dezembro 09, 2024

O SALMO 133


OH! QUÃO BOM E SUAVE É QUE OS IRMÃOS VIVAM EM UNIÃO!

É COMO O ÓLEO PRECIOSO SOBRE A CABEÇA, QUE DESCE SOBRE A BARBA, A BARBA DE AARÃO, E QUE DESCE À ORLA DE SUAS VESTES;

É COMO O ORVALHO DE HERMON QUE DESCE SOBRE SIÃO; PORQUE ALI O SENHOR ORDENOU A BÊNÇÃO E A VIDA PARA SEMPRE.

Grande parte do cerimonial maçônico tem sua origem, nos ritos da antiguidade, adaptado às exigências modernas. Dos ritos antigos, a influência mais visível é da hebraica. Segundo alguns estudiosos, a Maçonaria moderna é considerada como a herdeira dos ritos, práticas e tradições hebraicas, a começar pelo Templo de Jerusalém, que é o arquétipo das Igrejas, e indiretamente dos Templos Maçônicos. O Salmo 133 exalta a beleza do fato dos irmãos estarem juntos, em harmonia, é uma eloquente descrição da beleza do amor fraternal, e por esta razão muito mais apropriado para ilustrar uma sociedade cuja existência depende daqueles nobres princípios.

A abertura do Livro Sagrado marca o início real dos trabalhos numa loja maçônica, pois o ato, embora simples, porém solene, é de grande importância, pois que simboliza a presença efetiva da palavra do Grande Arquiteto Do Universo.

A leitura do salmo foi usada pela primeira vez na metade do século XVIII, por algumas Lojas do Yorkshire, na Inglaterra, quando ainda nem havia um rito plenamente organizado. Em pouco tempo, esse hábito foi abandonado e já, a partir da adoção do rito Inglês de Emulation, (conhecido também como “York”),  abria-se a Bíblia em qualquer lugar, sem leitura de versículos. Todavia, esse hábito foi retomado por algumas Grandes Lojas norte-americanas, principalmente a de Nova York. Nos EUA, no simbolismo, só se pratica o rito de York, pois o REAA só é praticado nos Altos Graus. Da Grande Loja de Nova York, por cópia, o salmo foi introduzido no Brasil e em algumas outras Obediências da América do Sul, no REAA.

Análise

O Salmo 133, também denominado Salmo da Fraternidade ou Concórdia, é lido pelo Ir.’. Or.’. durante a abertura dos trabalhos no Grau de Ap.’. M.’.

Sua autoria é atribuída a David onde ele exalta a beleza do fato dos irmãos estarem juntos, em harmonia.

O Salmo faz menção a personagens, objetos e lugares, conforme veremos a seguir:

Aarão

Era irmão mais velho de Moisés. Primeiro sacerdote (Êxodo cap.29 Versículos 4 – 7) hebraico do qual passou a ser patriarca e ajudou seu irmão mais novo a libertar o povo hebreu da escravidão no Egito. Seu nome significa “iluminado”, “elevado” ou “sublime”. Tinha o dom da oratória, ao contrário de seu irmão Moisés, que quase nunca falava, pois apresentava problemas de dicção. (Êxodo cap. 4 vers.10).

As Vestes de Aarão:

Os sacerdotes, como guardiões da palavra de Deus se vestiam de forma própria, de modo que suas vestes o distinguissem dos demais fiéis.

“Farás a teu irmão Aarão vestes sagradas em sinal de dignidade, de ornato… de sorte que ele seja consagrado ao meu sacerdócio. Eis as vestes que deverão fazer: um peitoral, um efod (veste sacerdotal), um manto, uma túnica bordada, uma mitra (uma insígnia pontificial, gorro, touca), e um cinto. Deverão usar fios de lá azul púrpura e vermelha, fios de ouro de linho puro… farás também o peitoral.. e encheras de pedras de engate … e serão aquelas pedras os nomes das doze tribos de Israel.” (Êxodo cap.28 Versículo 4 e 40)

O Óleo da Unção:

É comum se encontrar na Bíblia citações sobre óleos de unção utilizados em consagrações sacerdotais.

No salmo 133, é citado “…o óleo precioso sobre a cabeça…”

O Êxodo cap. 30 vers. 22 ao 33, descreve qual o óleo citado no Salmo em estudo:

“O senhor disse a Moisés, escolhe os mais preciosos aromas: 500 ciclos de mirra… 250 ciclos de junco odorífero, 500 ciclos de cássia e um hin (unidade de medida hebraica) de azeite de oliveira. Será este o óleo para a sagrada unção. Este será para mim, o óleo da unção sagrada, de geração em geração.”

Hermon:

O Monte Hermon se localiza na cordilheira de Antilíbano, fazendo divisa entre Israel, Líbano e Síria. Com mais de 2.000m de altitude, seu cume permanece nevado durante o ano inteiro.

Sião:

É uma das colinas sobre as quais se construiu Jerusalém. Possui cerca de 800 metros, e se localiza entre os vales de Cedron e de Tyropocon a qual segundo a Bíblia, David tomou dos Jebuseus, mais ou menos em 1.000 A.C.(Aarão viveu por volta de 1300 A.C.).

Sião ou Sion passou a ser o nome simbólico de Jerusalém, da Terra Prometida, da Cidade de Davi.

Interpretação

“OH! QUÃO BOM E QUÃO SUAVE É QUE OS IRMÃOS VIVAM EM UNIÃO!”

Essa frase faz alusão aos que vinham em romaria de todas as partes de Israel para se reunir em volta do templo. Representa a união de pessoas de todas as classes em adoração a Jeová (Deus).

“É COMO O ÓLEO PRECIOSO SOBRE A CABEÇA, QUE DESCE SOBRE A BARBA, A BARBA DE AARÃO;”

Simboliza que o óleo foi entornado com tal abundância, que desceu pela barba de Aarão.

Barba que simbolizava respeito e poder numa sociedade patriarcal, por isso o óleo chegar à barba simboliza a unção do poder sacerdotal de Aarão.

Entende-se aí por cabeça os cinco sentidos, visão, audição, paladar, olfato e tato, significando a purificação dos mesmos pelo óleo.

“E QUE DESCE À ORLA DE SUAS VESTES;”

As vestes fazem alusão ao nosso corpo físico, que na abertura dos trabalhos maçônicos, quando todos se unem e concentram, é banhado pela energia divina.

“É COMO O ORVALHO DE HERMON;”

Simboliza o orvalho que desce do monte durante a noite, criando condições propícias para a manutenção da vida em uma região desértica. Simboliza também o a água do degelo que desce para alimentar o rio Jordão, responsável pelo abastecimento da região.

Ou seja, através do seu orvalho o Monte Hermon proporciona a vida.

“QUE DESCE SOBRE SIÃO;”

Simboliza descer sobre Jerusalém, que foi construída sobre o Monte Sião.

“PORQUE ALI O SENHOR ORDENOU A BENÇÃO E A VIDA PARA SEMPRE.”

Simboliza que a reunião dos romeiros (irmãos), fazia com que a benção descesse sobre todos, manifestada no orvalho, e nas águas do Jordão que tornavam possível a vida na Terra Prometida.

Conclusão:

O Salmo 133 é conhecido como o Salmo da Fraternidade. Não poderia haver uma forma melhor de se abrir nossos trabalhos, pois como não sentir a alegria em estarmos juntos cada vez que estamos aqui? Como não perceber a leveza que nossa Oficina nos traz, mesmo depois de dias difíceis no mundo profano? Como não sentir o carinho e afeto de nossos irmãos, expressados pela alegria de mais um momento da nossa união?

Na minha percepção, fica claro que essa deve ser a base da nossa conduta, a bússola moral da sociedade, não só maçônica, mas profana também.

A grande maioria dos problemas da humanidade que nós vivenciamos atualmente (ex: guerras, fome, violência, miséria), seria minimizada com esse conceito. Infelizmente, vivemos atualmente em uma sociedade onde tudo vira motivo de disputa, onde a ganância impera, onde não há tolerância, onde cada um se preocupa apenas consigo mesmo, e é cada vez mais rara a compaixão com o próximo.

Hoje, estando dentro da Ordem, vejo que estes são os valores que nos guiam, a união, a fraternidade, a benemerência, e a compaixão. Que possamos cada vez mais, levar isso do mundo maçônico para o mundo profano, e que continuemos fortes e determinados em nosso ideal de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

O GADU deixou uma mensagem muito clara: resumiu praticamente os dez mandamentos da Lei em apenas uma frase:”Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.

Bibliografia:

Bíblia Sagrada

Ritual do Aprendiz

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