Você já experimentou perguntar-se a si mesmo se a Indulgência pode ser interpretada como uma espécie de alvará oferecido pela Igreja como forma de perdoar pecados ou de amortizar dívidas contraídas pelo comportamento que atenta contra a própria moral estabelecida através de códigos consagrados pela sociedade ?
Pois é, mais ou menos por aí que a Quarta Feira de Cinzas incorpora seu significado.
Apesar do Carnaval no Brasil exortar a alegria através da música, da dança, da aglomeração de pessoas e dos desfiles e blocos, invariavelmente regados a muita bebida e outros ingredientes, é impossível desassociá-lo do lado obscuro do comportamento humano.
Essa Quarta Feira portanto, é algo como se a Igreja tivesse que ligar um sinal de alerta e puxar o freio das atitudes humanas que se deixam levar incontidamente pela lascívia e despudor, durante a festa da carne que se próspera durante ruidosos 7 dias.
A semana de Carnaval.
Tal qual uma varinha mágica, a Igreja interpõe estrategicamente um dia, logo após os festejos, para lembrar às pessoas que na Quarta Feira, as Cinzas devem se manifestar na mente humana, como uma sutil lembrança de que a vida é efêmera, breve e transitória, e que o caminho entre a Terra e Céu deve passar por um processo de purificação.
A Antítese desse processo é a confirmação da contrariedade e da insensatez que se travestem de arrependimento.
Na sede de provar esse sentimento, a pessoa se submete a um período de retratação, que obedece o nome de Quaresma.
Jejuar, orar, refletir e entregar-se a uma vida espiritual, tornam-se "lição de casa", pelo menos até a Páscoa.
O paradoxo desse esdrúxulo comportamento é uma tênue linha da ética e da moral, que mal se sustenta diante da débil oferta da Indulgência.
As cinzas continuam flanando no aguardo de arrependidos, que durante dias se esbaldam na Festa Pagã e ao término dela buscam a absolvição da Matriz, por quem os sinos dobram em sinal de compaixão.
E assim começa a Penitência, num país sobejamente cristão, mas que traz consigo o Carnaval como manifestação primitiva e degradante do comportamento de muitos.
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