Tesla me recebe com um leve inclinar de cabeça, os olhos brilhando como se contivessem relâmpagos. O ambiente ao redor parece suspenso no tempo, cada detalhe refletindo sua mente meticulosa. Ele me oferece uma cadeira, gesto que aceito com gratidão, e, sem dizer mais, serve um copo de uísque que repousa sobre a mesa. Ele próprio não bebe, apenas observa, como se esperasse um movimento em falso ou a revelação de algo interessante.
"Então," ele diz com a voz baixa, mas carregada de energia, "o que deseja saber?"
Tomo um momento para absorver a cena — as lâmpadas sem fio lançando sua luz suave, os retratos de suas invenções como testemunhas silenciosas.
"Sr. Tesla," começo, escolhendo as palavras com cuidado, "o que o inspira a criar coisas que parecem pertencer a um futuro tão distante do seu tempo?"
Ele sorri de lado, um sorriso que mistura orgulho e mistério. "O futuro, para mim, nunca está distante. Ele já existe, aguardando apenas que alguém o descubra. A natureza é um livro aberto para quem sabe onde procurar."
"Mas", insisto, "não sente frustração ao ver o mundo tão relutante em compreender suas visões?"
Tesla inclina-se para frente, as mãos unidas em um gesto contemplativo. "Frustração é um desperdício de energia. Prefiro canalizá-la para criar. A humanidade sempre reluta diante do desconhecido, mas a verdade tem seu próprio tempo para emergir."
"Se pudesse transmitir uma única ideia ao mundo, qual seria?"
Ele faz uma pausa, seus olhos fixos em um ponto distante, como se enxergasse algo que eu não poderia alcançar. "Que tudo está conectado. O universo é harmonia, e nossas invenções, quando alinhadas a essa harmonia, não apenas transformam o mundo, mas elevam a humanidade."
Sinto o peso de suas palavras enquanto ele se recosta, parecendo satisfeito com a troca.
"Agora, uma pergunta para você," diz ele, abruptamente. "Se tivesse em mãos a capacidade de moldar o futuro, o que faria com ela?"
Engulo em seco, ciente de que a pergunta não é retórica. "Tentaria garantir que o progresso não nos afastasse de nossa essência, mas nos aproximasse dela."
Tesla me encara por um longo momento antes de assentir, como se eu tivesse passado em um teste invisível. "Então você entende. O verdadeiro progresso não está apenas em máquinas, mas em almas."
O silêncio que se segue é carregado, não de ausência, mas de significado. E, por um instante, parece que compreendo o mundo como ele o vê: um campo infinito de possibilidades aguardando para serem desvendadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário