É extremamente revigorante quando conseguimos abstrair com intensidade o significado de fraternidade, de compaixão, de entrega e de igualdade, sobretudo quando nos deparamos com os exemplos e ensinamentos que comunidades quilombolas aqui no Brasil conseguem nos transmitir, através de um sistema ético, moral, cultural e social que se traduz pelo substantivo "Ubuntu".
Numa série veiculada através do Canal Futura, conseguimos entender um pouco mais, o complexo processo de sobrevivência econômica dos descendentes de negros que sofreram as inomináveis agruras da escravidão, e o modo como conseguem preservar seus valores culturais, religiosos e políticos, tais como o direito à terra , a resistência a invasões de seus territórios, e mantendo a produção comunitária como sua força básica de sobrevivência.
Utilizada pelos falantes das línguas Zulu e Xhosi, ambas da família da língua Bantu, faladas no sul do continente africano, a palavra "Ubuntu", não traduzível literalmente, sugere a ideia e o conceito de "humanidade para com os outros"; algo como "doar-se sem enfraquecer".
O termo exprime a consciência da relação entre o indivíduo e a comunidade.
Algo como se disséssemos: "...a minha humanidade está intrinsicamente ligada à sua humanidade".
É justamente essa noção de fraternidade, que de algum modo, pode ser comparada à Maçonaria.
Essa entrega fraterna simboliza compaixão e abertura de alma e espírito e se opõe diametralmente ao individualismo.
Do ponto de vista ético, o conceito do Ubuntu reafirma a necessidade da união e do consenso nas tomadas de decisão, assumindo-se uma ética humanista.
A simbologia do Ubuntu se manifesta através de "pessoas de mãos dadas formando um círculo".
E sua alegoria é interpretada num enredo que sugere os princípios da liberdade, da cooperação, da precisão e da confiabilidade.
Essa alegoria ainda revela os conceitos de “Humanidade para os outros” ou “Sou o que sou pelo que nós somos”.
O Ubuntu se manifesta ainda como um comportamento e uma forma de vida que encontra suporte na conduta moral, na noção de religiosidade, de reafirmação das origens e sobretudo no orgulho de uma história marcada pela resiliência, força, determinação e de uma luta sem fim pelos direitos à igualdade.
Nunca é demais lembrar que somos todos seres humanos, partículas do universo, passivos de dor, de amor, de erros e de acertos e que nosso valor não se traduz pela origem, pela raça ou pela cor.
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