fevereiro 20, 2025

O IMPASSE E A EGRÉGORA - Newton Agrella


Há alguns poucos anos começou-se a ouvir com maior frequência em algumas Lojas Maçônicas, independentemente do Rito, uma palavra grega transliterada como "egrégora", cujo significado é algo inteiramente alienígena aos princípios dialéticos da Maçonaria.

Não há qualquer registro em Rituais Maçônicos dando conta a respeito da referida expressão.

O termo "Egrégora" é particularmente atinente às sociedades teosóficas e espiritualistas e de antigas doutrinas gnósticas.

O termo refere-se a uma espécie de entidade ou força extrafísica que se manifesta através de uma corrente vibratória de pensamento podendo ganhar efeito através de uma projeção de espaços e dimensões.

Nesse caso, a rigor estaríamos falando de ocultismo e não de esoterismo. 

Coisas díspares.

Há é claro, público para tudo, bem como autores que se predispõem a adotar modismos, até como forma de agradar leitores.

Talvez, e isto é apenas uma hipótese, esse culto à Egrégora, tenha surgido até como um meio de querer imprimir à chamada "Cadeia de União" - esta sim, uma verdadeira e reconhecida prática maçônica - um caráter de maior requinte.

Cumpre lembrar que a prerrogativa da promoção da "Cadeia de União" na Maçonaria, obedece a um critério particular de acordo com a Potência Maçônica, bem como do Rito de que dela se vale.

Seu significado simbólico está atrelado a algumas situações e ritos.

Para o *Rito Escocês Antigo e Aceito*, que se constitui amplamente, no mais praticado aqui no Brasil, a "Cadeia de União"  é basicamente  evocada para a transmissão da Palavra Semestral, cuja finalidade administrativa é a de conferir o nível de regularidade do Maçom, no que tange à sua frequência em Loja, porém executada de maneira litúrgica e ritualística, como herança das corporações de ofício na Idade Média, (Cantarias) onde os Maçons Operativos davam-se as mãos formando uma corrente, e conforme o Rito, cruzando ou não os braços.

Esse costume que acabou sendo adotado pela Maçonaria Especulativa e cuja prática se materializa ao encerramento dos trabalhos de Loja - no caso da transmissão da Palavra Semestral - a mesma ocorre, a partir do Venerável Mestre e se resume apenas e tão somente aos Obreiros do Quadro.

Para o Grande Oriente de São Paulo, por exemplo, o Ritual de Aprendiz do R.'.E.'.A.'.A.'. prevê que a Cadeia de União trata-se de um adendo à Sessão Ordinária para a transmissão da Palavra Semestral podendo ocorrer somente no Grau de Aprendiz - ou alguma outra intenção que o Venerável Mestre repute justificável.

Cabe no entanto deixar claro que numa evocação da Cadeia de União não é cabível qualquer espécie de "Egrégora" e tampouco que se procedam quaisquer orações, rezas, cantos ou outras manifestações de caráter religioso, divinal ou transcendental.

São descabidas no arcabouço cultural e acadêmico maçônicos, práticas excêntricas que possam ferir a própria essência dialética da Sublime Ordem.

É inequívoco que interpretações distintas, ideias contraditórias e entendimentos difusos fazem parte da própria heterogeneidade humana, porém o Maçom deve sempre trazer consigo a marca de um Livre Pensador, apoiado antes de tudo no bom senso e no discernimento, como legítimos instrumentos de sua caminhada.






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