fevereiro 11, 2021

OS COLLEGIA FABRORUM E A MAÇONARIA

Origem dos Collegiuns
 
As fratrias gregas evoluíram para um tipo muito peculiar de organização, do qual viria a sair, em certo momento histórico, os chamados Collegia Fabrorum romanos e, mais tarde as associações obreiras conhecidas como Corporações de Ofício, ou guildas.


Isso ocorreu como resultado de um longo processo de adaptação à realidade histórica, cuja descrição não cabe nos limites estreitos deste trabalho, mas é importante ressaltar que a história da sociedade humana e das ações que se promovem para edificá-la não estaria completa sem uma alusão, ainda que de passagem, por esse importante tipo de organização que o mundo antigo produziu. 
Essas duas fontes de influência da Maçonaria tiveram, portanto, uma origem comum e não é estranha a similitude de objetivos e a identificação cultural que muitos historiadores enxergam entre as duas instituições.

  
Praticamente, a maioria das instituições gregas desse tipoeram organizadas em torno do culto de um deus ou de um herói local. A religião era assunto do Estado e assumia sempre a forma política da cidade-estado que a professava. E esta refletia a política da classe dominante, ou seja, tinha como núcleo o interesse das fratrias que estavam na base dessas sociedades.


Consequentemente, os cultos eram organizados em torno de seus deuses favoritos e heróis pessoais, os quais, de algum modo estavam conectados com a origem dessas famílias. Assim se justifica a moldura lendária que geralmente envolviam esses cultos.


Um desses exemplos é o sempre citado Mistérios Órficos, nos quais se cultuava o deus Bacco. Registros da realização desses rituais em várias cidades gregas já são encontrados em obras do século II a.C, mostrando a antiguidade dessas manifestações culturais,Politica e Religião eram atividades estreitamente ligadas na vida das antigas cidades. Dada a forma colegiada em que os cultos eram praticados, entende-se porque também o exercício da política acabou se aproveitando dessa formulação.

Mas não só a política e a religião. As pessoas formavam colegiados para defender interesses comuns, para partilhar idéias e crenças, para defesa própria e quaisquer outros assuntos que demandasse organização e participação coletiva. Nessa conformação podemos identificar também a origem dos partidos políticos e grupos de pressão.
 
Há registros da existência desses colegiados já na época de Péricles, e segundo se infere desses mesmos registros, eles não mantinham uma convivência pacífica com o famoso líder ateniense. Isso é tão verdadeiro que ele emitiu decreto regulamentando a forma e o número dessas fratrias, disciplinando a legislação que já lhes deixara Sólon. Plutarco relata que em 404 a.C. após a vitória de Esparta sobre Atenas, na Guerra do Peloponeso, um grupo formado por essas fratrias derrubou o regime democrático de Atenas e governou a cidade durante um ano. Esse episódio ficou conhecido como o governo dos Trinta Tiranos.


Também no Egito existiram colegiados com essa característica. Eles se tornaram comuns especialmente entre os adoradores de Ísis. Apuleio de Madaura, historiador do primeiro século antes de Cristo, menciona a existência dessas organizações em datas anteriores ao ano 79 a.C., dando a entender que elas já existiam há vários séculos. Esse historiador refere-se também à organizações semelhantes, formadas por trabalhadores da construção civil e metalúrgicos, sendo encontrado registros da existência dessas instituições em vários territórios de colonização helenica, especialmente na Ásia Menor. Tomando a forma, ora de grupos religiosos, ora de partidos políticos, clubes funerários, grupos culturais, associações profissionais e afins, essas organizações dominaram um vasto aspecto da vida cultural das antigas sociedades.

Os collegiuns romanos
 
Mas foi durante o Império Romano que essas organizações assumiram sua maior importância. Na história de Roma encontram-se registros da existência de entidades semelhantes desde o tempo da monarquia. A tradição sustenta que foi um dos primeiros reis de Roma, o lendário Numa Pompílio, o fundador da primeira organização com o nome de Collégia Fabrorum. Dizia-se que nas famosas Doze Tábuas, primeira legislação escrita que Roma teve, já havia menção a essas organizações.


Mas mesmo em Roma parece que a vida dessas associações, especialmente as que se dedicavam ao culto religioso, não se desenvolveu de forma muito pacífica. Vários registros históricos dão conta de sucessivos conflitos entre esses grupos e as autoridades, resultando, em diversas oportunidades, em leis restritivas, ora proibindo, ora regulando suas atividades.


Na época de Nero, por exemplo, eram tantas as organizações desse tipo que ele foi obrigado a emitir uma série de regulamentos para controlar a atividade delas nas várias cidades do Império. Nessa época elas já haviam assumido o formato e nome pelo qual ficou conhecido, o de Collegia Fabrorum.
Os imperadores romanos usavam a legislação reguladora de atividades religiosas, sociais, profissionais e outras para controle do Estado. Assim, a legislação que regia a vida de um Collegium era bastante severa. Seus membros só podiam ser admitidos por hereditariedade. Um rígido controle de mudança de um colegiado para outro era mantido.


Licenças de trabalho eram controladas pelo Estado através dessas organizações. Dessa forma o governo exercia o monopólio de toda a atividade econômica no Império através desses colegiados. Como essas atividades envolviam principalmente  o comércio, a indústria, a prestação de serviços,  as forças armadas e política, os quatro grandes pilares do Estado, pode-se dizer que o Império Romano era uma verdadeira ditadura, rigidamente controlada por uma enorme máquina burocrática da qual nenhum cidadão lograva escapar


Mas mesmo sob a rígida disciplina imposta pelas autoridades é certo que organizações clandestinas, formadas para vários propósitos proibidos pela lei existiam em todos os territórios do Império. A maioria delas era composta por seitas religiosas secretas e proibidas, que causavam muita dificuldade para as autoridades. Atas de tribunais que resistiram ao tempo registram vários julgamentos e sentenças de membros desses colegiados ilegais, os quais eram punidos com pesadas multas, e muitas vezes pagavam com vários anos na masmorra pela sua ousadia.


Um recenseamento feito durante o governo de Marco Aurélio revelou a existência de mais de duzentos e cinqüenta organizações desse tipo, licenciadas em cerca de setenta e cinco cidades do Império. Só na cidade de Roma, cerca de oitenta tipos de profissão tinham seus estatutos e regulamentos registrados e reconhecidos por lei. Acredita-se, porém, que existiam muito mais, mas como se tratavam de organizações consideradas plebéias, a maioria dos escritores – patrícios por tradição - pouco se ocuparam delas, o que nos deixa com pouca informação a respeito.


Isso era normal entre os escritores da antiguidade e também da Idade Média. Poucos se aventuraram a escrever sobre assuntos populares. A vida social do homem comum era de somenos interesse para eles, de maneira que a literatura desses tempos, e até a Idade Moderna, sempre versou mais sobre a vida da nobreza, com seus lordes, cavaleiros, reis e príncipes, descrevendo suas venturas e desventuras, como se só interessasse a vida dessa classe da sociedade. Essa é a razão de encontrarmos tão poucas referências às classes trabalhadoras e suas organizações nos compêndios de História antiga.   
 
A estrutura dos Collegiuns
 
A maioria desses colegiados, em princípio, eram fratrias organizadas com o propósito de garantir sepultura digna para os ancestrais. Daí o fato de o direito de propriedade, em Roma, evoluir a partir da luta do clã pelo direito de manter a posse dos seus lugares sagrados, ou seja, o local de sepultura dos antepassados. Essas associações eram conhecidas pelo nome popular de teuinorum collegia, ou grupos funerários. Cada um desenvolvia suas próprias preces e rituais, praticados nos templos familiares, onde se realizavam as exéquias dos mortos e se construía para ele uma rica história de vida, que não raramente se transformava em lenda e objeto de culto do grupo.


Com o tempo, muitos desses grupos contruiam um colum-barium, que era uma espécie de galeria de antepassados famosos, ou mausoléu, no qual se prestava o culto a eles como deuses lares, os famosos manes.   


Diferente dos egípcios, que acreditavam na morte como uma forma de ascender de posição social, desde que conquistassem o beneplácito dos deuses e conseguissem vencer a terrível jornada pela terra inóspita da Tuat, para os romanos a morte era um evento terrivelmente constrangedor, principalmente se o indivíduo fosse pobre e não pudesse ter uma sepultura digna. A religião romana ensinava que uma pessoa sem sepultura digna se tornava uma alma errante, sem paz nem descanso. Isso porque a ventura da alma dependia estreitamente do culto que seus descendentes viessem a lhe prestar. Assim nasceu entre os romanos a tradição de construir monumentos funerários suntuosos, próprios para a adoração do indivíduo depois de morto. Quem não era rico e não podia arcar com os custos de sepulturas suntuosas juntava-se a um colegiado funerário para, pelo menos, garantir para si mesmo um túmulo decente.
 
É difícil para um homem de mentalidade moderna aquilatar a importância dessas tradições para os povos da antiguidade. Mas elas estavam no cerne da própria estrutura dos Estados antigos, regulamentadas em leis, sustentadas pelo próprio aparato de segurança. Mas não deve soar estranho ao maçom que conhece bem a liturgia dos ritos maçônicos, pois essa vinculação com os cultos mortuários é uma intercorrência muito comum na prática maçônica. 


É fato histórico bastante conhecido que os primeiros agrupamentos cristãos não tinham a simpatia das autoridades romanas. Que suas reuniões e os locais onde se agrupavam para praticar seu credo muitas vezes eram varejadas pelas autoridades policiais e seus praticantes presos e até condenados á morte.
Assim, é bem possível que muitos grupos cristãos tenham sido organizados como sociedades funerárias para fugir à repressão oficial. Destarte, muitas igrejas cristãs tiveram origem nessas fratrias funerárias, pois de outra forma elas seriam perseguidas.


Mas nem todos os Collegia Fabrorum se ocupavam de assuntos religiosos. A grande maioria era organizada para tratar de assuntos profanos. Arte, profissões, interesses comerciais, políticos, sociais, tudo era motivo para a fundação de um collegium. Era o que podemos chamar hoje de ONGs, com seus estatutos próprios e suas regras de participação. Cada tipo de profissão tinha a sua. Desde os pescadores, aos advogados, padeiros, cozinheiros etc.
 
No que respeita à Maçonaria é importante registrar que os pedreiros e arquitetos tinhma também os seus collegiuns e gozavam de especiais favores e privilégios, pois se tratava de profissão que muito interessava ao Estado. O grande orador Cícero, em um de seus discursos, se refere à honorabilidade da arte da arquitetura e à nobreza dos seus praticantes.


Os Collegia Fabrorum eram entidades com estruturas administrativas bem definidas e organizadas. Praticamente todas as organizações desse tipo tinham a sua cúria. Nela havia um magistrado, ou curador (praesidis), o qual era eleito entre os membros do colegiado conforme os critérios definidos pelos seus estatutos. Geralmente, dois oficiais também eram eleitos na mesma ocasião para servirem como secretário e tesoureiro    ( questores e decuriões).


As leis que regiam o colegiado eram votadas pelos membros de cada sociedade, mas tinham que se conformar à legislação imperial específica que regia esse tipo de sociedade. Semelhante ao que rege hoje o Código Civil, com respeito á constituição e administração de uma ONG, assim também eram os estatutos imperiais que regulavam a vida dessas sociedades.


Os membros desses colegiados pagavam uma taxa que servia para a constituição de um fundo comum. Esse fundo servia para pagar as taxas exigidas pelo Estado, as despesas da sociedade com reuniões, banquetes e eventuais obras sociais que a organização viesse a atender. Havia também o atendimento das necessidades pessoais dos membros do grupo, quando dela necessitavam, em face de um acidente, uma demanda jurídica, ou outro problema qualquer que demandasse a ajuda dos membros da organização.


Uma fonte de financiamento dos Collegia Fabrorum era o mecenato. Raro era o collegium que não tinha um patrono. Geralmente era uma pessoa de altas posses, homem ou mulher, que ofertava generosas somas de dinheiro em troca do poder de decisão sobre as atividades do grupo. Isso lhes granjeava poder político e não era raro encontrar um político à testa de um collegium.


Em sua estrutura organizacional, os Collegia Fabrorum copiava, tanto quanto era possível, a organização hierárquica existente na própria sociedade romana. Havia muitos graus de subordinação na escala hierárquica dos Collegia, que admitia tanto pessoas livres como escravas, desde que seus senhores dessem o seu consentimento para que participarem da organização.


Não raro esses collegiuns desenvolviam seus próprios rituais de iniciação, transmissão de ensinamentos e elevação de posição hierárquica dentro do grupo. Esses rituais envolviam sempre elementos religiosos e apelos á tradição das famílias que faziam parte da organização.
 
Os Collegia Fabrorum e a Maçonaria
 
Nenhuma história da Maçonaria seria completa sem elencar os Collegia Fabrorum entre suas fontes de influência. É evidente que existem consideráveis diferenças entre aquelas associações e as Lojas Maçônicas tais como as conhecemos hoje e mesmo como possivelmente funcionavam na Idade Média e início da Idade Moderna. A similitude aqui é em nível de aproximação entre objetivos, funcionamento e estrutura, já que tais colegiados incorporavam muitas práticas análogas ao que temos hoje na Maçonaria.


Alguns historidores tem reivindicado uma ligação direta entre os Collegia Fabrorum e a Maçonaria citando a organização conhecida no mundo romano como Colégio dos Artífices de Dionisio. Essa organização, supostamente teria sido uma herdeira dos antigos construtores, que desde a construção do Templo de Salomão continuavam preservando os segredos místicos da arte de construir. 


Essa hipótese busca confirmação na já bem conhecida teoria Comacine, segundo a qual alguns egressos desse grupo de arquitetos, fugindo das invasões bárbaras, se asilaram em um mosteiro próximo ao Lago Como na Itália, e ali sobreviveram vivendo como monges, preservando esses segredos por séculos até que os povos da Europa começaram novamente a reconstruir suas cidades. Então esses arquitetos comacinos serviram de mestres para esses novos maçons, que viriam a ser os antecessessores dos nossos irmãos operativos medievais. Segundo essa teoria, os comacinos, agindo como missionários cristãos, fundaram escolas em vários. países europeus, principalmente nas Ilhas Britânicas, na França e Alemanha, onde seus ensinamentos prosperaram com maior vigor.


Por fim cabe citar aqui a teoria proposta por Robert F.Gould em sua História da Maçonaria (Londres, 1727). Segundo esse autor os Collegia Fabrorum entraram nas Ilhas Britânicas através dos exércitos romanos, que deles necessitavam para construir e reconstruir as cidades que eram destruídas na guerra de conquista. Quando os romanos foram enfim expulsos da ilha essa instituição tipicamente romana foi recepcionada por seus sucessores anglo-saxões na forma de guildas formadas pelos profissionais dos mais variados serviços, entre eles, o mais importante, os pedreiros profissionais.
Essa teoria tem vários seguidores e apresenta uma certa lógica confirmada pela História da civilização nas Ilhas Britânicas. Todavia, há bem pouca documentação que a confirme.


Há também quem acredite que os Collegia Fabrorum tenham, de algum modo, sobrevivido no Império Romano do Oriente, através das guildas dos construtores bizantinos. Sua influência se fez sentir na Europa, servindo de núcleo para a fundação das guildas européias. Teriam sido, segundo essa crença, um importante elemento de influência na chamada Renascença, através principalmente das suas ligações com um famoso grupo de arquitetos florentinos. Foi a partir deste último grupo, aliás, que teria surgido a chamada Maçonaria Especulativa.

 
Evidentemente, a existência dos Collegia Fabrorum não explica, por si só a origem da Maçonaria, como também os Antigos Mistérios, nem as guildas dos antigos construtores medievais. Todas essas organizações e manifestações culturais constituem ligações que podem ser estabelecidas com maior ou menor grau de certeza, porém nenhuma delas pode ser efetivamente eleita como a legítima antecessora da Maçonaria. A verdade é que a Maçonaria, como todo arquétipo que habita no inconsciente coletivo da humanidade, não tem, como os demais institutos que moldam o espírito humano, uma fonte única de referência.


Da mesma forma que os Mistérios, as Guildas Medievais, as Sociedades religiosas dos judeus, as seitas gnósticas e os diversos clubes e agrupamentos de defesa de interesses mútuos que já se formaram no mundo, em todos os tempos, os Collegia Fabrorum ocupam um lugar proeminente nessa eterna luta em que o espírito humano se empenha, com o objetivo de organizar suas sociedades. A idéia de agrupar-se, de procurar juntar-se aos seus iguais é uma necessidade que o homem tem procurado suprir desde a aurora da sua existência. Ninguém consegue vencer sozinho os desafios que o mundo nos coloca. Por isso é que nos reunimos em grupos. Essa á a forma de colocarmos ordem no caos (Ordo ab Chaos), missão que o Grande Arquiteto do Universo nos confiou.


Por isso a história da Maçonaria é a história do sentimento de cooperação. É a história da Irmandade. Seja ela ligada por laços de uma mística idéia de que um dia essa união já existiu em seu estado mais perfeito, e que se pode recuperá-la pelo espírito da egrégora, ou simplesmente pela cultura pura e simples das virtudes que tornam a vida social mais feliz, essa é a esperança e o objetivo de toda Irmandade.


João Anatalino

fevereiro 10, 2021

SEMENTES DE CABALA: Luz e Trevas


        
A fala é a ferramenta mais eficaz  para curar os males psicológicos de alguém. Mas há situações nas quais o silêncio é mais conveniente. A fala traz sentimentos e emoções, que de outra forma permaneceriam enterrados no subconsciente, à luz da mente consciente. Entretanto, não é fácil fazer o subconsciente falar, e um cuidado especial deve ser tomado ao persuadi-lo a revelar seus segredos. Caso contrário, os efeitos de fazê-lo podem ser prejudiciais ao invés de salutares.

         No simbolismo da Torá, a mente subconsciente é considerada trevas - e a mente consciente, luz. Dessa maneira, aprendemos que no início, a terra não estava formada, havia um vácuo, e escuridão estava sobre a face do abismo. O espírito de D'us pairou sobre as águas. "E D'us disse: Que haja luz! E houve a luz" (Bereshit 1:2-3). A terra simboliza a alma do homem ao descer para penetrar e dar vida ao corpo. (Em sua forma incorpórea, pura, é simbolizada pelo céu.) As três descrições da terra primordial, amorfa, vazia e escura simbolizam os três componentes da mente subconsciente: fé, deleite e vontade.
 
        O espírito de D'us pairando sobre as águas simboliza o nível intermediário de consciência entre a mente subconsciente e consciente (no jargão da psicologia, a pré-consciência), que paira entre a obscuridade do subconsciente e a revelação da mente consciente. A revelação dos segredos da mente subconsciente são revelados pela fala "E D'us disse: Que haja luz." 

        O propósito do serviço Divino em terapia geral, e psicológica em particular, é possibilitar que a luz da consciência brilhe mais e mais sobre as trevas do Subconsciente. E quanto mais os segredos ocultos das regiões escuras da mente forem trazidos à luz, mais poderão ser elevados à esfera da santidade.     

          Quanto maior o sucesso que a pessoa tiver em expor e retificar seu lado mais tenebroso, menos será incomodada por pensamentos evasivos e ânsias que emergem involuntariamente. Esse estado de liberdade do eu não retificado e inferior é o verdadeiro bem-estar espiritual buscado pelas técnicas terapêuticas prescritas pelo pensamento chassídico. Libertado pelo mal, o bem criativo no homem pode brilhar e imprimir sua expressão singular de Divindade sobre a realidade, com perfeita eficácia. 

       No simbolismo da Torá, as ânsias primitivas da mente subconsciente que temporariamente atrasam a psique são simbolizados pelas sete nações pagãs canaanitas que ocupavam a terra de Israel antes que o povo hebreu lá chegasse. A nação hebraica recebe ordens de desenraizar estas nações e suas culturas idólatras da Terra Santa; isso simboliza a erradicação do mal da psique através dos meios terapêuticos.

      No conflito entre luz e trevas, a luz, por sua própria natureza, sai vencedora.Um pouco de luz dispersa muito da escuridão. Uma grande quantidade de luz consegue muito mais; dispersa completamente as trevas e toma seu lugar, como o sucessor de direito na mente da pessoa. A dualidade da luz e das trevas na psique do homem é mencionada na visão profética da carruagem Divina, como foi testemunhada pelo profeta Ezequiel. Esta visão, que compreende o primeiro capítulo do livro escrito pelo profeta, é considerada a passagem maisobscura e mística da Torá. Nele, Ezequiel (1:4) descreve como os céus se abriram, e "tive visões de D'us." E eu vi, e veja, um vento tempestuoso veio do norte, uma grande nuvem, e um fogo chamejante, e um brilho ao seu redor, e do meio disso, fora do meio do fogo, havia algo como o "chashmal." 

     A palavra chashmal aparece na Torá apenas no contexto desta visão e é tradicionalmente entendida como um tipo de luz ou energia, que é também personificada como um tipo especial de anjo. A palavra é tomada como sendo uma composição das palavras para silente (chash) e falar (mal); estes anjos, portanto,são descritos como silentes, falando às vezes. Dessa maneira, esta interação dinâmica entre silêncio e fala é parte integral do processo da revelação Divina, e o correto uso da fala é essencial para a cura das partes enfermas da alma.

 Fonte: Academia de Cabala

fevereiro 09, 2021

O Triunfo dos Relógios - uma história do tempo contado

 

O triunfo do tempo

A partir do século XIV a Igreja deixou de controlar o tempo de seus campanários. A incipiente sociedade industrial necessitava de novas pautas horárias não associadas ao Sol.

A Igreja e a Burguesia Mercantil

Os céus da Europa todavia são testemunhos daquela guerra. A força com que a igreja rivalizava com a sociedade. Hoje já quase ninguém levanta a cabeça para ver as horas. Os relógios de pulso ou os celulares tiram essas dúvidas. Porém, durante a Idade Média os relógios das torres eram as únicas referências temporais das pessoas. A partir do século XIV a burguesia mercantil, motor da atividade econômica do momento, propôs tirar da Igreja o monopólio do tempo. A nova realidade laboral exigia um método mais rigoroso das horas.

As divisões do tempo para a Igreja, as vigílias

A Igreja havia herdado parte do sistema horário do mundo romano, onde as doze horas que marcavam os relógios solares dividiam-se em quatro partes iguais. A “prima” era a primeira hora desde o amanhecer (que, dependendo da estação, poderia ocorrer as 4:30 ou as 7:30) até a terceira, ao meio da manhã; a “tertia”, até o meio-dia; a “sexta”, até o meio da tarde (coincidia com a hora mais quente, onde se aproveitava para fazer a “siesta”); e a “nona”, até o pôr do Sol (em inglês, a palavra “afternoon remete a uma antiga faixa horária). As doze horas da noite também eram divididas em quatro períodos conhecidos como “vigiliae”, igualmente variáveis em função da estação. Recebiam os nomes de “prima vigilia”, “secunda vigilia, “tertia vigilia” e “quarta vigilia”.

Horas canônicas ou Instantes de Deus

Os monges da Idade Média adaptaram esta divisão de tempo em suas ocupações espirituais. O resultado foram as sete horas canônicas destinadas a oração, e conhecidas por eles como “instantes de D’us”. Eram as “matines”, pouco depois da meia-noite; as “laudes”, na aurora, momento em que se rezava um salmo que continha de maneira constante o imperativo “laudate” (load), de onde vem o nome; a “prima”, a “tertia”, a “sexta” e a “nona”, de tradição romana; e as vésperas, ao meio da tarde, depois do pôr do Sol. O italiano São Bento (480-547), fundador da vida monástica no Ocidente, foi o promotor desta divisão. Baseou-se no Salmo V do Antigo Testamento, que diz: “Ore sete vezes ao dia”. Com o tempo, surgiria uma oitava hora, para dar graças a Deus antes de ir para a cama.

Relógios primitivos: solar, vela, clepsidra e areia.

Relógio a vela

Em noites e dias nublados, quando o relógio solar não tinha nenhuma utilidade, recorria-se a diversos sistemas para calcular as horas canônicas. No relógio de vela o tempo era marcado pelo consumo de uma delas. Também poderia ser utilizada a clepsidra (ladrão de água, em grego). Este relógio, conhecido também dos egípcios, era formado por dois recipientes: um deles tinha água que caía de um orifício a outro. O nível da água que escorria indicava as horas, o qual trazia um problema. A velocidade do fluxo dependia da pressão da água, e esta pressão variava em função da quantidade de líquido que estava no recipiente. Igualmente impreciso era o relógio de areia, um recipiente de vidro formado por duas ampolas unidas a dois vértices. Através dessa parte central passava certa quantidade de areia de um a outro bulbo. Uma vez acabado a passagem, era necessário virar o recipiente para continuar a contagem do tempo.

São Bento: “O ócio é inimigo da alma” – Surgia o Negócio.

Na medida em que a Igreja foi se consolidando como a instituição mais poderosa da Europa medieval, o controle do tempo ficou sob seu domínio. Tinha-se muito presente a máxima de São Bento: “O ócio é o inimigo da alma”. Os trabalhos dos monges serviam para anunciar as horas canônicas, e também para marcar as rotinas diárias das pessoas. A partir do século XIII, com a aparição dos relógios mecânicos, a Igreja assegurou-se de que a população pudesse cumprir de uma maneira mais estrita seus deveres com Deus. Difundia-se assim a regra beneditina “ora et labora” (reze e trabalhe).

Primeiro relógio mecânico

Abadia de DunstableO primeiro relógio mecânico conhecido foi instalado em 1283 na abadia de Dunstable, na cidade inglesa de Bedfordshire. Constava de duas rodas dentadas que se enroscavam uma com a outra graças a um mecanismo chamado “escape”, impulsionado por um peso. O movimento constante do “escape” é a fonte do famoso “tic-tac”, que converteu-se desde então na voz do tempo. Estes primeiros relógios, instalados em torres, não mostravam as horas, só soavam.

Relógio com ponteiro e astronômico

Relógio AstronômicoNo século XIV, a hora começou a ser visualizada graças a introdução de uma agulha no centro de uma esfera numerada. Seu inventor, o astrônomo italiano Jacopo Dondi, popularizaria este sistema ao fabricar em 1344, em Pádua, o primeiro relógio astronômico, que além de marcar as horas, ainda marcava os movimentos do Sol, da Lua e dos planetas. De todo modo, os primeiros relógios mecânicos eram caros e imprecisos. A temperatura afetava na dilatação de suas peças metálicas, fazendo-lhe sofrer variações entre 15 e 30 minutos por dia, sendo necessário regulá-los diariamente. E, os relógios solares continuaram desempenhando um papel notável.

O relógio regendo o trabalho dos agricultores

Na Espanha, o primeiro relógio mecânico foi o da catedral de Barcelona. Conhecido como “el seny de les hores” (em catalão antigo “seny” significava tanto “torre” como “sinal”), data de 1393. Com a propagação deste tipo de relógio, pouco a pouco a vida cotidiana das cidades do Ocidente foi sendo modificada. A jornada laboral de um agricultor sempre variava muito ao longo do ano, já que estava sujeita a luz solar, que dependia da estação. Em geral, trabalhava de sol a sol. Os campanários das igrejas tinham certos estandartes horários, mas não eram muito regulares: os toques da “prima” e “vésperas” coincidiam com o amanhecer e o crepúsculo, e a partir destes estabeleciam-se outros toques, com os quais só no equinócio obtinha-se períodos homogêneos. Além disso, os toques dos sinos podiam variar de uma igreja a outra, o qual causava uma grande confusão.

O relógio e a sociedade industrial

Com a incipiente sociedade industrial da Baixa Idade Média (séculos XI-XV), as oito horas canônicas perderam sentido. O trabalho já não podia ser regulado pelo tempo das Igrejas, mas por horas concretas. Não em vão, descobriu-se que o tempo de produção de um produto poderia ser adicionado a seu preço, assim como também o pagamento dos trabalhadores. Iniciou-se então uma guerra não declarada entre a Igreja e a burguesia por seu controle. Uma data chave nesta disputa foi o dia 24 de abril de 1355. Nesse dia, o rei francês Felipe VI concedeu a Amiens a faculdade de indicar, através do toque de um sino, as diferentes ocupações do dia: o momento de ir trabalhar, do descanso para comer, do retorno aos trabalhos e de sua finalização. Dado que estes primeiros relógios davam as horas através do som de um sino, não é estranho que a palavra francesa “cloche” (torre) seja a raiz da palavra relógio em inglês (clock) e alemão (Glocke). O nosso, deriva do grego “horologion” (indicador de horas, “horologium” em latim), o relógio solar. A variedade cuja sombra, projetada sobre uma escala gradual, indica a hora denominada “gnomon”. Dela procede a palavra gnomônica, disciplina relacionada com a elaboração de relógios solares.

Carpe Diem

Os avanços tecnológicos não tardaram em catapultar o ofício de relojoeiro. Seus serviços eram muito procurados. Não paravam de viajar de cidade em cidade construindo grandes relógios mecânicos que instalavam nas torres dos edifícios civis. Todos os grêmios tinham claro os toques que marcavam sua jornada de trabalho. Assim, pouco a pouco, o tempo não só tornou-se independente do Sol, como também secularizou-se, ou seja, separou-se da Igreja. Foram muitos os pensadores do momento interessados na construção de relógios. Com o homem como centro do universo no lugar de Deus, tratava-se de um instrumento muito em sintonia com a máxima latina “carpe diem” (aproveite o dia), que viveu um momento de glória no Renascimento. Desta época, um dos relógios laicos mais famosos é o astronômico de Praga, criado no século XV.

Relógios portáteis

A partir desse século, os relógios perderam peso e surgiram os primeiros dispositivos portáteis. Não existia mais só aquele ponto fixo para ver as horas. Para este avanço, foi necessário substituir o pendulo por uma mola, muito mais rápida. Os progressos tecnológicos levaram em 1509 Peter Henlein, um alemão de Nuremberg, a fabricar os primeiros relógios de bolso que se tem notícia, apelidados de “ovos de Nuremberg” por seu formato. Funcionavam somente por 40 minutos, alguns deles foram autênticas obras de arte. Os relógios, acabaram sendo objetos de luxo, assim com o tempo só as classes privilegiadas os possuíam. Enquanto isso, as outras pessoas dependiam do quadrado das fachadas onde era projetada as sombras dos relógios solares (que por isso são conhecidos também como quadrantes solares). Haviam sido aperfeiçoados graças as contribuições dos astrônomos e matemáticos árabes.

O relógio de pêndulo

Christiaan HuygensNo século XVII foi dado um grande passo na contagem de tempo. O matemático e físico holandês Christiaan Huygens construiu em 1657 o primeiro relógio de pêndulo. Este invento, muito mais preciso que os anteriores, foi possível graças aos princípios de movimentos oscilatórios estudados anos antes pelo astrônomo Galileu Galilei. Huygens dividiu a hora em 60 minutos e estes em 60 segundos. Recuperava com isso o sistema de numeração sexagesimal dos antigos sumérios fazendo derivar para o duodecimal. Cada vez que o homem contava com o polegar da mão esquerda a dezena de falanges dos dedos restantes (de onde procede a divisão do dia e da noite em doze horas respectivas), levantava um dedo da mão direita, o que só era possível cinco vezes. Assim, a contagem total era de 12×5=60. Enquanto a palavra minuto, era uma simplificação da expressão latina “pars minuta prima” (primeira parte pequena), enquanto que segundo derivava de “partes minutae secundae” (pequenas segundas partes).

O relógio cuco

Primeiro cucoA criação do pêndulo aumentou a demanda de relógios, e ainda por cima também deu lugar a sua integração nos móveis das casas. Isto começou a partir do século XVIII com os relógios de cuco. Desenvolvidos pelos carpinteiros da Floresta Negra alemã, estes relógios com pêndulos tinham como peculiaridade um pássaro automático que a cada meia hora aparecia pela abertura emitindo um “cuco” pelo quais ficaram conhecidos.

O despertador

Em meados do século na Inglaterra, com a Revolução Industrial, culminaria o processo de apropriação do tempo que havia sido iniciado pela burguesia na Baixa Idade Média. O proletariado, que trabalhava tanto em turnos diurnos como noturnos, estaria dependente dos minutos e segundos marcados pelos relógios que pendiam das paredes das fábricas. Então generalizou-se os despertadores domésticos, que asseguravam a chegada pontual aos postos de trabalho. Da ótica capitalista, as horas eram fonte de benefícios. Não havia, pois, tempo a perder. De fato, algumas expressões ficaram famosas como “o tempo vale ouro”, atribuída ao escritor britânico Edward Bulwer-Lytton.

O relógio de pulso

Os relógios de pulso mecânicos apareceram no final do século XIX, mas inicialmente tiveram menos êxito que os de bolso, pois os homens achavam similares as joias que as damas utilizavam. Popularizou-se somente após a Primeira Guerra Mundial. No conflito, os atiradores optaram por enrolar os relógios de bolso nos braços, para ter as mãos livres durante as operações. Depois da guerra continuou os avanços tecnológicos através da invenção de sistemas cada vez mais precisos.

O relógio a quartzo

Desde o final do século XIX descobriu se que o quartzo tinha propriedades piezoelétricas. Em 1920 foi utilizado pela primeira vez em um relógio, mas só ficaria popular após os anos 1960. Graças a eletricidade proporcionada por uma pilha, um cristal deste mineral gera vibrações em intervalos regulares que permitem uma medição altamente precisa do tempo.

O relógio atômico

Relógio atômicoNo final dos anos quarenta chegamos a exatidão horária com a aparição dos primeiros relógios atômicos, baseados na vibração dos átomos de determinados elementos como o Césio, o Hidrogênio ou o Estrôncio. Os sinais acústicos das transmissões radiofônicas são coordenados através deste tipo de relógio, até agora os mais precisos. Atrasam um segundo a cada 20 milhões de anos. O progresso, nos levou a busca do segundo exato. Após uma longa jornada através das horas ditadas pelos “relógios de Deus”. Agora, somos escravos da sofisticação horária.

Imitamos muitas vezes o coelho branco de “Alice no País das Maravilhas”, o personagem de Lewis Carroll que olha sem parar seu relógio, atormentado pela falta de tempo. Isto já foi objeto de reflexão para incontáveis filósofos. Kant dizia que “o tempo não é mais que um meio que utilizam nossas mentes para organizar as experiências que vivemos”. Para Einstein, “o tempo é o que você vê no relógio“. Contava o sociólogo e antropólogo francês Pierre Bourdieu que, nos anos cinquenta, os camponeses berberes da região argelina de Cabília chamavam o relógio de “moinho do demônio”. Naquela região, falar a hora exata é inclusive falta de educação.

BIBLIOGRAFIA

DOHRN-VAN ROSSUM, Gerhard. History of the Hour: Clocks and Modern Temporal Orders. Chicago (EUA): Univ. of Chicago Press, 1996.
GIMPEL, Jean. La revolución industrial em la Edad Media. Madri: Taurus, 1982.
LANDES, David S. Revolución em el tempo. Barcelona: Crítica, 2007.

Deivid Miranda, Historiador

fevereiro 08, 2021

É COMO O ORVALHO DO HERMON, QUE DESCE SOBRE OS MONTES DO SIÃO

MONTE HERMON A ligação entre o povo judeu e as Colinas do Golã remonta aos tempos bíblicos. Diz a tradição judaica que foi no Monte Havtarim, na região do Monte Hermon, a 1.296m acima do nível do mar, nos declives de Katef Sion, que D’us prometeu a Abrão que lhe daria a terra para seus descendentes. Um antigo túmulo marca o local e um robusto carvalho ergue-se, ao lado. “Os olhos de Israel”. Assim é carinhosamente chamado o Monte Hermon, ponto culminante do país, localizado no topo da Cordilheira do mesmo nome, entre a fronteira de Israel e a Síria. Assim denominado por causa de seus picos, é um dos principais centros de prática de esportes de inverno. Com 2.224m, foi o local escolhido para a implantação de um centro de lazer para turistas e amantes do esqui, pois a neve faz parte da paisagem natural da área de novembro a março, cobrindo de branco os picos do Hermon. De suas encostas, que degelam após o inverno, nasce o rio Jordão. Nos dias claros de verão, do alto das montanhas, tem-se uma das vistas mais belas da Galiléia. A região é apreciada também por outro tipo de turistas, além dos esquiadores: os observadores de pássaros. Por sua altura e a existente fauna e flora, é considerada uma das melhores áreas da região. Fundamentalmente estratégicas para a defesa do país, somente após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, as Colinas do Golã e o Monte Hermon passaram do controle sírio para o de Israel, inaugurando uma era de tranqüilidade como não conhecia, há décadas, a população israelense do norte do país. Vestígios da antigüidade Dizem os historiadores que a região sempre foi disputada pelos povos que lá viveram. Os amoritas a dominaram do 3º ao 2º milênio antes da nossa era, quando foram derrotados pelos arameus. Posteriormente denominada Bashan, foi uma área disputada pelo reino de Israel e o dos arameus, a partir do ano 800 a.E.C. A partir daí, se seguiram constantes trocas de poder: assírios, babilônios, persas. No século V a.E.C, a região volta a ser povoada pelos judeus que retornavam do exílio da Babilônia. Alexandre, o Grande, conquistou as montanhas no século IV antes desta era, mantendo-as sob controle helenístico até sua captura pelos romanos. É quando passa a ser chamada de Golã. Os gregos costumavam referir-se às redondezas como “Gaulanistis”, termo usado pelos romanos, daí o nome Golã. A 1ª. Revolta Judaica contra as forças de Roma aconteceu de 66 a 73 da Era Comum, quando um grupo de judeus ocupou a colina de Gamla. Estes foram derrotados e a cidade, destruída. O local tornou-se conhecido como “A Massada do Golã”. Durante o reinado dos romanos, chegaram os gassânidas, em 250 da E.C. e construíram sua capital em Jabiyah. Dividido o Império Romano, em 391, as Colinas do Golã ficaram sob influência bizantina e controle dos gassânidas. Depois vieram os sassânidas e mais tarde os árabes muçulmanos, sob domínio omíada, iniciando um novo capítulo na história local. Os druzos começaram a chegar ao norte do Golã e arredores do Monte Hermon a partir do século XV, seguidos um século depois pelos turcos otomanos, que lá permaneceram até o final da 1ª Guerra Mundial. Em 1880, um grupo de pioneiros sionistas fundou um núcleo judaico denominado Ramataniya, que desapareceria em apenas um ano. Finda a 1ª. Guerra, em 1920 o destino do Golã é definido por um acordo entre França e Grã-Bretanha, que concedia aos primeiros o controle sobre a maior parte do território. Isto ocorreu somente em 1924, um ano após os ingleses assumirem o mandato sobre a então Palestina. Ainda pelo mesmo tratado, uma pequena parcela do território passou da Síria para a Palestina. Assim, a França estendia seu mandato sobre a Síria. Ao término deste, em 1944, este último país fica com o controle da área. Logo após a Independência de Israel, em 1948, Damasco aumenta sua presença militar nas colinas, de onde atacava constantemente a população civil israelense do norte do país. Depois de assinado o armistício em 1949, entre israelenses e sírios, parte da área foi desmilitarizada, mas as violações destes últimos continuaram até 1967, quando Israel ocupa a região, pondo fim a 18 anos de bombardeios sobre seus cidadãos. Atualmente, 18 mil pessoas moram na região do Golã, em 35 povoados Trilha das sinagogas Um dos símbolos mais conhecidos do legado judaico na região é o povoado de Gamla, destruído durante o ano 67 da E.C., durante a 1ª Revolta Judaica. A escavação da cidade e sua identificação só foram possíveis após 1967. Para os visitantes, transformou-se em interessante ponto turístico. Para os estudiosos, a mais importante evidência da vida judaica no Golã, durante a Antigüidade, e da política destrutiva dos Césares contra os povoados judaicos. Tal perspectiva, no entanto, só voltou a ser estudada quando o arqueólogo Haim Ben-David aprofundou suas pesquisas sobre as ruínas das comunidades judaicas, no Golã, do período mishnaico e talmúdico. Como parte de sua investigação, analisou artefatos encontrados em mais de 50 sítios, habitados entre o século I a.E.C. e o século VI. Ben-David datou cuidadosamente cada um dos fragmentos, ressaltando que, diferentemente de outros sítios arqueológicos do período romano-bizantino, os mínimos detalhes encontrados na região do Golã eram cruciais para uma compreensão da história local. Após estudar cerca de 6 mil fragmentos, chegou a uma conclusão surpreendente: “Gamla foi o único povoado destruído durante a 1ª. Revolta Judaica…. As evidências indicam que pelo menos 25 continuaram a existir… e suas ruínas estão no que hoje se conhece como Ein Nashut, Yehudiya Dir Aziz”. O arqueólogo concluiu, também, que, nessa região central encontra-se um padrão contínuo de vilarejos judaicos desde o período do Segundo Templo até o final do domínio bizantino; e que alguns ainda se estenderam pelo início do período islâmico, em meados do século VIII. No entanto, Ben David faz questão de ressaltar que sua conclusão não significa que todos os povoados judaicos sobreviveram até o domínio bizantino; demonstra apenas que aqueles cujos vestígios foram encontrados não foram destruídos nos confrontos. O estudioso encontrou sinais de 15 assentamentos judaicos abandonados no século IV, final do período romano. Segundo suas pesquisas, os povoados iam sendo abandonados à medida que os bizantinos ocupavam as terras mais férteis do Golã. Os judeus, por sua vez, foram-se concentrando em áreas cada vez mais remotas, distanciando-se, gradativamente, do poder central. As análises do arqueólogo também levaram à conclusão de mais uma característica comum entre tais povoados: a presença de edifícios públicos elaborados, incluindo-se sinagogas bem decoradas, geralmente nos pontos mais altos das montanhas. Outra forte marca da presença judaica nas regiões mais remotas do Golã foi a descoberta de uma sinagoga nas ruínas do vilarejo sírio de Dir Aziz, próximo ao Moshav Kanaf. Era parte de um assentamento judaico, datado do século I desta Era. Foi justamente na área em que começaram a se delinear as primeiras teorias de Ben-David sobre as antigas comunidades do Golã. Antes dele, no entanto, o explorador Laurence Oliphant, em suas andanças pela Terra Santa, em 1885, já mencionara a existência de uma sinagoga no local. Descreveu a fachada ocidental do edifício, com 3m de altura, então intacta. Somente após 1970 iniciaram-se trabalhos arqueológicos mais intensos. Mas os primeiros pesquisadores não encontraram a sinagoga, provavelmente em virtude de um terremoto na área, em 1920, que a teria posto abaixo. Zvi Ilan foi o primeiro a coordenar as pesquisas, seguido, décadas depois por Zvi Maoz, do órgão responsável pelo patrimônio de Antiguidades, em Israel. As informações iniciais de Oliphant foram confirmadas: em Dir Aziz, de fato existira uma sinagoga. Por insistência de Ben-David e Maoz, as escavações foram retomadas em 1998, quando finalmente se encontrou a estrutura da sinagoga. Bem conservada, mantinha quatro colunas ao longo do muro norte e o piso de pedras artisticamente talhadas. Além de surpresos pelo bom estado da construção, Ben-David e Maoz entusiasmaram-se com algumas de suas singularidades. Por exemplo, a escada para o saguão principal e sua construção, voltada ao Oriente. A maioria das sinagogas do Golã e da Galiléia aponta para o sul, em direção a Jerusalém. A bimá, por sua vez, ergue-se ao longo do muro sul do edifício. Em artigo publicado no Haaretz, em 2003, Ben-David dizia que a estrutura da sinagoga de Dir Aziz era muito parecida com as construídas na região sul de Hebron, o mesmo acontecendo com o local do Aron Hakodesh. Mas a maior surpresa dos pesquisadores foi depararem-se com um pequeno jarro de barro, sob o piso da sinagoga, contendo catorze moedas de ouro do reinado do imperador Justiniano, de Bizâncio. “Sabíamos que, na época, era costume enterrarem-se moedas, mas, quase sempre, as de bronze. Os achados de Dir Aziz constituem um verdadeiro tesouro”. Ao longo das escavações, foram-se sucedendo as surpresas. Quando desmontaram um muro divisório construído no vilarejo durante o período sírio, encontraram uma inscrição em grego em uma pedra antiga, reutilizada, do período bizantino. Havia apenas uma palavra: “Azizo”. Sobre a palavra, os arqueólogos observam que havia na região de Hebron um povoado chamado Kfar Aziz. Há, também, outras explicações para a semelhança entre os termos Azizo e Aziz – ambos usados como prenomes entre os semitas. É possível que os fundadores da sinagoga tenham gravado o nome do doador da obra. Apesar das escavações não terem sido ainda encerradas, os estudiosos acreditam que a sinagoga foi utilizada até o início do domínio islâmico, durante as dinastias omíada e abássida. Durante o período romano, a região denominada Golã incluía principalmente a parte central do planalto, entre Nahal Jalabun, ao norte, e Nahal Kanaf, ao sul. Aí floresceram os povoados judaicos. O atual “sul do Golã” era genericamente descrito como Hippos, provavelmente pela influência grega dominante. Ao redor da cidade foram construídos também alguns vilarejos judaicos. Na literatura rabínica é também conhecida como Susita. Se durante a dominação romana os judeus se dedicavam quase que exclusivamente ao cultivo de vinhedos, com o domínio bizantino e seu contínuo deslocamento para áreas mais distantes e menos férteis passaram a produzir azeite de olivas. Segundo Ben-David, restos de prensas encontrados na região comprovam a florescente indústria desenvolvida pelos judeus, que chegavam a exportar a produção. Todo povoado construído no período bizantino possuía sua sinagoga, tendo-se provas da existência de no mínimo 25, em comunidades vizinhas. Para o arqueólogo, há uma relação inegável entre o êxito na indústria de azeite do povoado e o porte de sua sinagoga. Quanto mais bem sucedida a comunidade, mais monumental a construção. Tal pujança, no entanto, desapareceu no início da Idade Média. Foram abandonados todos os assentamentos da região central do Golã, inclusive os ishuvim judaicos. A localização exata de locais como Nov, Hispin, Afik e Kfar Haruv – mencionados em fontes históricas e na literatura rabínica – se perdeu. Para Ben-David, no entanto, Dir Aziz pode-se vangloriar de ser o único povoado do Golã onde se encontrou uma evidência de seu nome hebraico, preservada por mais de vinte séculos. Inúmeras atrações Palco de tantos eventos da história antiga, a região norte do Golã traz, em sua paisagem, marcas de vários períodos. Entre as colinas foi construída Ka’alat Namrud, uma das melhor preservadas fortalezas mamelucas, do período dos cruzados. De suas muralhas é possível se ter uma visão panorâmica das Cachoeiras de Banias, recanto dos mais procurados pelos israelenses que fogem das altas temperaturas que assolam o país, no verão. O vilarejo de Ein Kinya, por sua vez, permite aos visitantes aprender um pouco sobre o estilo de vida e a cultura drusa. A capital do Golã é Katzrin, cidade com várias opções turísticas. Com mais de 5 mil habitantes, situa-se entre os rios Zavitan e Meshushim. O Museu Arqueológico do Golã é parada obrigatória para os visitantes. Abriga uma coleção de artefatos que é uma verdadeira retrospectiva da história do homem e da cultura na região, dos tempos pré-históricos até o período talmúdico. Nesse museu estão expostos, entre outros, armas usadas nos embates entre os habitantes de Gamla e as legiões romanas. O próximo passo do roteiro dos visitantes é o antigo Parque de Katzrin, nas proximidades da zona industrial da cidade. Lá se vêem reconstituições de construções do período talmúdico, inclusive a magnífica sinagoga e duas residências. Ainda na zona industrial estão as vinícolas, que hoje fazem a fama dos vinhos israelenses, no mundo, com uvas cultivadas nos vinhedos locais. Algumas horas de visita bastam para provar que se está no coração dos famosos Vinhos do Golã. Sua região central se caracteriza pela presença de cachoeiras e rios que se estendem por quase toda a área – uma paisagem bem diferente do semi-árido que marca o sul de Israel. O verde é uma constante mais ao sul do Golã, no inverno e na primavera. De lá se tem uma vista panorâmica do lago Kineret, também chamado do Mar da Galiléia. Em suas águas, é muito refrescante um mergulho, no verão. Na área corre o Nahal El-Al, o mais perene dos rios do Golã, com duas famosas quedas de água – a Cachoeira Negra, cujas águas correm sob rochas negras de basalto; e a Cachoeira Branca, que deságua em um solo de calcário. Ainda na área, não importa a época do ano, é sempre bom passear pela região termal de Hammat Gader, famosa por suas propriedades luxuosas, da primeira fase do período romano. Outro ponto obrigatório é a cidade greco-romana de Susita, com igrejas bizantinas e ruas de colunas monumentais. Também conhecida como Ba’al Hermom, Mt. Líbano, Jabel A-talg, ‘Arqub, Hermon Massif, Pistas de Hermon, Jebel esh-Sheikh, Senir, Shenir, Sion, Sirion A ligação entre o povo judeu e as Colinas do Golã remonta aos tempos bíblicos. Diz a tradição judaica que foi no Monte Havtarim, na região do Monte Hermon, a 1.296m acima do nível do mar, nos declives de Katef Sion, que D’us prometeu a Abrão que lhe daria a terra para seus descendentes. Um antigo túmulo marca o local e um robusto carvalho ergue-se, ao lado. “Os olhos de Israel”. Assim é carinhosamente chamado o Monte Hermon, ponto culminante do país, localizado no topo da Cordilheira do mesmo nome, entre a fronteira de Israel e a Síria. Assim denominado por causa de seus picos, é um dos principais centros de prática dos desportos de inverno. Com 2.224m, foi o local escolhido para a implantação de um centro de lazer para turistas e amantes do esqui, pois a neve faz parte da paisagem natural da área de novembro a março, coberto de branco os picos do Hermon. Das suas encostas, que degelam depois do inverno, nasce o rio Jordão Vista de Hazor Mt. Hermon é o extremo sul da cordilheira Anti-Líbano. Seu pico mais elevado é 9230 pés e o ponto mais alto dentro das fronteiras de Israel hoje é Mizpe Shelagim em 7295 pés. A montanha é o único lugar com esqui na neve no país. Fronteira com a Síria A montanha tem sido conhecida como Ba’al Hermom, Senir, Sirion, Sião, e por Josefo como Mt. Líbano. Hoje, os árabes chamam de “Jabel A-talg” que se traduz como “a montanha de neve.” Mais de vinte templos antigos foram encontrados na montanha ou na sua proximidade. Mt. Hérmom Sl 133:3 (NVI) “É como se o orvalho de Hérmon estavam caindo sobre o monte Sião”. Cântico dos Cânticos 4:8 (NIV) “Vem comigo do Líbano, minha noiva …. descer do cume do Amana, do alto de Senir, o cume do Hermon, das cavernas dos leões e das principais atracções da montanha dos leopardos . “ Bibliografia: Duby, Tal & Haramati, Moni. Golan. Skyline , Ministry of Defense Publishing House,2001 Ya’acov Shkolnik, “Secrets from the Golan’s Ancient Synagogues”, The Book – 1985-2005. A selection of articles from ERETZ Magazine

fevereiro 07, 2021

INCOMPETENCIA DOS CORREIOS PERDE OBJETO

 Não Respondida

Adquiri pela Internet uma central multimídia na China, que foi regularmente expedida conforme o código de rastreamento LB091472767HK, postagem que eu acompanhei. No 18 de janeiro consta a entrega do objeto, QUE EU NÃO RECEBI. Fui a central de distribuição de Mongaguá reclamar e o atendende, grosseiramente, disse que está entregue e pronto. Eu perguntei quem teria recebido, assinado ou mostrado seus documentos e ele disse que não podia mostrar, seria confidencial, embora eu seja o destinatário. Na agência do correio uma funcionária gentil me mostrou uma foto da entrega, onde aparece a etiqueta do destinatário, o dedo do carteiro e meu nome escrito a caneta, sem documento, sem nada. Reclamei para o site da ECT explicando o caso e recebi como resposta - ''Prezado cliente, como deve ser de seu conhecimento informamos que o objeto mencionado foi entregue conforme sistema de rastreamento.'', o que mostra que ninguem sequer leu direito a reclamação. Moro em frente a praia, não tenho vizinhos de lado nenhum e na minha casa só residem dois idosos, eu e minha esposa e raríssimamente um de nós dois sai de casa. Só posso supor, infelizmente, que o próprio funcionário da ECT tenha posto meu nome na embalagem e ficado com o pacote, porque não há outra explicação, uma vez que o endereço da entrega está corretíssimo. Que triste é ver a decadência daquela que já foi a melhor e mais confiável empresa do país por décadas. Não creio que a ECT vá resolver coisa alguma, assumo o prejuízo mas vou fazer um terno circunstanciado de ocorrencia na Polícia e postar em todas as redes sociais. Não vai fazer diferença alguma para os Correios, mas ameniza um pouco o meu desgosto.

fevereiro 05, 2021

SEXO E MISTICISMO - UMA ABORDAGEM HISTÓRICA E CULTURAL - PARTE 4


 SEXO E MISTICISMO: uma abordagem histórica e cultural


Parte 4


Sexualidade e amor


Segundo o filósofo Martin Buber, três são as esferas nas quais o mundo das relações se constrói:
A primeira é a vida com a natureza, onde a relação permanece no limiar da linguagem, ou mundo da consistência, chamado COSMOS.
A segunda é a vida com os homens, onde a relação toma forma de linguagem, ou mundo a afetividade, também chamado de EROS.
Finalmente a vida com o espírito, onde a relação, embora sem linguagem, gera linguagem, ou o mundo da validade, ou LOGOS.
Quando o encontro perfeito se realiza, essas três esferas se reúnem num único portal, que é o da VIDA, o da PALAVRA.
Escreve Buber: - "Quando um homem está intimamente unido a sua mulher, estão ambos envolvidos pelo sopro da eternidade". Diz ainda: - "Quando um homem ama uma mulher de tal modo que ele a torna presente em sua vida, a luz do olhar dela lhe permite vislumbrar um clarão da luz divina."
A sexuallidade humana, na verdade, não é apenas biológica, mas deve considerar dimensões teológicas e metafísicas. Assim sendo pode-se iniciar a abordagem deste tema a partir de uma dupla constatação:
1) a sexualidade humana é a expressão carnal de uma realidade espiritual;
2) a sexualidade humana é a expressão carnal do amor pessoal.
Esta é a grande diferença entre a sexualidade animal, originária do instinto, para quem o sexo é apenas uma união fugaz, motivada pelo apelo biológico, e a sexualidade do homem, para quem é a corporificação do amor, ou um sinal sensível de uma realidade afetivo-espiritual.
Se o amor se define como a atração recíproca de uma homem por uma mulher, ou vice-versa, ou até mesmo entre parceiros do mesmo sexo, ele é rigorosamente pessoal e será necessariamente tanto carnal quanto espiritual.
Desta forma, seu amor desembocará inevitavelmente no terreno da sexualidade, onde os parceiros encontrar-se-ão não necessariamente para procriarem, mas para se amarem.
O filósofo Ernesto Sábato afirma que - "o amor entre almas corporificadas é a suprema tentativa de comunhão, e realiza-se mediante a carne, e que, se graças ao amor sabemos quanto de espiritual tem a carne, também é graças a ele que sabemos quanto de carne tem o espírito."
Por esta razão não se pode enquadrar numa categoria o amor espiritual entre parceiros, feito de afeto, carinho, afinidade e companheirismo e noutra categoria, diversa, o amor sexual: - ambos são faces da mesma moeda.
Encerramos este pequeno ensaio com um suave soneto de Hermes Fontes, que contrapõe à imperfeição e fragilidade humanas à sublime perfeição do mais nobre dos sentimentos:

Tanto esforço perdido em ser perfeito!
Em ser supremo, tanto esforço vão!
Sonho enfermo; acordo e junto ao leito,
a mesma inércia, a mesma escuridão.

Vejo, através das sombras, um defeito
Em cada coisa, e as coisas todas são,
para meus olhos rútilos de eleito,
prodígios de impureza e imperfeição.

Fico-me, noite a dentro, insone e mudo,
pensando em ti, que dormes esquecida
do teu amargurado sonhador...

Ah! Mas, se ao menos imperfeito é tudo,
salve-se ás mil imperfeições da vida,
a humilde perfeição do meu amor.


Bibliografia

Centenas de fontes foram compiladas para a elaboração deste ensaio. Listamos as mais importantes:

1) A Bíblia de Jerusalém ? Ed. Paulinas, 1980
2) A Bíblia Hebraica ? Ed. Sefer ? 1998
3) Antologia Nacional ? F. Barreto ? Liv. Francisco Alves - 1965
4) A Cabala ? Samuel Gabirol ? Ed. Record ? 1991
5) As origens da cabala ? Eliphas Levy ? Ed.Pensamento ? 1989
6) As leis morais ? R. Calligaris ? Fed. Espírita Brasileira ? 1967
7) Centaurus ? vol. 1, n° 2 ? 1998
8) Criação ? Gore Vidal ? Ed. Nova Fronteira ? 1981
9) Dicionário Enciclopédico SAV ? Ed. Formação Cultural
10) Enciclopédia Barsa
11) Ensaios e reflexões ? G. Zarsecka ? Ed. da autora - 1989
12) E por falar em amor ? Marina Colassanti ? Círculo do Livro ? 1980
13) Eu e Tu ? Martin Buber ? Cortez e Moraes Ed. ? 1977
14) Fisiologia Sensorial ? vários autores ? USP ? 1980
15) História da prostituição, uma interpretação ? L. Basserman ? Ed. Civ. Brasileira ? 1968
16) Kama Sutra ? Vatsyaayana ? Ed. Skorpios ? 1965
17) O livro dos símbolos ? R. Koch ? Ed. Renes - 1988
18) Orgia Latina ? F. Champsaur ? Ed. Lisboa ? 1911
19) Prazer, uma abordagem criativa da vida ? A. Iowen ? Círculo do Livro - 1990
20) Sciência e Religião na philosophia contemporânea ? Ed. Garnier ? 1924
21) 265 histórias divertidas sobre sexo ? suplemento da revista Nova n° 188
22) Wikipédia e diversos sites na internet