dezembro 03, 2024
ARLS UNIÃO JUSTA E PERFEITA 533
O Rito de Emulação de foi criado por uma loja maçônica inglesa a "Emulation Lodge of Improvement for Master Masons." Tinha como propósito padronizar as cerimônias nos graus fundamentais da Maçonaria quando da unificação das Lojas dos Antigos e dos Modernos na formação da Grande Loja Unida da Inglaterra, a Loja mãe da Ordem no mundo.
Ontem visitei uma Loja deste rito, a ARLS União Justa e Fraterna 533, que funciona no prédio em frente ao Palácio da GLESP. Uma Loja eminente jovem e um rito despojado, quando comparado ao Rito Escocês Antigo e Aceito, mas cuja essência é exatamente igual mostrando que na maçonaria deve se dar mais importância ao conteúdo do que a embalagem.
Fui recebido com grande simpatia, e sob a direção do Venerável Mestre Marco Antônio Selim assisti a uma cerimônia de passagem de dois aprendizes para o grau de companheiro. Apesar de meus 43 anos na Ordem nunca tinha visto esta cerimônia, que foi muito emocionante.
Enfim, uma noite para guardar na memória.
TÁ MORRENDO LENTAMENTE - Joab Nascimento
I
Essa geração de ferro,
Tá morrendo lentamente,
Saindo, dando passagem,
Para geração presente,
A geração de cristal,
Chega dum jeito informal,
Mudando a vida da gente.
II
Tá morrendo a geração,
Que mesmo sem ter estudo,
Educava os seus filhos,
Sem saber, porém, contudo,
Mostrava o caminho certo,
O exemplo, sempre por perto,
Da vida, ensinava tudo.
III
Tá morrendo a geração,
Que quase tudo faltava,
Sem conforto e celular,
Na luta, não descansava,
Só tinha o indispensável,
O seu mundo era saudável,
Diariamente trabalhava.
IV
Só nos ensinou valores,
Como amor e respeito,
O valor de uma mulher,
Amamentação no peito,
O respeito aos mais velhos,
Que serviam de espelhos,
Nesse mundo imperfeito.
V
Tá morrendo lentamente,
Quem viveu dificuldade,
Mas com muita honradez,
Viveu na dignidade,
Sem conhecer a riqueza,
Valorizou sua pobreza,
Com respeito e verdade.
VI
Tá morrendo a geração,
Que tinha conhecimento,
Que mesmo sem saber ler,
Pra tudo tinha provimento,
Tinham sapiência no ser,
Conheciam o bem viver,
Nos passando ensinamento.
VII
Tá morrendo a geração,
Que sobrevivia da terra,
Quando chovia no sertão,
Toda tristeza se encerra,
Dando vaga, no presente,
Pra geração prepotente,
Que só sabe fazer guerra.
VIII
Geração com mãos vazias,
Mas seguia com testa erguida,
Tá morrendo a geração,
Que nos deu, a nossa vida,
Que nos ensinou bem cedo,
A viver sem sentir medo,
Nessa via desconhecida.
BOLINHAS NO AVENTAL - Pedro Juk
Li um artigo do Irmão sobre o avental do M∴I∴ e para mim não ficou claro o que simbolicamente representam as 7 bolinhas em nosso avental. O Irmão poderia me ajudar no esclarecimento?
CONSIDERAÇÕES:
Embora alguns autores tenham se esforçado para dar às ditas bolinhas um significado como as do tipo de “representam os sete planetas”, ou “lembram as Sete Artes e Ciências Liberais”, etc., entretanto, aos olhos da razão essas bolinhas não significam mesmo é nada, senão um conjunto decorativo.
São simplesmente adereços que procuram imitar costumes próprios de uns em outros ritos.
Na verdade essas bolinhas originalmente eram franjas, mas alguém, “procurando pelo em ovo”, inventou essa decoração ao ponto de dar no que deu.
Hoje as bolinhas presas às correntes são um hábito sacramentado entre nós, porém sem significado que venha contentar a realidade.
No que diz respeito às originais franjas no lugar das correntes e bolinhas como penduricalhos que enfeitam e guarnecem os segmentos de fitas presos ao avental, o conjunto nada mais é do que a representação simbólica que faz lembrar os antigos aventais operativos que iam fixados à frente do corpo amarrados à cintura, cujos cordões que os prendiam tinham as suas pontas cruzadas às costas e amarradas pela frente (sobre o avental). Esses prendedores, normalmente pelo constante uso, tinham suas extremidades desfiadas, o que lhes dava um aspecto franjado. Nesse particular é que os aventais especulativos da Moderna Maçonaria fazem alusão á essa antiga prática quando imitam com franjas os dois segmentos de fitas fixadas à direita e esquerda pela frente do avental do Mestre. Infelizmente os inventores transformaram as franjas em bolinhas presas às correntes.
Aproveito o ensejo para comentar as “rosetas” do avental do Mestre. Sua origem nada mais é do que a representação dos botões que abotoavam o avental operativo junto ao vestuário (além do mesmo estar amarrado) no intuito de fixa-lo melhor durante os rigores do trabalho, lembrando que os aventais operativos cobriam inclusive a região peitoral do operário e servia literalmente para protegem o corpo no transporte e no desbaste da pedra.
Assim, no intuito de manter essa tradição, muitos aventais especulativos trazem essa simbologia que nada mais é do que uma lembrança dos idos tempos da Maçonaria de Ofício (mas sem bolinhas).
É bem verdade que também essas rosetas já serviram de inúmeras cogitações imaginosas que mais convieram para derramar rios de tinta sobre o papel do que propriamente trazer uma mensagem coerente.
Por fim essa é a história das bolinhas e das rosetas, sendo que essas últimas são substituídas pelo conjunto nível/prumo, vulgarmente chamados de “tau invertido”, no avental do Mestre Instalado.
dezembro 02, 2024
DEZEMBRO QUE VEIO E QUE VAI - Newton Agrella
Abrem-se as cortinas para o encerramento simbólico de um período da vida convencionado pelo chamado, calendário gregoriano.
Dezembro reapresenta suas credenciais, por essas bandas do planeta.
É o anúncio do SolstÍcio de Verão no hemisfério sul, que ocorre entre os dias 21 ou 22 de Dezembro a cada ano.
Aquí em nosso hemisfério é o Sol, marcando presença e que simbólicamente representa o renascimento da vida e a renovação espiritual..
No Brasil, a cultura da renovação é algo que se pronuncia das mais variadas formas para o realinhamento de novos planos, especialmente na "noite da virada", sob a inspiração do divinal, do metafísico e do transcendental...
Algo como que um ritual, que ganha ares de reflexão, quando se celebra o Natal e famílias se reúnem para celebrar a vida...
Assim como ganha um certo ar de reminiscências, quando um toque de nostalgia invade a alma e cultivamos lembranças de familiares, que já não se encontram mais entre nós...
Essa reflexão mais contida, porém, uma semana mais tarde acaba ganhando uma explosão de alegria, esperança e felicidade, quando o show está por terminar...
As cortinas se fecham por tênues segundos, posto que o show tem que continuar...
É o Novo Ano que se apresenta...
Chega com todo requinte e exaltação de um tempo melhor.
Dezembro vai dar adeus, e sua presença ilustre, deixa como legado, o exercício da reflexão humana, da reconexão com os valores éticos e morais que buscamos como alicerces para a nossa contínua evolução.
Dezembro brasileiro é uma ferramenta para elaborar com mais afinco o aprimoramento de nossa consciência, reaprender a se enxergar no outro, e a remover cargas negativas que acumulamos durante o ano.
Dezembro é a fronteira simbólica do nosso tempo, da civilização ocidental e da cultura da renovação, mesmo diante de tantas adversidades e de tanta ignorância a que o ser humano ainda se submete.
Que possamos viver Dezembro intensamente e permitamos que ele se vá, deixando-nos com o nosso espírito desarmado, nosso coração mais leve e a nossa capacidade de Compreensão e Discernimento cada vez mais aguçada...
EMUNAH - Barba
Emunah (אמונה) é uma palavra hebraica que significa _"fé", "confiança" ou "lealdade"_, mas com um significado mais profundo do que apenas acreditar. No contexto judaico,Emunah representa uma confiança inabalável em Deus, baseada não apenas em evidências racionais, mas em uma conexão espiritual e prática com Ele.
Emunah não é passiva; envolve agir de acordo com essa fé, demonstrando confiança por meio de ações. É uma virtude que implica fidelidade e compromisso com os princípios espirituais, mesmo em momentos de incerteza ou dificuldade.
NINGUÉM É MAÇOM, SOMOS RECONHECIDOS COMO TAL - César Luís Bueno Gonçalves
Um dos grandes dilemas maçónicos é saber se podemos ou não intitular-nos maçons (Sou Maçom!) ou se esta afirmação não nos pertence e só pode ser feita por um outro Maçom.
De fato, temos uma visão míope de nós mesmos.
Tendemos a uma hiper valorização do nosso eu e, não raras vezes, em detrimento do outro…
Explico melhor: fomos educados num sistema de comparações em que um ponto geralmente é explicado ou visto em relação a outro.
Tendemos a fazer comparações e assim sentirmos nos mais ricos quando vemos mais pobres, sentirmos nos mais bonitos quando vemos mais feios e assim por diante.
Ocorre que por vezes a nossa miopia egocêntrica é tão grande que nos assustamos com nós mesmos ao vermos a nossa imagem refletida em um espelho.
Tendemos a não acreditar no que vemos… não é possível que seja eu…
Mas por vezes forçamos a barra e influenciamos a imagem do espelho, ou pelo menos no que ela nos está a revelar.
O feio torna-se belo e assim por diante.
Assim, ao nos considerarmos maçons, em detrimento de sermos reconhecidos como tal, chamamos para nós um conjunto de características do “ser Maçom” que muitas vezes não apresentamos, não temos.
Claro, pode-se sempre invocar o formalismo.
Sou Maçom porque fui iniciado.
Sou Maçom porque pertenço à obediência tal… e etc. …
Mas será que isso realmente nos confere a autoridade para nos denominarmos maçons?
O que é ser Maçom???
É somente ter sido iniciado???
Não implica mais nada???
Desde os meus tempos de Aprendiz que escuto um trocadilho muito usual no nosso meio, principalmente quando não gostamos de um determinado Irmão: “fulano é um profano de avental” ou então, quando encontramos qualidades num não iniciado: “é um Maçom sem avental”…
Por certo, ser Maçom implica muito mais que ter passado por uma iniciação.
Também reverbera no meu pensamento uma frase muito pronunciada em iniciações: “bem-vindo meu Irmão; esperamos que agora que entrou para a Maçonaria, que deixe que a Maçonaria entre em si, no seu coração e atitudes…”
A minha angústia, que motiva esta reflexão sobre SER MAÇOM, é a inépcia dos nossos métodos “maçónicos” em muitos de nós.
*Não é raro vermos Irmãos com graus de mestre, mestres instalados e, até com o grau 33º, com exposições diametralmente opostas à nossa filosofia, com atitudes antagónicas ao que está inerente às nossas alegorias e símbolos.*
Bem sei que deveria estar preocupado acima de tudo com a minha pedra bruta, evitando reparar nas imperfeições de outras pedras, mas isto está a tornar-se impossível para mim, pelo que peço humildes desculpas aos meus Irmãos, mas não consigo “tapar o sol com a peneira” – empresto aqui voz a muitos que se têm chocado com palavras e atitudes de outros Irmãos.
Abate-me extremamente estar ao lado de Irmãos que acham que o cume dos seus progressos na Maçonaria são os graus atingidos… ser grau 33º do seu rito, ser Mestre “instalado”, estar autoridade maçónica e assim por diante e, *deixam a humildade, a fraternidade, o carinho e virtudes trancados no armário, o armário da arrogância e da empáfia.*
Abate-me saber que Irmãos são indiciados civil ou criminalmente pelos mais variados delitos ou crimes.
Abate-me ter conhecimento de Irmãos que batem nas suas esposas, filhos e familiares.
Abatem-me as disputas para saber quem é mais Maçom, quem tem o maior grau… quem foi melhor Venerável Mestre.
Não consigo entender também como alguns insistem em trazer o pior das suas práticas profissionais para o seio das Lojas.
Estive em Lojas onde me senti como num tribunal de justiça, *onde se fazia de tudo menos aquela egrégora gostosa de estar entre Irmãos.*
Todas as palavras eram medidas com cuidado, os discursos eram cheios de erudição jurídica, menos maçónica.
A sessão travava com os famigerados “pela ordem Venerável”…
E o que dizer dos Irmãos entendidos em política.
Raro é vê-los apresentar um trabalho sobre alegoria ou simbolismo maçónico… a tónica é uma só: política.
Voltamos então ao fulcro desta reflexão: sou Maçom ou sou reconhecido como tal ?
O que significa ser reconhecido como Maçom?
O que é ou quem é o Maçom ?
Há algo que o diferencia de outro ente?
Se nos orientarmos pelos rituais e pela literatura maçónica teremos uma visão super idealizada do SER MAÇOM.
Ele mais se parece com um super-homem, dotado de poderes extraordinários.
Mas no convívio, no dia a dia, desfaz-se esta visão do super-homem.
Eu pelo menos nunca o encontrei entre nós, pelo menos não na forma idealizada.
Muito menos em mim mesmo…
Está mais do que na hora de nos despirmos do modus profano.
De tirarmos as nossas máscaras e darmos um passo em direcção ao autêntico “ser Maçom”.
Está na hora de sermos maçons.
Reconheça que você não é o centro do universo!
Reconheça que outros podem vivenciar mais a maçonaria do que você!
*Reconheça que graus para nada servem se o seu coração e atitudes não passaram daquelas do grau de Aprendiz (pedra bruta)!*
Reconheça que ser Mestre Instalado não lhe dá direitos acima dos seus Irmãos!
Reconheça que tem pesquisado, estudado e reflectido muito pouco sobre os nossos símbolos, alegorias e ritualística!
Reconheça que tem faltado às sessões porque se acha melhor que aqueles que lá estão sempre, gostando ou não, ajudando nos trabalhos em Loja.
Reconheça que se é verdade que Maçonaria não se faz somente em Loja, também o é verdade que sem estar em Loja não se faz Maçonaria!
É na Loja que exercitamos o “submeter minhas vontades e fazer novos progressos na maçonaria”.
Não se iluda.
Reconheça que a Maçonaria não é clube social, partido político, confraria da cerveja ou o quintal da sua casa, terraço do seu apartamento, a sua sala de trabalho, mas uma Ordem INICIÁTICA.
Reconheça, por fim, que você não é dono da Loja.
Deixe que as alegorias e símbolos tomem forma no seu interior e se manifestem nas suas atitudes, não em meras palavras.
*Deixe que o movimento da egrégora maçónica lhe tome a mente, o coração.*
Deixe que a humildade aflore nas suas palavras e acções.
Não tema, pode baixar a guarda, você está entre Irmãos.
Por fim, receba o seu prémio, não é um avental mais bonito que o dos outros Irmãos ou um título de Mestre Instalado ou 33º mas, tão somente uma acção: você é reconhecido como tal, sem sombras de dúvidas!
dezembro 01, 2024
ENCONTRO DE ACADÊMICOS - Michael Winetzki -
Realizou-se na manhã de ontem a primeira Assembleia Anual da Academia Maçônica Brasileira de Letras, Teatro, Ciências, Artes e Musica, composta de 33 academicos titulares, escolhidos entre os mais eminentes intelectuais da maçonaria no país e um grande número de acadêmicos honorários e correspondentes em todo o país e em diversas outras nações.
Presidida pelo escritor e editor Mauro Ferreira, o evento teve lugar no Palácio Maçônico da GLESP com a presença de grande número de convidados e famílias, muitos dos quais tomaram posse como acadêmicos correspondentes.
O mestre de cerimônias foi o palestrante e show-man Paulo André, que a todos divertiu com uma apresentação de fino humor, Houve ainda uma pequena palestra minha, um soneto dedicado a Academia de Adilson Zotovici, um dos mais importantes poetas da Ordem e um repente de Aldy Carvalho O Cantador, um gênio guardião da arte e cultura nordestinas, todos acadêmicos.
Fui honrado pelo presidente Mauro Ferreira para participar da mesa diretora dos trabalhos como representante da Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras, que tenho a honra de presidir, e de estabelecer uma série de atividades de incentivo a cultura que nossas Academias realizarão em parceria.
Foi o momento de encontrar pessoalmente muitos irmãos que só conhecíamos de palestras virtuais e de abraçar outros tantos com quem raramente nos confraternizamos.
Foi um evento grandioso encerrado com um magnífico almoço no restaurante do Hotel Leques.
EQUILIBRIO PERFEITO
“Se tiver um pão e eu um euro, e eu usar o meu euro para comprar o seu pão, no final da troca terei o pão e você o euro.
Parece um equilíbrio perfeito, não é?
A tem um euro, B tem um pão, depois A tem o pão e B o euro. É uma transacção justa, mas meramente material.
Agora, imagine que tem um soneto de Verlaine ou conhece o teorema de Pitágoras, e eu não tenho nada. Se partilhar comigo ou até me ensinar, no final desta troca, eu terei aprendido o soneto e o teorema, mas ainda assim você os terá também.
Neste caso, não há apenas equilíbrio, mas crescimento.
Primeiro tivemos um negócio, no segundo partilhámos conhecimento. E enquanto os bens se consomem, a cultura expande-se infinitamente. ”
Michel Serres, filósofo francês -
1/09/1930 - 1/06/2019
Adaptação - João Carlos Costa
ACADEMIA - Adilson Zotovici
Vejo como Academia
De Letras, que eruditos,
Servem em eventos benditos
Seus talentos dia a dia
Todas com seus próprios ritos
Quais denotam fidalguia
Dos confrades a mestria
Sem vaidades, irrestritos
Em suma, além de serventia
A sapientes restritos
Ruma cultural sedia
Das letras portos, peritos
Vivos à filosofia
Muito além de mortos, mitos !