As tecnologias modernas, como aplicativos de geolocalização (Google Maps, Waze) e sistemas de posicionamento por satélite, desempenham uma função que outrora dependia exclusivamente de um dos maiores talentos humanos: nossa capacidade de reconhecer padrões, um pilar fundamental de nossa inteligência.
Nossos ancestrais cruzavam oceanos e continentes guiando-se pela observação do Sol, das estrelas, das correntes marítimas e até do comportamento de aves migratórias. Registros como o relato bíblico da pomba liberada por Noé (Gênesis 8:6-12) mostram que aves eram usadas para encontrar terra firme. Marinheiros polinésios navegavam detectando variações sutis nas correntes marítimas e ventos, enquanto exploradores terrestres criavam mapas mentais baseados em montanhas, árvores e rios.
A origem dos pontos cardeais remonta à observação solar. Um ancestral notou que o Sol nascia sempre no mesmo lado do horizonte e se punha no oposto. A partir disso, definiram-se os quatro pontos cardeais. O termo "Cardeal" vem do latim cardinalis ("principal"), e suas raízes etimológicas no protoindo-europeu (PIE) refletem a percepção humana dos ciclos naturais: "Leste" tem origem no termo PIE que significa "alvorada". "Oeste" é derivado da direção oposta, associada ao poente e ao período vespertino. "Norte" vem de um termo PIE que significava "esquerda", pois, ao observar o Sol nascente, essa direção ficava à esquerda. "Sul" está relacionado à palavra "Sol", já que, no Hemisfério Norte, o Sol ao meio-dia se posiciona ao Sul. Outra palavra para Sul é "meridional", que também se refere ao meio-dia e tem origem latina.
Com um gnômon, uma vara cravada no chão, um dos primeiros instrumentos astronômicos, era possível calcular a posição do Sol. Ao meio-dia, em qualquer lugar ao norte do Trópico de Câncer, o Sol está na direção sul, portanto, a sombra de um objeto aponta para o Norte.
Sistemas globais de navegação por satélite, como o GPS ou GNSS, revolucionaram nossa capacidade de posicionamento e localização, mas, por outro lado, nos distanciam cada dia mais de nossas habilidades ancestrais.
Referência bibliográfica:
- DETONI, Daniel. Disponível em: <https://super.abril.com.br/coluna/oraculo/como-surgiram-a-ideia-e-os-nomes-dos-pontos-cardeais>. Acesso em: 9 fev. 2025.
- GALDINO, Luiz. A astronomia indígena. São Paulo: Nova Alexandria, 2011. ISBN 978-85-7492-278-2.
- ROONEY, Anne. A História da Astronomia: Dos planetas e estrela aos pulsares e buracos negros. São Paulo: M.Books do Brasil Editora Ltda., 2018.
- RIDPATH, Ian. Eyewitness Companion: Astronomy. São Paulo: Jorge Zahar Editor Ltda., 2007.
- CLARK, Stuart. How the Stars Have Shaped the History of Humankind. São Paulo: Universo dos Livros, 2020.
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