junho 04, 2021

O MOMENTO PRESENTE - Heitor Rodrigues Freire


Heitor Rodrigues Freire é Past GM da GLEMS, corretor de imóveis, advogado, jornalista, atual presidente da Santa Casa de Campo Grande, MS notável intelectual e escreve frequentemente belas colunas literárias, como esta.

 A sucessão e a rapidez dos acontecimentos presentes estão a nos propiciar uma oportunidade rica de aprendizado e de conhecimento.

Um embasamento filosófico é importante para que cada pessoa possa se situar no tempo e no espaço. Para buscar esse embasamento, ao longo dos tempos muitas pessoas se dedicaram ao estudo e à prática de normas de comportamento, visando orientar a humanidade para o desenvolvimento mental e espiritual.

Assim, tivemos na China Lao-Tsé e Confúcio; na Índia, Buda; no Egito, Hermes Trismegisto; na Grécia, Pitágoras, Heráclito, Sócrates, Platão e Aristóteles, todos por volta do século V antes de Cristo. 

Pitágoras proporcionou à humanidade seus Versos de Ouro, que contêm um ensinamento voltado exatamente para orientar o comportamento consciente e verdadeiro. Deles, destaco os versos 41 a 46, que por si só nos dão uma orientação importante:

Ao deitares, nunca deixe que o sono se aproxime dos teus olhos cansados

enquanto não revisares com a tua consciência mais elevada todas as tuas ações do dia.

Pergunta: "Em que errei? Em que agi corretamente? Que dever deixei de cumprir?"

Recrimina-te pelos teus erros, alegra-te pelos acertos.

Pratica integralmente todas estas recomendações. Medita bem nelas. Tu deves amá-las de todo o coração.

São elas que te colocarão no caminho da Virtude Divina.

Com o nascimento de Jesus, o Mestre dos mestres de todos os tempos, a história da humanidade começou a tomar um rumo definido. Os seus ensinamentos se perpetuaram pela essência, pelo conteúdo, apresentado de maneira simples.  O maior dos mandamentos, a Regra de Ouro, é:

 “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”.

Em Roma, no século I da nossa era, tivemos Sêneca, que dedicou sua vida à prática do estoicismo.

O estoicismo não é um conjunto de teorias sobre como o mundo funciona ou deixa de funcionar, é um conjunto de reflexões, dicas e práticas para viver melhor. Como exemplo do estoicismo, citamos ensinamentos do próprio Sêneca: 

"A filosofia nos ensina a agir, não a falar”.

“O maior obstáculo à vida é a expectativa, que fica na dependência do amanhã e perde o momento presente. Tu dispões do que está nas mãos da Fortuna, mas deixas de lado o que está nas tuas. Para onde olhas? Para onde te projetas? Tudo o que há de vir repousa na incerteza. Vive de imediato!”

“O homem que sofre antes, sofre mais que o necessário”.

A filosofia é vista pela maioria das pessoas como algo abstrato, desnecessário, supérfluo, perfumaria, desconhecendo assim a contribuição prática para o dia-a-dia de todos.

Esse ensinamento é muito prático. Não adianta viver com as glórias do passado ou com as expectativas do futuro. O presente é aqui e agora. É neste momento que a vida acontece.

Nestes tempos em que a humanidade se vê acossada pela pandemia causada pelo vírus da Covid-19, em que assistimos ao sofrimento de tantos, a perda de entes queridos, e o medo que se instalou na mente das pessoas, a filosofia se torna mais necessária do que nunca, para orientar e acalmar a todos, mostrando que nada acontece por acaso e ao mesmo tempo, os nossos queridos continuam a viver, porque a vida é infinita e ela só muda de estado, saindo da materialidade para a espiritualidade.

Santo Agostinho nos mostrou isso de forma muito clara em seu poema “A morte não é nada”:

A morte não é nada. 

Eu somente passei para o outro lado do Caminho.

Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo.

Me deem o nome que vocês sempre me deram.

Falem comigo como vocês sempre fizeram.

Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador.

Não utilizem um tom solene ou  triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos.

Rezem, sorriam, pensem em mim, rezem por mim.

Que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo.

Sem nenhum traço de sombra ou tristeza.

A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio não foi cortado.

Por que eu estaria fora de seus pensamentos,agora que estou apenas fora de suas vistas?

Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do Caminho.

Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e bela como sempre foi.


O QUE LEVA O HOMEM A SER MAÇOM? - Ivair Lopes

 


A primeira premissa esclarece que a Maçonaria é uma Fraternidade.

Ora, o substantivo feminino fraternidade designa o parentesco de irmãos, o amor ao próximo, a harmonia, a boa amizade, a união ou convivência como de irmãos.

Isso leva à conclusão de que, na organização designada, genericamente, como Maçonaria, ou Franco-Maçonaria, definida como uma Fraternidade, deve prevalecer a harmonia e reinar a união ou convivência como de irmãos.

(Do livro “Fragmentos da Pedra Bruta – José Castellani)

Estive meditando, nos últimos dias….

O que leva o homem a ser maçom?

Devemos inquirir nossos conhecimentos de prima facie, relembrando que o homem maçom é escolhido dentro a sociedade profana, como que um diamante ainda em estado bruto, pois assim o determina os antigos costumes, de forma que ele somente toma pé de onde e o que o espera, quando da sua iniciação.

Sabemos que hoje, não mais como ontem, o indicado, indaga-se e prepara seu espírito, quando lhe é informado que será iniciado, certamente pelas ferramentas disponíveis na internet e em outros meios de comunicação, toma nota e assimila um conteúdo considerável a respeito da sublime ordem.

Mas, muito provável, muita coisa que lerá, será apenas falácias, enquanto outros se apresentarão muito maiores que possa imaginar a sua vã expectativa.

Nestas falácias, muita coisa, escrita, ou não se enquadra no seu rito ou não é operada ao pé da letra por sua futura loja ou potência.

Podendo traduzir num permeio de desolação e decepção quanto ao que esperava.

Noutro mote, há expectativas geradas pelos próprios futuros irmãos de ordem, que acreditam piamente e esperam algo que não se traduz em realidade tangível, mas apresenta-se apenas como expectativas.

Assim, o candidato e a oficina se apresenta com enorme expectativa, desde a sua iniciação até o dia que o laço de rompa, seja pela saída do obreiro, desligamento obrigatório ou a sua passagem para outro oriente.

Pois bem, há nítido jogo de interesses, não manejo o interesse com o intuito depreciativo, mas sob a ótica construtiva, o interesse como objeto de vontade, a loja adquirindo um obreiro que atenda as suas expectativas enquanto membro, maçom, pai de família, pessoa da sociedade e o iniciado aglutinando outras visões de interesse, de lapidar seu conhecimento de si, adquirir novas amizades, prover um meio social coerente a si e a seus familiares, etc.

Quando não esta tudo caminhando. Afirma-se que a “egrégora” não esta condizente. Particularmente não gosto desta afirmação!

Mas, certo é que também discordo da afirmação de que a maçonaria, escolhe grandes homens, e entre eles, haverá diferenças maiores quanto mais for a capacidade e a liberdades daqueles.

A afirmação alhures, é tipicamente profana.

Vale fora dos nossos templos.

Não poderia vingar quando falamos de relações entre maçons. 

Que deve ser uma relação alicerçadas nas leis naturais, nos antigos costumes e num sistema que tem como meta algo mais que uma boa relação entre irmãos.

Lembramos que combatemos o despotismo, a iniquidade, levantamos templos a glória do criador, em honra da virtude e sepultamos nas profundezas todas as formas de vícios.

Neste permeio de locuções é que busco a resposta para a indagação que me trouxe até estas linhas, aquele profano imaginário, não sabia de nada disso, se sabia, o seu horizonte não imaginaria como os olhos de um maçom vêem a tudo isso.

Por tal é recebido maçom, um homem, que circula por dentre a descortinação do grande espetáculo da luz da verdade, o caminho solar do escocesismo. 

Viaja por dentre as luzes da sabedoria, aprende nas ciências e sente a existência da força e embebedar-se pelos caminhos da beleza, situações que sustentam todo o arcabouço do aprendizado maçônico.

Arrancam-lhe o juramento.

São lhes deferidas as obrigações, assentindo é feito maçom!

Descobri o que leva o homem a ser maçom? 

É guardar consigo, não grandes segredos.

Mas o segredo da vida, ser feliz, amar ao próximo, lutar, vencer, sorrir e chorar e não tripudiar dos oprimidos, não blasfemar, não vilipendiar, não deixar de lapidar-se, aprender a praticar a iniciação em si mesmo dia após dia.

Bom dia meus irmãos. 

Ivair Lopes M.'.M.'.

O EXPERTO - Rui Bandeira



No Rito Escocês Antigo e Aceito, o Experto é um Oficial de Loja que exerce uma função puramente ritual. Nas normais sessões de trabalho, essa função é relativamente secundária, limitando-se a seguir e auxiliar o Mestre de Cerimônias na execução dos rituais de abertura e enceramento dos trabalhos. 

Este ofício assume, porém, particular importância e relevo quando a Loja realiza uma Cerimônia de Iniciação. Quase se poderia dizer que o ofício de Experto existe para essa cerimônia, sendo tudo o resto secundário, mero apêndice do papel que exerce nos trabalhos em que um homem livre e de bons costumes abandona a vida profana e renasce maçom.

É encargo do Experto, sempre que ocorre uma iniciação, ser o elo entre o profano que busca a luz e a Loja. É o Oficial que a Loja disponibiliza ao candidato para o acompanhar e auxiliar nas suas provas de iniciação. 

É o Experto que prepara o profano antes de ele enfrentar essas suas provas. É o Experto que ordena ao profano o que ele deve fazer enquanto aguarda o início delas. É o Experto que conduz e acompanha o profano perante a Loja. É o Experto que acompanha e auxilia o profano na superação das provas. 

É o Experto que dá e retira a luz. É o Experto que acompanha aquele que se submeteu às provas de iniciação enquanto ele se recompõe dos trabalhos realizados. 

É o Experto que, recomposto quem se submeteu às provas, o conduz à sua plena integração na Loja. É o Experto quem executa e demonstra a primeira instrução do novo Aprendiz. 

Em resumo, o Experto é a mão amiga que ampara o profano no seu trajeto para a luz, o guia que lhe indica o caminho.

A designação do ofício é uma adaptação fonética – não propriamente feliz – do termo Expert, que, quer em francês, quer em inglês, significa Especialista. O Experto é, assim, o Oficial Especialista no acompanhamento do Candidato à iniciação.

Em rituais antigos, este Oficial de Loja era designado por Irmão Terrível. Esta designação, obviamente irónica, era fruto da forma brusca como se preconizava que decorresse a primeira abordagem do Irmão Terrível ao candidato.

Dupla ironia, se atentarmos que o Experto só é terrível no suporte e apoio a esse mesmo candidato, que lhe cumpre auxiliar ao longo de toda a Cerimônia de Iniciação…

Em muitas lojas este ofício não está integrado na informal “linha de sucessão” para o ofício de Venerável Mestre e é usualmente confiado a um Mestre jovem. 

É um ofício que, por ser de reduzida dificuldade de execução, na maior parte das sessões, permite uma calma e progressiva integração nas responsabilidades de Oficial de Loja aos Mestres mais jovens, enquanto aguardam oportunidade para assumirem mais exigentes responsabilidades. 

Mas, sendo também um ofício fundamental num momento tão importante para qualquer maçom, como é a sua iniciação, confiá-lo a um jovem Mestre (note-se: jovem, em termos de antiguidade, não de idade; um septuagenário pode, neste sentido, ser um “jovem Mestre”…) é uma prova de confiança nas suas capacidades e na sua contribuição para a Loja.




junho 03, 2021

VELHO AVENTAL- Adilson Zotovici

 


O irmão Adilson Zotovici da ARLS Chequer Nassif é um dos mais festejados poetas da maçonaria. 


Oh quão formoso cenário 

Sem acasos, tão bom astral,

Bem demarcado ternário

E adequado ferramental 


Prende atenção no plenário

Alguém muito especial

Obreiro sexagenário

Em meio ao grupo jovial 


Livre pedreiro lendário,

Perene nas mãos manual

Qual guarda nosso  ideário,

Arcanos e bom ritual


Mas, um neófito solidário,

Em tom curioso, informal,

Aflito, teceu comentário

Sobre o que viu de anormal ;


Um homem sábio, argentário,

Grande mestre da Arte Real,

Orgulhosamente usuário,

“Dum tão desgastado avental “ 


O velho alvenéu honorário,

Fala mansa, coloquial,

Diz que  esse estado precário

É motivo de honra sem igual 


Que o desgaste é originário

Dum desbastar divinal

Que pedreiro visionário

Logo vê que imaterial...


Que com ele fez bom salário

Por seu justo labor fraternal

E que a ele, um relicário...

Do Grande Arquiteto Universal !


Adilson Zotovici

ARLS Chequer Nassif 169

REVISITAR CONCEITOS - Newton Agrella



Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante. Um dos mais notáveis estudiosos da maçonaria no país..


O caráter iniciático de uma ordem filosófica se coaduna com as leis morais e éticas que se fundamentam em critérios intelectuais e dialéticos.

A liberdade de pensamento é um exercício legítimo e reconhecido como base de sustentação da propria consciência humana, assim como o é a obediência aos princípios ou  marcos regulatórios que dão forma e conteúdo a uma instituição que faz jus à sua perenidade, graças ao iluminismo que se conquista a partir de seu caráter especulativo.

Exaltar "culto a divindades"  no âmbito de uma atividade intelectual e filosófica que busca o Conhecimento e a Verdade através da Simbologia, na prática do raciocínio, da lógica, do espiritualismo e do exoterismo como elementos consistentes para o entendimento da existência humana - confere um ar de descompromisso com o exercício do pensamento.

Igrejas, Sinagogas, Mesquitas, Centros Espiritas, e todo e qualquer outro recinto em que se busca trabalhar a Fé estão disponíveis mundo a fora e não exigem qualquer tipo de iniciação ou sindicância. 

Contudo, àqueles que ainda não se deram conta sobre o real significado e propósito de uma Ordem Filosófica e Oficina de Aprimoramento Interior Humano, seria interessante rever alguns conceitos.

junho 02, 2021

ÍNCUBOS E SÚCUBOS ALÉM DA FANTASIA












incubus (1)


É um fato de domínio público e que muitos afirmam have-lo experimentado ou escutado pessoas autorizadas que tenham experiência disso, que os Silvanos e os Faunos, vulgarmente chamados íncubus, tem atormentado com frequência às mulheres e saciado suas paixões. Além disto, são tantos e de tal peso os que afirmam que certos demônios chamados pelos Gauleses, Dusios, intentaram e executaram essa animalidade que, negá-lo parece imprudência.” - Santo Agostinho, livro 15 Cap. 23 em DE CIVITATE DEI

Ao se tratar de íncubos e súcubos, o que é mais popularmente conhecido, é o mito como citado acima por Santo Agostinho que viveu nos longínquos séculos IV e V da nossa era cristã.

Embora, séculos se passaram, ainda hoje, Íncubos e Súcubos são conhecidos como demônios que atacam suas vítimas enquanto essas se encontram “dormindo”. O intuito do ataque é ter relações sexuais com elas e, por meio disso, drenar suas energias para assim se alimentarem, na maioria das vezes deixando-as vivas, mas em condições muito frágeis, por esse motivo, também estão relacionados aos vampiros.

Os Íncubos são demônios masculinos que atacam as mulheres, já os súcubos são demônios femininos que atacam os homens. Numa pesquisa no Wikipedia, temos a informação de que o prefixo in- “sobre”, da palavra íncubos, dá o significado de alguém que está em cima de outra pessoa. De acordo com o livro “O Martelo das Bruxas” (Malleus Maleficarumda idade média, a palavra “succubus” vem de uma alteração do antigo latim succuba significando prostituta. A palavra é derivada do prefixo “sub-“, em latim, que significa “em baixo-por baixo”, e da forma verbal “cubo“, ou seja, “eu me deito”. Assim, o súcubo é alguém que se deita por baixo de outra pessoa, e o íncubo (do latim, in-, “sobre”) é alguém que está em cima de outra pessoa.

Apesar de as descrições acima do “modus operandi” desses seres serem distintas entre si, segundo os relatos das vítimas, eles atacam de forma muito semelhante, como uma pressão muito forte sobre o peito, os imobilizando e ainda, com intensa conotação sexual.

De aparência muito sedutora e magnética, esses demônios são descritos algumas vezes com asas de morcego e também com outras características demoníacas, como chifres e cascos. O súcubos atraem o sexo masculino e, em alguns casos, o homem “apaixona-se” por ela. Mesmo fora do sonho, ela não sai da sua mente, por esse motivo, ela permanece lentamente a sugar-lhe energia até à sua morte por exaustão. Outras fontes dizem que o demônio irá roubar a alma do homem através de relações sexuais.

Diz-se ainda que, tanto os súcubos, assim como os íncubos, descendem de um mesmo demônio, o qual, para uma mulher apareceria na forma masculina e para um homem o mesmo demônio apareceria com a forma feminina.

E disto deriva que os súcubos recolhem o sêmen dos homens com os quais copulam, para que um íncubo possa depois, vir a engravidar mulheres, e desta união ocorre nascerem crianças mais suscetíveis às influências de demônios. Diz à lenda que o mago Merlin é fruto desses tipos de uniões.

Numa nova leitura e interpretação mais atualizada sobre o mito, é muito fácil concluir que tais pesadelos não passam de “fantasias” de desejos sexuais fortemente reprimidos em uma época (idade média) onde, os conceitos de moral, religião e bons costumes eram extremamente rígidos e controlados pela inquisição da igreja romana.

Isto por si só, justificaria o fato de que esses mitos e lendas, tomados como fantasias reprimidas, serem associados a casos de doenças e tormentos psicológicos de origem sexual, os quais são os causadores de pesadelos, paralisia do sono e poluções noturnas. Essa interpretação de relativa simplicidade, pra não dizer rasa, até nos parece convincente, não fosse a dúvida: seriam mesmo, somente essas duas possibilidades – demoníaca ou repressão sexual – a se considerar sobre o assunto?

O assunto nem de longe é tão simples e, por esse mesmo motivo, vai muito além do exposto acima. Não podemos esquecer que tanto em mitologia, bem como magia e também psicologia analítica, o mito está totalmente relacionado com aspectos da psique humana, portanto, faz parte tanto do inconsciente individual bem como do coletivo e, disso resulta que o quadro acima se altera completamente.

Incubus

No livro “O herói de mil faces”, o mitólogo Joseph Campbell nos traz um novo olhar sobre esses temíveis demônios, que se apresentam nas mais diversas formas e aparências. Os íncubos são os centauros, sátiros, silenos ou outros concupiscentes da horda de Pã. Já as súcubos são as melusinas, sereias, nereidas, ninfas do bosque, etc.; ambos, íncubos e súcubos, são seres élficos habitantes das profundezas escuras das águas ou das florestas, são representações do estranho a nós e, por isso mesmo, não cansamos de os narrar nos mitos e contos de fadas.

O deus Pã é o mais conhecido exemplo clássico da presença perigosa que habita essas fronteiras entre o conhecido e desconhecido. Silvano e Fauno foram suas contrapartes latinas. Para aqueles que ousassem adentrar os seus domínios, Pã era causador de um grande medo súbito e sem razão aparente, enchia a mente de um terror imaginário, daí a origem da palavra “pânico”. Mas Pã também tem seu lado bom para aqueles que lhes prestavam culto, os abençoando com boa colheita e boa saúde, da mesma forma lhes concedia sabedoria.

Plutarco enumera os êxtases dos rituais orgiásticos de Pã, do frenesi do amor como sendo o divino entusiasmo que supera a razão e libera as forças da escuridão destrutiva-criativa. Portanto, íncubos são as representações ou personificações dos espíritos da floresta, das águas e do ar, são espíritos da natureza, do desconhecido além do humano, do instintivo, e tudo isso, não é outra coisa, se não aspectos do inconsciente coletivo.

Essas forças que vigiam os limites entre o consciente e inconsciente são perigosas e lidar com elas envolvem riscos mas, aqueles que a confrontarem com coragem verão o perigo desaparecer.

Já em ocultismo, um dos súcubos mais conhecidos é Lilite. Na tradição rabínica, ela foi a primeira mulher de Adão, criada da substância de sua imaginação. Em um manuscrito da Aurora Dourada [Ordem Goldem Dawn] intitulado “A Mercará”, ela é descrita como “uma mulher bonita por fora, mas por dentro, corrupta e putrefata”.

Kenneth Grant diz que Crowley menciona o seguinte sobre Lilite: “Os antigos rabinos judeus sabiam disso e ensinaram que, antes que VA fosse dada a Adão, o demônio Lilite foi concebido pelos respingos de seus sonhos de modo que as raças híbridas de sátiros, elfos e outros parecidos começaram a povoar aqueles lugares secretos da terra que não são sensíveis aos órgãos do Homem Comum”.

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Eva e Lílite não são duas criaturas diferentes, mais dois aspectos de uma única entidade. O aspecto brilhante, solar, criativo, angélico foi chamado Eva (uma forma da divindade criadora IHVH – Iavé [YOD – HEH - VAV – HEH]; o aspecto lunar, corrupto, demoníaco foi chamado Lílite.

De acordo com antigas autoridades em feitiçaria, íncubos e súcubos eram personificações do próprio diabo, mas não podemos ignorar que também o diabo é sinônimo do espírito criativo no homem.

Estes seres quando se comportam como companheiros, atuam como elos através dos quais o indivíduo se torna capaz de se comunicar com habitantes dos reinos astrais da mesma natureza do súcubo ou íncubo.

Crowley vai mais fundo ao declarar que “o sátiro é a verdadeira natureza de cada homem e cada mulher”. O íncubo ou súcubo é a exteriorização, ou extrusão, do sátiro em cada indivíduo. Ele representa a vontade subliminar (inconsciente); na verdade, ele representa o Ser Anão ou Sagrado Anjo Guardião.

Ele é o princípio no homem que é imortal e inextricavelmente possui estreita ligação com a sexualidade que, por sua vez, é a chave para sua natureza e os meios de sua encarnação. Num sentido espiritual, eles podem ser considerados como guias da alma pelas trilhas luminosas e obscuras de Amenti (psique objetiva/inconsciente coletivo).

Tudo isso acima, nos leva, claro, para a psicologia analítica, que descreve o fenômeno da anima-animus como psicopompos e guias da alma a adentrar o inconsciente coletivo.

Jung aborda o tema sobre íncubos e súcubos com maior profundidade no livro “Sobre os Arquétipos do Inconsciente Coletivo”, ele diz : “quem olha para dentro da água vê sua própria imagem, mas atrás dele surgem seres vivos, possivelmente peixes, habitantes inofensivos da profundeza – inofensivos se o ego não fosse mal-assombrado para muita gente. Trata-se de seres aquáticos de um tipo especial. Ás vezes , o pescador apanha uma ninfa em sua rede, um peixe feminino, semi-humano.”

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Herbert Draper, Ulisses e as Sereias

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Esses seres como as sereias, e que também podem ser ondinas, cisnes, ou a Válquiria nórdica Brunhild, ninfas, filhas do rei dos elfos, lâmia, súcubos que atordoam os jovens, sugando-lhes a vida, são seres mágicos femininos que representam um estado mais instintivo e primitivo no homem, este que está além de sua parte consciente, e que Jung designou pelo nome de anima. Da mesma forma ele concorda que esses seres, do ponto de vista de um cético ou de um crítico moralista, não passam de projeções de estados emocionais nostálgicos e fantasias condenáveis ou idiotas. E também da mesma forma questiona: Será a sereia apenas um produto do afrouxamento moral?

Em se tratando de anima e, sendo esta um arquétipo do inconsciente coletivo, o termo projeção não é muito apropriado, pois nada é arrojado fora da alma. Para Jung o que ocorre é que a psique atingiu sua complexidade atual através de uma série de atos de introjeção. Essa complexidade tem aumentado proporcionalmente à desespiritualização da natureza. Uma entidade inquietante da floresta da idade média ou tempos passados, chama-se agora “fantasia erótica”, o que vem complicar com muito dano a vida anímica. Ela vem ao nosso encontro sob a forma de uma ninfa, mas pelos motivos acima, se comporta como uma súcubo.

Mas porque Jung denominou esse ser élfico como sendo igual a anima?

Alma ou anima designa algo de maravilhoso e notável, como algo movente ou iridescente, como a borboleta. Para o homem primitivo ela é um sopro mágico de vida, daí o termo anima, ou chama, ou fogo. E ainda, a anima acredita no conceito primitivo anterior à descoberta do conflito entre estética e moral, portanto, anima-animus sendo os arquétipos da vida e de seu significado são idênticos com a deusa kundalini.

Então, assim como a deusa Kundalini, anima/animus assume as mais diversas formas como uma bruxa/mago e é de uma autonomia insuportável que, a bem dizer, não seria própria de um conteúdo psíquico. Provoca fascinações, ou assim como Pã, desencadeia estados de terror que nem mesmo a aparição do diabo poderia ocasionar. Ela/ele é um ser provocante que cruza nosso caminho nas mais diversas modalidades e disfarces, pregando-nos peça de todo tipo, provocando ilusões felizes e infelizes, depressões, êxtases, emoções descontroladas.

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Diana y sus ninfas sorprendidas por satiros1638-1640. Rubens-739550

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Como todos os arquétipos, anima/animus tem um lado positivo e um lado negativo, um lado benéfico e um maléfico. Anima-animus é a representação dos gêmeos bem e mal, sendo assim, sabedoria e loucura aparecem na natureza élfica como uma só e mesma coisa. Estas entidades, sendo representações arquetípicas, adentram o reino dos deuses da metafísica e, no reino da vida dos elfos bem e mau não existem, por isso a vida é ao mesmo tempo significativa e louca.

Na mulher, especificamente, se apresenta como espírito, ou logos, um ser que tem alma e um ser vivo, pois alma é o que vive no homem, no sentido de ser humano. A alma é um daimon doador da vida, que conduz seu jogo élfico para a existência humana como um impulso para a vida.

Mas a que tipo de mentalidade corresponde a maneira de expressar simbólica ou metafórica desse arquétipo? Ela corresponde a mentalidade do homem primitivo, cuja linguagem não possui termos abstratos, mas apenas analogias naturais e “não-naturais”, por isso os mitos e lendas de seres sobrenaturais, meio humano/meio animal, representando essa natureza do homem, que adentrou o universo dos deuses, ou o mais primitivo e instintivo, que é até mesmo anterior a consciência.

Já Emma Jung nos trás uma valiosa contribuição sobre o arquétipo da anima/animus, para ela, em nossas crenças populares, em nossos mitos e contos de fadas, os gigantes e anões bons e maus, fadas e magos, estes que representam conteúdos do inconsciente coletivo, ou seja, imagens arquetípicas ou primordiais, estas que não se originam de conteúdos pessoais, os quais, como animas-animus atuam ou funcionam como uma espécie de ponte ou elo de ligação entre o pessoal e impessoal, entre o consciente e o inconsciente.

O fato, dentro de nossa psiquê, desses seres serem a representação ou imagem do que há de mais primitivo e também instintivo no homem, os quais estão totalmente relacionados com aquela camada muito profunda do inconsciente, este que a psicologia de Jung denomina psiquê objetiva, são nada mais nada menos que os guardiões dos limiares do abismo, estão as margens do inconsciente coletivo e podem nos conduzir suavemente ou dramaticamente a adentrar o total desconhecido.

” Esses mensageiros élficos são perigosos porque ameaçam as bases seguras sobre as quais construímos nosso próprio ser ou família. Mas eles são diabolicamente fascinantes, pois trazem consigo chaves que abrem as portas para todo domínio da aventura, a um só tempo desejada e temida.” - Joseph Campbell

DA CONCEPÇÃO DA MORTE PARA OS MAÇONS




Trabalho de Cícero Pedrosa Neto, Ernesto Feio Boulhosa, João Paulo de Oliveira & Raphael Gomes:

Sendo a Instituição Maçônica uma Ordem Iniciática, portanto detentora de axiomas próprios, configurando-se tal qual um estamento; possui uma concepção assaz particularizada sobre o “grande mistério” da morte.

Conforme Bayard, a analise da Morte pressupõe antes uma análise da Vida. Para o Maçom, conforme já foi dito neste trabalho através das palavras de José Mattias Lopes, a vida resume-se a um constante aperfeiçoamento, um labor que visa o melhoramento do ser in terrae, não estando desta forma, o homem, fadado a permanecer perpetuamente neste plano corruptível.

Desta feita, a morte para a Maçonaria é, senão, uma passagem, uma transferência de um plano corrupto para uma vida post mortem em um plano maior, junto à perfeição divina, transferência esta que sugestiona o câmbio do status do morto, colocando-o na esfera do sagrado, o que nos remete, analogamente, às concepções judaico-cristãs, conforme explicita o Ritual de Pompas Fúnebres do Rito Adonhiramita em citação de Job:

“Nós ouvimos, sombra cara, as tuas queixas e teus suspiros, dirigimos-te estas palavras ternas e consoladoras. Está escrito que seremos revestidos de uma carne incorruptível no seio da Glória, que então veremos o Pai, o Criador de tudo que respira; nós O contemplaremos com os nossos olhos despidos de qualquer emblema.”

Este lugar imaculado, habitáculo dos maçons já falecidos chama-se maçonaria celeste, que é uma espécie de loja regida diretamente pelo Grande Arquiteto do Universo, o Senhor dos Mundos, Pai da “perfeição” tão almejada pelo maçom em vida.

É certo que estas concepções de morte são propostas a fim de se obter um tipo de universalização no qual se contemple todo tipo de credo, posto que, como já foi colocado, a maçonaria é uma instituição laica, ou seja, sem grilhões dogmáticos, o que implica que seus membros já possuem seus credos advindos de sua vida extra-maçônica.

Monografia apresentada á disciplina Introdução à Antropologia, ministrada pela Profº. Eneida de Assis para a obtenção de nota parcial referente à 3º avaliação da turma do 2º semestre/manhã do curso de Ciências Sociais da UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – UFPA . INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS – IFCH.FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS. Belém – PA. Dez./2007


junho 01, 2021

A QUESTÃO DA REGULARIDADE MAÇONICA



 

A questão da Regularidade Maçônica tem sido a principal luta priorizada pelas organizações maçônicas, as quais se voltaram unicamente para a burocracia e apegos superficiais, esquecendo-se da verdadeira necessidade do aperfeiçoamento interior humano.

É lamentável ver maçons imorais, arrogantes, cheios de vícios e defeitos, galgarem os graus maçônicos, sem saberem qualquer significado das lendas ou dos personagens, sem retificarem sua moral e ética, a sua conduta social, arrogando-se "maçom regular" e imputando aos outros o anátema de "maçom irregular" ou “espúria”.

Para estes maçons, importa primeiramente saber, antes de mais nada, qual a Loja Simbólica ou Potência/Obediência Maçônica a qual se está filiado, do que avançar no diálogo calcado em conhecimento histórico, simbólico e místico da Maçonaria. São os considerados "MAÇONS DE PAPEL", que priorizam a carteira de identificação, o certificado de graus, atestados e declarações, os quais encontram-se todos em suas paredes para exibição.

Mas afinal, o que significa "SER MAÇOM REGULAR?".

Num tempo próximo, na época em que os pedreiros se reuniam em tavernas ou nos átrios de igrejas, ou ainda em campo aberto, seria impróprio perguntar a um irmão - "és maçom regular?".

Não havia qualquer templo para reunião periódica, porque nem periodicidade era obrigatória entre os maçons.

Os templos, atendendo a um conceito contemporâneo, somente foram institucionalizados entre 1715 a 1726, mas inicialmente com muitas reservas.

Não havia "grau superior ou filosófico" ou mesmo o grau de mestre.

Inexistiam os paramentos mais complexos, o painel do grau (que eram apenas um desenho riscado no chão, à giz ou com carvão), as colunas, os nós, os degraus, a balaustrada, os altares, enfim... a instituição maçônica era formada mais de irmãos do que forjada de aparências. O que antes era impensável e motivo de repulsa, hoje digladiam-se para saber quem é e quem não é "regular".

Ultrapassado o preconceito de achar que Maçonaria sempre existiu tal como é hoje, ainda há a questão da regularidade.

É evidente que ambos os termos "regular" ou "irregular" significam CONCEITOS DE EXCLUSÃO. Ou seja, quem é regular deverá atender ou atentar e se subordinar às regras, normas, estatutos, formalidades exigidas de quem se presta a "conceder" a tal regularidade. Assim, essa disciplina gera subordinação, dominação, submissão a determinado conjunto de normas, usos, costumes da Obediência da qual se pressupõe a regularidade. Mas...

Quem foi a primeira "Potência Regular"?

Foi a dos Estados Unidos que organizou o primeiro Supremo Conselho ou a da Inglaterra, onde aparentemente se estruturou a primeira Loja ou Primeiro Grão-Mestrado?

Será menos "regular" a França que teve os pedreiros-livres em seu seio antes mesmo dos Estados Unidos virarem um país independente?

E o que dizer no Brasil?

Será "regular" o Oriente mais antigo (Grande Oriente do Brasil), com ou sem vários reconhecimentos internacionais ou as Grandes Lojas Estaduais (dissidentes do Grande Oriente do Brasil), que se rebelaram daquele primeiro Oriente, fundando suas próprias Potências?

Quais das rupturas políticas geraram a "potência mais regular"?

E acaso se reconhecem uma à outra que convivem há décadas?

Observa-se que "regularidade" depende da instituição, conselho, congregação, para os quais se voltam o agrupamento que busque esse título “Regular”. Esse procedimento é, como tudo o mais na vida, vinculante à coerência.

Uma potência pode se dizer "regular", quando outra vizinha não a reconhece?

Afinal, será que a regularidade maçônica está sob o jugo e o cabresto de um conjunto de outras potências externas, elas mesmas lutando por ser "mais regular e reconhecida" que a outra?

Por óbvio, o raciocínio nesse diapasão não poderá prosperar, porquanto teremos a seguinte situação:

“Uma potência brasileira "X", do século XIX se diz regular, da qual nasceu uma potência brasileira "Y", por meio de um rompimento no século XX.

Essa potência "Y" não é regular para a potência "X", mas por ter sido reconhecida por um Supremo Conselho Internacional, o será para todas as potências ligadas a este Supremo Conselho, enquanto que a potência "X" torna-se irregular para este Supremo Conselho Internacional e suas demais Potências...”.

E então, como ficamos?

Ora, persistindo neste grande erro, a Obediência será e não será regular dependendo da conveniência política da ocasião, da instituição que a reconhece, dos interesses em jogo, da penetração social disposta no tabuleiro.

Como a maçonaria chegou a este ponto?

Onde ela errou tanto?

Como conseguiram desvirtuar a Maçonaria dessa forma?

Infelizmente hoje observamos Maçons corrigirem Maçons, dizendo o que é "certo" e o que é "errado", mesmo que a história demonstre que nunca houve nada além de Lojas livres, sem subordinação, sem obediências.

É uma ignorância sem fim ver os doutos expedirem os pareceres sobre cores, colunas, nós, altares, disposição de oficiais, jóias, usos e costumes, e toda essa pletora de práticas que se compõe um ritual, o qual já sofreu centenas de modificações ao longo do tempo, por razões das mais diversas.

Foram tantas as mudanças e eram tantas as vertentes locais, regionais e nacionais, ritos dos mais diversos que não há como afirmar quem é regular ou irregular.

Há os princípios gerais e só. Mais do que isso é fantasiar a história e mistificar a própria Obediência que sempre se arroga como "antiga, regular, aceita" e outros adjetivos. Na verdade, tais qualificações são apenas excludentes.

Afirmamos sem medo de errar que a estrutura profana tem dominado algumas potências maçônica ditas regulares. Tribunais, Ministério Público, Defensoria, Conselhos, Tratados, Direito Maçônico, Jurisprudência, Atas, Secretarias, carimbos, carteiras.

Qual a origem disso tudo?

É tradição ou criação moderna?

Então, resta a pergunta:

Tu és um maçom regular?

Como responder?

É muito simples, ao contrário do que parece.

Para nós o MAÇOM REGULAR é aquele que:

1) Estuda com freqüência e conhece o significado dos símbolos do seu próprio Rito?

2) É assíduo na loja da qual é filiado, arcando com todas as obrigações para com sua própria potência ou Rito?

3) Reflete e aplica na própria vida os ensinamentos adquiridos na loja que freqüenta?

4) Estende a mão a outro irmão, quando necessário, sem atender à coloração política?

5) Transforma a sociedade ao seu redor, atuando positivamente para a fraternidade e liberdade?

6) Julga-se igual ao seu semelhante, não fazendo distinção de credo, raça, religião ou orientação política?

7) É um exemplo de vida e de compostura diante da sociedade?

8) Aplaina as divergências e fomenta o consenso, ainda que se despindo de vaidades?

9) É discreto quanto à sua própria condição?

10) Está preparado para a transição para o Oriente Eterno (morte), preparando os seus familiares e todos que estão à sua volta?

Todos os Maçons, Ritos e Potências que enquadram-se nos princípios supracitados são regulares, sem necessidade de certificados ou tratados. Não é preciso qualquer certidão na parede para dizer ao público que se é honesto, assim como os atestados de regularidade são plenamente sem valor quando a potência ou a loja semeia cizânia, discrimina ou exclui.

A família do "irregular" vive contendas; Sua loja não pode contar com ele, porque não sabe se comparece ou não; Ele abandona sua loja, após galgar o grau pretendido; Ele deixa de estudar, de escrever, de dialogar, de palestrar, de conviver, tornando-se um poço de preconceitos sem qualquer explicação razoável.

"Ser regular" é ser honesto consigo mesmo e com o grupo a que se deve fidelidade. É simples, meus irmãos, é fácil e é ético.

Não deixe com que a "maçonaria de papel" vos contamine.

Seja um homem livre e de bons costumes.

Seja, pois, regular primeiro consigo e para com os seus.

..FILÓSOFO VELADO

OBRAS IMPRESSIONANTES DOS MAÇONS OPERATIVOS

 

A ponte Kursunlugerme de dois andares, parte do sistema de aquedutos de Constantinopla: dois canais de água passam por esta ponte – um acima do outro. Crédito da imagem: Jim Crow

O aqueduto romano de 426 km de comprimento forneceu água para Constantinopla.    

Cientistas da Johannes Gutenberg University Mainz (JGU) investigaram o aqueduto mais longo da época, o Aqueduto de Valente de 426 quilômetros que abastece Constantinopla, e revelaram novos insights sobre como essa estrutura foi mantida no tempo. 

Os aquedutos romanos são exemplos impressionantes da capacidade técnica e laborativa de nossos ancestrais, os maçons operativos, através dos Collegia Fabrorum. Essa estrutura é maior do que a distância do Rio de Janeiro a São Paulo e apresenta enorme dificuldade construtiva. Mesmo hoje em dia seria uma obra difícil de ser executada.

Mesmo hoje, eles ainda nos fornecem novos insights sobre os aspectos estéticos, práticos e técnicos de construção e uso. Parece que os depósitos de carbonato dos canais foram limpos apenas algumas décadas antes do local ser abandonado. O aqueduto romano tardio fornecia água para a população de Constantinopla.

O Império Romano estava à frente de seu tempo em muitos aspectos, com um forte compromisso com a construção de infraestruturas para seus cidadãos que ainda hoje consideramos fascinante. Isso inclui templos, teatros e anfiteatros com arquitetura inspiradora, mas também uma densa rede de estradas e portos e minas impressionantes.

“No entanto, a conquista técnica mais inovadora do Império Romano está na gestão da água, especialmente seus aquedutos de longa distância que distribuíam água para cidades, banhos e minas”, disse o Dr. Gül Sürmelihindi, do grupo de Geoarqueologia da Universidade de Mainz . Aquedutos não foram uma invenção romana, mas em mãos romanas, esses aquedutos de longa distância desenvolveram-se ainda mais e se espalharam amplamente por um dos maiores impérios da história.

Quase todas as cidades do Império Romano tinham um amplo suprimento de água potável, em alguns casos com um volume maior do que é o caso hoje.

O sistema de aquedutos de Constantinopla com 426 quilômetros de extensão. Crédito da imagem: ill./ pis: Cees Passchier

“Esses aquedutos são principalmente conhecidos por suas pontes impressionantes, como a Pont du Gard no sul da França, que ainda estão de pé depois de dois milênios. Mas eles são mais impressionantes pela maneira como os problemas em sua construção foram resolvidos, o que seria assustador mesmo para engenheiros modernos “, disse o professor Cees Passchier da JGU. Mais de 2.000 aquedutos romanos de longa distância são conhecidos até o momento, e muitos mais aguardam descoberta.

O estudo realizado pela Dra. Gül Sürmelihindi e sua equipe de pesquisa concentra-se no mais espetacular aqueduto romano tardio, as linhas de abastecimento de água de Constantinopla, agora Istambul, na atual Turquia.

Os depósitos de carbonato fornecem informações sobre a gestão da água bizantina

Em 324 DC, o imperador romano Constantino, o Grande, fez de Constantinopla a nova capital do Império Romano. Embora a cidade esteja em uma encruzilhada geopoliticamente importante de rotas terrestres e marítimas, o abastecimento de água doce era um problema. Portanto, um novo aqueduto foi construído para abastecer Constantinopla das nascentes 60 quilômetros a oeste. À medida que a cidade crescia, esse sistema foi expandido no século 5 para nascentes que ficam a 120 quilômetros da cidade em linha reta. Isso deu ao aqueduto um comprimento total de pelo menos 426 quilômetros, tornando-o o mais longo do mundo antigo. O aqueduto consistia em canais de alvenaria abobadados grandes o suficiente para serem percorridos, construídos em pedra e concreto, 90 grandes pontes e muitos túneis de até 5 quilômetros de comprimento.

“Isso significa que todo o aqueduto deve ter sido mantido e limpo de depósitos durante o Império Bizantino, mesmo pouco antes de parar de funcionar”, explicou Sürmelihindi, que junto com sua equipe estudou os depósitos de carbonato deste aqueduto, ou seja, o calcário que se formou na corrida água, que pode ser usada para obter informações importantes sobre a gestão da água e o paleoambiente da época. Os pesquisadores descobriram que todo o sistema de aquedutos continha apenas depósitos finos de carbonato, representando cerca de 27 anos de uso. Dos anais da cidade, porém, sabe-se que o sistema de aquedutos funcionou por mais de 700 anos, pelo menos até o século XII.

Os depósitos de carbonato podem bloquear todo o abastecimento de água e devem ser removidos de tempos em tempos. A construção dupla com mais de 50 quilômetros foi provavelmente construída para manutenção

Embora o aqueduto seja de origem romana tardia, o carbonato encontrado no canal é da Idade Média bizantina. Isso fez com que os pesquisadores pensassem em possíveis estratégias de limpeza e manutenção – porque limpar e consertar um canal de 426 quilômetros implica que ele não possa ser usado por semanas ou meses, enquanto a população da cidade depende do abastecimento de água. Eles então descobriram que 50 quilômetros da parte central do sistema de água são construídos em dobro, com um canal de aqueduto acima do outro, cruzando-se em pontes de dois andares.

“É muito provável que este sistema tenha sido configurado para permitir operações de limpeza e manutenção”, disse Passchier. “Teria sido uma solução cara, mas prática.”

Infelizmente para a equipe de pesquisa, não é mais possível estudar o funcionamento exato do sistema. Uma das pontes mais imponentes, a de Ballıgerme, foi explodida com dinamite em 2020 por caçadores de tesouros que erroneamente acreditaram que poderiam encontrar ouro nas ruínas.

Em 324 DC, o imperador romano Constantino, o Grande, fez de Constantinopla a nova capital do Império Romano. Embora a cidade esteja em uma encruzilhada geopoliticamente importante de rotas terrestres e marítimas, o abastecimento de água doce era um problema. Portanto, um novo aqueduto foi construído para abastecer Constantinopla das nascentes 60 quilômetros a oeste. À medida que a cidade crescia, esse sistema foi expandido no século 5 para nascentes que ficam a 120 quilômetros da cidade em linha reta. Isso deu ao aqueduto um comprimento total de pelo menos 426 quilômetros, tornando-o o mais longo do mundo antigo. O aqueduto consistia em canais de alvenaria abobadados grandes o suficiente para serem percorridos, construídos em pedra e concreto, 90 grandes pontes e muitos túneis de até 5 quilômetros de comprimento.

“Isso significa que todo o aqueduto deve ter sido mantido e limpo de depósitos durante o Império Bizantino, mesmo pouco antes de parar de funcionar”, explicou Sürmelihindi, que junto com sua equipe estudou os depósitos de carbonato deste aqueduto, ou seja, o calcário que se formou na corrida água, que pode ser usada para obter informações importantes sobre a gestão da água e o paleoambiente da época. Os pesquisadores descobriram que todo o sistema de aquedutos continha apenas depósitos finos de carbonato, representando cerca de 27 anos de uso. Dos anais da cidade, porém, sabe-se que o sistema de aquedutos funcionou por mais de 700 anos, pelo menos até o século XII.

Os depósitos de carbonato podem bloquear todo o abastecimento de água e devem ser removidos de tempos em tempos. A construção dupla com mais de 50 quilômetros foi provavelmente construída para manutenção

Embora o aqueduto seja de origem romana tardia, o carbonato encontrado no canal é da Idade Média bizantina. Isso fez com que os pesquisadores pensassem em possíveis estratégias de limpeza e manutenção – porque limpar e consertar um canal de 426 quilômetros implica que ele não possa ser usado por semanas ou meses, enquanto a população da cidade depende do abastecimento de água. Eles então descobriram que 50 quilômetros da parte central do sistema de água são construídos em dobro, com um canal de aqueduto acima do outro, cruzando-se em pontes de dois andares.

“É muito provável que este sistema tenha sido configurado para permitir operações de limpeza e manutenção”, disse Passchier. “Teria sido uma solução cara, mas prática.”

Infelizmente para a equipe de pesquisa, não é mais possível estudar o funcionamento exato do sistema. Uma das pontes mais imponentes, a de Ballıgerme, foi explodida com dinamite em 2020 por caçadores de tesouros que erroneamente acreditaram que poderiam encontrar ouro nas ruínas

fonte : ancientpages - texto original de :  Conny Waters -Tradução : Fatos Curiosos

TUTMÉS III E O MISTÉRIO - Kristie E. Knutson, SRC




Contribuição do Ir. Redaelli de P. Alegre, RS.

Como sabemos, a Ordem Rosacruz é uma Ordem mística e iniciática. Não nos surpreende o fato de as raízes de sua rica herança remontarem a um acontecimento singular que se encontra entre as primeiras experiências místicas registradas na história.

Nos tempos do antigo Egito, os sistemas social, econômico e político estavam estreitamente ligados numa estrutura religiosa altamente desenvolvida. Entendia-se que o Faraó não era apenas o regente político do país, mas também um deus encarnado, a presença viva de Hórus na Terra.

Por isso, como se pode imaginar, o processo de seleção de cada Faraó era muito complicado, misturando um ritual religioso complexo com uma intensa intriga política. Tradições muito antigas entendiam que o Faraó era escolhido pelos deuses. Mas existem evidências sugerindo que, na verdade, o processo era muito mais mundano com facções políticas seculares influenciando a escolha final.

Foi neste rico clima político e reli­gioso, quase 3.500 anos atrás, que os rituais fúnebres solenes para o Faraó Tutmés II foram realizados, e o procedimento extremamente formal para a seleção de seu sucessor foi iniciado.

Naquele momento, no dia do equinócio da primavera, uma festa especial aconteceu no Templo de Amon – templo este que faz parte do Grande Templo de Karnak em Tebas. Como era de costume, entre aqueles que assistiam à cerimônia estava um grande número de sacerdotes e membros da família real. Um desses membros, um humilde sacerdote, assistia ao desenrolar do ritual com grande interesse e fascinação.

A escolha do faraó

Sentado na ala norte do Grande Templo, seu olhar acompanhava o Sumo Sacerdote em seu deslocamento lento ao redor da sala hipóstila, levando uma imagem simbólica do deus Amon. À medida que se deslocava, o Hm-Ntr – ou Sumo Sacerdote fixava ritualisticamente o olhar no rosto de cada um dos presentes procurando por aquele a quem os deuses tinham conferido o cargo de Faraó. Repetidamente, após fitar atentamente os olhos de pessoa por pessoa, ele balançava a cabeça sinalizando que não tinha encontrado o escolhido.

Então, de repente, algo inesperado e chocante aconteceu. O Sumo Sacerdote preteriu o membro da família real que era o herdeiro legítimo ao trono! Enquanto os que assistiam cochichavam confusos, o Sumo Sacerdote continuou sua busca até chegar ao sacerdote humilde, o irmão que todos achavam que deve­ria ser o próximo Faraó.

Fitando-o profunda­mente nos olhos, o Sumo Sacerdote soube que ali estava finalmente o homem que procurava!

Tendo encontrado, o Sumo Sacerdote colocou a imagem de Amon aos pés do perplexo sacerdote que passou a se chamar Tutmés III dando a entender que ele tinha sido escolhido pelos deuses dentre todos os outros para ser o Faraó. E quando Tutmés III lentamente se colocou de pé, reconhecendo a indicação, todos os que estavam ali reunidos lhe fizeram uma grande aclamação.

Esse acontecimento arrebatador marcou-o de forma tão vívida que, anos depois, Tutmés III mandou esculpir nas paredes do templo o que havia experienciado durante aquela cerimônia.

Segundo o que está escrito, ele foi totalmente arrebatado pela ação inesperada do Sumo Sacerdote. Quando a imagem de Amon foi colocada a seus pés, Tutmés III relatou que se sentiu “elevado”, como se seus pés não mais tocassem o chão e como se ele tivesse ascendido aos céus. Relatou que foi durante esta harmonização que Deus de fato lhe conferiu o cargo de Faraó e solenemente o encarregou de servir a seu povo. Tão divina foi sua ordenação que Tutmés III quebrou mais uma vez a tradição e decidiu não fazer a viagem simbólica a Heliópolis para a coroação formal no Templo do Sol, como era de costume.

Essa notável experiência iniciática marcou o início do extraordinário reinado de 54 anos do Faraó Tutmés III – e também influenciou profundamente o estilo e a direção de seus anos de serviço.

A Escola de Mistério

No início de seu reinado, os pensadores mais avançados da época – os verdadeiros filósofos, sábios e estudiosos – tinham o hábito de se reunir informalmente na residência do Faraó para discutir as doutrinas místicas ensinadas pelos antecessores de Tutmés. Nessas discussões, ficou claro para Tutmés III que o desenvolvimento do pensamento místico seria conseguido mais facilmente e permanentemente se fosse criado algum tipo de escola de filosofia formal, no qual estudantes sinceros pudessem desenvolver a disciplina interior necessária para explorar princípios místicos e para aprender a colocá-los em prática.

Sabendo que as condições políticas e econômicas de seu país exigiam que as formas externas de religião fossem mantidas, Tutmés III foi levado a desenvolver secretamente tradições que constituíram uma base firme para o crescimento místico posterior desencadeado pelo Faraó Akhenaton, e cultivado pelas gerações subsequentes.

Então, Tutmés III colocou em prática a ideia que tinha tido por inspiração. Segundo alguns registros, na quinta-feira, 1º de abril de 1489 a.C., foi realizada uma reunião para se criar formalmente uma “escola de mistério” secreta dedicada ao estudo e à aplicação dos misteriosos e maravilhosos princípios e das leis da natureza. Tutmés III decretou regras e modos de procedimento bem definidos para esta escola, e tudo isso foi repassado até os tempos modernos na forma das tradições da atual Ordem Rosacruz, AMORC.

Chamado de várias formas – “ele”, “a fraternidade”, ou “o conselho” – este grupo não era rosacruz no sentido que esta palavra tem em nossa Ordem atualmente. Mas a Ordem Rosacruz, AMORC tem suas raízes tradicionais nessa antiga fraternidade. E deriva seus princípios e objetivos da organização que foi instituída inicialmente pelo Faraó Tutmés III.

De fato, uma das mais importantes tradições rosacruzes que foi transmitida dos tempos antigos até hoje é a dependência do verdadeiro estudante da experiência iniciática. Os ensinamentos rosacruzes enfatizam que a compreensão e a iluminação não provêm de outras fontes que não da experiência iniciática interior.

A Iniciação é aquele momento em que a consciência do estudante muda quando um fluxo inundante de inspiração e compreensão muda para sempre a forma como o estudante entende e experiencia a vida. A experiência da Iniciação é um dom maravilhoso que, como Tutmés III descobriu, pode chegar nos momentos mais inesperados e das formas mais inesperadas. Certamente, o ritual ajuda a criar uma atmosfera que conduz a essa manifestação. Mas não é apenas o ritual que a desencadeia. Na verdade, é o Mestre Interior que, percebendo a prontidão do aspirante, permite uma ressurgência de sabedoria e um profundo sentimento de conexão.

É através desse processo iniciático que experienciamos uma comunhão cada vez mais profunda com o Mestre Interior. Às vezes, os momentos de comunhão são profundamente comoventes, como o que aconteceu com Tutmés III e, às vezes, são mais sutis um murmúrio suave do Eu Interior.

No entanto, todos esses contatos místicos trazem consigo um despertar espiritual maior, mais tolerância, e uma criatividade que resolve problemas e encara desafios. Trazem consigo o amor incondicional que envolve o mundo todo. É nessas experiências que descobrimos, como aconteceu com Tutmés III, as sementes da nossa grandeza, o sentido do propósito divino que dá significado e direção às nossas vidas.

O mistério da Iniciação abre portas internas para a Luz, para a Vida e para o Amor, que são as grandes dádivas da Ordem Rosacruz para a humanidade.

maio 31, 2021

O GRAU DE COMPANHEIRO - José Castellani



Excerto do livro *Liturgia e Ritualística do Grau de Companheiro Maçom (em todos os Ritos)* - Irm.’.José Castellani

História e doutrinariamente, o Grau de Companheiro é o mais importante da Maçonaria, sem qualquer sombra de dúvidas, pois ele sempre representou o fim da escalada iniciática e profissional, nas confrarias de artesãos, que floresceram, principalmente, na Idade Média e que ficaram sendo conhecidas como Maçonaria de Ofício, ou Operativa.

Na realidade, tanto na Maçonaria de Ofício, como nos primórdios da Maçonaria dos Aceitos (dita Especulativa), quando as Oficinas operativas passaram a aceitar elementos não ligados à arte de construir, só existiam os Aprendizes e os Companheiros, sendo que estes representavam o ápice da iniciação profissional. Entre os Companheiros, era escolhido, geralmente, o mais experiente, ou com maior capacidade de liderança, para ser o Mestre da construção e dirigir os trabalhos. O Grau de Mestre só seria introduzido em 1738, mais de vinte anos após a implantação do sistema obediencial (com a fundação da Grande Loja de Londres em 1717).

Historicamente, ele é, portanto, o mais legítimo grau maçônico, por mostrar o obreiro já totalmente formado, profissionalmente.. Não se justifica, assim, a pouca relevância que se dá a esse grau, na atualidade, com maçons considerando-o um simples grau intermediário, ou um trampolim para o mestrado, pois não pode ser considerado um maçom completo, aquele que não conhecer, profundamente, o grau de Companheiro.

Esse conhecimento, todavia, é praticamente inexistente, pois a maioria das Lojas (salvo raras e honrosas exceções, em algumas Obediências) não realiza, regularmente, sessões Econômicas e de Instrução do 2º grau, limitando-se às pouquíssimas sessões de elevação de Aprendizes ao grau de Companheiro, feitas, geralmente,  a “toque de caixa” e sem permitir que os maçons colados no grau 2 tomem conhecimento mais profundo da ritualística, da liturgia, da história e das implicações alquímicas e cabalísticas inerentes ao seu grau. Para sanar essas falhas, todas as Obediências deveriam exigir que as Lojas a elas jurisdicionadas promovessem, mensalmente, uma sessão do grau de Companheiro (e também uma do grau de Mestre, que, igualmente, não costuma ter sessões periódicas).

Mostrar a importância fundamental do grau de Companheiro Maçom, dedicado à exaltação do Trabalho, em todas as suas formas, e contribuir, um pouco, para que seja melhor conhecida a sua verdaeira ritualística e a influência das associações medievais no seu ritualismo especulativo, em todos os principais ritos, é a finalidade desta obra de pesquisa.


Interessados contatar o Irm.’. Almir no hatsApp (21) 99568-1350