LIBERDADE É RENASCER-SE COM O FERVOR DAS QUATRO ESTAÇÕES
Pessach é o nome hebraico da Páscoa judaica, que significa "passagem". É uma das principais celebrações do judaísmo, que relembra a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito. O ponto central das celebrações modernas da Pessach é o Sêder, uma refeição ritual que comemora a fuga dos israelitas da escravidão no Egito. O Sêder é realizado após o anoitecer na primeira noite de Pêssach.
A palavra Sêder significa "ordem". O Sêder é um banquete altamente estruturado. Cada Sêder é diferente e é regido pelas tradições da comunidade e da família. O Sêder nos serve: Matzá (pão ázimo), maror (ervas amargas), karpás (cebola ou batata), charósset (maçãs, peras e nozes liquidificadas ou raladas), betsá (ovo cozido), zeroá (pescoço ou asa de frango) e, também, quatro taças de vinho.
A Pessach evoca a memória de Moisés. Foi ele que, segundo o Livro do Êxodo, recebeu de Deus a missão de libertar os israelitas da opressão do faraó e, pelos próximos 40 anos, guiá-los até a Terra Prometida. O Livro de Números (Números 15:38-41), conta que quando o povo de Israel saiu do Egito, e da escravidão, ainda no deserto, Deus manda Moisés dizer aos filhos de Israel que no canto de suas vestes façam borlas... para que se lembrassem que pertenciam a Deus, e lembrar-lhes dos mandamentos e praticá-los.
O poder das Tsitsit (franjas ou borlas) que são colocadas nas extremidades das vestimentas de alguns judeus como um mandamento da Torá, repousa na perene lembrança dos mandamentos divinos e são comumente usadas em talit, um manto de oração judaico. O Livro de Deuteronômio (Deuteronômios 22:12), traz a determinação de Deus: “Farás borlas (franjas) nos quatro cantos do manto com que te cobrires”, significando que em qualquer uma das direções (norte, sul, leste e oeste) que os israelitas se voltassem, as borlas os tornariam conscientes da presença de Deus.
A Páscoa Cristã está centrada na figura de Jesus. É uma das festividades mais importantes para o cristianismo, pois representa a ressurreição de Jesus Cristo, o filho de Deus. A data é comemorada anualmente no primeiro domingo após a primeira lua cheia que ocorre no início da primavera (no Hemisfério Norte) e do outono (no Hemisfério Sul). A Páscoa é interpretada como a passagem para novos tempos e novas esperanças para a humanidade.
Desse ponto de vista, foi por meio da ressurreição que a humanidade teve a redenção de seus pecados. Jesus Cristo, portanto, voluntariamente sacrificou-se para redimir a humanidade e dar-lhe uma nova chance de salvação. Uma vez realizado o sacrífico, o poder de Deus teria se manifestado. Para a teosofista e escritora russa Helena Blavatsky, a Páscoa é a estação espiritual da purificação e da libertação.
“É uma época para grande celebração, e não de lamentações. É um tempo em que a energia da música e das flores pode ser descoberta pelas pessoas que são sensíveis a ela. Para a maioria das pessoas, incluindo os aprendizes dos mistérios e os discípulos, as energias celestiais do equinócio eram festejadas por “reflexo” no dia da lua cheia, afirma historiadora, pesquisadora e terapeuta holística Helena Gerenstadt.
A Páscoa, no caminho esotérico, é como uma virada de ano espiritual, porém é mais voltada para dentro de si, com introspecção, presença e conexão. É vista como uma oportunidade para renascer, transformando-se interiormente. Os símbolos da Páscoa, como o ovo, o cordeiro e a cruz, são interpretados como portais de significado. No Hermetismo, o “ovo do mundo” é também o símbolo da criação cósmica – o início de tudo que existe.
O Simbolismo do Ovo representa o potencial divino oculto em todas as coisas – uma capsula de luz que guarda a essência da alma prestes a emergir. Quebrar o ovo representa o rompimento das barreiras do ego para que a luz interior possa nascer. Na Europa medieval, o ovo representava o nascimento da vida após o inverno e era consagrado em festividades ligadas à deusa da primavera, Ostara.
O Simbolismo do Cordeiro tem sua origem profundamente arraigadas nas culturas judaica e cristã. Foi o sangue do cordeiro que protegeu os judeus das pragas que assolaram o Egito, passando a ser um símbolo da redenção e da libertação. Já os Cristãos, o cordeiro representa o espírito que se entrega à evolução, se oferecendo em sacrifício para despertar o coletivo. Jesus é o cordeiro que entrega por amor a humanidade.
O Simbolismo da Cruz representa o ponto de encontro entre a matéria e o espírito. O eixo vertical é o céu, o divino. O eixo horizontal é o mundo terreno. A crucificação do Crista é vista com ato iniciático – a morte do ego e a ascensão do Eu Superior. É a passagem simbólica que todos nós somos chamados a fazer: carregar a própria cruz significa aceitar os desafios como parte do caminho de iluminação.
O Simbolismo do Renascimento representa o despertar da consciência, uma nova fase da jornada na qual nos libertamos de padrões antigos e nos alinhamos com a verdade interior. A alma, após enfrentar seus próprios infernos, emerge renovada – mais próxima de sua essência divina. Este processo cósmico é visto em todo o orbe terrestre: Osiris no Egito, Dionísio na Grécia, Krishna na Índia etc. – morrem e renascem iluminando a humanidade.
Para alcançar esta iluminação, é preciso viver simultaneamente as quatro estações do ano a cada dia. Deve-se combinar a confiança e a capacidade de aprender, características da primavera, com a força e a coragem do verão, que corresponde à juventude. A maturidade do outono está associada à sabedoria e à humilde renúncia que são típicas do inverno. O ciclo inteiro é sagrado, e cada Páscoa celebra o seu conjunto.
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