A ligação do ser humano com Deus é transcendental. Desde sempre e para sempre. Essa ligação é tão forte que o homem primitivo a associou inicialmente ao fogo.
Com o despertar gradativo da consciência, o homem foi criando formas para traduzir esse anseio espiritual de relacionamento com a divindade. Assim, ao longo do tempo, foram surgindo as religiões, que procuraram identificar e canalizar esse anseio de uma forma que permitisse a ligação do homem com o mais elevado.
Mas, infelizmente, as religiões acabaram se transformando em meios de dominação, que longe de proporcionar a conexão espiritual – finalidade lógica de sua existência –, acabaram se constituindo em novas formas de opressão. A religiosidade, que simboliza a ligação do ser humano com seu Criador, quando dogmatizada e ritualizada, por meio da repetição automática de atos e procedimentos, acaba por engessar a mensagem espiritual sob a forma da massificação. Apesar disso, cada religião, a seu tempo e hora, conseguiu manter a esperança de se atingir a evolução espiritual.
Nesse campo, a evolução representa a busca pessoal pela ligação com Deus. A formação católica, que ainda está presente na maioria da população brasileira, quando deixou de estimular o crescimento espiritual, inadvertidamente passou a dar espaço para outras denominações religiosas. No meu caso, me distanciei da Igreja e aflorei minha religiosidade, enquanto me afastava da religião católica propriamente dita. Por meio do estudo, da observação e da prática, pude chegar hoje ao que eu chamo de minha religião pessoal, constituída de uma filosofia intrínseca de práticas que são o resultado de um caldeamento de tudo o que vi e vivi. Ela me permite uma visão particular e uma certeza: a presença de Deus está em mim, em tudo e em todos.
Deus está presente, meus irmãos. Essa certeza naturalmente orientará todos para um procedimento que, gradativamente, não permitirá nenhum desvio de comportamento. O conhecimento da reencarnação, concedido por Deus, nos proporciona o meio de contribuição de cada um para sua própria evolução, e implica necessariamente em um compromisso consciente.
Daí se chegará ao estado de integridade: o ser será íntegro, inteiro, completo. E essa completude proporcionará o senso da responsabilidade e dos compromissos com Deus, consigo mesmo e, por consequência, com toda a humanidade.
Os ensinamentos só produzem frutos na medida em que são praticados. Os homens que ignoram esse fato trabalham para obter riqueza e poder, porém os bens materiais existem para uma vida somente, e portanto, são efêmeros como espuma. Há coisas muito maiores, e quem as alcança não desejará o que for passageiro.
O processo evolutivo da humanidade se desenvolve por meio da caminhada reencarnacionista a que todos os seres estão submetidos naturalmente. Há resistência no entendimento dessa caminhada, provocada pela influência de diversas religiões que contribuem para embaçar nossa visão de mundo. Muitas se declaram detentoras da verdade e procuram impô-la aos seus adeptos, que, por sua vez, também procuram enfiá-la goela abaixo de quem se opuser aos seus desígnios.
O que deduzo disso tudo é que cabe a cada um de nós buscar e encontrar o seu próprio caminho. Para isso é preciso coragem e determinação. Cada pessoa é única, original. A caminhada pode ser coletiva, mas a jornada deve ser individual.
Esse é o princípio que norteava o ensinamento filosófico de Sócrates. Ele acreditava que temos dentro de nós tudo o que precisamos saber. Só é preciso que essa sabedoria seja extraída, isto é, que seja trazida à luz, através de um processo semelhante a um parto. E que cada um seja o seu próprio mestre.
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