janeiro 09, 2021

MAÇONARIA - Reflexões e curiosidades...- 3

 "Sic transit gloria mundi"

"A Evolução é a lei da vida. O número é a lei do Universo. A unidade é a lei de Deus" (Pitágoras)

A Grande Loja (dos Antigos) de 1751 foi fundada pela unidade formada pelas seguintes Lojas:
1. The Turk's Head (Cabeça de Peru) de Greek Street, Soho.
2. The Criple (O Coxo) de Litle Britsin.
3. The Cannon (O Canhão) de Water Lane, Fleet Street.
4. The Plaister' Arms (Braços de Gesso) de Grays Inn Lane.
5. The Globe (O Globo) de Bridges Street, Covent Garden.

"A mais sublime de todas as Instituições é a Maçonaria, porque prega e luta pela Fraternidade que cultiva com devotamento, porque pratica a Tolerância; porque deseja a Humanidade integrada em uma só Família, cujos seres estejam unidos pelo Amor dominados pelo desejo de contribuir para o Bem do próximo , é uma honra para mim ser Maçom". Abrahan Lincoln.

"...a Ordem DeMolay vem realmente ocupar um espaço desejado e sonhado por toda a sociedade, e que na tem similar em outras organizações..."

A Palavra Semestral foi criada pelo Grande Oriente de França em 3 de julho de 1777.

"A razão é o único fundamento de nossa certeza e que, crer na divindade das escrituras ou no sentido divino de qualquer de suas passagens sem prova racional ou evidente consistência, é lamentável credulidade. John Toland

"A unificação da Maçonaria se fará no momento em que as potências de conformação confederativa anuírem ao sistema federativo, de modo a que se venha constituir uma única instituição, a Federação Maçônica Brasileira". Ir Luciano Ferreira Leite

A famosa Loja Quatuor Coronati nº 2076 pioneira em pesquisas, no mundo, foi consagrada em Londres - Inglaterra no ano de 1884

"Afinal, ser Maçom é buscar a verdade, Ser Maçom é lutar em prol da liberdade, Ser Maçom é querer tudo Justo e Perfeito!" . Ir Gióia Junior - SP

"A Maçonaria de 1717 esqueceu a máxima medieval. Quando reina o espírito, não há necessidade de leis." Christian Jacq

janeiro 08, 2021

MAÇONARIA - Reflexões e curiosidades...- 2

         


         O que se deve é dignificar o ser Humano em todos os aspectos respeitando             os     seus direitos as conquista do seu trabalho, de sua cultura, inteligência e          valores     espirituais. Essa é a senda certa para a boa vontade e o almejado          entendimento     entre os homens, os povos e as nações.

"Eu não tive a sorte de conhecer muito sobre a Maçonaria, em compensação, tenho o grande prazer de conhecer muitos maçons, e por isso julgar a árvore pelos seus frutos. Eu conheço vossos altos ideais. Tenho visto que vocês, em suas sessões, têm a presença da Bíblia aberta, e eu seu que homens que observam tal formalidade possuem um elevado sentimento de cidadania, de palavra e de caráter. Isso representa a força da nossa comunidade e nação ". Calvin Coolidge Presidente dos USA

"Não se pode, na realidade, conceber a Maçonaria afastada e longe dos ideais democráticos inseridos nas Constituições e que se traduzem no combate à ignorância, à hipocrisia e ao fanatismo e nos seus fins supremos: Liberdade, Igualdade e Fraternidade". Ir Luciano Ferreira Leite

“No caos das superstições populares, existiu uma instituição que sempre preservou o homem de cair na brutalidade absoluta:- Foi a dos Mistérios”. Voltaire.

"Poderá ser destruído este Templo, mas não os nossos corações. Poderão proibir nossos encontros, mas não nossa unidade em espírito. Poderão nos proibir de dizer que somos maçons, mas não que nós o somos. Seja bendito Templo Maçônico. Tu és, quando todos estiverem acorrentados, o único lugar de liberdade nesta Terra desolada". Johann Henrich Bernhard Draseke.

Se sabemos, vamos, colocar em prática esse magistral lema:- "Nosso Grande mérito, não é um dias sermos maçons, mas, sim, sermos aceitos e declarados legitimamente, pelos nossos semelhantes como dignos e notáveis dessa proeza". T. S. Maia

"Todo o processo iniciático tem um ponto comum, em torno do qual a totalidade das escolas iniciáticas trabalham: trata-se da transformação que deve ocorrer quando —morrendo (simbolicamente) o “velho homem” (passional, dominado pelos vícios, pelas paixões e pelos apegos grosseiros de sua condição inferior e materialista).., nasce um “novo homem”. Ir Darley Worm

"Um grupo de ex-Veneráveis de uma Loja constitui o Conselho de Veneráveis Mestres Instalados da mesma, sendo sua função primordial, presididos pelo Venerável Mestre, instalar o sucessor devidamente eleito, na Cadeira do Governo da Loja, e outorgar-lhe o grau respectivo." Ir:. Kurt Max Hauser

“Um Maçom é obrigado, por sua dependência à Ordem, a obedecer à Lei Moral; e se entende corretamente o Ofício, nunca será um estúpido ATEU nem um LIBERTINO irreligioso"... Ir. Ambrósio Peters

Uma referência:- O ano 2002 A.D. (ano Dominni) corresponde ao 6000 A.L (ano Luz)

"Un Roi, Une Loi, Une Foi" (um só rei, uma só lei, uma fé), Bossuet Da corte de Luiz XIV

janeiro 07, 2021

MAÇONARIA - Reflexões e curiosidades...- 1



 "A Maçonaria é a entidade mais sublime que conheci. É uma Instituição Fraternal, na qual se ingressa para se dar e que procura meios de fazer o bem, exercitar a beneficência, como um dos processos para se conseguir a perfectibilidade objetiva. Será extraordinariamente esplêndido se a maioria dos gênios da ação e do pensamento pertencerem à Maçonaria”. Voltaire.


A Maçonaria é a melhor oportunidade de melhorar o mundo. Nenhum Maçom é tão pequeno que não possa fazer algo pela Humanidade.

"A Maçonaria é um fato da natureza, e sendo um fato da Natureza, seus fenômenos, ensinamentos e práticas têm que se repetir - em e dentro do corpo humano, templo vivo de Deus".

"A Maçonaria prega e exercita o culto à Fraternidade e esse princípio é cristão". Ir. Rizzardo da Camino

As Sete Ciências dos Maçons Operativos são divididas em Trívio, considerada divisão inferior das artes liberais, abrangia a gramática, a retórica e a dialética. E Quadrívio abrangendo a Aritmética, a Geometria e Música e a Astronomia.

"Cujus regio eius religio" (a religião do rei é a religião do súdito) Da corte de Luiz XIV

"Como podes ver, a fraternidade, não te oferece nada, além do teu próprio ser. Mas... se achares que tudo isso ainda é pouco, esqueça-te de ti... e a Fraternidade te dará a humanidade com a sua grande verdade de ser “Uma Unidade No Todo” G. F. Bran

"De onde vindes como maçom?" - Do ocidente! "E para onde vos dirigís?" - Para o oriente! "E o que vos induziu a deixar o ocidente e dirigir-vos para o oriente?" - Buscar um mestre e dele obter instrução!”

"Embora nos tempos antigos os Maçons fossem obrigados, em todos os países, a seguir a religião de seu país ou da nação, qualquer que fosse ela, considera-se hoje mais conveniente obrigá-los unicamente para com a religião com a qual todos estão de acordo, deixando a cada um as suas opiniões pessoais...” Ir. Ambrósio Peters

É fundamental para que você cuide de si mesmo, armazenar energias para poder enfrentar cada dia da sua vida, com ânimo, com alegria, determinado a superar todas as adversidades, para realizar os seus desejos, renovar esperanças. Vibre, aposte sempre em você não abra mão dos seus sonhos e desejos, mas sem nunca se esquecer de que você é você mesmo, a pessoa mais indicada para realizá-los, creia sempre num ente supremo, assim você estará desfrutando intensamente cada dia de sua vida

Em Fulda, na Alemanha, surgiu uma discussão acerca do nome a ser dado para uma nova universidade. 0 primeiro nome sugerido foi o do professor Karl Ferdinand Braum, inventor do tubo de imagem da TV, que tinha ganho um Prêmio Nobel. Surgiu um protesto com a alegação de que ele seria maçom. Finalmente a Universidade recebeu o nome do Barão von Stein, que é conhecido corno o Pai da autonomia local. Ele foi maçom devotado. Mais tarde, descobriu?se que o professor Braun nunca foi maçom.

Em 1809, nos tempos críticos da Prússia, Johann Henrich Bernhard DRASEKE falou em sua Loja o seguinte: "Poderá ser destruído este Templo, mas não os nossos corações. Poderão proibir nossos encontros, mas não nossa unidade em espírito. Poderão nos proibir de dizermos que somos maçons, mas não que nós o somos. Seja bendito Templo Maçônico. Tu és, quando todos estiverem acorrentados, o único lugar de liberdade nesta Terra desolada".

Enciclicas papais contra a Maçonaria:-
1ª - “ In Eminenti Apostolatus Specula ” editada em 4 de maio de 1738, pelo Papa Clemente XII.
2ª - “ Providas Romanorum Pontificum” de 18 de maio de 1751, do Papa Bento XIV.
3º - “ Eclesiam a lesu Christo ” de 13 de setembro de 1821, de Pio XII

janeiro 06, 2021

NUNCA DESISTA DE SEU FILHO



Encontramos cada vez mais frequentemente nas famílias aquele jovem de cabelos caídos sobre os olhos, calças largas com o fundo na altura dos joelhos, camisa folgada e o olhar voltado para o chão. Num estranho paradoxo, ao tempo em que não quer ser notado, chama atenção pela forma de se vestir e se comportar.

Afinal de contas, como entendê-los? Como se aproximar desse jovem que tenta se isolar do mundo embora se movimente em meio aos demais familiares?

Ele quase não fala. Emite monossílabos, afirmando ou negando, quando questionado sobre algum assunto que lhe diz respeito.
 
Embora difíceis de entender e de amar, são jovens que de alguma forma estão pedindo socorro, desejam que alguém os ajude a sair da concha na qual se colocaram na tentativa de fugir da realidade.
 
Apesar da situação difícil, os pais conscientes não deixam de semear no solo da inteligência deles e esperam que um dia suas sementes germinem.
 
Durante a espera pode haver desolação, mas, se as sementes são boas, um dia germinarão, mesmo que os filhos tomem o caminho das drogas, desrespeitem a vida e não parem em emprego algum.
 
Talvez alguns pais estejam vivendo uma situação dessas.
 
Seus filhos estão vivendo profundas crises. Eles recusam um tratamento e são indiferentes às lágrimas das pessoas que os amam.
 
O que fazer, então? Desistir deles? Certamente não, mas comportar-se como o pai do filho pródigo.
 
O filho desistiu do pai, mas o pai nunca desistiu do filho.
 
O filho partiu, mas o pai aguardou. O pai esperava diariamente que ele aprendesse na escola da vida as lições que não aprendeu com seus conselhos amorosos.
 
Por fim, a grande vitória. A dor rompeu a casca das sementes que o pai plantou e lapidou silenciosamente a personalidade do filho.
 
Ele voltou. Adquiriu profundas cicatrizes na alma, mas estava mais maduro e experiente. O pai não condenou o filho injusto, mas fez-lhe uma grande festa.
 
Ninguém compreendeu. Mas não é necessário, pois o amor é incompreensível.
 
Seguindo o exemplo do pai do filho pródigo, citado na parábola, jamais deveremos abandonar a batalha da educação.
 
Podemos chorar, mas jamais desanimar. Podemos nos ferir, mas jamais deixar de lutar.
 
Devemos ver o que ninguém vê. Enxergar um tesouro soterrado nas rústicas pedras do coração dos nossos filhos indiferentes.

Nunca desista de seu filho!
 
Quanto mais rebelde, mais necessita do seu aconchego.
 
É sempre bom lembrar que sob essa aura de rebeldia do jovem ou do adolescente, tem uma criança frágil pedindo socorro.
 
Se os pais desistirem dele, quem lhe dará atenção e carinho?
 
Quem irá recebê-lo quando, um dia, açoitado pelas tempestades da vida ele retornar, sofrido, com profundas cicatrizes na alma, mas ainda menino?
 
Sim, aquele menino que um dia você segurou nos braços com tanta ternura...
 
Pense nisso, e nunca desista de seu filho

janeiro 05, 2021

O QUE OLHA O OLHO QUE TUDO VÊ

 



Do antigo Egito, muito antes de os autores do Antigo Testamento escrevessem suas primeiras linhas. O olho que tudo vê, é principalmente o Olho de Hórus, também chamado de Olho Oujdat (completo). Vamos dar uma olhada na história.

Enciumado com de seu irmão, Seth mata Osíris a quem decepa em pedaços; mas Isis, a esposa do Faraó, consegue restaurar seu corpo e devolver-lhe a vida, em tempo de conceber Hórus. Mais tarde, durante uma luta pelo poder, Seth arranca o olho esquerdo de Hórus. Daí a intervenção do deus Thoth para restaurar a integridade física do filho de Osíris.

O olho de Hórus tornou-se assim o símbolo da vitória do bem sobre o mal – que Seth representa. Os egípcios o representavam por um desenho estilizado misturando o olho do falcão e o olho humano. Símbolo da vida, da integridade, da sorte, da vitória da luz sobre as trevas, o Olho de Hórus aparece em medalhões, esculturas, pinturas em todo o Egito antigo; ele define a natureza sagrada do faraó. Para ter uma melhor visão do mar, os marinheiros o pintam na proa de seus barcos.

Se os judeus ignoraram Hórus e seu olho mítico, não se interessando a não ser nos “olhos do Eterno sobre os justos” (Salmo 34), os gregos fazem do filho de Osíris o deus criança Harpócrates, com virtudes tão numerosas quanto indefinidas. Os cristãos, por sua vez, deixarão passar os séculos antes de associar com um mesmo grafismo um triângulo e um olho que tudo vê, então dito Onisciente.

Foi durante o período medieval, especialmente no século XVII, que este símbolo foi introduzido nas catedrais e outros edifícios religiosos da Igreja Católica Romana; ele está, portanto, presente nas catedrais de Aix-la-Chapelle e Chartres; na igreja Saint-Roch em Paris, ou na Capela Real de Versalhes. Sob uma forma muito diferente daquela do olho de Hórus; trata-se de um triângulo equilátero contendo um olho sem cílios ou pálpebras, olhando nos olhos do observador. Nuvens, raios de luz destacam a ilustração.

O triângulo é como se fosse um símbolo da Trindade, o olho é o do Ser Supremo observando sua criação. Diante do crente, o triângulo mostra a porta da Jerusalém Celestial e a comunhão do homem com seu Deus.

Quando se pensa do olho que tudo vê, não se pode deixar de pensar as últimas linhas de um poema de Victor Hugo (A Consciência) relatando os últimos momentos de Caim, o assassino de seu irmão:

Quando ele estava sentado em sua cadeira na sombra

E que se fechou sobre sua fronte o subterrâneo,

O olho estava no túmulo e encarava Caim.

Note-se que em um uso secular, o pintor Jean-Jacques Le Barbier colocou – em 1789 – um delta luminoso contendo o olho que tudo vê em sua ilustração da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, entre a Monarquia, que detém as cadeias quebradas de tirania, e o Gênio da Nação, que carrega o cetro do poder.

• Para mais informações consulte: O Dicionário de Símbolos, de Jean Chevalier e Alain Gheerbrant (R. Laffont, 1969), bem como qualquer livro escolar sobre o Egito antigo.

© Guy Chassagnard – chassagnard@orange.net- Todos os direitos reservados

- Veja mais em: http://www.gadlu.info/miscellanea-macionica-que-regarde-loeil-qui-voit-tout.html#sthash.NXLYh0QI.dpuf

 

janeiro 04, 2021

OS PADROEIROS: S. João Batista e S. João Evangelista


Na abertura dos trabalhos de uma Loja, quando o VM declara: ” - A Glória do G:.A:.D:.U:. e em honra a S. João, nosso Padroeiro”, a questão que surge naturalmente é: qual S. João é o padroeiro da maçonaria, uma vez que existem vários, como por exemplo: São João Batista; S. João da Escócia; São João de Patmos,  o autor do Apocalipse e tradicionalmente identificado como sendo São João Evangelista; São João Crisóstomo;  São João, o Jejuador;  São João Clímaco e pelo menos outros dez santos com o mesmo nome.

Existe um consenso de que nossa Ordem tem DOIS padroeiros que seriam  São João Batista e São João Evangelista, sobre os quais iremos discorrer. O nome João significa “Deus é propício”.

“Sou a Voz que clama no deserto: aplainai o caminho do Senhor”

Vestido simplesmente com uma pele de cordeiro atada com um cinto de couro batizava (batismo significa banho) multidões no Rio Jordão mergulhando suas cabeças nas águas do rio para limpa-los espiritualmente. Segundo nos relata o Livro da Lei, S. João Batista era filho de Isabel, prima de Maria e, portanto primo segundo de Jesus Cristo. Ele dizia ser “a voz que clama no deserto: aplainai o caminho do Senhor”. Essa citação aparece em todos os Evangelhos: Isaías 40:3; Mateus 3:3; Marcos 1:3; Lucas 3:4 3 João 1:23.

 Foi o primeiro a identificar Jesus como o Salvador. Quando Jesus apareceu para ser batizado João disse que não era digno sequer de atar as suas sandálias, mas ante a insistência do Nazareno procedeu ao batismo e consta que ouviu-se uma poderosa voz que disse “esse é meu Filho amado sobre o qual ponho toda minha complacência”.

Comemora-se o seu dia em 24 de Junho, solstício de Câncer ou de inverno (no nosso hemisfério) data que coincide com a fundação da Grande Loja da Inglaterra em 1717.

 Há dois solstícios no ano, em junho e dezembro e significam o início das estações, inverno ou verão. No hemisfério sul as datas variam entres 21 a 24 de Junho para o solstício de inverno e 21 a 24 de dezembro para o solstício de verão. No hemisfério norte é o contrário.

 Nas culturas antigas, o solstício de inverno, o dia mais curto do ano, a partir de quando a duração do dia começa a crescer, simbolizava o início da vitória da luz sobre a escuridão. Com o tempo essa data passou a simbolizar o Natal, como forma de incorporar essa festa pagã nas novas comunidades cristãs.

São João Evangelista, o Teólogo

Foi o discípulo mais jovem e consta ter sido o mais amado por Jesus. Foi o único que acompanhou Cristo até a sua morte. O Evangelho de João menciona que Jesus confiou sua mãe Maria aos seus cuidados, antes de seu sacrifício.

Foi o autor do quarto Evangelho, de três Epístolas e do Apocalipse. O seu Evangelho difere dos outros três, pois enfoca mais o aspecto espiritual de Jesus, ou seja, a vida e a obra do Mestre em comunhão e meditação.

Apesar de muitas vezes perseguido e martirizado a tradição diz que viveu puro e casto até o fim de seus dias e a sua vida é um exemplo de inocência, lealdade, amizade e dedicação à obra de Jesus. Recebeu da Igreja o título de “Teólogo”.

Comemora-se a sua data em 27 de Dezembro, que coincide com o nosso solstício de verão, ou de inverno no hemisfério norte. Também chamado de Solstício de Capricórnio.

O Apóstolo escreve em João 3:5 “Em verdade, em verdade, vos digo, quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino do Céu”, e isso remete ao ritual de nossa iniciação. O nascimento na Terra, a purificação pela água e pelo fogo (espírito) e a ascensão (ar) ao Reino, transformando o homem comum em um maçom justo e perfeito, pronto para a construção do Templo Interior em Honra e Glória ao G:.A:.D:.U:.

janeiro 03, 2021

MEMÓRIAS ESPARSAS DE SOROCABA - 15

 

Estas crônicas são publicadas em dois grupos de Facebook, no Lembranças de Sorocaba e no Michael Winetzki, meu pessoal, para o qual estão todos também convidados. Fico feliz com a repercussão que têm tido e com tantos amigos de juventude que reencontrei. Mas a crônica a respeito do Chico de Paula, na qual elogiei a sua culinária e de seu companheiro na época, o Moises, acabou gerando mensagens de curiosidade a respeito de que tipo de comida eles faziam. Eu copiei algumas receitas deles e fiz em casa, adoro cozinhar. Não ficou exatamente igual, faltou aquele toque de gênio, mas ficou muito bom mesmo. Então presenteio os leitores com essas receitas exclusivas autorizando a reprodução, mas pedindo que, por favor, não mudem os nomes, em respeito à autoria de ambos.

Talharim à moda do Chico

Aqueço três colheres de sopa de óleo e frito duas cebolas médias picadas em rodelas e dois pimentões verdes picados. Quando estiverem fritos junto seis colheres de sopa de purê de tomate e três cubos de caldo de galinha e deixo cozinhar por cinco minutos. Dissolvo duas colheres de maizena em água fria e acrescento ao cozimento deixando ferver por mais alguns minutos. Acerto o sal. Adiciono uma xicara de catupiry e despejo em um pirex sobre o talharim pré cozido. Decoro com salsa e se desejar com queijo parmesão ralado e azeitonas pretas. Levo ao forno por 20 minutos ou até dourar. Eles sempre faziam essa massa, artesanalmente, em casa, então segue a receita da massa.

Talharim artesanal à moda do Mói

Bato dois ovos, uma colher de sopa de azeite e coloco sal a gosto. Sobre uma superfície lisa vou acrescentando farinha e misturando até dar o ponto. O ponto é quando a massa não gruda mais na mão. Faço duas bolas e vou abrindo com um pau de macarrão (uma garrafa também dá), sempre acrescentando farinha e abrindo até que fique na espessura desejada, mais grossa ou mais fina. Quando atingir essa espessura deixo a massa aberta, vou regando com farinha, e com uma faca corto na largura desejada. Fica meio irregular, mas é o charme da massa artesanal.

Pescada à moda do Chico

Tempero oito files de pescada com sal, pimenta do reino e limão. No liquidificador bato meia lata de pomarola, meio copo de requeijão e meio vidro de leite de coco. Coloco em uma assadeira uma camada de molho, em seguida os filés e outra camada de molho. Levo ao forno por dez minutos. Eu fiz essa receita também colocando fatias de muçarela sobre a camada final de molho. Ficou bom. Já fiz com outros peixes também.

Pão recheado à moda do Mói

Coloco 50 gramas de fermento de pão em uma xícara de leite e deixo por quinze minutos. Após adiciono uma colher de açúcar e bato no liquidificador com um ovo, meia xicara de óleo e uma colher de sal. Misturo com duas xícaras de farinha de trigo, (se for necessário acrescento mais farinha até dar o ponto). Cubro a bola resultante com um pano úmido e deixo descansar por quinze minutos antes de abrir a massa. Depois abrir, rechear, fechar em forma de pãozinho redondo, pincelar com gema de ovo e assar em forno médio até dourar. Para o recheio misturo carne moída crua com tomate, cebola picadinha, cheiro verde, pimenta do reino, sal, muçarela, presunto e orégano.

Acho que pude dar uma vaga ideia das delícias das quais desfrutamos por tantos anos. O Mói ainda está por aí, é leitor destas crônicas, e deve estar fazendo tudo isso para o seu amor, a Aninha. Como amanhã começa o fim de semana, aproveitem e experimentem. Vão me dar razão.

janeiro 02, 2021

MEMÓRIAS ESPARSAS DE SOROCABA - 14

 

Em Sorocaba tínhamos entre outros considerados ricos os irmãos Dero e o Miltinho Metidieri e o Flavinho Barbero desfilando nos carrões da época. A gente os qualificava de “play-boys” mas eram rapazes de bom caráter desfrutando o padrão de vida que o trabalho dos pais lhes proporcionou. Mas o carro mais chamativo de minha época, na minha opinião, era o Karmann Guia transformado em boate do Luiz José Troy, que não era rico nem nada mas tinha um danado de um bom gosto.

Os costumes eram diferentes nos anos de ouro que descrevo. Ser rico ou pobre não qualificava as pessoas como melhores ou piores. Cidadãos costumavam ser julgados pelo caráter e não pela conta bancária, muito menos pelos “likes” nas redes sociais, que sequer existiam. Quando fui cursar faculdade em Petrópolis, entrava na fila na agência da CTB para ligar para a família em Sorocaba de um sólido telefone de ebonite preto, enquanto aguardava sucessivos por avisos de “os circuitos estão ocupados, queira aguardar alguns momentos” e esses momentos algumas vezes se estendiam por horas. Claro que existiam, como sempre existiram delinquentes em cargos públicos, mas naquela época as fortunas costumavam ser construídas por muito trabalho ao longo de muito tempo.

E o que é notável é que os ricos de Sorocaba investiram na sua própria cidade, construíram empresas e montaram indústrias, aplicaram na construção civil e em outras atividades e transformaram a pacata cidade do interior nesta fulgurante potência econômica em que se tornou.

janeiro 01, 2021

MEMÓRIAS ESPARSAS DE SOROCABA - 13


Memórias são como uma teia. Quando você puxa o fio de uma lembrança, surgem outras e mais outras, sem lógica alguma, sem cronologia. Ocorre uma sinapse e pronto, coisas das quais você não se recordava surgem em technicolor, com todos os detalhes, locais, nomes. Mas são personalíssimas, e em muitas ocasiões pessoas que estiveram conosco no mesmo episódio tem lembranças diferentes. Fiz um curso de Teoria Geral da Organização Humana do Professor Dr. Antonio Rubbo Muller da USP, que ensina a elaboração do quadro mental e de quantas variáveis existem de pessoa para pessoa na formação de nossas memórias. Então muitos dos leitores destas crônicas terão uma visão diferente dos fatos que relato e eu ficaria muito grato se pudessem me ajudar a completar as lacunas ou a corrigir, como estão fazendo, alguns enganos.
O jornalismo na minha época era muito informal. Embora a qualidade dos jornalistas fosse excelente, as redações eram abertas, qualquer pessoa podia entrar, sentar-se à mesa, conversar, trazer fatos ou contar fofocas. Eram muitas fofocas. Quando passei a dedicar meu tempo à Folha, o Rui, que era artista plástico além de excelente redator, fez uma credencial de jornalista e me presenteou com ela. Foi o passaporte para uma grande aventura.
Eu faltava muito às aulas, já contei por que, e copiava as matérias e estudava nos finais de semana. A credencial passou a representar atividades também neste período. Passei a ter acesso livre aos clubes, o Sorocaba Clube, o Recreativo, o Circolo, eventos, festas, etc. As TVs eram ainda uma realidade distante e rara da população naquela época e as mídias escrita e falada dos jornais e rádios eram proporcionalmente muito mais importantes do que são nos dias de hoje. Outro fato daquela[epoca é que os clubes eram muito mais ativos. Havia bailes, shows, eventos, praticamente todas as semanas, com grande afluência.
Um dia surge na redação um senhor que se apresenta como o mímico Ricardo Bandeira. Eu nunca tinha ouvido falar nele e não havia Google que pudesse nos informar. Mostra diversos cartazes de suas apresentações e várias deles em alfabeto cirílico, em idioma russo. Contou que tinha acabado de vir da Rússia onde ficou por algum tempo fazendo shows. Disse que falava um pouco de russo. Era um comunista romântico, tipo o Jorge Amado ou Oscar Niemeyer. Embora papai detestasse os comunistas, pelo fato de ele poder exercitar o idioma natal eu levei o sr. Bandeira para casa, onde ele ficou hospedado. Foi uma festa. Litros de vodka e contínuas gargalhadas pontuaram os dias seguintes. Consegui uma apresentação do mímico, se não me engano no Recreativo, com entradas pagas. Embora não houvesse tanto público foi maravilhoso. E hoje vejo no Google que ele foi considerado talvez o maior mímico do Brasil, um dos melhores do mundo. Ele me pagou uma comissão. Foi o primeiro e único cachê que ganhei na vida.
No meio da Rua Carlos Gomes, aquela travessinha ao lado da Catedral funcionava uma das mais famosas boutiques da cidade, chamada Sinhá, que pertencia ao casal Terezinha e Levy, um simpático senhor, talvez de origem francesa. Quem os apresentou a mim foi a Leila Puglia, nem me lembro por que, mas o que sei é que lá trabalhava uma linda jovem chamada Marlene Valdeliz. Por conta do seu encanto eu descia todas as tardes da redação para a boutique com a desculpa de tomar café, e só para revê-la. Como eu já comentei a credencial de jornalista me dava livre acesso a todo tipo de eventos na cidade e em certa ocasião eu a convidei para o carnaval dos americanos no Sorocaba Clube. Voltamos de madrugada, a pé, até a Rua Santa Catarina onde ela morava, já enamorados e ela se tornou dois anos depois a minha primeira esposa.
No buracão do Vergueiro, uma das primeiras obras foi uma Igreja Adventista, cuja construção foi comandada por um simpático pastor chamado Flávio Garcia. Como eu havia estudado alguns meses, no ginásio, no Colégio Adventista Campineiro em Hortolândia, (e destaco que a qualidade da educação adventista faz uma grande diferença na vida de um estudante) ajudei a fazer campanha para a construção da Igreja. Aquele enorme espaço vazio começava a desaparecer. O meu querido Romeu-Sergio Osório contou que da janela do quarto dele na Av. Barão de Tatuí ele via a Rua Humaitá por sobre aquele imenso descampado.
Além da disciplina do Colégio Adventista, de liberdade com responsabilidade que a gente carrega por toda a vida (hoje eu sei que é baseada na pedagogia de John Dewey), uma memória engraçada é de quando me candidatei ao coral da Colégio, que é famoso e proporcionava alguns privilégios como as constantes viagens para apresentações, fui fazer um teste com a maestrina Flávia. Depois de alguns solfejos ela, sorrindo, me disse, Michael você tem tudo para ser cantor, faltam só três detalhes. – Quais professora? Voz, ritmo e afinação.

dezembro 31, 2020

MEMÓRIAS ESPARSAS DE SOROCABA - 12

 




Alguns fatos divertidos da minha efêmera experiência de jornalista em Sorocaba merecem ser relembrados. O título é porque quase todos envolveram gente poderosa ou rica.

Em novembro de 1968 fui cobrir a inauguração do primeiro trecho da Rodovia Castelo Branco que naquela época tinha o nome de Rodovia do Oeste. Ia de São Paulo para lugar nenhum, um ponto qualquer chamado Torre de Pedra a meio caminho de Avaré e São Manuel, mas era uma boa alternativa para ir a São Paulo, que até então era acessada pela Rodovia Raposa Tavares em viagem que levava cerca de duas horas e meia nos excelentes ônibus da Viação Cometa. A Castelo tinha de ser acessada pela Éden, mesmo assim a viagem encurtava em uma hora. Lembro-me dos protestos dos sorocabanos porque o traçado inicial da estrada deveria passar bem próximo a cidade, e acabou passando por Itu. A visão do longo prazo do estadista acabou se revelando providencial pois duzentos mil veículos passando por dia em Sorocaba seriam uma tragédia viária e a Castelinho proporcionou o desenvolvimento de um grande parque industrial.

Está montado o palanque debaixo de um calor infernal. As autoridades suando em bicas em seus caros ternos e aquele enxame de “assessores” e convidados revoando em volta, mas o evento não começava, Como o governador Abreu Sodré já estava presente ninguém entendia a razão do atraso. Aí chega um Cadillac rabo de peixe, enorme, estaciona do lado oposto do palanque e desce um senhor troncudo. O senhor tira a camisa, o motorista abre o porta malas e tira uma camisa novinha, um paletó, e o passageiro se troca em frente a todos, na beira da estrada. Era Sebastião Ferraz de Camargo Penteado, o autor da obra, dono da Camargo Correa (o Correa já havia falecido há muito tempo), um dos homens mais ricos e poderosos do país.

Bem está na hora de começar. Discursos daqui, discursos dali, o mestre de cerimônias fazendo as apresentações até que chega a fala do governador, mais ou menos assim – “essa estrada que ora entregamos ao povo paulista é uma das obras mais importantes de nosso governo, blá, blá, blá”. Não sei dizer se quebrou o protocolo ou não, mas Camargo pega o microfone e com voz poderosa pontifica: - “esta estrada, construída pelo governador Ademar de Barros e inaugurada por V. Excia.” O choque foi tão grande que a cobertura do palanque onde se realizada a solenidade voou com o vento e a cerimônia acabou ali. Mas a Castelo continua firme e forte mais de cinquenta anos depois.

Laudo Natel se auto intitulava “o governador caipira” e uma das marcas de seu governo era despachar por um dia ou mais nas cidades do interior. Esteve algumas vezes em Sorocaba. Antes de ser governador foi diretor do Bradesco e presidente do S. Paulo FC, aliás, um dos responsáveis pela construção do Estádio do Morumbi. De fato, era um homem bastante cordato e simples. Morava próximo à casa de minha irmã no Pacaembu e eu o encontrei em uma ou duas ocasiões há alguns anos comprando pão numa padaria na Avenida Sumaré.

Mas numa destas visitas fui designado para acompanhá-lo e com a inconsequência da juventude colei no governador enquanto ele descia da redação do Cruzeiro, com toda uma “entourage” a segui-lo, para a Praça Cel. Fernando Prestes, nem me lembro por quê. Natel parou no Bar Passarinho para um café. Eu ao lado do governador. Ele disse baixinho: - dá para você pagar o café? - Claro, mas o senhor é dono de um banco, argumentei. – Por isso mesmo, ele riu. – Já imaginou se eu andasse com dinheiro.

Ainda Natel. Em outra ocasião o industrial Carlos Alberto Moura Pereira da Silva ofereceu um almoço na Chácara Sônia Maria, onde hoje é o Carrefour. Era uma propriedade espetacular, talvez a melhor de Sorocaba. Um número enorme de convidados sentava-se às longas mesas de madeira aguardando o início da ágape. As travessas começaram a ser servidas, mas o prato principal, para surpresa e angústia de todos, era frango assado, dezenas de travessas de frango assado e ninguém sabia bem o que fazer. Sentindo no ar o drama o “governador caipira” atacou uma coxa de frango com as mãos e em questão de segundos todos os pedaços de frango evaporaram, enquanto os convivas se lambuzavam deliciados.

dezembro 30, 2020

MEMÓRIAS ESPARSAS DE SOROCABA - 11

 

Há alguns anos, em decorrência de ter participado de um treinamento em comércio exterior com diplomatas brasileiros designados para o mundo todo e patrocinado pelo Itamarati, fui coautor de um volume publicado pela USP intitulado “Promoção de Comércio Exterior, Investimento e Tecnologia.” O convite para o treinamento veio porque anteriormente havia escrito e publicado, patrocinado pelo Sebrae , o Mercoguia, o primeiro Guia do Mercosul. Alguém achou que em decorrência destas publicações eu talvez entendesse alguma coisa do assunto e fui convidado pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Coréia do Sul, através de seu presidente, Sr. Léo Kim, a passar um mês naquele país, com todas as despesas pagas, onde tive a oportunidade de fazer palestras sobre comércio internacional e transferência de tecnologia em cinco cidades.

Fui recebido na Coréia do Sul com alguns requintes que se destinam a autoridades, como veículo para transporte, visitas oficiais, entrevistas com membros do governo etc. Fiquei impressionado com o progresso e desenvolvimento do país, que passou de uma renda per capita de US$ 158,00 em 1960 para mais de US$ 27.900,00 em 1997, três vezes mais do a brasileira. E a explicação para isso foi o fortíssimo investimento em educação, que eu tive a oportunidade de testemunhar. Visitei algumas escolas e uma universidade. Na época em que a internet escolar no Brasil era apenas uma remota expectativa todas as carteiras da escola que visitei, equivalente ao curso ginasial brasileiro, tinham computadores ligados em redes de alta velocidade.

A tristeza que me causa a involução da educação formal no nosso país é equivalente ao estrago que foi feito em nosso futuro. Pelo menos duas ou três gerações foram sacrificadas pela péssima gestão da educação. Estudei na OSE, no Estadão e no Liceu Pedro II. Fiz o curso científico e Química Industrial simultaneamente, estudando de manhã e à noite. Quando fui prestar o vestibular da Faculdade de Direito da Universidade Católica de Petrópolis passei direto, sem a necessidade de cursinho, tão boa tinha sido a base de meus estudos.

Nunca mais me esqueci de alguns professores, Benedito Cleto, João Tortello, Dulce Pupo, Edson Campioni, Abramo Rubens Cuter, Valério Gozzano, e outros tantos que moldaram os meus conhecimentos. Mas o melhor professor que eu tive, meu tipo inesquecível, foi o Prof. Lauro Sanchez, em razão de quem, nesta segunda fase de minha vida, decidi escrever sobre História. Os professores de minha juventude representavam a elite intelectual da cidade. Alguns desfilavam com seus jalecos brancos angariando o respeito e admiração de todos os que por eles passavam. Eram bem remunerados e pertenciam ao topo da classe média.

O Prof. Lauro Sanchez, portador de severa deficiência visual, transformava as suas aulas em roteiro de filmes, e descrevia as situações com largos gestos representando os fatos ocorridos. Eu me lembro até hoje de uma aula de história quando descrevia a entrada de Alexandre Magno na Índia, atravessando o Rio Ganges em barcos depois queimados, e avançando contra os elefantes hindus fazendo um barulho infernal, de modo que os animais, assustados, dessem meia volta e investissem contra o seu próprio exército.

Aprendi inglês, aperfeiçoado no Cento Cultural, e que fez enorme diferença na minha vida quando me tornei diretor geral para o Brasil da empresa multinacional Card Guard Scientif Survival de Israel. Tive noções de francês e latim. As aulas de física do Prof. Valério eram tão boas que delas nasceu um dos maiores cientistas do país, Beto Fazzio (Adalberto Fazzio), que era nosso vizinho na Rua Afonso Pena e que atualmente é reitor de uma universidade no ABC. As ótimas aulas de português proporcionaram que eu me tornasse jornalista e muito mais tarde escritor. Minhas redações no ginásio foram a razão do Padre Aldo Vanucchi ter me convidado para trabalhar na Folha Popular, depois Folha de Sorocaba.

Só era difícil prestar atenção na aula na presença da Regis Ventrella que era o ideal de beleza de todos os rapazes da época. Embora minhas notas não espelhassem este fato sempre fui bom aluno. Eu tinha preguiça de estudar para as provas e ia fazê-las de memória. E tanto lá, quanto aqui, a memória muitas vezes falha. Eu lia muito e meus conhecimentos gerais eram mais amplos que os dos meus colegas em diversos assuntos, e eu gostava muito de conversar com os professores, que tinham tempo e disposição para trocar ideias com seus alunos.

E hoje em dia? Há algum tempo fui convidado a dar uma palestra aos professores de uma grande escola do SENAI, em cidade satélite do Distrito Federal. Eram mais ou menos sessenta mestres. Sem falsa modéstia, minhas palestras são preparadas com cuidado e frequentemente aplaudidas em pé. Pois bem, neste dia, metade da plateia presente usava acintosamente seus celulares em redes sociais, fingindo que estava prestando atenção. Eles fingem que ensinam, os alunos fingem que aprendem e o resultado é que nem o ministro da educação escreve com português correto. Como será então o resto da população estudantil?

Em um dos meus livros há um capítulo sobre educação, em seus dois sentidos: as atitudes civilizadas de comportamento e a aquisição sistematizada de conhecimentos, a primeira responsabilidade dos pais, e a segunda dos professores. Com pai e mãe sendo obrigados hoje a trabalhar para sustentar a família rareou a primeira opção e com os professores mal pagos, sobrecarregados e politizados que temos, a segunda tornou-se crítica. Ou redescobrimos a opção de uma educação – lato sensu – de qualidade, ou estaremos condenados a ser para sempre uma nação de segunda classe.

Não era essa a visão que tínhamos do futuro naqueles anos dourados de 60/70 quando cada um de nós imaginava o brilhante, fulgurante, porvir do Brasil. “Todos juntos vamos, prá frente Brasil, salve a seleção”.

dezembro 29, 2020

MEMÓRIAS ESPARSAS DE SOROCABA - 10


        O judeu mais famoso da cidade foi Salomão Pavlovsky, carioca de Inhaúma que adotou Sorocaba para viver e onde se consolidou como um dos mais expressivos comunicadores do rádio no Brasil, a ponto de ter um biografia publicada pelo jornalista sorocabano José Antônio Rosa, excelente livro aliás, sob o título “O livro de Salomão”.
        Papai era ucraniano de Shargorod, e criado pela tia, em Odessa, cidade eternizada no clássico do cinema “Encouraçado Potemkin” de Sergei Eisenstein, que conta o motim da tripulação do navio de guerra que antecipou a revolução bolchevique. O pai de Salomão, Moisés Pavlovsky era também ucraniano o que acabou gerando uma proximidade entre eles, além do fato que ambos eram comunicativos e simpáticos. Salomão ia frequentemente em casa para conversar e se desmanchava em rapapés com a minha mãe, com a proverbial gentileza europeia. D. Mary, sua esposa, era mais reservada, embora fosse tão inteligente quanto o marido e a autora do nome Vanguarda para a rádio que Salomão criaria em parceria com os irmãos Otto e Joubert Wey. Menino ainda participei de algumas destas conversas. Na época de nossa chegada à Sorocaba Salomão tinha, se não me engano, um serviço de alto-falantes que anunciava o comércio local. Mais tarde ele foi trabalhar na PRD-7, Rádio Clube de Sorocaba e no jornal Cruzeiro do Sul.
        Posteriormente fundou a Rádio Vanguarda AM, e naquela era de ouro do rádio brasileiro, com Vicente Leporace, Hélio Ribeiro e outros tantos, destacou-se como repórter entrevistando presidentes, primeiros ministros, a rainha da Inglaterra, astronautas e até Glenn Ford, que ele trouxe para tomar uma cachacinha em Sorocaba. Viajou por todo o mundo levando o seu gravador e trazendo entrevistas que marcaram a história do radio brasileiro. Sua amizade com o judeu Silvio Santos, (Senor Abravanel) lhe permitiu instalar em Sorocaba uma emissora de TV, propriedade da família até os dias de hoje. Salomão, que participou de vários juris dos programas de Silvio Santos chegou a insistir para que minha irmã se inscrevesse no concurso de Miss Brasil, proposta que ela nem levou em consideração, o que foi uma pena. A Vanguarda também foi a primeira emissora FM do Estado de São Paulo.
        Ele contava as suas aventuras nas conversas com papai, enquanto este também lembrava as aventuras vividas na Europa e em Israel. Para um menino como eu parecia que estavam contando histórias dos gibis que eu gostava de ler, pura fantasia. Mas era verdade.
        A região de Odessa que originalmente ficava na Trácia, parte importante do Império macedônio, depois romano, foi incorporada à Rússia no século 18 e se dizia que sua característica era ser “a mais europeia das cidades da Rússia”. Sua arquitetura era baseada nos modelos franceses e italianos e tinha a maior colônia judaica do país. Falava-se tanto russo quanto francês e a educação era baseada nos moldes europeus. Essas características passaram para os nascidos na cidade e seus descendentes, entre os quais Salomão e papai, que eram cultos, educados e cosmopolitas.
        Depois de estudar na OSE, no Estadão, no Liceu Pedro II, eu prestei vestibular para a Faculdade de Direito da Universidade Católica de Petrópolis, consegui um emprego na IBM do Rio de Janeiro e fui residir na Cidade Imperial. Minha irmã Genia foi cursar jornalismo em Campinas e ficou morando lá. Papai mudou-se para Itu onde construiu uma casa enorme, linda, num imenso terreno. A esta altura ele tinha representantes em diversos bairros de Sorocaba e da região vendendo as suas mercadorias e continuava distribuindo os cobertores que permitiram a sua afluência. Foi o fim da permanência de nossa família em Sorocaba, mas eu voltaria a morar na cidade anos depois.
        Creio que aqui acabam essas esparsas histórias de nossa vida em Sorocaba. Nas próximas postagens publicarei as minhas próprias lembranças de pessoas que passaram pela minha juventude e que deixaram marcas indeléveis em minha memória e no meu coração. Alguns ainda estão neste grupo entre nós. Outros não estão no grupo, o talento os levou para outros patamares como Paulo Betti e Eliane Giardini. Vários já descansam na eternidade como Rui Batista de Albuquerque Martins, José Caetano Graziozi, Celso Vitório de Toledo, Carlos Tadeu César Papst e muitos outros.

dezembro 28, 2020

MEMÓRIAS ESPARSAS DE SOROCABA - 9

 

Havia ainda outras famílias judias em Sorocaba. Os pais dos irmãos Epelman, Sr. Samuel e D. Fanny, que também tinham comércio na Rua Barão do Rio Branco, os Crochik, na mesma rua, o engenheiro têxtil da Companhia Nacional de Estamparia Isaac Lederman que construiu umas das casas mais bonitas da cidade em Santa Rosalia vendida depois ao industrial Alfredo Metidieri e talvez outros me fujam da memória. Com a ajuda dos leitores tentarei preencher estas lacunas. Existe um ditado iídiche que diz que onde há um judeu há uma forte opinião, onde há dois judeus há duas fortes opiniões opostas e onde há três judeus há confusão. Apesar da colônia ser pequena havia grupinhos e alguns deles não se falavam, a não ser nas festas da sinagoga quando eram obrigados a conviver. Papai circulava com desenvoltura por todos os grupos por várias razões. A primeira era o seu temperamento bonachão. Rigoroso e disciplinador em casa, quando na rua era simpático, alegre e festeiro. Muitos anos depois descobrimos que era bipolar, naquele tempo se chamava psicose maníaco-depressiva, o que criou problemas em sua velhice. O outro é o fato que era “russiche” e vou explicar no próximo parágrafo. E finalmente porque era ex-combatente, e isso gerava uma aura de profundo respeito por parte da colônia.

Existem dois principais grupos de judeus no mundo, os “ashkenazin”, que são os da Europa Oriental e da Ásia e os “sefaradim”, da Península Ibérica e do norte da África. O segundo grupo é que foi a principal vítima da Inquisição. O hebraico era uma língua litúrgica, somente utilizada nos ritos religiosas. Apenas depois da formação de Israel passou a ser um idioma comum. O primeiro grupo se comunicava em iídiche, o segundo em ladino. Embora sejam os mesmos livros sagrados existem pequenas diferenças nos rituais de ambos os grupos e até hoje eles têm sinagogas separadas. Dentro dos grupos existem subgrupos. Os “ashkenazin” têm os “russiche”, os “poiliche” e outros (da Rússia, da Polônia etc.). Por ser a Rússia o principal país da extinta URSS, os descendentes de russos mereciam uma avaliação especial, mais ou menos como os ridículos juízos de valor que nós mesmos fazemos entre os nordestinos e os cariocas.

Ouvi em alguma ocasião um dito atribuído ao General Douglas Mc Arthur de que o alimento da coragem é o medo e que por esta razão os soldados metidos naquele inferno da guerra dão mostras de coragem absurda. Não sei se o dito é mesmo dele e ignoro se o fato é verdade, mas certamente se aplica a papai cuja coragem era tamanha que se poderia confundir a valentia com temeridade. Não somente a coragem física, uma vez que soldados são treinados para isso, mas a audácia mental de quem joga para ganhar, sem receio de vir a perder. Um episódio ilustra isso.

Quando meu pai começou a circular em Parada do Alto, Barcelona, Votorantim, Piedade e outros locais vendendo suas roupas o clima em Sorocaba no inverno era muito rigoroso e os clientes passaram a encomendar cobertores. A medida que as encomendas aumentavam ele decidiu ir buscar os cobertores na fonte, em São José dos Campos, na Tecelagem Parahyba, que era a maior fábrica de cobertores do país e a responsável por um famoso jingle publicitário que até hoje todas as pessoas de minha idade sabem de cor. “Já é hora de dormir, não espere mamãe mandar, um bom sono prá você e um alegre despertar”.

Ele foi de trem, era o famoso trem de prata que fazia a linha São Paulo-Rio de Janeiro. Chegou de manhãzinha em S.J. dos Campos e apresentou-se à portaria da enorme fábrica, com seu terrível sotaque, querendo falar com o dono. Claro que não foi recebido. Sentou-se então, contava, na calçada em frente, pensando que em algum momento o dono deveria passar por ali. Papai era simpático e comunicativo e alguém da recepção levou a informação daquele estrangeiro com sotaque esquisito e do que ele estava fazendo e por incrível que pareça, um dos donos, Severo Gomes, que viria a ser um político famoso anos depois, foi até lá para ver a história. Não imagino como foi a conversa, mas conhecendo meu pai ele deve ter dito ao industrial que tinha força para trabalhar e juízo para não fazer besteira. Eram outros tempos. Sem ter que provar nada ele ganhou uma linha de crédito da fábrica e se tornou um dos maiores revendedores de cobertores da região, que ajudou bastante a formar o seu fundo de comércio e o progresso financeiro decorrente disso. Anos depois, ao ver o então ministro Severo Gomes na TV, comentava – foi este o homem que me ajudou sem me conhecer.

Como ele já não está mais entre nós e de qualquer forma a esta altura já não importa mais, há que destacar o assédio que meu pai sofria de suas clientes, encantadas com aquele europeu bonito, de bons modos, gentil e sempre disposto a galanteios. Eu sei que ele fez grande sucesso entre as mulheres, mas sempre foi provedor e respeitoso em casa e meus pais acabaram por ter mais dois filhos, Arkádio César, 15 anos mais jovem do que eu, e Raquel, 18 anos mais jovem, o que faz supor que papai sempre esteve em boa forma.

Sentindo o crescimento e o progresso da cidade e do estado de São Paulo de maneira geral, ele passou a investir em imóveis. Comprou dois apartamentos que mandou emendar em um só em frente ao Parque Trianon, na Alameda Casa Branca, uma travessa da Avenida Paulista, comprou um apartamento de frente para o mar em Santos, no Embaré, onde eu, garoto, tive a oportunidade de brincar uma bolinha na praia com os jogadores do ataque do Santos, Dorval, Coutinho, Mengalvio, Pelé e Pepe. Naquele tempo os jogadores de futebol não usavam brinco e nem tatuagens, não tinham “frescuras” e ficavam na praia batendo bola como qualquer mortal. Comprou ainda uma casa bem maior em uma esquina da Rua Gustavo Teixeira, em frente ao Colégio Salesiano para onde a família se mudou. Foi a nossa última residência em Sorocaba. Papai havia adquirido um enorme terreno em Itu, em uma área elevada atrás da rodoviária daquela cidade e lá construiu a mansão com que sempre sonhou. Meus irmãos Arkádio e Raquel foram criados em Itu. Ele foi estudar e morar na África do Sul, passou cinco anos no Egito e é um diretor de arte publicitário com dezenas de prêmios. Rachel mora em Israel