janeiro 13, 2025

BIBLIOSMIA (o valor de uma palavra) - Newton Agrella



Quando nos referimos aos neologismos ou seja, à criação de novas palavras que passam a fazer parte do vocabulário de uma língua, muitas vezes nos surpreendemos como elas se tornam ferramentas práticas e como atendem às necessidades de um contingente de falantes de um idioma.

Exemplo disso é o termo específico dedicado a algo, que por muito tempo nos é familiar, no que diz respeito aos sentidos humanos, como é o caso do olfato.

Mais especificamente no tocante ao "cheiro dos livros".

Sim, isso mesmo !

Há um termo particularmente denotativo que serve para descrever literalmente o prazer ou a afeição pelo cheiro deles.

Trata-se pois, do substantivo "bibliosmia".

Cabe registro que esse aroma específico dos livros é produto da interação entre os compostos químicos do papel e a tinta ao longo do tempo.

Trata-se de um cheiro que se encontra mais acentuado, sobretudo, nas páginas dos livros mais velhos.

Aqueles que repousam elegantemente nas belas estantes de uma biblioteca, ou nas simples prateleiras de um sebo, ou quando não, solenemente esquecidos num baú, num porão ou num armário de casa.

Igualmente vale lembrar que a "bibliosmia" - em seu universo semântico -  também é um termo aplicável no caso de pessoas que gostam de ler, segurar e abraçar um livro.

Por incrível que pareça, tal comportamento pode provocar uma sensação de segurança, companhia e até mesmo paixão. 

Estranho ou não, essa sensação faz parte dos atributos humanos, mais frequente do que se possa imaginar.

Aliás, a Ciência explica que esse cheiro para algumas pessoas pode remeter o cérebro a sensações plurais que mesclam: expectativa, reminiscência e até mesmo ansiedade sobre uma história que está por vir.

Explica ainda, que para alguns a bibliosmia estimula os sentidos de liberdade, libertação e até mesmo de fuga que os momentos de lazer são capazes de oferecer.

Quanto ao surgimento da palavra, a história recente dá conta sobre o seguinte:

O autor e palestrante  inglês Oliver Tearle criou o termo em Fevereiro de 2014 , e utililizou-a num Congresso, a partir da composição de dois vocábulos gregos:

 biblio - (“book” = livro)  osmia  ("smell" = cheiro).

Essa transliteração acabou dando vida a esta palavra que gradativamente vem sendo aceita e utilizada pela Academia Brasileira de Letras e aos poucos sendo incorporada ao glossário de dicionários, que a reconhecem como uma legítima expressão que a pessoa pode experienciar.

O tempo, é bem verdade que com muita dificuldade,  se ocupa de esculpir a natureza, de aprimorar a consciência e de fazer da palavra, um  instrumento cada vez mais consistente para se atingir o entendimento entre as pessoas.



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