção e contra atacar. Mas as terras conquistadas faziam com que o mesmo exército inimigo, uma vez determinado a atacar, demorasse duas horas. Mais tempo para compor uma defesa e enviar civis para a segurança. Então é entendível a tomada de terras (deserto). Era necessário para a segurança e quem atacou foram os árabes! Não é igual seu colega fala que os israelenses foram invadindo terra alheia. Os árabes engoliram a derrota. Israel até mesmo fez a proposta: ”Ei, se fizerem as pazes conosco, aceitarem nosso pais, devolvemos estas terras” Mas não aceitaram. Eles não queriam aquelas terras de volta, queriam tudo. Há de se entender o lado árabe, mas a lambança da ONU (sempre esquece-se disto) gerou a situação. Os israelenses- depois de quase extintos- receberam o país e não iam se desfazer dele. O novo ataque gerou uma nova derrota árabe e uma nova vitória israelense. Mais alguns anos de ódio e outro ataque. Desta vez Israel perdeu muito, teve muitas perdas mas ainda assim, venceu. E se preparou para evitar perder novamente. Finalmente houve a última guerra, com apoio velado soviético de um lado e americana do outro e novamente uma vitória acachapante de Israel. Israel, no entanto, agora dona de vastos territórios, ofereceu de novo o acordo, eles devolveriam as terras tomadas além da divisão da ONU em troca de paz. O Egito e a Jordânia aceitaram e Israel devolveu as terras tomadas. E fez novamente a oferta aos palestinos. Que mandaram eles enfiarem a oferta no Mar Morto, pois só aceitariam a paz com a morte do último judeu. E, bem… Enquanto isto, uma triste transformação ocorreu no lado palestino. Muitos irmãos árabes, radicais, foram para lá, lutar contra Israel e converteram os palestinos para sua jihad, de forma que as crianças que nasciam já eram educadas a odiar e a buscar retornar as terras que eram delas por direito. Sem o apoio militar de outros países, os palestinos passaram a usar de atos terroristas, isto é, assassinar de forma brutal e até como um show, para atrair atenção para sua causa. Voos eram sequestrados e passageiros judeus (até os que não eram israelenses) mortos. Atentados a bomba. Chacinas. Mais ainda. Na Jordania, refugiados palestinos tentaram tomar o poder. Foram expulsos. No Líbano, outrora um dos países mais tolerantes do Oriente Médio (mais até que o a Israel de então) começou a ser influenciado pela jihad dos palestinos, que também queriam tomar o poder e entrou numa terrível guerra civil, que dura até hoje. Por esta razão, palestinos começaram a ser malvistos mundo afora. O Egito mesmo, se recusou a aceitar refugiados palestinos. E o fez porque também lá os palestinos aceitos como refugiados se tornaram um problema. Eles chegavam como refugiados mas logo tentavam convencer a população local a ajudá-lós e, se não tivessem sucesso, passavam a causar problemas. Não é que os palestinos sejam maus por si, mas a cultura do ódio que surgiu e não foi eliminada atravessou fronteiras e gerações. Na verdade, mesmo anos atrás foi dada a oportunidade de a Palestina aceitar a divisão (que já existia como fato há décadas) mas eles reiteraram sua declaração que só aceitariam tudo, nunca a metade. Houve mais de uma chance de paz. A última, quando Yitzhak Rabin chegou bem perto de um acordo com Yasser Arafat e foi morto por um radical judeu. Sim, um radical judeu matou o primeiro-ministro de a Israel. Justamente porque ele acha errado devolver as terras em troca de paz. O mesmo acordo que os palestinos haviam recusado mais de uma vez. Algumas pessoas falam com uma certeza absoluta “Se não fossem os judeus, teria havido acordo de paz”, mas é impossível saber, já que estavam em negociações ainda e, como eu disse, as mesmas propostas já haviam sido recusadas antes. Só que para quem odeia os judeus, se um deles recusou, só prova que os judeus são maus. Os palestinos terem recusado 10 vezes? Não importa. É complicado usar pessoas assim como base. O fato é que, depois de décadas com aquelas terras, Israel ainda recebendo judeus de todo o mundo, decidiu torná-las terras de assentamento de pessoas. Os palestinos - que não aceitavam antes aquelas terras de volta em troca da paz - de repente começaram a reclamar na ONU, na mídia, em todo lugar que Israel estava colonizando as terras palestinas. Bom, se elas foram conquistadas após os palestinos e árabes os atacarem e se durante décadas os palestinos não quiseram estas terras de volta em troca de paz, o que Israel deveria fazer? Deixar o deserto lá? Video legendado, com Hillary Clinton, política da esquerda americana falando apenas dos casos que ela acompanhou. Os palestinos recusaram várias oportunidades de terem seu Estad. Minha opinião pessoal. Meio óbvio que eu pareço apoiar mais Israel neste caso, mas acho que não escrevi mentira alguma em minha resposta. Se eu tiver escrito algo falso, basta mostrarem onde e farei a devida correção. O texto já ficou enorme e são 3 da manhã. Se eu ficar mais 5 minutos escrevendo minha esposa vai me mandar pra sala, com a cachorrinha que dorme no sofá. Basicamente a situação é complicada demais para haver um lado certo e um lado errado. A ONU criou um problema e é um problema real. Mas ler dezenas de respostas (nesta e em outras perguntas similares) colocando Israel como a culpada sem falar do real histórico (ou mentir mesmo para ser contra Israel) é errado e não ajuda a criar um clima de real busca de soluções. A situação é que a ONU dividiu a Palestina, que era uma região tomada do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial, entre judeus e palestinos. Os judeus aceitaram quase imediatamente a proposta. Eles sofreram perseguição e morte aos milhões e eu consigo entender a razão deles quererem uma terra deles, mesmo um deserto. Atacados pelos palestinos e árabes, que não aceitaram um Estado judeu no Oriente médio, os israelenses se defenderam e tomaram parte das terras dos atacantes. Deserto quase sem valor, ofereceram de volta em troca de paz. Egito e Jordânia aceitaram. Palestina, não. E o conflito continuou. Hoje, 70 anos depois, um judeu de 18 anos nasceu em Israel. É a terra natal dele. Também é a terra natal de seu pai, de 40 anos, pois também ele nasceu lá. É a terra natal de seus avós, de 60 anos. Três gerações deste jovem nasceram em Israel. Ele não é um invasor. Tem tanto direito à Terra quanto qualquer um nascido lá. Um palestino nasceu na Palestina. Assim como seus pais. E seus avós. Mas ele diz “Aquela é minha terra” sem ter nascido lá? Ensinaram que é e ele aceitou. Não é difícil entender que erraram em 1948, mas agora seria outro erro desfazer o que foi feito. E foi feito o mesmo na Grécia/Turquia e Índia/Bangladesh (com os mesmos resultados), por que só em Israel e Palestina deu ruim? Não foi só lá. Mas tem um fator importante que diferencia dos outros. Israel ficou rica. Transformou pântanos em florestas e desertos em terras agrícolas. Ergueu cidades no meio do nada que expressam seu desenvolvimento. A Palestina se fechou em seu ódio. Cada centavo ganho direcionado a odiar. Nas escolas ensinam seus filhos a odiarem os vizinhos. Dinheiro para encanamento, energia, infraestrutura, tudo desviado para guerra e doutrinação. Eles poderiam ter sua própria Israel, mas o ódio não deixa. E o apoio que a Palestina recebe é porque, para alguns, não importam os fatos. Se ê um rico contra um pobre (mesmo que pobre por erros próprios) tal pessoa fica ao lado dos pobres. E este é a o pior motivo para ficar ao lado de qualquer umBasicamente, após os romanos destruírem Israel e levarem seu povo como escravo, eles perderam sua terra Natal. Além dos escravos, os judeus fugiram para o restante do mundo antigo. E isto era um bocado ruim, pois sempre eram tratados como estrangeiros, forçados a abdicar sempre de sua cultura, seus valores e sua religião.
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