abril 22, 2021

BRASÍLIA, O SONHO, A ESPERANÇA, A FÉ.

 

 

        “Só o impossível é digno de ser sonhado” – Abgar Renault

        Muito antes da sua materialização, Brasília foi um sonho de um santo, que, a semelhança de Abraão,  havia vislumbrado um grande lago, aonde uma cidade maravilhosa viria a ser o berço de uma nova civilização, “..quando vierem escavar as minas ocultas no meio destas montanhas, surgirá aqui a terra prometida, vertendo leite e mel. Será uma riqueza inconcebível”...

        JK, transportou ao sonho fé e esperança, e as eternizou nas palavras com que saudava o início da empreitada : “Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se tornará o cérebro das decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã de meu país e antevejo esta alvorada com uma fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino”.

        Mais ainda, Juscelino, o sonhador do impossível, cercou-se de um séqüito de artistas-sonhadores que não temiam o absurdo desafio de transformar uma utopia em cidade: Oscar Niemeyer que materializou flores do cerrado em concreto armado, criando formas inéditas na arquitetura; Lúcio Costa, o brasileiro cidadão do mundo que deu asas ao sonho; o calculista poeta, Joaquim Cardozo, que planejou os moldes de ferro, areia e cimento com a mesma delicadeza que esculpia os seus versos, fazendo brotar poesia em forma de edifícios; Athos Bulcão que bordou renda em pedras, e outros tantos que perpetuaram aqui a sua glória em forma de obras

        Muitos outros aderiram ao sonho, e sonhando, com a agudeza de sua inteligência, com força de vontade, com o poder de seus músculos, com trabalho duríssimo, fizeram nascer o grande lago e dele brotar a mais espetacular capital do mundo, cujo símbolo mais marcante, a Catedral, oferenda ao Criador, lembra ou a forma das mãos justapostas em oração, abençoando o espírito visionário de D. Bosco, ou a coroa de espinhos, em memória a miraculosa epopéia, regada de suor e eivada de dor e sacrifícios, que foi a construção de Brasília.

        No dia da inauguração, o cruzeiro da primeira missa do Brasil, rezada por Frei Henrique de Coimbra, trazido de Ouro Preto, é solenemente instalado na empoeirada e gigantesca esplanada, para testemunhar a primeira missa de Brasília, e é saudada com os versos do artista poeta Guilherme de Almeida: Agora, aqui é a encruzilhada tempo-espaço. Caminho que vem do passado e vai ao futuro. Caminho do Norte, do Sul, do Leste e do Oeste. Caminho ao longo dos séculos, caminho ao longo do mundo: aqui e agora todos se cruzam pelo sinal da Santa Cruz”

        O sonho, a fé e a esperança de JK, simbolizados nesta cidade, berço de uma nova civilização, sonhada por um santo e materializada por anjos disfarçados de homens, estão se perdendo porque ela foi tomada de assalto pela pior espécie de ladrões, mentirosos, vigaristas, corruptos e corruptores, vagabundos, preguiçosos, desavergonhados, abusados, imorais e todo tipo de malandros, que zombam do povo brasileiro, enlameiam seu presente, desperdiçam seu futuro e traem os sonhos daqueles que sonharam esta Capital.

        Que o espírito de JK se faça presente  em cada brasileiro honrado e decente, e que os votos desses milhões de brasileiros devolvam Brasília a representantes do povo que, a semelhança de Juscelino e seu séqüito de sonhadores, possam materializar os sonhos do nosso povo, construindo uma grande nação e devolvendo-lhe a fé e a esperança em seu grande, e merecido, destino.

        Cabe a cada brasileiro sonhar o sonho de JK, e construir o país que todos desejamos.

 

PALESTRA NA ARLS GM ANTONIO CALADO 20 - SALVADOR, BA

 


                A convite do caro Irmão Eliton Sampaio, no dia 20 de abril visitei virtualmente a linda cidade de Salvador para realizar a palestra "O caminho da felicidade" na ARLS Grão Mestre Antonio Calado n. 20, da GLEB. Estiveram presentes irmãos de outros estados e, como sempre solicito, a Loja se comprometeu a fazer uma doação de alimentos a instituições de beneficência. Foi uma noite muito agradável e a sessão de perguntas se prolongou mais de uma hora. Agradeço aos irmãos do quadro pela gentil recepção.

            

abril 21, 2021

CHUVA, MAÇONARIA & GOTEIRA - texto de NEWTON AGRELLA





NEWTON AGRELLA é um dos mais renomados intelectuais e autores maçonicos do país. Ele autorizou a publicação de seus excelentes textos.


Numa época de tantas chuvas e tempestades que assolam o País é inevitável fazermos uma ilação com as indefectíveis "goteiras".

E no rastro da "goteira" acabamos nos deparando com uma expressão que no vocabulário maçônico  trata-se de uma  referência  para identificar um profano, que quer se passar por um "franco-maçom".

Estas chuvas tão constantes de alguma forma acabam atraindo  algumas dessas "goteiras" para as diversas Lojas espalhadas pelo país.

Recentemente fomos vítimas de "goteira" em nossa Loja, o qual após devido exame, foi constatado desconhecer procedimentos basilares da Sublime Ordem e com isso foi convidado a se retirar do edifício.

Esse procedimento contudo, deve ser feito com extremo cuidado, zelo e discrição para evitarem-se situações constrangedoras.

Aquele que quer se introduzir numa Loja Maçônica, tentando se passar por um Iniciado em nossos mistérios,  tenta valer-se de alguns toscos artifícios gestuais  ou vocabulares, porém, não raro,  ao serem submetidos ao "Telhamento" seus propósitos caem por terra.

Remetendo-nos à época das guildas e corporações de ofício, na Idade Média -  que serviram como base para o surgimento das Lojas de Ofício e  da Maçonaria Operativa, portadoras dos segredos das artes da construção - seus obreiros protegiam-se dos intrusos valendo-se de expressões como palavras, sinais e toques dentre outras habilidades, que serviam para preservar seus segredos na edificação de seus trabalhos.

Observe que ainda hoje, em nossos rituais, e em especial no R.'.E.'.A.'.A.'. antes da Abertura dos Trabalhos, a primeira providência tomada  é a de se certificar quanto a segurança do Templo, cabendo ao Ir∴ Cobr∴ Ext∴  ,sob determinação do Veneravel Mestre,  verificar se o Templo está coberto, ou seja, se está protegido contra eventuais indiscrições ou bisbilhotices  profanas.

Voltando às chuvas e em especial à figura do "goteira"  compete ao Ir.'. Cobridor Externo submeter o suposto goteira ao 

"Telhamento" - que consiste no ato de cobrir uma construção com telhas, a fim de protegê-la da chuva, das goteiras. 

Ou seja, uma metáfora que enseja um exame para se certificar se o indivíduo é um verdadeiro Maçom ou não.

Desse modo, somente, após a certificação  quanto à segurança do Templo, ou seja, ser declarado que  “o Templo está coberto”,  é que os Trabalhos maçônicos podem ser abertos. 

Apenas a título de curiosidade o termo "goteira" em Português foi uma expressão adaptada do Inglês "eavesdrop" (bisbilhotar / ouvir por de trás da porta).

Como referência bibliográfica e histórica na obra 

“Masonry Dissected” (Maçonaria Dissecada) do inglês Samuel Prichard  o autor revela  em detalhes, a ritualística maçônica.

Observa-se, na referida publicação um trecho com as seguintes perguntas e respostas: “P- Aonde tem assento os Aprendizes mais novos? R- No Norte. P- Qual é a sua função? R- Manter afastados todos os “Eavesdroppers” (bisbilhoteiros). P- Como deve ser castigado um  “Eavesdropper”, se apanhado? R- Deve ser colocado debaixo do beiral, em dias de chuva, até que as goteiras o encharquem.

Assim, no sentido figurado “eavesdrop” é a água que cai em forma de gotas, que goteja, do beiral ou da calha de um telhado, ou seja, uma goteira.

Eis uma contribuição da Chuva, aliada a um episódio maçônico, tão frequentemente flagrado, que denota um aspecto circunstancial da Maçonaria.

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BRASÍLIA - 61 ANOS

 


Brasília era uma cidade adolescente, de apenas 16 aninhos, quando estive aqui pela primeira vez. Eu fiquei deslumbrado pela audácia da arquitetura e aterrorizado pela amplitude dos espaços, acostumado que estava aos altos e baixos de Petrópolis, onde eu havia estudado e de Santa Tereza no Rio onde residia, cujos horizontes terminavam sempre na próxima fralda de morro.
Mudei-me depois para Campo Grande e no Mato Grosso do Sul o horizonte também se estendia ao infinito e acabei me acostumando com esses amplos espaços.
Voltei a Brasília algumas vezes a trabalho, muito rapidamente, e a cada retorno ela, sorrateiramente, se infiltrava em meu coração. Os espaços verdes e organizados, a extraordinária beleza de seus edifícios, a placidez do Lago Paranoá, o indescritível azul do céu, o multicolorido pôr-do-sol, o alto astral da cidade iam me cativando pouco a pouco.
Quando fui nomeado diretor do SIPRI de MS (orgão do MRE de promoção de comércio internacional) acabei por ficar duas vezes por algumas semanas no Instituto Israel Pinheiro, uma das mais lindas propriedades de Brasília (e do Brasil também) e acabei por me apaixonar completamente pela cidade. Prometi a mim mesmo, sentado a beira do lago: - um dia eu virei morar aqui.
Poucos anos depois tive a chance de instalar em Brasília o escritório brasileiro da Card Guard Scientific Survival e o meu recôndito desejo se realizou. Em cerca de vinte e quatro anos em Brasília e no seu entorno, em Valparaíso, desfrutei de tudo que esta maravilhosa cidade tem a oferecer. A cidade parece fria e distante a primeira vista, mas como os amores de romance tem que ser conquistada aos poucos, e a medida que se revelam os seus segredos nosso amor por ela aumenta.
Ela também me presenteou com a minha amada mais amada, a Alice Ribeiro, esposa, companheira, parceira de momentos bons e difíceis, luz de minha vida.
Envelhecemos juntos a cidade e eu. Tenho 10 anos a mais do que Brasilia, e tanto em mim quanto nela aparecem coisas indesejadas. Eu adquiri diabetes e hipertensão e ela um triste desgoverno, violência urbana, buracos nas ruas, saúde pública em crise. Mas apesar das marcas do tempo continua linda, poderosa, cheia de promessas, aguardando apenas um governo que a ame mais do que a seu próprio bolso para coloca-la outra vez em ordem. Tenho confiança que a cidade irá receber o respeito e o cuidado que ela merece.
Esse é o presente que eu lhe desejo nos seus 61 anos. Parabéns Brasília. Eu a amo.

abril 20, 2021

PALESTRA NA ARLS GRÃO MESTRE ANTONIO CALADO


 

CONHEÇA OS RITOS MAÇONICOS - MEMPHIS-MISRAIM E BRASILEIRO

   


RITOS MAÇÔNICOS

Denomina-se de rito maçônico um conjunto sistemático de cerimônias e ensinamentos maçônicos. Esses variam de acordo com o período histórico, conotação, objetivo e temática dada pelo seu criador; muitos ritos existiram por breves períodos de tempo e foram extintos, muitos mantém suas tradições inalteradas até hoje, estima-se que ao longo da historia tenha existido mais de 140 ritos diferentes, os ritos hoje mais difundidos no mundo são: O rito de York, O rito Escocês Antigo e Aceito, O rito Francês ou Moderno, O rito Schröeder, O Rito de Memphis-Misraim. No Brasil se exercem todos esses, mas se destacam também o Rito Brasileiro e o Rito Adonhiramita.

RITO DE MEMPHIS-MISRAIM

Esta Obediência Maçônica, que celebrou seu bicentenário em 1988, surgiu quando os dois Ritos, de Memphis e de Misraim, foram reunidos em 1881, por Giuseppe Garibaldi, que se tornou seu primeiro Grão-Mestre. O Rito de Misraim foi fundado em Veneza em 1788. Sua filiação veio através de Cagliostro, que o erigiu com os Graus Menores da Grande Loja da Inglaterra e os Altos Graus da Maçonaria Templária Alemã. O Rito de Memphis foi constituído em Montauban em 1815, por Franco-maçons que tomaram parte na Missão do Egito, com Napoleão Bonaparte, em 1799. A estes dois Ritos foram adicionados os Graus Iniciáticos que vieram de Obediências Esotéricas do século XVIII: o Rito Primitivo, o Rito dos Philadelphos, entre outros.

O Rito de Misraim

A primeira menção ao Rito foi feita em Veneza em 1788. Ele se difundiu rapidamente em Milão, Gênova e Nápoles e apareceu na França com Michel Bedarride, que recebeu o Grão-mestrado em 1810, em Nápoles, do Irmão De Lasalle. De 1810 a 1813 os três Irmãos Bedarride desenvolveram o Rito em França, de certa forma sob a proteção do Rito Escocês. Ilustres Maçons pertenceram a ele, como o Conde Muraire, Soberano Grande Comendador do Rito Escocês Antigo e Aceito, entre outros.

O Rito de Memphis

A maioria dos membros que acompanharam Bonaparte na Missão do Egito eram Maçons pertencentes a antigos Ritos iniciáticos: Philalètes, Irmãos Africanos, Rito Primitivo e Grande Oriente de França. Tendo descoberto no Cairo uma sobrevivência gnóstico-hermética e no Líbano a Maçonaria drusa, que Gérard de Nerval também encontrou, remontando à Maçonaria "operativa" que acompanhava os seus protetores, os Templários, os Irmãos da Missão do Egito decidiram renunciar à filiação maçônica vinda da Grande Loja da Inglaterra. E assim nasceu o Rito de Memphis em 1815, em Montauban, sob a direção de Samuel Honis e Marconis de Negre, com numerosas Lojas no exterior e personalidades ilustres em suas fileiras, como Louis Blanc e Giuseppe Garibaldi, que em breve se tornaria o unificador de Memphis e de Misraim.

O Rito de Memphis-Misraim

Os Ritos de Memphis e Misraim, até 1881, seguiam rotas paralelas e concertadas no mesmo clima particular. Os Ritos começaram então a agrupar Maçons interessados no estudo do simbolismo esotérico da Maçonaria, gnose, cabala e até mesmo o hermetismo e o ocultismo. O Rito de Memphis-Misraim perpetua sua Tradição na fidelidade aos princípios de liberdade democrática e das ciências iniciáticas. Alguns outros ritos derivaram da formulação original do rito de Menphis e Miram. Mênphis ou Oriental: Foi introduzido em Marselha(França) pelos Maçons Marconis de Négre e Mouret, no ano de 1838; esse rito dirige seus ensinamentos como o de Mizraim para a tradição Egípcia, compões-se de 92 graus, dividido em 3 séries. Mênphis-Mizraim: Rito criado com a reunião dos ritos de Mênphis e Mizraim em 1899 no Grande Oriente da França. Soberano Santuário: Termo específico do Rito de Memphis-Misraim. É a Direção do Rito como um todo, seguindo antigas Tradições. Mizraim-Mênphis: Rito criado com a reunião dos dois ritos, com conotação mais voltada ao Mizraim.

O RITO BRASILEIRO

Alguns estudiosos falam de sua instalação em 1864 no Estado de Pernambuco, com o nome de Maçonaria Especial do Rito Brasileiro. Oficialmente tem-se a data de 23 de dezembro de 1944 como de sua criação, através do Decreto nº 500 do Soberano Grão-Mestre Lauro Sodré. Dos diversos ritos praticados pela Maçonaria Regular, em todos os recantos da Terra, o Rito Brasileiro é um deles. O Rito Brasileiro há muito tempo é Regular, Legal e Legítimo. Acata os Landmarks e os demais princípios tradicionais da Maçonaria, podendo ser praticado em qualquer país.

Teria sido o embrião do Rito Brasileiro o apelo feito por um irmão Lusitano, um Cavaleiro Rosa Cruz, no ano de 1864, dirigido aos Orientes Lusitano e Brasil, no sentido de que fosse criado um Rito novo e independente, mantendo os três graus simbólicos, de acordo com a tradição maçônica, comum a todos os ritos e, os demais, altos graus, fossem diferenciados com características nacionais. Em 1878, em Recife surgiu a Constituição da Maçonaria do Especial Rito Brasileiro com aval de 838 obreiros, presidido pelo comerciante José Firmo Xavier, para as Casas do Circulo do Grande Oriente de Pernambuco; Esta Constituição era Maçonicamente totalmente irregular, pois a mesma além de se assentar sob os auspícios de sua Majestade Imperial Dom Pedro II, Imperador do Brasil, da Família Imperial e sua Santidade Sumo Pontífice o Papa, nela estava incluído vários preceitos negativos, como por exemplo: A admissão somente de Brasileiros natos, e em seu artigo quarto afirmava que uma das finalidades do Rito era defender a Religião Católica e sustentar a Monarquia Brasileira. Evidentemente o Rito não prosperou, pois era Irregular.

Atualmente o Rito Brasileiro é uma realidade vitoriosa. Possui organização e doutrina bem estruturada, que muito se diferencia da organização e doutrina incipientemente propostas ao longo de sua história. Solidamente constituído é praticado por mais de 150 Oficinas Simbólicas distribuídas por quase todas as unidades da Federação.



abril 19, 2021

CONHEÇA OS RITOS MAÇONICOS - FRANCÊS OU MODERNO E SCHRÖEDER:

 



RITOS MAÇÔNICOS

Denomina-se de rito maçônico um conjunto sistemático de cerimônias e ensinamentos maçônicos. Esses variam de acordo com o período histórico, conotação, objetivo e temática dada pelo seu criador; muitos ritos existiram por breves períodos de tempo e foram extintos, muitos mantém suas tradições inalteradas até hoje, estima-se que ao longo da historia tenha existido mais de 140 ritos diferentes, os ritos hoje mais difundidos no mundo são: O rito de York, O rito Escocês Antigo e Aceito, O rito Francês ou Moderno, O rito Schröeder, O Rito de Memphis-Misraim. No Brasil se exercem todos esses, mas se destacam também o Rito Brasileiro e o Rito Adonhiramita.

RITO FRANCÊS OU MODERNO

A história deste rito se inicia em 1774, com a nomeação de uma comissão para se reduzir os graus, deixando apenas os simbólicos. No princípio houve uma forte oposição, então a comissão decidiu deixar quatro dos principais graus filosóficos. Com o decorrer do tempo, lojas adotaram o rito e hoje em dia é muito praticado na França e nos países, que estiveram sob sua influência.

O rito, embora criado sob moldes racionais, seguia a orientação dos demais, em matéria doutrinária e filosófica, baseada, entretanto, na primitiva Constituição de Anderson, com tinturas deístas, mas largamente tolerante, no que concerne à religião. Em 1815, ocorreria a regressão dogmática, que tanto influiria nos destinos da Maçonaria francesa: a Grande Loja Unida da Inglaterra, que surgira em 1813, da fusão da Grande Loja dos "Modernos" (de 1717) e a dos autodenominados "Antigos", de 1751, alterava a primitiva Constituição de Anderson, tornando-a absolutamente dogmática e impositiva. Ou seja: ao liberalismo e à tolerância da original compilação de Anderson, foram sobrepostos os teísmo pessoal, o dogmatismo e a imposição, incompatíveis com a liberdade de pensamento e de consciência.

Apesar disso, quando o Grande Oriente promulgou, em 1839, seus primeiros "Estatutos e Regulamentos Gerais da Ordem", estes conservavam o melhor da tradição da Maçonaria dos Aceitos, dentro do espírito da original Constituição de Anderson, de 1723. Em 1872, depois de estudos iniciados em 1867, o Grande Oriente da Bélgica suprimia, de seus rituais, a invocação do G.'.A.'.D.'.U.'.. Essa resolução aboliu a invocação, mas não a fórmula do G.'.A.'.D.'.U.'., como freqüentemente se afirma. Era a tolerância, elevada ao máximo, que motivava o Grande Oriente a rejeitar qualquer afirmação dogmática, na concretização do respeito à liberdade de consciência e ao livre arbítrio de todos os maçons.

O Grande Oriente e a Grande Loja da França, porém, doutrinariamente, continuam a manter a fidelidade àqueles antigos usos, relativos ao respeito à liberdade absoluta de consciência. A Maçonaria francesa, tendo muitos aristocratas em seus quadros, embora seu maior contingente fosse da burguesia, que faria a revolta, ao implantar o uso de espadas em Loja, pretendia mostrar que ali todos eram iguais, não havendo nobres ou plebeus, ricos ou pobres, ficando, as ainda inevitáveis diferenças sociais e econômicas para lá do limite dos templos. O Rito Moderno, hoje, o único fiel ao texto original das Constituições de Anderson (1723), que traduziam os antigos usos e costumes da Maçonaria e que se tornaram o instrumento jurídico básico da moderna Maçonaria.

RITO SCHRÖEDER:

Criado por Frederick Louis Schoröeder, em 1766 na Alemanha, com a idéia de a Maçonaria conter apenas as suas características fundamentais iniciais, sem nenhum acréscimo. Estudou muito as origens maçônicas para compor este rito. Os Rituais de Schröder foram aprovados em 1801 pela Assembléia dos Veneráveis Mestres da Grande Loja de Hamburgo, Alemanha, sendo praticados por alemães e seus descendentes em diversos países. No Brasil, com a colonização germânica no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, o Rito estabeleceu-se inicialmente no idioma Alemão. Mais tarde foi traduzido para o Português e hoje é reconhecido pelas Grandes Lojas Estaduais- CMSB, pelo G. O. B. e pelos Grandes Orientes Estaduais Independentes - COMAB.

O Ir.'. Schröder entendia a Maçonaria como uma união de virtudes e não, uma sociedade esotérica. Por isso, enfatizou no seu Ritual o ensinamento dos valores morais e a difusão do puro espírito humanístico, dentro do verdadeiro amor fraternal. Preservando a importância dos símbolos e resgatando o princípio que afirma ser "a verdadeira Maçonaria a dos Três Graus de São João". Pelo seu trabalho e exemplo, o Ir.'. Schröder é venerado e respeitado hoje, como no passado, sendo homenageado pelas antigas Lojas alemãs e por Lojas e Irmãos de todo o mundo. O Rito Schröder apresentou expressivo crescimento a partir de 1995, quando havia cerca de 14 Lojas no Brasil. Por utilizar um Templo simples, com poucos paramentos e cargos, torna-se muito mais fácil "trabalhar" em uma Oficina Schröder. Tudo isso contribui para aumentar o número de Oficinas que adotam o Rito. Atento a este movimento, o G. O. B. criou em 1999 o cargo de Grande Secretário Geral de Orientação Ritualística-Adjunto para o Rito Schröder, não por acaso, ocupado por um dos integrantes do Colégio de Estudos.

Alguns aspectos principais chamam a atenção de todos os Irmãos que entram em contato com o Rito: a simplicidade da Liturgia, que em nada diminui sua beleza e profundidade; as palavras amáveis do V.M. ao iniciando e aos Irmãos; a valorização das qualidades morais do homem; o estímulo ao autoconhecimento.



abril 18, 2021

CONHEÇA OS RITOS MAÇONICOS - YORK E REAA


 RITOS MAÇÔNICOS

Denomina-se de rito maçônico um conjunto sistemático de cerimônias e ensinamentos maçônicos. Esses variam de acordo com o período histórico, conotação, objetivo e temática dada pelo seu criador; muitos ritos existiram por breves períodos de tempo e foram extintos, muitos mantém suas tradições inalteradas até hoje, estima-se que ao longo da historia tenham existido mais de 140 ritos diferentes, os ritos mais difundidos no mundo atualmente são: O rito de York, O rito Escocês Antigo e Aceito, O rito Francês ou Moderno, O rito Schröeder, O Rito de Memphis-Misraim. No Brasil se exercem todos esses, mas se destacam também o Rito Brasileiro e o Rito Adonhiramita.

RITO DE YORK

Acredita-se ter sido criado por volta de 1743. Foi levado à Inglaterra por volta de 1777. Inicialmente foi composto de quatro graus, hoje possui 13 e atualmente é o rito mais difundido no mundo. Até 1744 possuía apenas os três graus simbólicos, quando foram introduzidos vários graus filosóficos. Em 1813 reestruturou-se o Rito com 03 graus simbólicos mais um grau filosófico o ROYAL ARCH. A data dessa unificação foi 27 de dezembro de 1813, dia de São João Evangelista.

No Brasil dizemos Rito de York ao sistema maçônico que segue estritamente as práticas inglesas, de um modo particular observando-se as cerimônias tradicionais que recebem o nome geral de Emulation working ("trabalhos de Emulação"). Emulação é o sentimento que nos estimula a superar algo, a sermos perfeitos. Em 1813, ao se unirem Antigos e Modernos, na solene afirmativa do Act of Union foi dito, e até hoje é mantido como declaração preliminar no livro das Constituições da Grande Loja Unida da Inglaterra, que "a pura e Antiga Maçonaria consiste de três graus e não mais, a saber, os de Aprendiz Registrado, Companheiro do Ofício e Mestre Maçom, incluindo a Suprema Ordem do Santo Real Arco.

Fica desse modo bastante claro que, conforme os princípios ingleses (ou pelo menos da Grande Loja Unida), embora a complexa existência de círculos ou ordens além do grau três, tais manifestações não são consideradas como puras, nem o Arco Real é tido como um grau extra, mas sim uma Ordem incluída nos três graus a que se reduz a dita pura Antiga Maçonaria. Paradigma estranho aos brasileiros, à medida que estamos acostumados às diversas escalas da carreira maçônica ou graus, assim, por exemplo, os prestigiosos 33 graus do Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA).

RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO

Derivou-se do Rito de Heredon. Em 1º de maio de 1786 foram fixadas as regras e seus fundamentos, composto até hoje de 33 graus. Atualmente é o rito mais difundido nos países latinos. A origem do rito escocês antigo e aceito está diretamente ligada as Cruzadas. Devia fazer-se sentir, não só entre os artífices, mas ainda entre os nobres que também conheceram na Palestina, formas de associações novas e, uma vez de volta a Europa constituíram Ordens, semelhantes às do Oriente, nas quais admitiram logo outros iniciados. É assim que em 1196, fundou-se na Escócia a "Ordem dos Cavaleiros do Oriente", cujos membros tinham como ornamento uma cruz entrelaçada por quatro rosas. Dizem que essa Ordem trazida da Terra Senta, pelo ano de 1188 da Era Cristã, da qual o rei Eduardo I da Inglaterra.

O Rito Escocês Antigo e Aceito resolveu definitivamente o problema que tinha por objetivo conservar na Maçonaria os ensinamentos filosóficos que, há séculos, se agruparam em torno do pensamento primitivo e simples, em que a Maçonaria está estabelecida. Cada iniciação evoca a lembrança de uma religião, de uma escola, ou de alguma instituição da Antigüidade. Estão em primeiro lugar as doutrinas judaicas. Vêem em seguida os ensinamentos baseados no cristianismo e representados, sobretudo pelos Rosacruzes, esses audazes naturalistas que foram os pais do método de observação e procura da verdade, de onde saiu a ciência moderna. Portanto, as iniciações do Escocismo reportam-se aos Templários, esses cavaleiros hospitalares e filósofos nos quais os maçons dos Altos Graus glorificam a liberdade do pensamento corajosamente praticada numa época de terrorismo sacerdotal.



abril 17, 2021

MAÇONS ILUSTRES COM AS LETRA A e B

 Ademar de Barros - médico e político ( Governador de Estado  de SP)

Altino Arantes - político ( Presidente de Estado )

Afonso Celso ( Visconde de Ouro Preto ) - estadista

Albuquerque Lins - político (presidente de Estado)

Alcindo Guanabara - político e jornalista

Alvarenga - cantor popular (em dupla com Ranchinho)

Amadeu Amaral - escritor

Américo Brasiliense - republicano histórico (Presidente de Estado)

Américo de Campos - diplomata e jornalista

Antonio Bento - abolicionista

Antonio Carlos Ribeiro de Andrada - diplomata e jornalista

Antonio Carlos Ribeiro de Andrada III - político (Presidente de Estado)

Aristides Lobo - republicano histórico

Arrelia - artista circense

Arruda Câmara - naturalista e frade carmelita

Azeredo Coutinho - bispo, precursor da independência

Barão do Rio Branco - historiador e diplomata

Barão de Itamaracá - médico, poeta e diplomata

Barão de Jaceguai - almirante, escritor e diplomata

Barão de Ramalho - abolicionista e republicano

Barão do Triunfo - militar

Basílio da Gama - político

Benedito Tolosa - médico e professor

Benjamin Constant - militar, professor e político ( "o pai da República" )

Benjamin Sodré - almirante e político

Bento Gonçalves - líder da revolução farroupilha

Bernardino de Campos - republicano histórico ( Presidente de Estado )

Bob Nelson - cantor popular

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abril 16, 2021

O RITUAL DA VELAS E A CROMOTERAPIA

      

             

              Quase todas as tradições religiosas e rituais maçônicos utilizam-se de velas em determinados momentos, especialmente na abertura e encerramento. Embora muitos ritos tenham adotado lâmpadas elétricas que emulam velas, estas continuam a ser utilizadas como  catalizadores de luz, ativados pela intenção, desejo e oração para criar iluminação espiritual. Devoção e mistério estão presentes no acendimento de velas, que simbolicamente fazem recair luz sobre os cantos “escuros da nossa vida” - “Pois o preceito é uma lâmpada, e a instrução é uma luz”, (Prov. 6, 23).

,        A luz é um dos mais expressivos símbolos na maçonaria, pois representa (para os maçons de linha inglesa) o espírito divino, a liberdade religiosa, designando (para os maçons de linha francesa) a ilustração, o esclarecimento, o que esclarece o espírito, a claridade intelectual. A Luz, para o maçom, não é a material, mas a do intelecto, da razão, é a meta máxima do iniciado maçom, que, vindo das trevas do Ocidente, caminha em direção ao Oriente, onde reina o Sol. Castellani diz que graças a essa busca da Verdade, do Conhecimento e da Razão, é que os maçons autodenominam-se Filhos da Luz; e talvez não tenha sido por acaso que a Maçonaria, em sua forma atual, a dos Aceitos, nasceu no “Século das Luzes”, o século XVIII.

         No passado as velas eram feitas com madeiras resinosas ou cascas e galhos de árvores embebidos em gordura animal e desprendiam um odor desagradável. Atualmente sua fabricação evoluiu  ganhando novas formas, cores e fragrâncias agradáveis.. 

         Ao enfocarmos o lado místico e esotérico das velas, penetramos num universo de símbolos e arquétipos, onde aparecem os quatro elementos básicos da natureza: a parafina e os  elementos sólidos representam a terra; o pavio, ao entrar em combustão, evidencia o elemento fogo que se manifesta também pela ação do ar; ao tornar-se líquida, a vela então é água que se manifesta com sua fluidez e  maleabilidade.

       Podemos, também relacionar as velas ao próprio homem, com a parte sólida relacionando-se ao corpo físico; a parafina líquida ao sangue e aos elementos líquidos do corpo; e o fogo caracterizando o espírito, com a função específica de manter a união dos corpos físico, mental e astral.

       

,              CROMOTERAPIA          

            A cromoterapia – energia curativa através das cores – utiliza-se da vela  como recurso adicional de vibração, energia e luz:

            Vermelho – a cor mais densa do espectro, relaciona-se com a energia  física, traduzindo-se em sexualidade.

            Laranja – emite vibrações de criatividade, alegria e força mental.

            Amarelo – energia espiritual, otimismo e vitalidade. Na matéria, ativa  o poder e a luz pessoal e social.

           Verde – energia de equilíbrio, saúde física e estabilidade.

Rosa – energia angélica, amor incondicional e calma.

Azul – energia da comunicação interna e externa, intuição,  sensibilidade, identificação de oportunidades e expressão de talentos.

          Marrom – energia da terra e dos bens materiais.

          Branca – vibrações de paz, harmonia, purificação e unificação.

            As formas

            Atualmente, além da função original de iluminar, as velas andaram ganhando  novas formas e associando-se à radiônica. Assim, podemos utilizar da   energia sutil emanada pelas figuras geométricas para a harmonização de  ambientes e para a mudança ou manutenção de condições físicas, emocionais  ou espirituais:

            Quadradas – representam a terra, a estabilidade da matéria, a intimidade, o lado oculto. Seus quatro lados associam-se aos elementos básicos: terra, fogo, água e ar. Utilizadas para afastar a timidez.

             Redondas – representam as emoções, a totalidade. Devem ser utilizadas para fortalecimento espiritual e emocional. Liberam sentimentos.

             Cilíndricas – concretizam situações. Deve-se utilizá-las para obter sucesso em pedidos difíceis.

             Triangulares e cônicas – simbolizam o equilíbrio, a Santíssima Trindade, os aspectos físicos, espirituais e emocionais do homem. O cone  voltado para cima está ligado ao desejo da transcendência. Usar em rituais de proteção

            Estrela de cinco pontas – a manifestação do homem enquanto matéria, o seu carma. Seu uso traz coragem para enfrentar desafios.

            Piramidais – recomposição geral do equilíbrio físico e ambiental, através da revitalização da mente e das funções cerebrais. Utilizar para proteção e captação de energias.

            Espirais – de atuação constante, possuem as mesmas propriedades das velas piramidais, triangulares, cônicas e estrela, com a função adicional de dissolver ou precipitar situações.

            Curtas – ajudam a energizar o ambiente, eliminando lembranças  negativas do passado.

            Longas – busca da sabedoria e bênçãos divinas.

            Os aromas

            Na utilização das velas para efeitos terapêuticos e de harmonização  podemos recorrer à prática dos conceitos da aromaterapia, através do uso de óleos essenciais:

            Felicidade no amor – almíscar, cravo, rosa, jasmim, sândalo, canela.

            Sexualidade em alta – patchuli, ópium, dama da noite, maçã, canela.

            Meditação – rosa, violeta.

            Limpeza do ambiente – eucalipto, arruda, cravo, canela.

            Fortalecer a espiritualidade – rosa, violeta, alfazema, cedro.

            Ajudar nos estudos e no trabalho – jasmim, mirra, lavanda, sândalo.

            Relaxar o corpo – alfazema, flor de maçã

abril 15, 2021

MARY’S CHAPEL – A LOJA MAÇÔNICA MAIS ANTIGA DO MUNDO


Autor: Vitor M. Adrião

Quem passa em Hill Street junto à porta nº 19, não deixa de reparar no invulgar do seu aspecto, desde as colunas jônicas laterais até um misterioso emblema gravado por cima da entrada, que tem sido motivo das mais desencontradas leituras por aqueles que desconhecem estar diante da Mary’s Chapel nº 1 de Edimburgo, a mais antiga Loja Maçônica ativa do Mundo.

Este emblema esculpido em pedra sobre a entrada principal portando a data 1893, nasceu de um projeto apresentado pelo Venerável Mestre Dr. Dickson no Lyric Club em 6 de Outubro desse ano e que se destinava a ser colocada aqui. Consiste num hexalfa dentro de um círculo tendo ao centro a letra G resplandecente.

O hexalfa ou estrela de seis pontas com dois triângulos opostos entrelaçados circunscrito pelo círculo designa a Harmonia Universal, a Alma Universal alentada pelo G raiado indicativo de Geômetra, o Grande Arquiteto do Universo, portanto, God ou Deus, que como Espírito (triângulo vertido) elabora a Matéria (triângulo vertido), ambos os princípios não prescindido um do outro (triângulos entrelaçados) para que a Grande Obra do Universo (a sua evolução e expansão incluindo todos os seres viventes dele) seja justa e perfeita, o que se assinala no círculo.

Em linguagem Maçônica, isso quer dizer que os trabalhos de Loja possuem retidão e ordem. Em linguagem hermética ou segundo os princípios de Hermes, o Trismegisto, significa “o que está em cima é como o que está em baixo, e vice-versa, para a realização da Grande Obra”.

Neste emblema aparecem também muitas marcas em forma de runas pictas (isto é, a dos primitivos habitantes da Escócia, os pictos, que estabeleceram o seu próprio reino) e símbolos de graus maçônicos que vêm a designar em cifra, correspondendo à marca Maçônica pessoal, os nomes dos Oficiais da Grande Loja da Escócia e da Loja de Edimburgo nesse ano de 1893 da qual esta Loja de Mary´s Chapel faz parte como número 1.

Com efeito, entre os triângulos e o círculo aparece a sigla LEMC nº1, “Loja (de) Edimburgo Mary´s Chapel nº 1”, e dentro dos triângulos 12 símbolos correspondentes aos 12 Oficiais desta Loja, enquanto os 4 símbolos fora do círculo designam os 4 Oficiais da Grande Loja presentes quando se aprovou esta peça artística. Como exemplo único evitando indiscrições, repara-se no H com o Sol Levante por cima: é a marca pessoal de George Dickson, Venerável Mestre desta Loja de Edimburgo em 1893.

Leva a designação atual de Loja de Edimburgo porque Mary´s Chapel (Capela de Maria), onde a Loja funcionou originalmente, não existe mais.

Ela foi fundada e consagrada à Virgem Maria, no centro de Niddry´s Wynd, por Elizabeth, condessa de Ross (Escócia), em 31 de Dezembro de 1504, sendo confirmada por Carta do rei James IV em 1 de Janeiro de 1505. A capela foi demolida em 1787 para a construção de uma ponte no sul da cidade.

Esta Loja é a número 1 na lista da Grande Loja da Escócia (estabelecida em 30 de Novembro de 1736) por lhe ser muito anterior possuindo a ata de uma sessão Maçônica datada de 31 de Julho de 1599, constituindo o documento maçônico mais antigo do mundo e num tempo de transição entre a Maçonaria Operativa e a Maçonaria Especulativa, posto a existência de esta Ordem poder repartir-se por três períodos distintos:

Maçonaria Primitiva (terminada com os colégios de artífices romanos, os Collegia Fabrorum);

Maçonaria Operativa (terminada em 1523);

Maçonaria Especulativa (iniciada em 1717).

Por este motivo, foi nesta Loja de Mary´s Chapel que William Shaw (c. 1550-1602), Mestre de Obra do James VI da Escócia e Vigilante Geral do Ofício de Construtor, apresentou os seus famosos Estatutos Shaw datados de 28 de Dezembro de 1598, apercebendo-se pelo texto que ele além de pretender regular sob sanções a Arte Real dos artífices, procurava estabelecer uma separação entre os maçons operativos e os cowan, isto é, profanos.

O fato de aqui se redigir uma ata Maçônica em 1599, pressupõe que a Loja é anterior a esse ano e estaria organizada e ativa desde data desconhecida.

Seja como for, esta também foi a primeira Loja Maçônica antes de 1717 a admitir membros que não fossem construtores: Sir Thomas Boswell, Escudeiro de Auschinleck, Escócia, foi nomeado Inspetor de Loja em 1600, o que constitui a primeira informação relativa a um elemento não profissional recebido em Loja de Construtores Livres.

Outros autores dão o nome como John Boswell, Lord de Auschinleck, admitido como Maçom aceito nesta Loja. Este John Boswell é antecessor de James Boswell, que foi Delegado do Grão-Mestre da Escócia entre 1776 e 1778.

As atas de 1641 desta Loja Mary´s Chapel igualmente indicam que maçons especulativos foram iniciados nela. Nesse ano foram iniciados Robert Moray (1609-1673), general do Exército Escocês e filósofo naturalista, Henry Mainwaring (1587-1653), coronel do Exército Escocês, e Elias Ashmole (1617-1692), sábio astrólogo e alquimista.

Reconheceu-se aos três novos membros o título de maçons, mas como não gozavam dos privilégios dos autênticos obreiros, pois o cargo era somente honorário, foram denominados como accepted masons.

Ainda sobre Robert Moray, Roger Dache, do Institut Maçonnique de France, informa que quando da sua iniciação Moray recebeu como marca Maçônica pessoal o pentagrama ou estrela de cinco pontas, muito comum na tradição dos antigos construtores, com a qual se identificou bastante e a utilizou nas assinaturas de diversos documentos.

Ainda sobre Elias Ashmole, G. Findel, na sua História da Maçonaria, diz que há uma confusão nas datas sobre a sua iniciação Maçônica: Ashmole terá sido iniciado em 16 de Outubro de 1646 numa Loja de Warrington, Inglaterra, mas o fato é que o próprio escreve no seu Diário ter sido iniciado em Edimburgo em oito de Junho de 1641.

Em 1720, o artista italiano Giovanni Francesco Barbieri apresentou na Loja Mary´s Chapel um trabalho lavrado, reproduzindo com muita fidelidade a Lenda de Hiram, ou seja, o fenício Hiram Abiff que era o chefe dos construtores do primitivo Templo de Salomão, em Jerusalém. Sabendo-se que esta Lenda foi incorporada ao ritualismo maçônico, cerca de 1725, conjectura-se que Giovanni possa ter sido um dos maçons aceites da época e que a Lenda já era parte da ritualística Maçônica em Mary´s Chapel desde muito antes.

Há ainda o registro da visita de Jean-Theophile Désaguliers (1683-1744) à Loja Mary´s Chapel em 1721, visita estranha do filósofo francês Vice-Grão-Mestre (em 1723 e 1725) da recém-formada Grande Loja de Inglaterra.

Os maçons escoceses duvidaram do seu estatuto e sujeitaram-no a rigoroso inquérito em 24 de Agosto de 1721, até finalmente acreditarem nele e aceitarem-no com as regalias do cargo. Seja como for, não parece que as pretensões de Désaguliers tenham obtido o êxito que procurava, talvez por motivos de recusa de sujeição dos maçons escoceses aos maçons ingleses, o que recambia para a antiga questão independentista.

Foram ainda iniciados nesta Loja de Edimburgo o príncipe de Gales, depois rei Eduardo VII (1841-1910), e o rei Eduardo VIII (1894-1972), que abdicaria do trono britânico para poder casar com a americana Bessie Wallis Warfield.

A caneta com que assinaram o documento da sua iniciação é conservada no museu desta Loja, que o visitante pode ver entre outros objetos relacionados com a longa história dos maçons de Mary´s Chapel.

Aqui fica, em síntese simplificada para o leitor não familiarizado com estes assuntos, a história da Lodge of Edinburgh nº 1 (Mary´s Chapel), aliás, desconhecida de muitos maçons apesar de ser a mais antiga da Escócia e do Mundo.
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