Era uma noite de verão no hemisfério Sul e estrelada quando Papai Noel recebeu um convite inusitado. Entre as milhares de cartas de crianças pedindo brinquedos de todos os tipos, uma ganhou destaque. Não era colorida, nem cheirava a perfumes, mas vinha em um envelope lacrado com um selo dourado que brilhava sob a luz da lareira. Intrigado, Papai Noel abriu com cuidado e leu as palavras misteriosas: “A Maçonaria o aguarda.”
Curioso, decidiu atender ao chamado. Afinal, por que não? Séculos de trabalho incessante distribuindo presentes, alegria e esperança já haviam lhe dado muita satisfação, mas algo dentro dele dizia que ainda faltava uma peça no grande quebra-cabeça de sua missão. Na noite marcada, vestiu-se com simplicidade e, pela primeira vez em séculos, deixou de lado o icônico gorro vermelho. Após consultar suas renas para encontrar o caminho, adentrou a porta de uma loja maçônica cercada de símbolos e mistérios que ele ainda não compreendia.
Durante o ritual de iniciação, Papai Noel percebeu que estava vivendo algo único. Não era apenas uma cerimônia. Entre luzes, sons de trovão, espadas erguidas, águas, fogo e palavras solenes, sentiu como se cada elemento ressoasse profundamente em sua alma. Ele, que passara a eternidade entregando alegria às pessoas, agora recebia um presente raro: a oportunidade de refletir sobre si mesmo. Quando finalmente se tornou um aprendiz, o Venerável Mestre o saudou com um sorriso enigmático:
— Bem-vindo, irmão. Sua jornada começa agora.
Nos meses seguintes, Papai Noel se dedicou com afinco aos estudos maçônicos. Ele, que achava que já conhecia todos os mistérios do mundo, descobriu que a fraternidade ia muito além de símbolos e rituais. Cada lição, cada reunião trazia novos significados para a sua própria missão. Logo compreendeu que a construção do “templo interior” era tão importante quanto os sorrisos que ele levava nas noites de Natal.
Na Maçonaria, viu novidades que jamais imaginara. Não eram brinquedos encantados ou renas mágicas, mas ideias que iluminavam caminhos invisíveis. Aprendeu sobre igualdade, liberdade e fraternidade, valores que já praticava de forma intuitiva. Percebeu que, assim como na sua fábrica de presentes, o trabalho em equipe era essencial. Observou irmãos de diferentes origens e culturas trabalhando juntos, como tijolos de um edifício invisível, erguidos pela força da união e da solidariedade.
Certo dia, durante uma sessão, um dos irmãos o questionou:
— Irmão Noel, o que o trouxe até nós?
Ele respondeu com serenidade, enquanto ajeitava sua barba branca:
— Sempre espalhei alegria, mas sentia que faltava algo. Aqui, encontrei o que procurava: um propósito maior, uma luz que não se apaga ao nascer do sol de 26 de dezembro.
Com o passar do tempo, Papai Noel percebeu que sua missão natalina havia ganhado um novo brilho. Agora, seus presentes não eram apenas objetos, mas também mensagens. Levava consigo o simbolismo da esperança, do entendimento e da ideia de que todos, como pequenos aprendizes, podiam construir um mundo melhor, um tijolo por vez.
Naquela noite de Natal, enquanto cruzava os céus com suas renas, Papai Noel fez algo diferente. Ao lado de cada brinquedo e doce, deixou um presente invisível: a semente de um desejo por mais luz, mais união e mais amor entre os homens.
E assim, o velho barbudo tornou-se mais do que um símbolo natalino. Tornou-se um verdadeiro construtor de um mundo melhor, um maçom em espírito e coração, levando a todos, ano após ano, não apenas presentes, mas o convite para também se tornarem parte dessa grande obra, agora entendeu que era um homem livre e de bons costumes.
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