maio 18, 2021

PALESTRA "O CAMINHO DA FELICIDADE" NA ARLS LICEU 394 - LINS



                Na noite de ontem tive o grato prazer de realizar a palestra "O caminho da felicidade" , baseada no meu livro de mesmo título, na ARLS Liceu n. 394, do GOP-SP, sediada em Lins, SP, que vem realizando um ótimo trabalho de ensinamentos maçônicos virtuais com palestras todas as segundas-feiras.

                A palestra prevista para uma hora de duração acabou durando quase três, sendo que as duas últimas foram dedicadas às perguntas e comentários.

                O Caminho da Felicidade, ou a Cabalá da Felicidade, aborda através de uma técnica chamada Notariqon, as regras para que possa ser aplicada no dia-a-dia, em benefícios para a saúde, o trabalho, as finanças e os relacionamentos. Os preceitos são apresentados de forma simples e agradável permitindo a qualquer pessoa utiliza-los de imediato com resultados surpreendentes. Esta palestra já foi realizada cerca de 2000 vezes desde 1998 e as referências são sempre elogiosas.

                É a segunda vez que realizo palestras nesta querida Loja e mais uma vez agradeço ao VM Neilson dos Santos Junior e ao erudito Irmâo Prof. Cledson Cardoso, responsável pelo convite.

OS PADROEIROS: S. João Batista e S. João Evangelista



Na abertura dos trabalhos de uma Loja, quando o VM declara: ” - A Glória do G:.A:.D:.U:. e em honra a S. João, nosso Padroeiro”, a questão que surge naturalmente é: qual S. João é o padroeiro da maçonaria, uma vez que existem vários, como por exemplo: São João Batista; S. João da Escócia; São João de Patmos, o autor do Apocalipse e tradicionalmente identificado como sendo São João Evangelista; São João Crisóstomo;  São João, o Jejuador;  São João Clímaco e pelo menos outros dez santos com o mesmo nome.

Existe um consenso de que nossa Ordem tem DOIS padroeiros que seriam  São João Batista e São João Evangelista, sobre os quais iremos discorrer. O nome João significa “Deus é propício”.

São João Batista: Sou a Voz que clama no deserto: aplainai o caminho do Senhor”

Vestido simplesmente com uma pele de cordeiro atada com um cinto de couro batizava (batismo significa banho) multidões no Rio Jordão mergulhando suas cabeças nas águas do rio para limpa-los espiritualmente. Segundo nos relata o Livro da Lei, S. João Batista era filho de Isabel, prima de Maria e, portanto primo segundo de Jesus Cristo. Ele dizia ser “a voz que clama no deserto: aplainai o caminho do Senhor”. Essa citação aparece em todos os Evangelhos: Isaías 40:3; Mateus 3:3; Marcos 1:3; Lucas 3:4 3 João 1:23.

 Foi o primeiro a identificar Jesus como o Salvador. Quando Jesus apareceu para ser batizado João disse que não era digno sequer de atar as suas sandálias, mas ante a insistência do Nazareno procedeu ao batismo e consta que ouviu-se uma poderosa voz que disse “esse é meu Filho amado sobre o qual ponho toda minha complacência”.

Comemora-se o seu dia em 24 de Junho, solstício de Câncer ou de inverno (no nosso hemisfério) data que coincide com a fundação da Grande Loja da Inglaterra em 1717.

 Há dois solstícios no ano, em junho e dezembro e significam o início das estações, inverno ou verão. No hemisfério sul as datas variam entres 21 a 24 de Junho para o solstício de inverno e 21 a 24 de dezembro para o solstício de verão. No hemisfério norte é o contrário.

 Nas culturas antigas, o solstício de inverno, o dia mais curto do ano, a partir de quando a duração do dia começa a crescer, simbolizava o início da vitória da luz sobre a escuridão. Com o tempo essa data passou a simbolizar o Natal, como forma de incorporar essa festa pagã nas novas comunidades cristãs.

São João Evangelista, o Teólogo

Foi o discípulo mais jovem e consta ter sido o mais amado por Jesus. Foi o único que acompanhou Cristo até a sua morte. O Evangelho de João menciona que Jesus confiou sua mãe Maria aos seus cuidados, antes de seu sacrifício.

Foi o autor do quarto Evangelho, de três Epístolas e do Apocalipse. O seu Evangelho difere dos outros três, pois enfoca mais o aspecto espiritual de Jesus, ou seja, a vida e a obra do Mestre em comunhão e meditação.

Apesar de muitas vezes perseguido e martirizado a tradição diz que viveu puro e casto até o fim de seus dias e a sua vida é um exemplo de inocência, lealdade, amizade e dedicação à obra de Jesus. Recebeu da Igreja o título de “Teólogo”.

Comemora-se a sua data em 27 de Dezembro, que coincide com o nosso solstício de verão, ou de inverno no hemisfério norte. Também chamado de Solstício de Capricórnio.

O Apóstolo escreve em João 3:5 “Em verdade, em verdade, vos digo, quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino do Céu”, e isso remete ao ritual de nossa iniciação. O nascimento na Terra, a purificação pela água e pelo fogo (espírito) e a ascensão (ar) ao Reino, transformando o homem comum em um maçom justo e perfeito, pronto para a construção do Templo Interior em Honra e Glória ao G:.A:.D:.U:.

maio 17, 2021

DERIVAÇÕES - RITO, RITUAL e RITUALÍSTICA - Newton Agrella




Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante. Um dos mais respeitados estudiosos da maçonaria no Brasil.

As inúmeras tentativas de se dar um caráter único e uma definição inequívoca aos substantivos RITO, RITUAL e RITUALÍSTICA no universo maçônico acabam, de algum modo, gerando mais incertezas e dúvidas do que propriamente esclarecimento.

De qualquer forma, pondo-se em prática a liberdade de pensamento, dentro de um verdadeiro "melting pot", eis uma breve contribuição concernente ao tema:

*RITO* 

É um conjunto de regras e postulados  para transmitir e organizar  cerimônias. 

Os Ritos possuem características próprias que podem se assemelhar ou divergir entre si em alguns ou vários pontos.

Na Maçonaria  os Ritos convergem a um denominador comum que implica na  “regularidade maçônica”, isto é, o reconhecimento universal amparado pela Constituição de Anderson e pelos Landmarks, que são os  princípios universais e imutáveis  da Sublime Ordem.

O Rito compõe-se de Forma, Dinâmica, Ordenação, Princípio, Conteúdo e Simbolismo.

O Rito é a forma escrita ou não de se desenvolver uma cerimônia.  Trata-se do caráter formal da cerimônia.

*RITUAL*

É tudo o que é relativo a rito.

Na Maçonaria o Ritual é o livro que abriga o rito.  

É o dispositivo que contém a forma das cerimônias maçônicas. É o que traz as palavras, sinais, toques e marchas.

O Ritual consiste nas regras e normas para o exercício e a liturgia das cerimônias.  

Os Rituais antigamente obedeciam a uma tradição oral, e posteriormente, ganharam sua versão por escrito. 

Trata-se da transliteração do Rito.

*RITUALÍSTICA*

É  o rito em movimento.

É a execução, ou seja; é a legítima prática do Rito.

É sinônimo de sessão litúrgica, posto que vale-se do Ritual pertinente ao Rito para dar vida à cerimônia em desenvolvimento.

Cabe aí  uma  singela analogia :

*RITO* é o Cérebro

*RITUAL* é o Sangue 

*RITUALÍSTICA* é o batimento cardíaco.


maio 16, 2021

MAÇONARIA – OS MITOS E OS RITOS

 

 




Ao final da cerimônia de iniciação cada neófito recebe um livro que traz na capa o título “Ritual do Simbolismo Maçônico” e em letras menores “R:.E:.A:.A:.” ou Rito Escocês Antigo e Aceito. Na verdade existem dezenas de rituais para outros tantos ritos na maçonaria, mas a despeito da expressão que soa familiar o que significam exatamente as palavras “rito” e “ritual”.

         O rito é uma encenação. A dramatização de um mito, de uma narrativa histórica, real ou imaginária ou de um modelo de vida idealizado, como uma história que deve ser ensinada, relembrada e lapidada. A experiência ritualística nos vincula a um passado que traz um sentido de continuidade, pertinência e nos imbui de um senso de propósito.

          O mito é uma narrativa de caráter simbólico que procura explicar a criação divina através das ações e do modo de agir dos personagens humanos, a origem das emoções e das coisas, tais como o amor, o ódio, a criação do mundo, do homem e da mulher, das múltiplas relações entre o homem e a natureza e de oferecer soluções aos problemas inerentes a natureza humana. Apesar de ser uma criação humana o mito transcende ao homem e adquire uma força que lhe permite oferecer a resolução dos conflitos com os quais o ser humano vive. Os mitos romantizados perpetuam a obra de grandes escritores como Camões e Shakespeare porque, qualquer que seja o seu local ou época, dizem respeito diretamente às emoções humanas.

O rito está associado ao mito. Por meio dele se põe em ação o mito na vida do homem - em cerimônias ritualísticas, orações e sacrifícios. Deve ser uma prática contínua, repetitiva e periódica, de caráter social ou individual, submetida a regras precisas que mantenham a eficácia na criação de uma egrégora ou na invocação da divindade. Tem regras minuciosas para manter a exatidão dos gestos e atos para que na sua exata repetição a egrégora possa ser formada ou a divindade possa ser evocada, mesmo que esses gestos e atos não estejam detalhados nos mitos. Enquanto o mito narra e descreve a ação divina, o rito simboliza e encena. Mito e rito espelham um ao outro em harmonia

  Por exemplo, na iniciação reproduzimos o mito da caverna de Platão. Nas viagens, estando vendado o neófito é reduzido a condição do homem preso no interior de uma caverna, situação que só lhe permite ver vagamente as sombras projetadas no exterior.. A caverna representa o mundo dos sentidos, no qual só se percebem as sombras das coisas. Ao ser desvendado e quando lhe é dada a Luz passa a ver o exterior, o mundo das idéias. O Sol, a Luz, simboliza o Bem. A Filosofia, diz Platão, é que dá ao homem a condição de sair da caverna, exercer a liberdade e perceber a realidade e o mundo das idéias; É a alegoria da caverna representada na iniciação.

Todos os ritos propõem uma passagem, uma iniciação, a partir de um mito. O rito é um conjunto de comportamentos e atitudes padronizadas no qual as pessoas se expressam por meio de gestos, símbolos, linguagem e comportamento, transmitindo um sentido coerente e inteligível ao ritual. O batismo, o casamento, a condecoração, a iniciação maçônica nos diversos graus, todos são ritos que carregam um sentido imagético-simbólico, mantendo ensinamentos ancestrais e sagrados. O caráter comunicativo do rito é de extrema importância, pois não é qualquer atividade padronizada que constitui um rito.

Vamos então tentar observar os mitos maçônicos com detalhes através das lentes que adquirimos participando das sessões e dos estudos.

 

MITO DA IMUTABILIDADE: Desde a edição dos primitivos landmarks e da Constituição de Anderson ouve-se dizer que as leis maçônicas são imutáveis. Isso é muito falado em Loja. Na realidade houve muitas versões das leis fundamentais da maçonaria, inúmeras mudanças em todos os rituais. Novos comportamentos em função da evolução da sociedade e dos meios de comunicação. Há mais de trinta e cinco anos, quando fui iniciado os aprendizes em hipótese alguma podiam fazer uso da palavra; jamais subiriam os degraus que levam ao trono; nem em sonhos ocupariam algum cargo em Loja. Hoje se tornou banal que aprendizes ocupem o cargo de secretário, chanceler ou tesoureiro, ou até mesmo de guarda do templo que é privativo de mestre. Recentemente houve mudanças na circulação em Loja. Falar de maçonaria feminina ou mista no passado era considerado heresia. Hoje ambas são cada vez maiores e mais poderosos. E assim por diante, a provar que nada na maçonaria é imutável.

 

MITO DA EXCLUSIVIDADE: Determina que somente a maçonaria tem as ferramentas para transformar o homem e o mundo, como se nossos rituais tivessem um componente genético transmitido através da iniciação que torna os maçons pessoas  melhores do que média, especiais. Os maçons, pensamos, tem a exclusividade das grandes transformações. Isso já foi verdade no passado, mas a medida que a população aumenta a maçonaria vem reduzindo os seus quadros. A causa tem sido a criação de inúmeras outras organizações que praticam as mesmas finalidades. Hoje existem milhões de pessoas filiadas a Clubes de Serviço como o Rotary e o Lions, ou ONGs como os Médicos sem Fronteiras, ou mesmo a movimentos sociais mantidos por igrejas e com enorme eficácia em sua ação.

 

MITO DA UNIFORMIDADE: Supõe que a maçonaria, por suas características é única, singular, tem um só padrão que é comum a toda a maçonaria universal. Imaginam controle único e centralizado, engessador. Qualquer opinião diferente é descartada de imediato. Assim conflitos de reconhecimento recíproco, listas de Lodges, mudanças em rituais, a existência de maçonarias mistas e femininas ou novas potências, são consideradas heresias, imediatamente descartadas sem que dêem ao luxo de passar pelo crivo do raciocínio. Coexitem mais de setenta rituais diferentes na maçonaria. Além das potencias tradicionais são criadas frequentemente novas potências que se arrogam ao uso da expressão “maçonaria” e que se hoje são criticadas com o passar dos anos acabarão por ser aceitas assim como foram as dissidências das Grandes Lojas e dos Grandes Orientes Independentes. É importante frisar que o tempo maçônico, multi secular, é bem diferente do tempo humano, curto e perecível. A maçonaria é eterna, move-se muito lentamente e acaba por assimilar nesta longa trajetória

 

MITO DA SACRALIDADE: Imagina-se que o templo maçônico está envolto em uma redoma que o isola dos problemas da desenfreada sociedade, como se fosse um mundo a parte. Na verdade a palavra “sagrado” em hebraico, que se lê kedushá, significa mesmo “estar a parte”.

Quem conhece a história de nossa Ordem sabe o quanto essa visão é falsa. O Templo não é uma blindagem que nos afasta da realidade do cotidiano. Muito ao contrário, ao longo do tempo, em Lojas, se cultivaram revoluções sociais que mudaram a história do mundo, desde a implantação da filosofia iluminista no início da Idade Moderna, até declarações de Independência nacional ou proclamações republicanas em países de todo o mundo.

O Templo nos proporciona serenidade para observáramos com distanciamento crítico quais são as necessidades da sociedade e permite que os maçons, seus freqüentadores, se unam e se organizam para obter, no tempo necessário, a consecução desses objetivos.

 

TRADIÇÃO QUE NÃO SE ROMPE - Newton Agrella



Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante. Um dos mais respeitados estudiosos da maçonaria no Brasil.

De maneira absolutamente direta, simples e concisa podemos aferir que a Tradição significa: comunicação oral de fatos, lendas, ritos, usos e costumes, dentre outros exemplos, que se sucedem e se mantém  de geração em geração.

Ou seja; trata-se daquilo que se torna norma por si só, pela sua própria essência e pelo significado histórico que nela se encerra.

A Tradição não implica em que o seu exercício esteja registrado, escrito ou inscrito em qualquer lugar.

Tradição é a reprodução de tudo o que se vive de maneira contínua e habitual e que se consubstancia na medida do tempo e nas mais variadas formas de expressão.  

Seja pela linguagem, sejam pelos exemplos, seja pelo compartilhamento ou pelas próprias reflexões e experiências.

A Maçonaria, tanto no âmbito operativo quanto especulativo, apoia-se na Tradição como ancoradouro de sua perenidade até os nossos dias.

Os Landmarks que consistem no arcabouço dis princípios da Sublime Ordem independentemente de Ritos, são imutáveis.  

Símbolos, Alegorias, Marchas, Toques e Palavras, bem como a elaboração de uma Ata, que consiste na transcrição do ocorrido durante uma Sessão Maçônica, ou seja, na própria História da Loja que envolve inclusive todos os seus "Augustos Mistérios"  simbolicamente falando  devem ser proferidos, transmitidos e compartilhados "exclusivamente no ambiente maçônico", isto é, durante o transcurso de uma Sessão Maçônica com a leitura por parte do Secretário e sob a orientação do Venerável Mestre, e lá deve permanecer.

Maçonaria não é local de modismos e invencionices. 

Maçonaria não reconhece cursos online, ritualística virtual,  processo de hierarquia maçônica inspirada através de computadores.  

Maçonaria é algo muito mais sério e profundo.  Não fosse assim, e ela não obedeceria a um processo Iniciático, para que seja legitimamente reconhecida.

Relevante lembrar que ser contemporâneo, estar antenado e acompanhar a evolução e as mudanças dos tempos é algo legítimo e salutar.  A dinâmica é parte indissociável da alma humana.

Contudo, a manutenção de valores consagrados por uma instituição Iniciática de natureza imemorial,  que se pauta pelo seu caráter sigiloso, solene e litúrgico do ponto de vista filosófico, não pode se permitir a quebra de tradições, em nome de um pseudo avanço tecnológico e midiático.

A título de ilustração cabe lembrar que W. Kirk MacNulty, autor de : "A Journey through Ritual and Symbol" reporta em sua obra que as primeiras Lojas Maçônicas reuniam-se em tavernas e conduziam seus trabalhos durante o Jantar, sendo que a principal forma de instrução era uma espécie de Catecismo, que incorporava elementos de Metafísica Ocidental representada pelos Símbolos Maçônicos e lá eram mantidos em segredo.

Por volta de 1730 muitas Lojas na Inglaterra, França, Escócia, Irlanda e Suécia conduziam rituais mais elaborados com Três Graus de forma geral, que perduram até os nossos dias. Tal prática tornou-se quase universal.

A Tradição encontra sustentação naquilo que chamamos de Direito Consuetudinário, isto é; o direito que advém dos costumes de uma determinada  sociedade, não passando por um processo formal de leis.

Assim ocorre com a Ordem Maçônica, que guarda e garante grande parte de seu acervo cultural, filosófico, antropológico e espiritual calcado nas experiências acumuladas, na transmissão oral e, sobretudo nos usos e costumes que se sedimentam ao longo da História.

Para bom entendedor, meia palavra basta

maio 15, 2021

RAINHA ELIZABETH II E A MAÇONARIA - Walter Celso de Lima


O Ir:. Prof. Dr. Walter Celso de Lima, professor universitário aposentado com pós doutorado e passagens como professor por diversos países é membro da ARLS Alvorada da Sabedoria, 4285 de Florianópolis e da Academia Catarinense Maçônica de Letras. É um notável estudioso da maçonaria com diversos livros publicados.  Rainha Elizabeth II. Foto de 2015.

 


 

1.     Introdução:

A Rainha Elizabeth II, nascida Elizabeth Alexandra Mary Windsor, em 21 de abril de 1926, hoje com 95 anos, é a Rainha do Reino Unido e de outros 5 reinos da Comunidade Britânica, há 68 anos. Elizabeth nasceu em Mayfair, Londres, filha do Duque e da Duquesa de York, posteriormente Rei George VI (1895-1952, foi o último Imperador da Índia) e Rainha Elizabeth (1900-2002, The Queen Mother). Seu pai subiu ao trono com a abdicação de seu irmão Eduardo VIII (1894-1972 – abdicou em 1936, para se casar com a plebeia norte-americana e divorciada Wallis Simpson (1896-1986)).

          A Rainha Elizabeth II sempre foi rodeada de maçons. Seu falecido marido Ir Philip, Duque de Edimburgo, era maçom. Por isso Elizabeth II é nossa cunhada (sister-in-low), e ela sabe disso. Seu pai, Rei George VI era maçom, seu tio Rei Edward VIII era maçom, seu filho Príncipe de Gales, Charles Philip Arthur George, primeiro na linha sucessória do Reino Unido, é maçom. Seus netos Guilherme, Duque de Cambridge (o segundo na linha de sucessão) e seu irmão Henrique, Duque de Sussex, são maçons. Assim, vários membros da família real britânica são (ou foram) maçons. O atual Grão-Mestre da Grande Loja Unida da Inglaterra, Duque de Kent, Sua Alteza Real (está na linha sucessória) Irmão Eduardo Jorge Nicolau Paulo Patrício, neto do rei Jorge V, primo da Rainha Elizabeth II, é atual Grão-Mestre da Grande Loja Unida da Inglaterra.  

          A Rainha Elizabeth participa todos os anos, a 24 de junho, às 17:00 h, ao Jantar Ritualístico da Maçonaria Britânica (chamado Royal Festive Board = Comida Festiva Real) e sua participação justifica o termo Royal.

          Sabe-se que a Rainha Elizabeth II toma, todos os dias, antes do almoço, uma dose de gim. Por isso tem uma vida tão saudável.


2.    Biografia:

Elizabeth nasceu em Mayfair, Londres. Mayfair é uma área nobre no West End de Londres em direção ao extremo leste do Hyde Park, Westminster, entre as ruas Oxford e Regent. Era uma área onde em maio acontecia uma feira (por isso May Fair) entre 1686 e 1764. É, hoje, um dos mais caros metros quadrados em Londres e, possivelmente, no mundo (comparável a Manhattam, NY).

         Começou a assumir funções públicas durante a Segunda Guerra Mundial, servindo no Serviço Territorial Auxiliar. Embora trabalhasse como enfermeira, não podia usar este nome por não ser formada. Era chamada de auxiliar.  


Fig. 1 – HRH Elizabeth com uniforme do Serviço Territorial Auxiliar, Abril de 1945. (Fotografia existente no Imperial War Museum, Londres). HRH = Her Royal Highness – Sua Alteza Real.

 

Em 1947 ela se casou com Philip, duque de Edimburgo (1921-2021), um ex-príncipe da Grécia e da Dinamarca, com quem tem quatro filhos: Charles, Príncipe de Gales (nascido em 1948), Anne, princesa real (nascida em 1950), Príncipe Andrew, Duque de York (nascido em 1960) e o Príncipe Eduardo, Conde de Wessex (nascido em 1964). Príncipe Philip foi iniciado, em 1952, na Loja da Marinha (Navy Lodge), nº 2612, membro ativo até sua morte. Pertence a esta Loja vários membros da Família Real Britânica, quatro monarcas: Eduardo VII (1841-1910), Eduardo VIII (1894-1972) e Jorge VI (1895-1952) além de almirantes, generais e oficiais superiores. A Loja se reúne no Freemasons’ Hall na primeira sexta-feira de janeiro, março, maio, outubro e dezembro. Quando seu pai morreu, em fevereiro de 1952, a Rainha Elizabeth II tornou-se rainha de sete países independentes: Reino Unido, Canadá, Austrália, Nova Zelândia África do Sul (até 1961), Paquistão e Ceilão.

Em 1941, o primeiro ministro da Inglaterra, Winston Churchill (1874-1965) sugeriu ao Rei George VI (1895-1952) que toda corte britânica mudasse temporariamente para o Canadá, tendo em vista os ataques aéreos nazistas (que acertaram vários castelos reais) e a perspectiva de uma invasão nazista. O Rei George VI não aceitou a sugestão. declarando que só morto deixaria a Inglaterra.

Foi coroada em 1953. Reinou como monarca constitucional e passou por casos importantes como adesão do Reino Unido à Comunidade Europeia, o Brexit e a descolonização da África britânica. Visitou a República da Irlanda, visitou cinco papas, como chefe da Igreja Anglicana. Participou de seu jubileu de e prata (1977), jubileu de ouro (2002) e jubileu de diamante (2012). Em 2017, tornou-se a primeira monarca britânica a alcançar o jubileu de safira. É a monarca britânica que reinou por mais tempo. Hoje é a chefe de estado mais antiga da história mundial e a monarca mais idosa do mundo, em atividade. Aos 95 anos, gosta de dispensar seu motorista e dirigir em Londres seu jeep Land Rover Defender, deixando apavorado seu motorista e seus seguranças. Paga, como qualquer cidadão, as £ 12,50 de pedágio urbano diário, para sair com automóvel em Londres.

Existem republicanos e um partido republicano no Reino Unido. Alguns poucos ingleses afirmam que a Inglaterra já foi uma república entre 30 de janeiro de 1649 (execução do Rei Charles I) e 26 de maio de 1660 (chegada a Londres do Rei Charles II, filho de Charles I). Mas a maioria dos historiadores ingleses dizem que não foi república, mas um interregnum – entre reinos - ou seja, nunca houve república na Inglaterra. Só existe um partido republicano britânico, na Irlanda do Norte: Partido Republicano Sinn Féin.

Em 1953, após coroação, a Rainha Elizabeth II e seu marido fizeram uma viagem ao redor do mundo, por sete meses, visitando 13 países. Tornou-se a primeira monarca reinante a visitar a Austrália e Nova Zelândia. Ao longo de seu reinado, a Rainha Elizabeth II fez diversas visitas de estado a países da Comunidade Britânica de Nações. Em 1957, visitou os EUA e discursou na Assembleia Geral das Nações Unidas e no Parlamento Canadense. Entre 1960 e 1970 vários países colônias do Reino Unido fizeram sua independência. Em 1973, o Reino Unido entrou para a Comunidade Europeia.



Fig. 2 – Real Brasão de Armas do Reino Unido e, portanto, da Rainha.

Fonte: The Royal Heraldry of England, 1974, Herandry Today.

A Rainha Elizabeth II sofreu dois atentados. Em 1981, seis tiros foram disparados contra a Rainha, enquanto ele cavalgava. A habilidade da Rainha em controlar a montaria foi muito elogiada. O agressor era um republicano de 17 anos, condenado a cinco anos de prisão e libertado, por perdão da Rainha, após 3 anos. O segundo atentado ocorreu no mesmo ano 1981, durante uma visita a Nova Zelândia. Também foi um republicano de 17 anos que disparou e errou. Foi preso e logo depois liberto.

Em 1991, após vitória da coalizão na Guerra do Golfo, a Rainha discursou numa reunião conjunta (Senado e Câmara dos Representantes) no Congresso dos EUA. No mesmo ano houve as separações matrimoniais de seu filho Príncipe Andrew e de sua filha Princesa Anne. No mesmo ano, a Rainha iniciou o pagamento de seu imposto de renda, nunca antes cobrado de um monarca britânico. Em 1993, houve a separação formal do Príncipe Charles e de sua esposa Diana. Divorciaram-se em 1996. Em 1997, Diana morreu num acidente de carro em Paris. A Rainha fez uma transmissão televisiva sobre a morte de Diana, um dia antes de seu funeral. Na transmissão, expressou sua admiração por Diana. Mas o governo britânico negou que a bandeira do Reino Unido fosse hasteada a meio pau.

Em 2002, morreram sua irmã e sua mãe, ano do Jubileu de Ouro da Rainha.

Em 2010, a Rainha dirigiu-se a Assembleia Geral da ONU pela segunda vez, na qualidade de Rainha de todos os reinos da Comunidade Britânica.

Fig. 4 – Princesa Elizabeth, Duquesa de Edimburgo e Philip, Duque de Edimburgo, em 1950. Fonte: https://www.flickr.com/photos/lac-bac/7195938514/

 

A convite do presidente da República da Irlanda, em 2011, a Rainha fez a primeira visita de um monarca britânico ao antigo país que pertenceu ao Reino Unido. Em 2017, a Rainha se tornou a primeira monarca britânica a comemorar um Jubileu de Safira (65 anos de reinado).

A Rainha fez uma cirurgia de catarata em 2018.

 

3.    Considerações Finais:

A Rainha Elzabeth II tem apoiado incondicionalmente a Maçonaria.

Abaixo as instituições que recebem aporte financeiro da Rainha. Toda instituição onde se encontra a palavra Royal significa que tem financiamento da Coroa Britânica.

 

  1. The Royal Masonic Trust for Girls and Boys - O Fundo Real Maçônico

para Adolescentes – (UGLE, 2021b), surgiu em 1788 (girls) e 1798 (boys) e, em 2003, se tornou real (com participação da Coroa Britânica). O principal objetivo é dar subsistência a crianças, filhos de maçons desamparados ou falecidos - uma porta para o começo de vida destas crianças. O objetivo secundário é ajudar crianças não ligadas a famílias de maçons, beneficiando, recentemente, crianças no Afeganistão.

Fig. 5 – Coroação da Rainha Elizabet II e Príncipe Philip, Duque de Edimburgo, 1953. Fonte:

Library and Archives Canada/K-0000047

 

  1. The Royal Masonic Benevolent Institution  - A Instituição de

Benfeitoria Maçônica Real (UGLE, 2021c) cuida, há 160 anos, de abrigar, alojar, alimentar e dar assistência médica e de enfermagens, em casas geriátricas (RMBI Homes), exclusivamente, a maçons idosos e suas esposas. Existem 17 “lares geriátricos”, na Inglaterra e País de Gales, verdadeiros spas. Tem, também, participação da Coroa Britânica.

 

A caridade maçônica inglesa (e galesa) é um dos maiores fundos do mundo destinados à beneficência. Todas as entidades beneficentes da Grande Loja Unida da Inglaterra (UGLE) não usam seus fundos, mas apenas os rendimentos das aplicações desses fundos. O percentual destinado a administração dessas entidades (britânicas) não deve passar de 7% dos rendimentos dos fundos aplicados anualmente.

Outra entidade, o Royal Masonic School for Girls, em Rickmansworth (Hertfordshire, região Leste da Inglaterra), - RMS, 2014 - fundada em 1788, é uma escola privada e oferece educação, com bolsas de estudos, às famílias de maçons de todo Reino Unido. É, também, real (com participação da Coroa Britânica).  

A Rainha Elizabeth II tem ampla participação nas entidades filantrópicas maçônicas.

 

BIBLIOGRAFIA:

- Haddad, G. “Maimônides”. São Paulo: Estação Liberdade, 2003.

- RaMBaM. “Mechon Mamre, the RaMBaM's Complete Restatement of the

         Oral Law (Mishneh Torah)”.  Updated: Abr.2020.

http://mechon-mamre.org/   

Acessado em 05.mai.2021.

- RMS. Royal Masonic School for Girls”, 2021.

http://www.royalmasonic.herts.sch.uk/   

Acessado em 05.mai.2021. 

-UGLE. “The Freemason’s Charity”, 2020.

http://www.grandcharity.org/ 

Acessado em 05.mai.2021. 

-UGLE – “The Royal Masonic Trust for Girls and Boys”, 2021b 

http://www.rmtgb.org/ 

Acessado em 05.mai.2021. 

-UGLE – “The Royal Masonic Benevolent Institution”. 2021c.

http://www.rmbi.org.uk/index.php                

Acessado em 05.mai.2021. 

PROBLEMAS FAZEM PARTE DA VIDA

        



            Certa vez, perguntaram para um sábio Mestre Maçom. Por que existem Irmãos que saem facilmente dos problemas mais complicados?

Um sábio Mestre Maçom, ouvindo a pergunta, sorriu e contou esta estória....
- Era um Irmão que viveu toda sua vida, fiel às palavras do GADU e quando passou para o Oriente Eterno, todos os Irmãos disseram que ele iria para o céu.
- Um Irmão tão bondoso, caridoso, estudioso, cumpridor dos seus deveres só poderia ir para o céu e ficar ao lado do GADU.
- Mas houve um erro em sua chegada ao céu.
- O Anjo Irmão da secretaria que o recebeu, deu uma olhada rápida em suas pranchas, e como não viu o nome do Irmão na lista de Obreiros, lhe orientou para ir ao Inferno.
Disse-lhe: "No inferno, você sabe como é, ninguém exige carteirinha com CIM, qualquer um é convidado a entrar".
- Assim o Irmão foi resignado, entrou e ficou lá.
Alguns dias depois Lúcifer chegou furioso às portas do Paraíso, para tomar satisfações.
__ Isto não é Justo nem Perfeito! Nunca imaginei que fossem capazes de uma coisa como essa."
Lúcifer, transtornado, desabafou:
- "Vocês mandaram aquele Irmão para o inferno, ele está fazendo a maior bagunça lá.
Ele chegou escutando as pessoas, meditando e refletindo numa tal pedra bruta, olha nos olhos delas, fala sobre vigilância e perseverança, cavar masmorras aos vícios, agora esta todo mundo dialogando, se abraçando, dizendo coisas horríveis como fraternidade, igualdade, liberdade, o Inferno está parecendo o paraíso."
Então fez um apelo:
- "Por favor, pegue aquele Irmão e traga-o de volta para o céu!"
Quando o Sábio Mestre Maçom terminou de contar esta história olhou carinhosamente e disse:
- Vivam sempre com tanto amor no coração que se, por engano, você for parar no inferno, o próprio demônio lhe trará de volta ao Paraíso.
- Problemas fazem parte da nossa vida, porém não deixe que eles o transformem em uma pessoa amargurada. As crises vão estar sempre se sucedendo, testando nossa natureza e as vezes você não terá escolha.
- Enfrente de coração aberto, com amor e doçura, empregue seu conhecimento, seu estudo, se você não tiver estudo nem conhecimento, reveja seus conceitos e se for necessário retorne ao processo onde você teve que morrer para renascer e comece a construir o seu templo interior novamente, nunca é tarde demais para recomeçar.

MAÇONARIA DE PAU




Palavras do Gr.'. Mestre, Pod.'. Ir.'. Louis Block, de Yowa, sobre o que ele chama “maçonaria de pau”:

“Muitos maçons que aprendem a recitar o ritual de maneira automática, não sabem que através de suas místicas palavras há ocultos pensamentos e significados que bem merecem ser descobertos. Semelhantes maçons estão aptos para viver mecanicamente balbuciando frases ritualísticas, como alguns devotos ignorantes cantam as rezas em latim, cujo real significado pouco, ou nada, conhecem.

Uma coisa é estar apto para desempenhar e recitar um ritual, e outra é saber que o ritual tem um significado e conhecer qual é esse significado, aplicando-o á sabedoria, força e beleza, em nossa vida diária.

A Maçonaria não serve para cega e estúpida devoção, consagrada a ela por homens de pau, que não sabem porque a servem; o que ela ama é a inteligente lealdade de homens que pensam e que têm uma razão para a sua fé.

Ela ocultou as suas lições em frases místicas, não com o propósito de que aprendamos um número de palavras de estranhos sons, que sempre permanecerão para nós vazios e desprovidos de significado, mas com o fim de nos fazer pensar.

Muitos recitam o ritual como se contivesse algum mágico encanto, e, para esses, o simples fato de que não podem entender o que ele diz, parece dar a suas frases misteriosas um poder milagroso.

Estes homens podem constituir boas máquinas, porém nunca serão maçons.

O Maçom que não consagra tempo para estudar e pensar, que nunca examina nem reflexiona, que só decora, que não penetra no significado aparente da palavra para buscar o pensamento real que se acha oculto no mais intimo desta, será sempre maçom, mas no nome, somente”

Traduzido do Boletim do Grande Oriente do Uruguay, de novembro de 1913