maio 26, 2021

O DONATIVO






A doação ou contribuição dada à caridade constitui um ato virtuoso. Quando o maçom coloca no “tronco de beneficência” o seu óbolo não está colocando simplesmente um valor expresso monetariamente,  mas coloca também as energias necessárias para “imantar” esses valores que entregues ao necessitado, produzirão efeito extraordinário; essa é a forma esotérica do Donativo.

Ao mesmo Tempo, quando o maçom retira a sua mão da bolsa, traz com ela as vibrações daqueles Irmãos que o precederam. O óbolo é entregue e ao mesmo tempo retribui.

Em toda expressão caritativa (religiosa), o óbolo é acanhado; dá-se o mínimo, o supérfluo, o que se tem à mão, sem preocupação anterior de planejamento. Isso não é certo pois a beneficência é uma obrigação fundamental do maçom. A caridade  atende aos menos afortunados.

Quem doa o supérfluo não está exercitando a caridade, mas apenas uma ato simbólico vazio.

O maçom, antes de sair de casa em direção à Loja, deve munir-se da importância que deverá ser doada, mas uma importância  reveladora de seu amor ao próximo, pois que esse próximo, muitas vezes um irmão, ou o
familiar de um irmão que necessita de auxílio.

O maçom não deve desprezar a máxima franciscana: “É dando que se recebe”.

ENSINAMENTO MAÇÔNICO SOBRE A ENTRADA NO TEMPLO - Maximiliano Schaefer



Maximiliano Schaefer, M.’.M.’.da ARLS Capela Aparecidense Nº 2923, Aparecida de Goiânia (Goiás) 

De onde vindes

De uma Loja de São João J. e P. rogando proteção ao GADU  para manter nosso coração e espírito puros perante as imperfeições do mundo.  Buscamos evolução e conhecimento e a Ordem corrige nosso rumo e  nos propicia a a oportunidade de evoluirmos como indivíduo.

Buscamos trazer paz ao mundo e tranquilizar os corações sofridos em uma vida de tantas provações. Amizade a todos os irmãos, entendendo-os e relevando as mais diversas situações provocadas por seu grau de evolução, mostrando-lhes o caminho para seu aprendizado individual, refletindo sobre nós mesmos e lembrando constantemente do nosso estágio de aprendiz. 

Prosperar para oferecer conforto a nossas famílias e criar condições de fazermos algo mais pelo próximo.  Contribuindo para tornar o mundo melhor. 

É somente isso trazes consigo?

O Venerável Mestre, aquele cuja responsabilidade é creditada a conduta de seus aprendizes, vos saúda com respeito e admiração, agradecendo em nome de todo seu Templo de origem o privilégio de abrigar com o mesmo carinho que esse filho foi recebido em sua vida e dos irmãos no convívio, fazendo-o ter uma visão diferente, mitigando sua curiosidade a outros fatos que contribuam para o seu aprendizado, razão pela qual de seu glorioso nome… Venerável Mestre.

Quando construímos templos à virtude relembramo-nos dos notáveis cavaleiros templários, figuras fortes e marcantes que tanto contribuíram com a nossa historia, demonstrando garra, robustez e perseverança, trabalhando com denodo e cavando masmorras ao vício. A virtude de fazer o bem e de nos fazer progredir e descobrir que existem muitas coisas que não  conhecemos ainda, aprendendo que os detalhes fazem as diferenças, que é na minúcia que descobrimos a arte.

Nesse momento lembramos de Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni.  Estaria errado ele em tantos progressos nas áreas de engenharia, arquitetura, sociedade, música e artes cênicas de hoje? O nível de detalhe dos seus projetos nos levam a pensar que realmente temos muito a aprender, que realmente somos aprendizes. Muitas paixões foram vencidas, muitas vontades submetidas para realizar um dos trabalhos mais bonitos que a história protagoniza até hoje – a Capela Sistina – que demonstra com suavidade e vigor toda energia despendida por um aprendiz que buscava algo, que tanto criou e contribuiu ao mundo e, talvez, tenha viajado as estrelas e ainda hoje continue buscando algo.

E o que ele queria? Um lugar que a história lhe reservou ou somente um lugar entre nós?

“De tempos em tempos, o Céu nos envia alguém que não é apenas humano, mas também divino, de modo que através de seu espírito e da superioridade de sua inteligência, possamos atingir o Céu.” Giorgio Vasari

E seu venerável mestre lhe concedeu… e o mestre de cerimônia lhe acompanhou ao seu lugar de direito.


maio 25, 2021

DIZEM POR AÍ - Roberto Ribeiro Reis




Roberto Ribeiro Reis é poeta e ensaísta maconico de Rio Casca, MG, membro da Confraria Maçons em Reflexão. 


Essa companhia de homens bons

Tem mania de emitir estranhos sons,

E a chamar por um tal de “ O Zé”;

Nessa confraria tem cadeia (que é de união),

E está sob a chefia de um senhor Salomão,

Por quem demonstram considerável fé.


Quem os representa é uma alma veneranda,

Que os instrui, com calmaria branda

E benemérita atitude;

Um líder, fortalecido, isento de ignorância,

Que está protegido, sob dupla vigilância, 

O que lhe confere distinta plenitude.


Lá, dizem que o bem é algo que exala,

E que há também quem lhes represente a fala,

Da lei sendo o seu guarda;

Há igualmente um escritor ilustre

Que, com primor, zela pelo balaústre,

E que feitos os outros usa o terno como farda.


Lá não se percebe nenhuma querela,

E o mal é algo que não se chancela,

Dado que desprovido de autenticidade;

Lá se vê o milagre terrestre com total parcimônia,

Ao seguirmos um mestre, de inigualável cerimônia,

Cerimônia de pura beldade.


Há um responsável pelo “dízimo” e seu recolhimento,

Que com marcha insopitável e fraterno atendimento,

Pugna por indispensável anonimato;

Existe um obreiro que cuida do erário,

E, embora eles não recebam moeda como salário,

São inspirados por Arquiteto de distinto trato.


O que nos assoma a curiosidade

É sabermos que essa irmandade

Adora a um Bode, o qual, inclusive, aceitam;

Eles têm símbolos - que nos fogem à compreensão, 

E se reconhecem com tamanha distinção,

Obedecendo a um tal GADÚ, que todos respeitam.


Roberto Ribeiro Reis ⛬

A COMISSÃO DE SINDICÂNCIA - Marco Antônio Perottoni




Marco Antônio Perottoni é membro das Lojas Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas e ARLS Cônego Antônio das Mercês de Porto Alegre, RS



Sabemos que a maçonaria é uma sociedade que se iniciou em tempos passados, que muito se tem discutido e pesquisado para se chegar as suas reais origens, e que vem sobrevivendo por séculos, apesar das constantes mudanças ocorridas em nosso mundo.


Esta sobrevivência vem sendo garantida pela constante renovação de seus membros, que mantêm seus segredos mais carismáticos. Rituais, fundamentos e segredos vêm sendo transmitidos de geração para geração num ritual de confiança e fraternidade.


Sendo uma sociedade iniciática, tem o dever de primar pela escolha de seus futuros membros e que darão continuidade à sua perpetuidade.


Se necessitamos de membros ativos e conscientes para perpetuá-la para as próximas gerações, é necessário que sejamos muito criteriosos nas escolhas de futuros Obreiros e que esta tarefa seja entregue a quem efetivamente tenha as qualidades necessárias para o fiel cumprimento da mesma. 


Sem nenhuma dúvida a futuro de nossa Ordem está diretamente ligado a escolha e análise das indicações feitas por seus atuais Obreiros e que fica associada aos padrões éticos-morais e intelectuais dos mesmos, principalmente os padrões éticos.


De todos os trabalhos maçônicos destaca-se, em minha visão, um muito especial e, até diria, extraordinário, em cujo desempenho o maçom há de movimentar-se, tanto no interior do Templo e especialmente fora dele, no mundo profano, que é a “SINDICÂNCIA”.


É, como dissemos, um trabalho especial que muito honra e dignifica o Irmão encarregado do seu desempenho, uma vez que tem excepcional importância para a construção das bases de progresso de uma Loja.


É uma incumbência de grande vulto e estrita consideração para o e com o Irmão escolhido pelo Venerável Mestre.


Não estamos sendo nenhum pouco originais quando dizemos que, quando encarregados de fazermos uma “SINDICÂNCIA”, deveremos ser minuciosos e severos no exame dos candidatos, pois é de nosso desempenho na busca das respostas dos quesitos que vamos gerar o convencimento dos demais Irmãos, na admissão de um profano em nossa Ordem.


Quando estamos examinando um candidato temos que examinar muito mais do que as características indicadas pelo proponente e que giram em torno de boa convivência social, trabalhador, de moral reconhecida e honestidade.





Sem dúvidas são características necessárias para ser aprovado, mas perguntamos, são as únicas? Com toda a certeza temos outros valores e qualidades que têm que ser avaliadas, tais como ética, justiça, sabedoria, inteligência, liderança, perseverança e caridade. 


Quanto mais e precisas as informações que trazemos para a Sindicância, muito menos possibilidades de errarmos na escolha de um novo membro para a Ordem. 


Como vemos, o momento mais importante de um processo de iniciação de um novo integrante da Ordem, é a “SINDICÂNCIA”. É neste momento que será montado o verdadeiro perfil, com os valores e qualidades, do profano.


O Sindicante não pode, jamais, atuar com desleixo nesta atividade, não pode deixar-se levar por afinidades pessoais ou se preocupar em contrariar ou não o Mestre que fez a indicação ou qualquer membro da Loja. Se existirem problemas com o Profano estes devem ser levados ao conhecimento da Assembleia.


Num clube social uma campanha de “mais um” o que interessa é o número. Na Maçonaria, onde os princípios e finalidades são outros, bem diferentes devem ser os processos de admissão deste “mais um”. O que conta, em nossa Ordem, é a qualidade e jamais a quantidade dos candidatos.


Como atingir este objetivo?


Esta seleção, sempre procurada, é conseguida a contento através das “SINDICÂNCIAS” bem elaboradas e levadas a efeito pelos Irmãos escolhidos pelo Venerável Mestre e que prezam a distinção que lhe é dispensada ao serem selecionados para executarem honroso trabalho.


Em razão disso, a “SINDICÂNCIA” assume grau de importância imprescindível para o bom andamento das propostas de iniciação e a garantia de bons resultados nos trabalhos, dai a deferência especialíssima da Loja para com o Irmão que for escolhido como Sindicante.


Ao contrário, àqueles que não apreciam, no devido valor, a enorme importância e responsabilidade dessa missão, ou não estão dispostos há consumir um tempo em benefício do progresso de sua Loja, fornecendo uma informação consistente e exata, é preferível que não aceitem tão honroso encargo, devendo, delicada e honestamente, rejeitar essa missão, porque uma boa “SINDICÂNCIA” deve ser isenta de qualquer resquício de obrigatoriedade, protecionismo, sem nenhum indício de optatividade e traçada com o intuito de iluminar os Irmãos que irão tomar parte da decisão que dela, a “SINDICÂNCIA”, advir.


O Venerável Mestre elege para tão valiosa e nobre tarefa a Irmãos que lhe merecem respeito, consideração e a mais absoluta confiança. Estes formarão a Comissão de Sindicância, confidencial, pois só o é e deve permanecer do conhecimento do Venerável Mestre portanto desconhecida dos demais Irmãos da Loja.




É importante afirmar que o Sindicante deve agir com a máxima lisura e honestidade, jamais utilizando esta condição para constranger ou buscar favores ou Benefícios pessoais em função da condição do Sindicado e deixando de lado qualquer relação com credo, raça ou ideologias nos seus questionamentos ou julgamentos.


Não é por se eleger uma Comissão de Sindicância que os demais Obreiros da Oficina deixam de ter responsabilidade na admissão dos candidatos, pois são tacitamente havidos como sindicantes aditivos ou complementares, que tendo conhecimento de algum fato que venha em benefício ou em desabono do candidato têm o dever de comunicar à Loja.


DA DEVOLUÇÃO DA SINDICÂNCIA


O meio mais discreto de fazer retornar a “SINDICÂNCIA” às mãos do Venerável Mestre, a não ser a entrega direta, é o Saco de Propostas e Informações.


Há o prazo regulamentar que deve ser observado na íntegra, e se encontra estipulado no Regulamento Geral do GORGS, que determina como sendo de quinze dias, após o recebimento da mesma pelo sindicante. Este prazo, entendemos, poderá ser prorrogado por mais um período, a critério do Venerável Mestre, mediante solicitação por parte do sindicante.


É importante que nos conscientizemos da relevância das informações e da honra que nos é deferida no momento que passamos a fazer parte de uma Comissão de Sindicância, pois de nosso desempenho depende, em muito, o progresso de nossa Loja. Lutemos por sindicâncias feitas com qualidade, esclarecedoras e que efetivamente ajudem na decisão da Loja.


Para finalizar, transcrevo um trecho de LUIZ PRADO, cujo livro “ROTEIRO MAÇÔNICO PARA O QUARTO DE HORA DE ESTUDOS” inspirou o desenvolvimento desta peça de arquitetura, e que diz o seguinte sobre o sindicante:


“É a própria Loja curiosa de saber o que ocorre com os candidatos. Seu mister de garimpagem maçônica assemelha-se aos cuidados empregados na escolha das “pedras” preciosas e diamantes embrionários que, tarde ou cedo, irão ser transmutados por meio da lapidação, no caso o processo de iniciação”.



,







maio 24, 2021

A POBREZA INTELECTUAL NA MAÇONARIA- Dr. Dario A. Baggieri



Amados irmãos , debatendo em uma loja de estudos maçônicos, pelo ZOOM, virtualmente, com mais 75 irmãos referências em suas Lojas e membros  das Três Potencias regularmente reconhecidas no Brasil sobre o TEMA : ” A POBREZA INTELECTUAL QUE GRASSA NO INTERIOR DA MAÇONARIA BRASILEIRA”.

Ficamos estarrecidos  com a constatação de vários irmãos preocupados com o sombrio futuro de nossa sublime instituição , caso não seja implementado um projeto de revitalização e de doutrinação em moldes planejados e de educação continuada, com quebra de paradigmas e filtragem mais criteriosa dos futuros membro da Ordem.

A Pobreza intelectual aqui ratificada, é a mente desprovida da verdade, do conhecimento de si e do alcance de seus pensamentos e ações.

A escolha deliberada em não conhecer as coisas mais importantes começa quando a mente rejeita todo e qualquer padrão que não seja ela mesma.

Ela vislumbra sua vida espiritual como algo que se edificou a si mesmo, que se construiu sozinho.

A rigor, a mente não pode “fazer” nada errado, pois é ela quem define o que é certo e errado.

Da mesma forma, ela não pode perdoar ou ser perdoada porque isso implicaria que existiria uma fonte e uma medida fora de si.

A pobreza intelectual é a verdadeira origem da pobreza material, filosófica, Teocrática e institucional.

Eis porque a sabedoria maçônica clássica sempre exorta que conheçamos a nós mesmos, que nos ordenemos por um padrão que não criamos.

Nossas mentes trabalham diuturnamente para distorcer a realidade e fazer com que ela se enquadre em nossas escolhas.

Platão dizia que a vida humana não é “séria”.

O homem é um “joguete” dos deuses.

Sua intenção não é nos denegrir, mas louvar nossas vidas por aquilo que são.

Não é “necessário” que existamos.

Mesmo assim, existimos.

Existimos por razões não fundadas no determinismo.

O fato de existirmos de maneira desnecessária expressa a mais profunda verdade sobre nós.

Existimos por escolha, por amor, pela liberdade fundada no que está para além da necessidade.

Significa que nossas vidas devem refletir essa desnecessidade, essa liberdade de sermos receptores de bens e graças das quais não somos a causa.

Após essa pequena dissertação supracitada, observamos que os céticos irmãos definem a Maçonaria como a “Instituição da perda de tempo, nos dias atuais”.

Os Paladinos da Ordem definem que A Pobreza intelectual da Maçonaria, não é sinônimo de marginalidade de ações construtivas individuais e coletivas, mas é o alimento de “intelectuais” canalhas, os profanos de aventais, os vaidosos arrogantes, os pombos arrulhantes que destilam e semeiam a discórdia em nossos Templos.

A pobreza maior do maçom  é a ausência de compromisso do que é fundamental para a vida humana, não somente para  a sua própria, mas também para a de seus irmãos maçons, além de para com a nossa existência, enquanto instituição eclética que somos.

Podemos  ser pobres materialmente falando e também culturalmente em termos acadêmicos.

Ela passa por todos os extratos sociais.

Muitas vezes apontamos como pobre só aquele que não tem o que comer ou que não tem condições de habitabilidade.

Essa é a pobreza mais visível.

Mas, no entanto, existe também outro tipo de pobreza e que passa também por aqueles que são economicamente mais favorecidos, os ricos, se assim quisermos falar, a POBREZA DE ESPÍRITO, essa é a pior que pode ocorrer dentro de um iniciado que recebeu a verdadeira luz. 

Um Irmão  participante  do debate definiu todo o processo  que estamos vivenciando hoje na Maçonaria com a seguinte frase:

A nossa maior pobreza intelectual não é a “pobreza econômica” e, sim, a “pobreza moral”.

Essa colocação deixou a todos estarrecidos, pois a primeira vista parece ser ofensiva, inapropriada  e que não teria sentido em uma reunião virtual daquele nível Constelar.

Em plena era cibernética, onde vemos o adiantado desenvolvimento das variadas faces da ciência, tais como telecomunicações, medicina, engenharia, etc... ainda persistem, em nossa sociedade discreta, A MAÇONARIA, práticas e comportamentos pouco dignos, controversos e antagônicos ao modelo moral proposto para nossa Sublime Instituição; sendo necessário a criação de novas leis para regular as relações sociais e defender direitos naturais.

O uso de “máscaras sociais” é a confissão íntima da nossa personalidade, ou seja, quando usamos as nossas várias “máscaras” para permearmos a sociedade, confessamos para nós mesmos que, nossa personalidade ainda está aquém daquela que nos foi colocada como modelo.

Confessamos para nós mesmos que não somos o que gostaríamos de ser, ou, pelo menos, não conseguimos ser o que nos foi ensinado, desta forma, “fabricamos”, aparências circunstanciais, efêmeras e transitórias, de comportamentos aceitos na vida maçônica, familiar e na comunidade onde vivemos. 

Nossos comportamentos, em verdade, ainda são marcados, de forma indelével, pelo egoísmo, muito embora, às vezes, não o notamos em nossa conduta social, por estarmos totalmente integrados – inconscientemente – em nosso próprio arquétipo evolutivo.

Ou seja o EGOCENTRISMO .

A Pobreza intelectual  é um Estado Moral.

Nunca me habituarei a ser pobre Moralmente Falando.

Chamo essa pobreza de  desamparo Interior.

Confundimos pobreza  moral com desamparo: pois têm o mesmo rosto.

Mas a pobreza é um estado moral, um sentido das coisas, uma forma de honestidade desnecessária.

Uma renúncia a participar no melhoramento global  do mundo, é isso a pobreza moral e intelectual para mim.

Talvez não por bondade , por ética ou por um qualquer ideal elevado, mas por incompetência  de partilhar o que de graça , nos brindou o Grande Arquiteto do Universo. 

Somos, nesse sentido, frades de uma ordem mendicante e talvez agonizante, clamando por um futuro diferente daquele que se anuncia e está se descortinando no horizonte, infelizmente para nossa amada e Sublime Instituição.

Para entrarmos no caminho do progresso moral é necessário que tenhamos em mente as modificações que teremos que fazer em nossas atitudes, em nossos sentimentos e em nossas obras para com o outro.

Se não houver renuncia dos nossos vícios materiais ou morais, não teremos condições de abrir a porta do progresso moral em nossa caminhada, porque só através da mudança verdadeira é que teremos a chave para realmente abrir a porta do progresso moral.

Quando buscamos nossa melhora, mudamos de atitude não pensamos mais de forma egoísta, traçamos o nosso desenvolvimento sempre pensando no desenvolvimento do outro.

Procure em você as modificações necessárias para começar o seu progresso moral, somente você poder corrigir as suas falhas.

Pensemos nisso hoje e sempre!!!!!

Bom dia meus irmãos. 

(Grupo de Estudos Maçônicos “Filhos de Hiram”)

INSONDÁVEL- Newton Agrella

 


Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante. Um dos mais notáveis intelectuais da maçonaria no país. 


Um pouco de História, sempre faz bem à saúde, sobretudo à saúde mental e intelectual.

Em 1966 o falecido jornalista Sérgio Porto, que se valia do pseudônimo de "Stanislaw Ponte Preta"  - cronista perspicaz, escreveu a canção   Samba do Crioulo Doido, que se constituia numa sátira que ironizava a obrigatoriedade imposta às escolas de samba de retratarem nos seus sambas-enredo somente fatos históricos.

Ao longo do tempo a expressão ganhou um qualificativo semântico, tornando-se uma analogia para se  referir a coisas sem sentido, a textos mirabolantes e sem nexo, a invenções, celebrações e interpretações descabidas que pudessem ensejar e dar uma espécie de consistência real a um mundo imaginário.

Dessa mesma forma, esse Samba do Crioulo Doido foi gradativamente invadindo continentes e áreas indevidas diante do que se queria propagar.  

Infelizmente, esse expediente, sem qualquer legitimidade no campo da Filosofia, das Ciências Iniciáticas, das Doutrinas Dialéticas e do próprio Simbolismo Intelectual, especialmente aqui no Brasil, insiste em se instalar, e através de mecanismos abusivos e obtusos se irrompe sem qualquer cerimônia naquilo que deveria ser preservado com todo esmero e cuidado.

É dessa forma que instituições sérias de natureza especulativa, caráter acadêmico, filosófico e cultural vão perdendo sua identidade, força e beleza.

Algo como se as Colunas J e B tivessem que se sustentar em dobro...

Maçonaria não é mero objeto de vídeos institucionais e de inócuas mensagens de auto ajuda ou de auto promoção.

Muito pelo contrário, a Sublime Ordem pugna pelo incansável exercício da Evolução humana, explorando positivamente todas as potencialidades hominais, tendo como cenário a prática da Virtude e da busca pelo Conhecimento através do Trabalho Árduo, do Estudo, e da Pesquisa subvencionados pelo Espírito Crítico e da Razão.

Toda e qualquer manifestação proselitista, seja no campo religioso, político, doutrinário ou ideologista, sempre encontrará um revés na Sublime Ordem.


maio 23, 2021

PEDREIROS X MAÇONS OPERATIVOS - Almir Cruz




Para que se possa bem compreender o que se segue, é importante lembrar que a palavra Maçom vem do inglês Mason e do francês Maçon, todas significando Pedreiro.

Mas faço aqui distinção entre Pedreiro e Maçom Operativo.

Nem todo Pedreiro era um Maçom Operativo, mas todo Maçom Operativo era Pedreiro.

Ou seja, os Maçons Operativos eram pedreiros profissionais dedicados a construção de edificações, mas com o diferencial de estarem congregados em uma corporação do ofício, com suas histórias lendárias, fundamentos morais e obrigações, com seus segredos profissionais.

Com o passar do tempo, com a decadência dessas corporações, passaram a admitir pessoas não profissionais, os “Aceitos”, que, tornando-se maioria, deram origem à Maçonaria Especulativa, de “Pedreiros” construtores de seu Eu e da Sociedade.

Ora, os Pedreiros surgiram muito antes de qualquer tipo de organização operária e, portanto, não havia uma Maçonaria.

Segundo os registros bíblicos, depois de expulso do Éden, Caim se uniu a Lebuda, gerando Enoque (Gênesis 4:17), que ensinou os homens a talhar a pedra, reunir-se em sociedade e construir seus edifícios.

Foi, então, o primeiro Maçom?

Não!

Foi o primeiro Pedreiro! 

Depois o ofício de pedreiro foi se disseminando e temos a construção bíblica da Torre de Babel (Gênesis 11:9), evidentemente construída por Pedreiros.

Maçons?

Não!

Pedreiros. 

E as monumentais pirâmides egípcias, que sobrevivem até os nossos dias, foram construídas por Maçons?

Não!

Por pedreiros! 

E chegamos a construção do Templo de Salomão, por Fenícios da cidade-estado de Tiro, por um acordo entre o rei Salomão e o Rei Hiram. Esses fenícios eram Maçons?

Não!

Pedreiros. 

Passamos para os construtores de palácios e templos da antiga Grécia. Eram Maçons?

Não!

Pedreiros. 

Nas Américas, Maias, Incas e Astecas construíram templos e pirâmides.

Eram Maçons?

Não!

Pedreiros! 

Em Roma surgem as primeiras organizações de Pedreiros, os Collegia artificum e os Collegia fabrorum, criados por Numa Pompilio.

Eram Maçons?

Não!

E as organizações eram Maçonaria?

Não! 

Chegamos então à Idade Média, em que a sociedade era feudal e criam-se as corporações de ofício de artesãos e de certas profissões, como as de alfaiates, chapeleiros, carpinteiros, cuteleiros, ferreiros, sapateiros, seleiros, lenhadores e pedreiros, entre outros.

Invariavelmente, essas corporações possuíam seus segredos profissionais e praticavam rituais de recepção de calouros, de cunho mais ou menos espiritual, em que se mesclavam práticas vulgares, por vezes obscenas, grosseiras e com paródias de ritos religiosos.

Sendo certo que não há como se comparar essas práticas com as dos pedreiros, verdadeiros Maçons Operativos, a quem o conhecimento da Geometria lhes conferia um enobrecimento intelectual.

Além disso, ao que se saiba, a única corporação que tinha o privilégio de circular livremente entre os diversos feudos era a dos Pedreiros (Maçons Operativos), daí a denominação Freemason em inglês e Franc-Maçom em francês, pois seus principais clientes eram a nobreza e a Igreja, para a construção de castelos, palácios, templos e catedrais.

Sobreviveram desse período medieval alguns manuscritos com os estatutos dessas diversas corporações operárias, daí se conhecer algumas de suas práticas. 

No caso dos Pedreiros (Maçons Operativos), esses manuscritos são denominados tecnicamente pela Maçonaria Especulativa de Old Charges, Antigas Obrigações, Antigos Deveres, Antigas Constituições ou Constituições Góticas.

Muitas dessas práticas sobreviveram a transformação da Maçonaria Operativa em Maçonaria Especulativa.

Com a decadência das corporações de ofício, os Maçons Operativos passaram a admitir pessoas dissociadas da arte de construir, os “Aceitos”, sobretudo nobres, militares e antiquários e, com o advento do Iluminismo, intelectuais, místicos, alquimistas, etc, que passaram a ser predominantes nas Lojas operativas.

Finalmente, em 1717, com a reunião de 4 Lojas de Londres, formou-se a Grande Loja de Londres, marco da definitiva transformação da Maçonaria Operativa em Maçonaria Especulativa, a Maçonaria que conhecemos atualmente.

Bom dia meus irmãos.


Almir Cruz M.'.M.'.

ADVOGADO NÃO MENTE




UM ADVOGADO tinha 12 filhos e precisava sair da casa onde morava e alugar outra, mas não conseguia por causa do monte de crianças.

Quando ele dizia que tinha 12 filhos, ninguém queria alugar porque sabiam que a criançada iria destruir a casa.

Ele não podia dizer que não tinha filhos, não podia mentir,afinal os ADVOGADOS não podem mentir.

Ele estava ficando desesperado, o prazo para se mudar estava se esgotando.

Daí teve uma idéia: mandou a mulher ir passear no cemitério com 11 filhos.

Pegou o filho que sobrou e foi ver casas junto com o agente da imobiliária.

Gostou de uma e o agente lhe perguntou quantos filhos ele tinha.

Ele respondeu que tinha 12.

Daí o agente perguntou: onde estão os outros?!

E ele respondeu, com um ar muito triste: “Estão no cemitério, junto com a mãe deles”.

E foi assim que eles conseguiu alugar uma casa sem mentir...

 Não é necessário mentir, basta escolher as palavras certas. 

ACORDEMOS IRMÃOS!!!



O silêncio sepulcral na sala dos passos perdidos intriga o Mestre de Cerimônias:

- Já é meio dia em ponto. É hora de iniciarmos nossos trabalhos. Onde estarão os irmãos? Talvez seja meia noite, vou bater maçonicamente à porta do templo…

Ao levantar a espada para dar as pancadas na porta, de súbito começam a cair os quadros da galeria de ex-veneráveis, o chão treme, os lustres balançam, as luzes piscam e a porta do templo se abre num rangido.

Assustado, o Mestre de Cerimônias olha o interior do templo e, incrédulo, vê o pavimento mosaico com uma enorme rachadura. Através dela brota um homem magro, bigode retorcido, nariz adunco, olhar brilhante, face pálida e lábios arroxeados: sintomas típicos da anoxia crônica provocada pela tísica que lhe consumia os pulmões.

O Mestre de Cerimônias reconhece o grande poeta, mas antes que pudesse pedir-lhe um autógrafo para seus filhos, é interrompido por ele. O baiano Castro Alves, poeta dos escravos, o mais entusiasta dos abolicionistas, estudante da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, amante apaixonado da atriz Eugênia Câmara, coloca-se à ordem (apesar das dificuldades pela falta de seu pé direito amputado) e brada:

- GADU! ó GADU! onde estás que não respondes?

Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes?

Embuçado nos céus?

Mas não consegue concluir a declamação do seu tão famoso poema “Vozes D´África” porque surge das entranhas do templo D. Pedro I, interrompendo o poeta aos gritos:

- Se a Maçonaria quer que eu fique, diga a todos que FICO.. Fico e grito: “Independência ou morte!!”.

E agora que sou defensor perpétuo e Imperador do Brasil, quero ser eleito Grão Mestre da Ordem e compor o hino da Maçonaria. Onde o estão o Ledo e o Bonifácio?

- O Irmão Gonçalves Ledo está na Primeira Vigilância e o Irmão José Bonifácio, no Oriente, na cadeira do Venerável ; diz o Mestre de Cerimônias.

- Chame os irmãos! Revista-os com suas insígnias, pois vou iniciar os trabalhos. E seja rápido, senão eu fecho essa bodega e a transformo num palácio para minha marquesa; ordena o Imperador, dirigindo-se ao trono de Salomão enquanto os irmãos Ledo e Bonifácio se agridem em defesa, respectivamente, da República e da Monarquia.

Já assustado, e temente que o Grão Mestre-Venerável-Imperador-Compositor cumpra a promessa, o Mestre de Cerimônias olha através da rachadura no pavimento mosaico e grita aos irmãos.

Logo sobe, cambaleante, o Irmão Jânio Quadros.

Cabelos em desalinho, óculos de tartaruga em assimetria, coloca-se à ordem com os pés trocados e pergunta:

- Quando começa o Copo D’água?

- Calma, Jânio… Por que você bebe tanto?

- Bebo porque é líquido. Se fosse sólido, comê-lo-ia.

- Você precisa renunciar a este vício, Irmão Jânio…. E, por falar em renunciar, por que você renunciou?

- Fi–lo porque qui-lo e também por conta das forças ocultas.

!!!!!! Malheta o Imperador.

- Componha rápido esta Loja, Irmão Mestre de Cerimônias. Chame o Rui para a oratória.

- Já estou aqui, Venerável Mestre. Acabei de chegar da Holanda. O irmão Paranhos Jr., “Barão do Rio Branco”, enviou-me para representar o Brasil

na Conferência de Haia. Fiz sucesso. Estão até me chamando de “O Águia de Haia”. Mas não é a nossa “Águia bicéfala”, é “Águia macrocéfala”.

- E viva a República!!

- Viva a Monarquia!!

- Cale a boca, Bonifácio, senão eu lhe deporto!; ameaça D. Pedro.

- Isto aqui está muito bagunçado. Coloquem uma música na harmonia!

- Estamos aguardando o irmão Carlos Gomes.

Ele está tocando “O Guarani” no Repórter Esso, Venerável Mestre.

- Venham todos assinar o livro de presença, grita o irmão Dib, batendo com a palma da mão no trono da chancelaria. Frequência, presença e comparecimento: estes são os deveres do maçom. E tem mais, irmão Guatimosin, este templo tem o meu nome e não vou permitir que seja transformado num palácio para Dona Domitila. Eu e mais dezesseis irmãos (dezesseis ou dezessete, já nem tenho mais certeza porque fizeram uma confusão danada com essa história) fundamos a Loja, construímos o templo e não vamos permitir que ele seja profanado.

- Se for pra competir, eu também quero dizer que tenho um Kadosch que é só meu, diz o Irmão Ledo.

- !!!!! Silêncio!! Silêncio!! Suspendam os sinais maçônicos! Temos um goteira entre nós! Irmão

Guarda Interno, quem é esse cabeludo com uma corda no pescoço?

- É o Tiradentes, o Mártir da Independência, Venerável Mestre - Tiradentes uma ova! Agora sou um dos 200 mil dentistas deste país, com diploma na parede e anel no dedo.

- Irmão Mestre de Cerimônias: coloque o Tiradentes, ou melhor, nosso mártir dentista, entre colunas para o telhamento.

-Sois maçom?

- Iniciei-me por correspondência, Venerável Mestre.

- Ah, eu pensei que o Irmão fosse membro da nossa primeira Loja brasileira, a “Areópago de Itambé”, do Irmão Arruda Câmara. E o Irmão sabe a palavra senha?

- Sei, sim, Venerável Mestre: “Tal dia é o batizado”.

- Tá bom. Então, pode assumir um lugar entre nós. Afinal, você merece, pois foi o único enforcado dos 11.

- E viva a República!!

- Cale a boca, Ledo!

- Não sou o Ledo, Venerável Mestre. Sou o gaúcho Bento Gonçalves, e estou dando vivas à

“República do Piratini”.

- E o Ledo, por que está tão calado?

- Estou confuso, Venerável Mestre. Não sei se hoje é 20 de Agosto ou 09 de Setembro, se estamos na Era Vulgar ou no Ano da Verdadeira Luz, e preciso fazer meu discurso na loja Comércio e Artes do Rio de Janeiro.

E, novamente, outro bate boca:

- A República é o melhor para o Brasil!!

- Não é!!! É preciso fazer uma mudança gradual, mas não temos sequer um nome para assumir a presidência.

- Chame o Deodoro para assumir o governo provisório. Irmão Mestre de Cerimônias, grite pelo

Deodoro!

Chega o Deodoro, doente, fragilizado, desencantado e diz:

- Tô fora. Já dei a minha contribuição: já assumi, já fechei o Congresso, já renunciei ao governo, ao Grão Mestrado. Quero que me esqueçam. Vocês se resolvam com o Floriano, o “Marechal de Ferro”.

- Calma Deodoro. Quem disse isto foi outro presidente.

Nesse ponto a confusão torna-se muito grande, já virando caso de policia, ou melhor, de exército.

Chamam o Caxias.

Montado num enorme cavalo, brandindo sua espada, sai das profundezas o nosso Duque Patrono do Exército brasileiro:

- Sigam-me os que forem brasileiros!

- Para onde, Caxias?

- Para qualquer lugar, desde que estejamos “ombro a ombro” e não “peito a peito”.

- Obrigado por ter vindo, mas tire esse cavalo do templo e resolva essa querela o mais diplomaticamente possível.

- Eu só sei resolver na espada. Diplomacia é lá com o Barão, o do Rio Branco.

- Irmão Guarda Interno, controle a entrada dos irmãos. Quem é esse aprendiz no topo da coluna do Norte?

- É o Euclides da Cunha, Venerável Mestre.

- O jornalista do Estadão? O autor de “Os Sertões”? Aquele que disse que “o sertanejo é um forte”?

- Não, Venerável Mestre. Este não é aquele que disse. Esse é o próprio sertanejo forte do sertão baiano.

- Tá bom.. Então deixa ele aí, quietinho, na coluna do Norte. Meus irmãos: estando a Loja dos Espíritos composta, vamos iniciar nossos trabalhos.

Irmão Guarda Interno: verifique se estamos a coberto.

O Irmão Guarda Interno sai do templo e, após alguns minutos de longa espera, retorna e diz:

- Venerável Mestre: é com profunda tristeza que vos informo o que vi.

- E o que vistes, Irmão Guarda Interno?

- Venerável Mestre, na Sala dos Passos Perdidos amontoam-se milhares de irmãos deitados na cama da fama. Dormem um sono profundo. Alguns até roncam; outros sonham com a Maçonaria do passado. No salão de festas, outro tanto se repasta com gordurosos bolinhos, pastéis e canapés. Bebem refrigerantes, cerveja e até aguardente.

Algumas conversas, felizmente a minoria, vão do mesquinho ao ridículo. Pequenos grupos fazem pequenos negócios. Alguns, mais preocupados com os grandes problemas da Ordem e da sociedade, parecem sonhar acordados quando falam de seus utópicos projetos, e outros, talvez por não entenderem a real dimensão dos problemas, tentam resolvê-los com pequenas soluções, fazendo jantares beneficentes, bazares e vendendo até rifas.

- Não é possível!!!!! Não acredito no que ouço!

Abandonaram a liberdade de pensar! Não se fomentam mais as grandes ideias! Perderam os nossos ideais! Interromperam as nossas conquistas e agora interrompem o nosso merecido descanso. Por que nos incomodam???? !!!! De pé e à ordem. Irmão Mestre de Cerimônias: abra as portas do templo.

Meus irmãos: enchamos de ar os nossos pulmões e gritemos em uníssono:

-“ACORDEM, MEUS IRMÃOS” !!!

"ACORDEM, MEUS IRMÃOS ! ! ! "

(desconheço o autor)

A DOUTRINA SECRETA - Helena Petrovna Blavatsky




 "NÃO HÁ RELIGIÃO SUPERIOR À VERDADE"

"Os chamados "Anjos Caídos" são a própria Humanidade. O Demônio do Orgulho, da Luxúria, da Rebeldia e do Ódio não existia antes de aparecer o homem físico consciente. Foi o homem quem engendrou e criou o Demônio, e permitiu que medrasse em seu coração; foi ele também quem contagiou o Deus Interno, o Deus que reside nele, enlaçando o Espírito puro com o Demônio impuro da Matéria. E, assim como o aforismo cabalístico Demon est Deus inversus encontra sua corroboração metafísica e teórica na Natureza dual manifestada, é igualmente verdade que sua aplicação prática se verifica somente na Humanidade."

"O teósofo não acredita em milagres divinos nem diabólicos, através do tempo apenas pode colher evidências e julgá-las pelos resultados.

Para ele não existem santos nem bruxos, nem profetas nem anjos, apenas adeptos ou homens capazes de realizar fatos de caráter fenomenal, aos quais julga por suas palavras e atos. A única distinção que cabe ao Teósofo fazer atualmente depende dos resultados obtidos, bons ou maus para aqueles sobre os quais o adepto exerceu seus poderes. Além disso, o ocultista deve prescindir da definição arbitrária que os definidores religiosos fizeram dos fatos chamados milagrosos Os cristãos, por exemplo, têm o dever de considerar como santos a São Pedro e a São Paulo e ver em Simão, o mago, e em Apolônio de Tiana, necromantes a serviço de potestades diabólicas; porém também o ocultista é obrigado, se quiser sê-lo deveras, a rejeitar toda idéia exclusivista neste ponto. 

O estudioso de ocultismo não professará determinada religião, ainda que deva respeitar toda opinião e crença para chegar a ser adepto da Boa Lei. Não deve seguir os prejuízos e opiniões sectárias de ninguém e deve formar suas próprias convicções segundo as regras de evidências que lhe proporcionem a ciência a que se dedica. Se o ocultista professa, por exemplo, o budismo, considerará a Gautama Buda como o maior adepto que tenha existido, como a encarnação do amor sem egoísmo, da cavidade imensa e da moral puríssima; porém verá iluminado com a mesma luz a Jesus Cristo, considerando-o como outra encarnação de virtudes divinas. Venerará a memória do Grande Mártir, ainda que não o veja como Deus humanizado na terra e Deus de deuses no céu.

 Amará ao homem ideal pelas suas virtudes pessoas sem se importar com elogios de fanáticos sonhadores nem a dogmatismos teológicos. Acreditará também na maioria dos milagres se os distingue segundo as regras de sua ciência.

Ainda que negue a palavra milagre em sua acepção teológica, ou seja, como acontecimento contrário às leis da natureza, os considerará como desvio das leis atualmente conhecidas, o que é muito diferente. Por outro lado verá muitos de tais 

fatos nos Evangelhos, de natureza divina, com o cuidado de tomar alguns deles como, por exemplo, o de enviar os demônios a um grupo de cardos num sentido alegórico e não literal. Esta deve ser a postura de um ocultista legítimo e imparcial.

Os muçulmanos que consideram a Jesus como um grande profeta e o respeitam como tal dão com isso uma bela lição aos cristãos que condenam a tolerância religiosa e chamam a Maomé, o falso profeta."


Mestra Helena Petrovna Blavatsky, A Doutrina Teosófica 

maio 22, 2021

SAWABONA

 



     Há uma "tribo" africana que tem um costume muito bonito.                                   

     Quando alguém faz algo prejudicial e errado, eles levam a pessoa para o centro da aldeia, e toda a tribo vem e o rodeia. 

     Durante dois dias, eles vão dizer ao homem todas as coisas boas que ele já fez. 

     A tribo acredita que cada ser humano vem ao mundo como um ser bom. 

     Cada um de nós desejando segurança, amor, paz, felicidade. 

     Mas às vezes, na busca dessas coisas, as pessoas cometem erros. 

     A comunidade enxerga aqueles erros como um grito de socorro. 

     Eles se unem então para erguê-lo, para reconectá-lo com sua verdadeira natureza, para lembrá-lo quem ele realmente é, até que ele se lembre totalmente da verdade da qual ele tinha se desconectado temporariamente: 

     "Eu sou bom". Sawabona Shikoba! SAWABONA, é um cumprimento usado na África do Sul e quer dizer: 

     "Eu te respeito, eu te valorizo. Você é importante pra mim" 

     Em resposta as pessoas dizem SHIKOBA,que é: 

     "Então, eu existo pra você."

IKiGAI - UMA LIÇÃO DE VIDA - Heitor Rodrigues Freire

 



Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis, advogado, GM ad vitam da GLEMS e atual presidente da Santa Casa de Campo Grande.

As civilizações antigas deixaram no inconsciente coletivo da humanidade registros que se perpetuaram no tempo e no espaço. Índia, Tibete, China, Japão, Egito, Grécia, Arábia e Israel durante milênios foram moldando e orientando todo um ordenamento mental e espiritual.

Por intuição, sou um admirador e estudioso desses legados. Sinto que encarnei em muitos desses povos, tal a minha identificação interior com alguns deles. Vivo estudando, aprendendo e praticando – o que me motiva e me inspira diariamente. A grande diferença que observo entre a civilização oriental e a ocidental é a característica intrínseca de cada uma: o oriental, por natureza, é mais disciplinado, introvertido e sóbrio, o que não acontece em geral com o ocidental. Principalmente com os latinos, mais passionais e extrovertidos.

Há quase dois anos, descobri os Ritos Tibetanos, que venho praticando diariamente e aos quais eu credito grande parte da minha vitalidade. Na internet, para os que se interessarem existe farta matéria sobre o assunto.

Agora, conversando com minha filha número 1, a Valéria, que é professora, me deparei com o Ikigai. É um sistema oriundo do Japão, que pode ser traduzido como “razão para viver”. Ter um ikigai claro e definido proporciona a satisfação e o propósito que justificam a nossa existência, sendo para muitos, também, a chave da longevidade.

Por que existem pessoas que sabem o que querem, enquanto outras definham na confusão? Segundo os japoneses, o segredo é encontrar o seu ikigai e encontrar o propósito que guiará sua vida.  

Os escritores Francesc Miralles e Héctor Garcia foram até Okinawa, a ilha japonesa de população centenária, e reuniram esses princípios no livro Ikigai: Os segredos dos japoneses para uma vida longa e feliz. O resultado é um guia com informações claras e sucintas, além de listas, tabelas e ilustrações que colocam em nossas mãos as ferramentas para entender e encontrar nosso próprio ikigai, com os hábitos e rotinas que mantêm em dia a saúde da mente, do corpo e do espírito daquele povo.

Segundo os autores, os habitantes de Okinawa possuem uma sensação de pertencimento coletivo, pois desde muito jovens praticam o yuimaaru, o trabalho em equipe, que os ensina a ajudar uns aos outros. Além disso, no livro Héctor e Francesc também descobriram que os indivíduos super centenários cuidam da alimentação. Os moradores de Okinawa comem pouca carne, poucos alimentos processados e ingerem álcool com moderação. Outra dica que o livro traz é a de comer até 80% do estômago estar cheio, pois assim não há desgaste do corpo e aceleração da oxidação celular durante a digestão.

Os exercícios praticados pelos super centenários não são extremos, mas eles se movimentam todos os dias. De acordo com o livro, as pessoas que têm uma vida longa e feliz preferem caminhar a usar um carro e praticam a jardinagem, que requer movimento físico diário, mas de baixa intensidade.

Além da parte teórica, o livro Ikigai traz dicas práticas e exercícios que podem ser feitos diariamente para aumentar o bem estar e a qualidade de vida. 

O ikigai é um éthos japonês específico, segundo Ken Mogi, um neurocientista e escritor japonês que já escreveu mais de trinta livros sobre cognição e neurociência. Segundo ele, a essência do ikigai é constituída por uma noção de comunidade, uma dieta equilibrada e a percepção da espiritualidade. 

Em seu livro Ikigai, Mogi apresenta os cinco pilares para o ikigai:

Começar pequeno;

Libertar-se;

Harmonia e sustentabilidade;

A alegria das pequenas coisas;

Estar no aqui e agora.

Enfim, o ikigai é um manual prático e orientador para quem quer se aprofundar no estudo e na prática desse princípio da cultura japonesa, que, certamente, levará ao autoconhecimento e à evolução espiritual.

O MEDO CAUSADO PELA INTELIGÊNCIA

 


Quando Winston Churchill, ainda jovem, acabou de pronunciar seu discurso de estreia na Câmara dos Comuns, foi perguntar a um velho parlamentar, amigo de seu pai, o que tinha achado do seu primeiro desempenho naquela assembleia de vedetes políticas. O velho pôs a mão no ombro de Churchill e disse, em tom paternal: "Meu jovem, você cometeu um grande erro. Foi muito brilhante neste seu primeiro discurso na Casa. Isso é imperdoável. Devia ter começado um pouco mais na sombra. Devia ter gaguejado um pouco. Com a inteligência que demonstrou hoje, deve ter conquistado, no mínimo, uns trinta inimigos. O talento assusta." 

E ali estava uma das melhores lições de abismo que um velho sábio pode dar ao pupilo que se inicia numa carreira difícil. A maior parte das pessoas encasteladas em posições políticas é medíocre e tem um indisfarçável medo da inteligência. Isso na Inglaterra. Imaginem aqui no Brasil. Não é demais lembrar a famosa trova de Ruy Barbosa: 

Há tantos burros mandando 

Em homens de inteligência 

Que às vezes fico pensando 

Que a burrice é uma Ciência.  

Temos de admitir que, de um modo geral, os medíocres são mais obstinados na conquista de posições. Sabem ocupar os espaços vazios deixados pelos talentosos displicentes que não revelam o apetite do poder. Mas é preciso considerar que esses medíocres ladinos, oportunistas e ambiciosos, têm o hábito de salvaguardar suas posições conquistadas com verdadeiras muralhas de granito por onde talentosos não conseguem passar. Em todas as áreas encontramos dessas fortalezas estabelecidas, as panelinhas do arrivismo, inexpugnáveis às legiões dos lúcidos. Dentro desse raciocínio, que poderia ser uma extensão do 'Elogio da Loucura' de Erasmo de Roterdan, somos forçados a admitir que uma pessoa precisa fingir de burra se quiser vencer na vida. 

É pecado fazer sombra a alguém até numa conversa social. Assim como um grupo de senhoras burguesas bem casadas boicota automaticamente a entrada de uma jovem mulher bonita no seu círculo de convivência, por medo de perder seus maridos, também os encastelados medíocres se fecham como ostras à simples aparição de um talentoso jovem que os possa ameaçar. Eles conhecem bem suas limitações, sabem como lhes custa desempenhar tarefas que os mais dotados realizam com uma perna nas costas, enfim, na medida em que admiram a facilidade com que os mais lúcidos resolvem problemas, os medíocres os repudiam para se defender. É um paradoxo angustiante. 

Infelizmente temos de viver segundo essas regras absurdas que transformam a inteligência numa espécie de desvantagem perante a vida. Como é sábio o velho conselho de Nelson Rodrigues. 

Finge-te de idiota e terás o céu e a terra. 

O problema é que os inteligentes gostam de brilhar

(José Alberto Gueiros, Jornal da Bahia, 1979)