novembro 02, 2024

O CANIBALISMO MORAL DOS TOLERANTES - Sidnei Godinho







O texto abaixo é do xará Sidney Silveira (escritor e jornalista) e suscita a reflexão sobre a inépcia da justificativa da "Tolerância Total" para a falta da reação racional e necessária para manter a coerência e não exaltar a ignorância. 

Tudo possui o limite da aceitabilidade e este se define pela tênue linha do equilíbrio entre o desejável e o necessário ; o mais certo e o menos errado ; o ideal e o real. 

Há uma torpe interpretação de que é preciso Tolerar Tudo e Todos para ser uma pessoa de bem, humilde e admirada. 

Mas a realidade é que a vida é seletiva e quem não se posiciona termina por ser insosso e complacente com aquilo que contesta e se torna um amoral. 

É preciso ter limites! 

O próprio Cristo ao entrar no Templo e se deparar com o desvirtuamento de seus preceitos, tomou o chicote e açoitou os mercadores para fora do lugar sagrado. 

Ter posição Moral e Ética definidas não é sinônimo de Intolerância social, ao contrário é apenas a defesa dos valores que norteiam a convivência, o respeito comum e a boa educação. 

Estejamos então cautelosos para que a dita "Tolerância" não se torne jamais a arma da fútil "Conivência" ... 

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... Só se tolera o que não é bom e isto, circunstancialmente, seja para evitar um mal maior, seja em ordem a um bem mais valioso. 

Assim, por exemplo, podemos tolerar os defeitos de um amigo para manter a amizade; do cônjuge para não se desfazer o casamento e os nossos próprios para não enlouquecermos, por excesso de escrúpulos. 

Tolerância não é algo que se ostente, pois além de tudo não é sequer princípio moral. 

A tolerância será boa apenas quando estiver conformada pela virtude da prudência. 

Em todos os demais casos ela é falha grave ou gravíssima, razão por que tem comumente outros nomes: 

_tolerar o vício é permissividade; 

_tolerar a mentira, cumplicidade; 

_tolerar a maldade, covardia; 

_tolerar o erro, estupidez;

_tolerar a tirania, suicídio político; 

_tolerar a louvação da mediocridade, assassinato civilizacional. 

Apresentar-se como tolerante é *velhacaria* típica do caráter sucumbido ao *espírito de rebanho*. 

O balido dos tolerantes autoproclamados é, pois, o das ovelhas carnívoras prontas a canibalizar quem não adere ao seu grupo. 

A intolerância, por sua vez, será boa sempre que representar a adesão a princípios inegociáveis: a verdade, o bem, a beleza, o moral... 

O mundo que quer enfiar a tolerância goela abaixo de todos, como se ela fora dever moral, tem um nome: *inferno*. 

Esta é a mais terrível maneira de ser intolerante. 

*Onde é proibido proibir, impera o mal.*... 


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