junho 09, 2021

O IMPACTO DA CHUTZPÁ NA SOCIEDADE ISRAELENSE - Floriano Pesaro





Recebo do meu irmão, o intelectual Newton Agrella, a seguinte mensagem com um texto anexo. O tema é muito interessante, razão pelo qual eu o publico, e atendendo ao pedido do irmão, irei desenvolver.

"Meu caríssimo Irmão MICHAEL segue o artigo escrito por FLORIANO PESARO, ao qual eu fiz referência, durante a nossa conversa telefônica há pouco. Peço a você, que se possível você escreva algo a respeito da CHUTZPÁ"

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Olá,  Newton Agrella, como está?

Compartilho meu mais recente artigo na Revista do Clube Hebraica SP sobre um dos princípios que regem a sociedade israelense. Leia e me fale sua opinião. Obrigado.

"O impacto da Chutzpá na sociedade israelense

Floriano Pesaro, sociólogo.

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Por vezes neste espaço, falamos sobre a capacidade de Israel desenvolver tecnologias, inovações e sistemas que – nas mais diversas áreas – trazem revoluções a processos produtivos, relacionais, medicinais e tecnológicos.

De fato, sempre nos chama a atenção que um país com uma área territorial pequena e com uma população que também não ostenta grandes proporções consiga – apesar também das fronteiras hostis – desenvolver tamanha capacidade de alterar sistematicamente o modo como os processos são feitos e os fatos são dados.

Esse motor da inovação vem sendo identificado por estudiosos como resultado de uma série de fatores – investimento público, educação de qualidade e políticas de apoio à inovação, por exemplo -, mas, dentre eles, um bastante curioso: a chutzpá.

A chutzpá é um balizador comportamental encontrado na Shulchan Aruch - catálogo escrito da lei do judaísmo, composta, no século XVI, pelo rabino Yosef Karo. Não há uma tradução única para a chutzpá, sendo que o mais próximo no português seria a “ousadia”.

Estudiosos dos escritos afirmam que a chutzpá existe para lembrar os judeus de que não se devem curvar, temer ou envergonhar-se ao seguir seus caminhos, princípios, ideias e, claro, praticar sua fé.

Um dos episódios mais lembrados para exemplificar o que entendemos por chutzpá é a tentativa de Moshê de salvar seu povo questionando a D’us.

Ainda quando Abraham questionou D’us sobre os planos que Ele tinha para Sodoma e Gomorra. Ali ambos se encheram de chutzpá para defender aquilo no que acreditavam, mesmo que estivessem errados e não tivessem seus pleitos atendidos.

Sob risco de resvalarem para o campo da arrogância e da insolência, chutzpá é o princípio que guia o povo judeu no constante questionamento às regras e processos postos.

Não há nada para nosso povo que está dado e “assim que deve ser”. Se algo existe, tem uma razão e sobre ela não há quem proíba a discussão.

É provável que não só nosso ímpeto inovativo - simbolizado nos incríveis números de startups e criações israelenses – mas, também o apreço de Israel pela democracia e pela liberdade também estejam ligados à chutzpá, ou a essa “ousadia” em português.

Para nós, brasileiros, que somos um povo bastante conciliador e pouco7 questionador, esse é um princípio judaico que a comunidade pode, e deve, incentivar em seus lares e empresas. É preciso que absolutamente tudo possa ser questionado e que não se tenha medo.

Não há espaço para a inovação e o desenvolvimento socioeconômico em sociedades que cerceiam o direito de as pessoas questionarem outras, familiares, empresas e políticos.

Questionamento e ousadia estão também ligados à diversidade de opiniões. Tal qual em Israel, essa é uma defesa intransigente que devemos fazer também por aqui.

Não se tem inimigo numa discussão familiar, empresarial ou política, tem-se, ao máximo, um adversário ou opositor.

É do contraditório e dos diferentes pontos de vista, movidos pela ousadia, que chegamos ao aprimoramento, condição fundamental para que uma sociedade seja tão bem-sucedida em suas mais variadas formas, como é a sociedade israelense.

A chutzpá é o combustível para a inovação e a democracia que tanto admiramos em Israel e que tanto contribui para o avanço da humanidade em todo o mundo"

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VOCE USA UM ANEL COM SÍMBOLO MAÇONICO?

 






Os irmãos gostam de usar anel, boton e outra coisas que tem o símbolo da MAÇONARIA??? Vale a pena ler.

Há vários anos, a história é contada a um maçom que sempre usava o seu anel maçônico e alfinete de lapela quando em público. Em algumas ocasiões, ele foi de ônibus de sua casa para o centro da cidade. Em uma viagem, e quando ele se sentou, descobriu que o motorista lhe tinha dado R$ 0.25 a mais de troco.

Como ele pensou o que fazer, pensou para si mesmo: " é melhor dar a moeda de volta. Seria errado mantê-lo." então ele pensou: " Oh, esqueça, é apenas uma moeda; quem se preocuparia com essa pequena quantidade." de qualquer maneira, a companhia de trânsito recebe muito dinheiro; eles nunca vão perder - Sim. Aceita-o como um "presente de Deus" e mantém-te calado.

Quando o seu ponto chegou, ele parou momentaneamente na porta, depois entregou a moeda ao motorista e disse: " aqui, você me deu a mais."

O motorista  com um sorriso respondeu: " reparei no teu anel maçônico e no alfinete de lapela. Tenho pensado em pedir a um maçom como ser um. Eu só queria ver o que você faria se eu te desse a mais. Passaste no teste. Podes dizer-me como se tornar um maçom?

Quando o maçom saiu do onibus, ele disse uma oração silenciosa, " Oh Deus, grande arquiteto do universo, quase te vendi a ti e aos meus amados irmãos  por uma moeda."

As nossas ações são o único credo maçônico que alguns vão ver. Este é um exemplo quase assustador de como as pessoas nos vêem como maçons e podem nos colocar em teste mesmo sem que nós percebemos ! Seja sempre diligente, seja no teatro, no restaurante, na mercearia, na estação  ou apenas no trânsito.

Lembra-te, quer seja um alfinete de lapela, um anel, ou um emblema no carro, tu tens o nome da nossa grande fraternidade nos teus ombros, sempre que te chamas de Maçom. Nunca se sabe quem pode estar a ver!

Bons homens procuram a maçonaria; a maçonaria os torna melhores.

ALÉM CANTEIRO - Adilson Zotovici

 



Adilson Zotovici, da ARLS Chequer Nassif 169, de S. Caetano do Sul, é um festejado intelectual e poeta maçonico.


Lembra-te livre pedreiro

Do ensejo peremptório

Que sobejo, o hospitaleiro

Roga algum adjutório


O benfazejo obreiro

Num gesto assaz simplório

Vê-se incapaz, sem dinheiro,

Em lesto desejo inglório


Audaz impacto primeiro

Não hostil ou vexatório

Qual traz pacto certeiro


Que essencial, verdadeiro, 

O altruísmo notório

Perenal, além canteiro!

junho 08, 2021

A DOUTRINA



 A Maçonaria, em certo sentido (como sendo escola) é denominada de doutrina (do latim docere).

Doutrinar significa incutir ideias filosóficas na pessoa, mas genericamente diz respeito a um ensinamento religioso. A doutrina pode ser exclusivamente moral ou de filosofia, ou de fé, oculta, exteriorizada, esotérica, ideológica, enfim, quantos nomes lhe possam atribuir.

Cada Grau Maçônico dentro do Rito Escocês Antigo e Aceito, bem como de outros ritos, constitui uma “doutrina em separado”. Assim, podemos afirmar que a Maçonaria esparge múltiplas doutrinas entre os seus adeptos.

As doutrinas secretas são muito atrativas; os antigos mistérios foram preservados durante milênios; hoje não existe mais nenhuma doutrina secreta; a universidade, as bibliotecas e a informática revelaram tudo e todo o saber humano.

Quando o homem não alcança a compreensão do que lhe é ensinado, isso não significa que possa existir alguma coisa absolutamente secreta; a própria Maçonaria, que se ufanava em manter secretos os seus ensinamentos, hoje nada mais tem para ocultar, seja seus próprios adeptos, seja em relação aos profanos.

Logo, a Maçonaria não é uma doutrina secreta.

NOSSAS ANTIGAS LEIS E COSTUME - José Maurício Guimarães




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Por que devemos pautar nossos atos pelo comportamento digno? Por que não somos estranhos uns aos outros? Por que o maçom deve cultivar um perfeito controle de si próprio? Por que só devemos admitir em nossas lojas homens honrados, de ilibada reputação moral e atitudes discretas? Por que somos uma fraternidade iniciática?

As respostas estão nas profundas raízes da Arte Real, isto é, nos antigos deveres do ofício (The Old Charges of Craft Freemasonry) e na compilação deles da qual resultaram a Constituição de Anderson e, mais tarde, noutras compilações denominadas landmarks. (Neste texto uso landmark com L maiúsculo ou minúsculo conforme me refira ao termo geral ou à lista adotada pela Potência Maçônica. Da mesma forma, uso Constitution em inglês para diferenciar da Constituição adotada pela Potência Maçônica.)

Todos os maçons conhecem bem os preâmbulos
dos atos e decretos de suas Potências ou Obediências que começam com a proclamação: “O Grão-Mestre, no uso das atribuições que lhe conferem os Landmarks da Ordem, a Constituição de Anderson… etc
.”. Mas poucos têm a oportunidade de conhecer aprofundadamente os landmarks; e são pouquíssimos os que se interessam pelo texto completo das chamadas Constituições de Anderson (Constitution).

Comecemos pelo aparentemente mais simples – os landmarks.

Uma vez que a palavra é inglesa, o que se entende por landmarks? Para simplificar, tomemos landmark no sentido de LIMITE – ponto de referência, marco divisório ou fronteira. Há quem prefira esquartejar a palavra: land (terra) + mark (marco) – antigamente, aquela cerca de arame que separava as hortaliças de Joe Smith das galinhas do seu vizinho John Dolittle – um marco divisório, uma fronteira, um limite: “daqui pra lá é seu, daqui pra cá é meu”.

A Bíblia, de onde o conceito foi tirado, refere-se à cláusula pétrea “nolumus leges mutari”, isto é, que essas leis não sejam transgredidas – implícita no livro dos Provérbios, 22:28 – “Ne transgrediaris terminos antiquos quos posuerunt patres tui”, traduzido na versão inglesa King James por “Remove not the ancient landmark, which thy fathers have set.” – não removas os marcos antigos que teus antepassados colocaram.

Resumindo: landmark envolve – social e politicamente falando – as questões do direito patriarcal (‘antiquos’ e ‘thy fathers’), de posse, domínio e poder.

Mas quem foram esses pais ou antepassados que andaram colocando limites e fixando fronteiras no território terrestre? Quais foram esses precursores chefes de família que restringiram quaisquer mudanças nas leis e assentaram regiões de interdição ao pensamento das gerações vindouras?

O livro “llustrations of Masonry“, do maçom inglês William Preston (1772) registra a palavra “landmark” como sinônimo de usos e costumes estabelecidos na Arte Real. 

Penso que seja esta acepção mais correta, principalmente por ser a mais antiga (terminos antiquos) e considerando que o Direito inglês é eminentemente consuetudinário (de uso habitual, comum). Além disso, a Grande Loja Unida da Inglaterra nunca enumerou uma lista de landmarks porque considera fundamental o único landmark possível: a crença na existência de um Ser Supremo.

Ressalvo, entretanto, que a expressão “usos e costumes” deve ser entendida no contexto histórico da Maçonaria e não no sentido jurídico atual (fonte do direito) erigido através de condutas e atos praticados reiteradamente nas Lojas. Nesse sentido não existem usos e costumes na Maçonaria e muito menos nas questões ritualísticas.

O pesquisador inglês Harry Carr (1900-1983), Past Master da Quatuor Coronati Lodge nº 2076 de Londres, aponta dois pontos essenciais para as cláusulas pétreas: 1 – Um landmark deve ter existido desde os tempos imemoriais (terminos antiquos) e não fabricados a partir de certo ponto da história; 2 – Os landmarks são elementos de tal importância essenciais para nossa fraternidade que a Ordem já não seria Maçonaria se algum deles fosse alterado. Neste particular, Albert Gallatin Mackey alertou: “Não admitamos mudanças de quaisquer espécies, pois desde que isso se deu, funestas consequências demonstraram o erro cometido.”

Apesar disso, e de acordo com os modernos pesquisadores do assunto, existem várias listas de landmarks que pode ser de apenas três para Alexander S. Bacon e Chetwode Crawley, ou nove para J. G. Findel. Para Roscoe Pound, a Grande Loja da Virgínia e o cubano Carlos F. Betancourt são sete; ou seis landmarks para a Grande Loja de Nova York, que toma por base os capítulos em que se dividem as Constituições de Anderson. Vinte para a Grande Loja Ocidental de Colômbia; dezenove para Luke A. Lockwood e a Grande Loja de Connecticut; dezessete para Robert Morris; quinze para John W. Simons e para a Grande Loja de Tennessee; doze para A. S. MacBride e dez para a Grande Loja de Nova Jersey. As listas maiores compreendem trinta e um landmarks para o Dr. George Oliver, cinquenta e quatro para H. G. Grant e para a Grande Loja de Kentucky; vinte e nove para Henrique Lecerff, vinte e seis para a Grande Loja de Minnesota e assim por diante.

A Grande Loja Maçônica de Minas Gerais adota a lista de Albert Gallatin Mackey que compilou vinte e cinco landmarks, a lista mais conhecida e utilizada no Brasil, que preconiza: “Não admitamos mudanças nos legítimos e inquestionáveis landmarks, pois desde que isso se deu, funestas consequências demonstraram o erro cometido.”

Mackey foi um médico norte-americano nascido em 1807. Publicou “The Principles of Masonic Law on the Constitutional Laws, Usages And Landmarks of Freemasonry” em 1856 onde propôs um meio termo entre a ritualística, à legislação e o cerimonial:

“Várias definições foram dadas para landmarks. Alguns supõem terem sido constituídos a partir de todas as regras e regulamentos que estavam em vigor antes da revitalização da Maçonaria em 1717, confirmados e aprovado pela Grande Loja da Inglaterra naquela época. Outros, mais rigorosos, limitam essa definição aos modos de reconhecimento em uso na fraternidade.

Eu proponho um meio termo, e considero landmarks todos os usos e costumes do ofício ritualístico, legislativo, cerimonial, e mesmo à organização da sociedade maçônica conforme os usos dos tempos imemoriais. E considero a alteração ou a supressão de algo que possa afetar o caráter distintivo da instituição como fator de destruição da sua identidade.”

O meio termo acenado por Mackey foi, entretanto, o sinal verde para novas hermenêuticas entre as visões ortodoxa e heterodoxa da Maçonaria. Sem falar na nítida constatação de que alguma coisa fora mudada ou alterada nos antigos marcos colocados por nossos antepassados – antevisão reveladora de que outras modificações estariam a caminho no devido tempo.

Muitos autores questionam a lista de Mackey que descreve, com exagerada ênfase, os poderes e atribuições do Grão-Mestre. Um dos mais expressivos críticos foi Roscoe Pound (1870-1964), reitor da Harvard Law School que – talvez motivado pela teoria do “meio termo” – propôs uma lista mais curta, de sete landmarks… com a possibilidade de mais dois. 

Esses nove landmarks possíveis mantiveram, com algumas modificações, os de Mackey (III, X, XIV, XVIII, XIX, XX, XXI, XXIII e XXIV) eliminando os números I e II que a Maçonaria tradicional considera fundamentais: os processos de reconhecimento e a divisão do Simbolismo em três graus, além do polêmico e nevrálgico Landmark XXV – “nenhuma modificação pode ser introduzida…”

Por outro lado, por estranho que pareça, o próprio Mackey considerava os landmarks uma generalidade e que os regulamentos gerais e locais fossem os determinantes para as autoridades locais da Maçonaria. 

Afirmava também, no mesmo diapasão da Quatuor Coronati Lodge de Londres, que um dos requisitos dos landmarks é terem eles existido desde o tempo que a memória do homem possa alcançar – donde se deduz que os verdadeiros marcos são as leis morais ou o Direito Natural inscritos na mente e no coração dos homens. Por isso James Anderson escreveu na primeiríssima página da Constitutions:

“Adão, nosso primeiro pai, criado à imagem de Deus, o Grande Arquiteto do Universo, deve ter tido a Ciência Liberal, particularmente Geometria escrita em seu coração…” (Adam, our first parent, created after the Image of God, the Great Architect of the Universe, must have had the Liberal Science, particulary Geometry written on his Heart…)

Houve (e ainda há) os que debocharam dessa declaração interpretando, grosso modo, que o sábio James Anderson estava a dizer que o Venerável Deus iniciou o Aprendiz Adão na Maçonaria. O ilustre Irmão José Castellani ironizou essa interpretação do mito no texto humorístico “Loja Paraíso nº0”, mas, da parte de lá do fino humor, Castellani sabia a qual escrita James Anderson estava se referindo. 

Para os que conhecem a Filosofia do Direito, aquela Ciência Liberal escrita no coração do homem nada mais é do que o Direito Natural comunicado à razão humana desde sua criação – simbolizada pela Geometria – um código ético completo coligido da estrutura da natureza – tese sustentada por Tomás de Aquino, Thomas Hobbes, John Locke, Jean-Jacques Rousseau e presente na Common Law.

Talvez isso responda à pergunta sobre quais foram aqueles pais que colocaram fronteiras nas divagações inúteis da vaidade humana.

As Constituições de Anderson (1723) são anteriores a quaisquer landmarks e, por isso, ouso dizer que elas são – ao lado do Jus Naturalis – os verdadeiros LANDMARKS. Os antigos deveres do ofício de maçom foram consolidados nessas Constitutions of the Free-Masons dedicadas ao Grão-Mestre Philip Wharton Duque de Montagu e assinadas pelo francês Jean Théophile Désaguliers, Grão-Mestre Adjunto e membro da Royal Society of London. O redator James Anderson, por sua vez, era um pastor presbiteriano nascido na Escócia.

As Constitutions dividem-se em quatro partes: I – a História, “para ser lida quando da admissão de um Novo Irmão (to be read at the admission of a New Brother). Essa primeira parte vai até a página 48; II – Os Deveres (extraídos dos antigos registros das Lojas Ultramarinas e daquelas da Inglaterra, Escócia e Irlanda), da página 49 até 57; III – Os Regulamentos Gerais (da página 58 até 74); IV – Partituras e Canções dos Mestres, dos Vigilantes, dos Companheiros e dos Aprendizes, completando a obra em 91 páginas.

CONCLUSÕES 

Nem tudo que é Constitutions, portanto, está nos Landmarks; mas tudo o que é landmark está nas Constitutions;

As Constitutions não deixam margens ao oportunismo iniciatório e respondem àquelas cinco perguntas que aparecem no início deste artigo. O conhecimento do passado (a História) é a principal e insubstituível fonte do aprendizado e do conhecimento maçônicos;“... pela sua Missão, um maçom torna-se obrigado a obedecer à Lei moral, e nunca será um estúpido ateu nem um Libertino” (Constituitions, página 50, concernente a Deus e à religião);

Não basta preencher um formulário dizendo “sim” às clássicas perguntas: “credes num Ente Supremo? credes na imortalidade da alma?” se a reposta afirmativa não vier da Consciência e com o aval do Conhecimento. Por isso pautamos nossos atos pela dignidade e só admitimos em nossas lojas homens honrados.

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junho 07, 2021

POR QUE O PÉ ESQUERDO - Kennyo Ismail



Kennyo Ismail, do DF, professor universitário, escritor, historiador, palestrante é um dos mais notáveis estudiosos da maçonaria no Brasil.


PÉ ESQUERDO: Passo esquerdo

Ao contrário do que alguns podem pensar, esse é um costume muito antigo, de milênios, e não possui relação alguma com o azar.

As principais pinturas e esculturas de deuses e faraós egípcios mostram sempre o pé esquerdo à frente, enquanto as que ilustram pessoas comuns em situações do cotidiano mostram o pé direito. Trata-se de uma coincidência? Não. O passo com o pé esquerdo era considerado pelos egípcios como símbolo do “primeiro passo” para uma nova vida. Por isso, era com o pé esquerdo que o faraó dava seu primeiro passo após sua posse. Também por isso que as escadas eram feitas com degraus em número ímpar, de forma a ser possível iniciar e encerrar a subida com o pé esquerdo. Essa tradição foi herdada posteriormente pelos gregos, como também se pode ver estampada em sua arte.

Por que o esquerdo, e não o direito?

Os egípcios acreditavam que o lado esquerdo era o lado espiritual, enquanto que o lado direito era o lado material. O passo esquerdo relaciona-se com o lado onde está nosso coração, que para os egípcios era a sede da alma. Onde pomos nosso pé esquerdo, colocamos nosso coração. Por esse motivo, as coisas tidas como sagradas eram feitas com o pé e mão esquerda.

Esse simbolismo do primeiro passo, um passo espiritual para uma nova vida, continuou sendo observado nas instituições tradicionais, principalmente em suas cerimônias.

“Rompendo a Marcha”

O costume também foi incorporado pelos antigos exércitos, que davam o primeiro passo de suas marchas com o pé esquerdo como um sinal de sorte para a batalha. Com o tempo, o costume se tornou regra, mas perdeu sua simbologia.

A MAÇONARIA E OS MÓRMONS




A Maçonaria não surgiu apenas como uma sociedade secreta que desejava transformar a sociedade em que vivia. Vale destacar, no entanto, o peso da maçonaria nos processos revolucionários do século XIX. Porém, um dos seus atrativos era a pretensão dos iniciados de possuírem conhecimentos secretos, uma gnose que lhes eram transmitida. Isso explica o considerável papel representado pela maçonaria na configuração de algumas seitas surgidas durante o século XIX e no importante ressurgimento do ocultismo desse século e do seguinte.

Os Mórmons

Dentre as seitas contemporâneas, a mais importante é a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos dias, mais conhecida como mórmom. Seu fundador Joseph Smith Jr. era maçom, tendo a maçonaria  desempenhado um papel bastante considerável no nascimento e estabelecimento da seita por ele fundada.

O pai, Joseph Smith Jr., havia iniciado no grau de mestre maçom em 7 de maio de 1818 na loja maçônica de Ontario n. 23 de Canandaigua, Nova York. Um dos filhos mais velhos, Hyram Smith, era membro da loja maçônica Mount Moriah n. 112 de Palmyra, Nova York. Numa época bem próxima, 1820, segundo o relato dos mórmons, Deus apareceu para Joseph Smith num episódio que explica o surgimento da seita.

Em 6 de abril de 1840, foi fundada a Grande Loja Maçônica d Illinois pelo general, juiz e patriarca mórmom James Adams. A nova Grande Loja maçônica passou imediatamente a estabelecer estreitos vínculos com a seita fundada por Smith. Em pouco tempo, Nauvoo contava com três lojas maçônicas e Iowa com duas; cinco eram denominadas "lojas maçônicas mórmons" e somavam 1500 irmãos. O próprio Joseph Smith Jr., profeta de Deus segundo seu testemunho, foi iniciado como aprendiz maçom na terça-feira, 15 de março de 1842. O fato está documentado nas atas da loja de Nauvoo correspondentes a essa data, nas quais conta como Smith Jr. e Sydney Rigdon "foram devidamente iniciados como aprendizes maçons durante o dia".

Era apenas o começo. Os cinco primeiros presidentes da seita - Joseph Smith, Brigham Young, John Taylor, Wilford Woodruff e Lorenzo Snow - foram iniciados na maçonaria na mesma loja de Nauvoo. Na verdade, quase todos os membros da hierarquia ou já eram maçons ou foram iniciados assim que Joseph Smith ascendeu ao grau de mestre maçom. Para falar a verdade, é possível que a loja mórmom de Nauvoo tenha sido a que contou com mais pessoas célebres entre seus membros, com exceção  da Joja maçônica das Nove Irmãs.

No entanto, as relações da nova seita e de seu fundador com a maçonaria não podiam ser melhores. Contudo, Joseph Smith estava muito longe - considerações sobre suas revelações à parte - de ser um modelo de moral tal e qual a maçonaria exige de seus membros. De fato, em 1842, o profeta foi acusado de assassinato. Verdade ou não, certo é que se saiu bem do processo judicial e inclusive se permitiu aspirar a ser candidato à Presidência dos Estados Unidos. Não chegaria a tanto, mas no ano seguinte receberia outra revelação de enormes consequências. O tema seria a poligamia. 

Parece que, antes da canônica revelação de 12 de julho de 1843, Smith tinha tido várias outras relativas a este tema; a diferença estava em que, até então, tinham sido privadas e geralmente dirigidas a convencer a mulher ansiada ( que podia ser tanto solteira como casada) de que Deus desejava que ela se entregasse ao profeta Smith.

A primeira acusação pública de adultério formulada contra Smith procedeu, nada mais nada menos, de uma testemunha do Livro de Mórmon: Oliver Cowdery. Este documentado que, desde 1835, Smith manteve com uma tal Fanny Alger uma relação adúltera da qual não conseguiram dissuadí-lo nem sequer alguns dos seus colaboradores mais próximos. Logo, o número de amantes - esposas, segundo Smith - superou o número de oitenta.

ENTREGA AO APRENDIZADO - Newton Agrella


Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante. Um dos mais notáveis estudiosos da maçonaria no país.

Quando nos propomos a elaborar uma trabalho maçônico, também chamado de "peça de arquitetura"  é princípio basilar que tenhamos junto de nós um Dicionário.

Esse nobre instrumento constitui-se num apoio intelectual imprescindível, tanto no âmbito morfológico, ortográfico quanto etimológico.

Ao escrevermos, deparamo-nos com palavras, às vezes, não tão familiares e das quais raríssimamente lançamos mão.

Por isso mesmo, é fundamental que saibamos sua origem e seu real significado, bem como, se esta se faz compatível e adequada ao universo semântico em que ela será empregada.

A linguagem maçônica, em especial, dispõe de inúmeros vocábulos, que por vezes assumem um caráter simbólico e alegórico, em razão de sua própria essência introspectiva e rigorosamente solene.

As habituais e circunstantes formas de apresentação inicial do tema, sobretudo para os maçons que obedecem ao Rito Escocês Antigo e Aceito - o mais difundido e praticado aquí no Brasil - não podem e nem devem abdicar da consagrada expressão:

*À G.'.D.'.G.'.A.'.D.'. U.'.* que por si só revela o espírito de respeito e liturgia ao propósito com que a Obra será dedicada.

Ater-se, na medida do possível, a uma linguagem, culta, clara, direta e fluida, também contribui sensivelmente neste processo de elaboração.

A tripontuação de vocábulos e expressões de caráter filosófico-maçônicos, devem seguir como uma norma, no sentido de preservar a confidencialidade e as próprias tradições da Sublime Ordem, inclusive para de algum modo, dificultar o entendimento de profanos.

Ler e reler, em voz alta o trabalho a ser apresentado, é também um meio para garantir mais segurança ao Expositor antes de sua apresentação em Loja.

Palavras como :

*MISTER* (que significa NECESSÁRIO(A)

*ABÓBADA* (que refere-se a uma construção arqueada; firmamento)

São dois singelos exemplos de palavras que na maioria das vezes são pronunciadas erroneamente, aparecem em vários textos maçônicos, e acabam provocando situações embaraçosas.

Ao valermo-nos de fontes de pesquisas para desenvolver um texto, é imprescindível que se cite a fonte, autor, livro, etc...

Muito mais  importante que isso,  é que se  busque fazer uma leitura detida, e a partir daí, estabelecer um caráter pessoal, próprio e interpretativo do fragmento consultado, suscitando ao Trabalho um aspecto de legitimação criativa e cultural.

O Trabalho que o Maçom tem que desempenhar, não é o da cópia pura e simples, ou da cola disfarçada, com a mera alteração de uma palavra ou de um parágrafo.

O Trabalho deve ser resultado de nossa própria lavra, de nosso Livre Pensamento.

Ao elaborar um Trabalho Maçônico devemos nos preocupar em construir um caráter crítico e argumentativo, de maneira a estarmos preparados para arguições, questionamentos, trocas de idéias, e evitarem-se longos hiatos sem saber o que responder, ou pior ainda, tentar responder com evasivas, sem qualquer consistência.

Cabe não somente aos Vigilantes da Loja atuarem como mentores ou tutores dos Irmãos Aprendizes e Companheiros, mas também a estes últimos, perguntarem, questionarem, trazerem suas dúvidas e empreenderem iniciativa, para darem início à construção de seus próprios templos.

A rigor, trajetória maçônica, é solitária, única e individual, cabendo a cada um o esforço para galgar degraus superiores.

É claro, que os Mestres mais experientes tem o dever de orientar, tirar dúvidas e acompanhar a caminhada dos mais novos, porém isso não desobriga a todos os Maçons continuarem seus estudos, pesquisas e especulações intelectuais, como exercício pródigo da nossa própria Evolução.

Lembrando que Maçonaria não é escola, não é religião e tampouco uma academia ou clube de serviços.

Maçonaria é uma Oficina de Trabalho Interior Humano de cunho filosófico, que se sustenta na Simbologia  como seu instrumento principal para o nosso aprimoramento moral, ético e espiritual.


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junho 06, 2021

O MAÇOM E O SAL - Sergio Quirino





O ir. Sérgio Quirino é um notável erudito da maçonaria e é o atual Grão-Mestre da GLMMG 2021/2024


Uma passagem no Livro da Lei merece reflexão de todos nós, pela profunda simbologia e pelo que diz das ocupações, ofícios e condições dos que se propõem a realizar algo.

Está em Mateus, capitulo 5, versículo 13; “Vós sois o sal da terra. Mas, se o sal perder o seu sabor, com que se há de salgar? Não servirá para nada, exceto para ser lançando ao solo e pisado por quem passa”

A segunda parte, mais densa, de certa forma, até desumana, tem sua compreensão no versículo: “Lembra-te que és pó, e ao pó hás de voltar” (Gênese 3,19).

Muitos são os significados simbólicos na relação Maçom/Sal encontrados na Câm.’. Refl.’..

O sal na medida certa pode simbolizar a vida, por imprimir sabor aos alimentos. Nesta dosagem ele proporciona saúde e prazer. Existe outra medida que preserva o alimento e evita sua deterioração. Há ainda outras quantidades que, simplesmente, o estragam.

O que em nos nossos labores podemos fazer na analogia com o sal? As instruções maçônicas, que são o próprio sal.

O conhecimento maçônico é o que dá “sabor” à vida do Maçom. Este “alimento” nos mantém “saudáveis”, nutrindo e afastando a degeneração causada pelos vícios.

Assim como na Medicina, a “obesidade mórbida maçônica” é uma realidade e se apresenta mais perigosamente em Grau 3.

Longe de mim propor aos Irmãos que cessem de se alimentar/instruír. Mas, não podemos nos descuidar dos “desvios alimentares” ou a aplicação equivocada do “sal” em pratos diferentes.

Na analogia alimentar, digamos que pratos famosos sejam Ritos. O Rito da Feijoada Brasileira, o Rito do Strogonoff Russo, o Rito da Sopa de Cebola Francês, são pratos/ritos muito “saborosos”, com tradição e real valor nutricional/instrucional. PORÉM, devemos compreende-los como originalmente completos, portanto mantendo suas características.

Imagine uma Sopa de Cebola feita com feijão, uma feijoada com asas de frango ou strogonoff com orelha de porco!

Este alerta é necessário para os Irmãos terem consciência do que se trata o “sal”, que é útil a um prato e pode estragar um outro. Assim, deve ser dosado o tempero que se acrescenta nas instruções.

Encontramos Irmãos que não querem se instruir, são os insípidos e completamente DES-SAL-INIZADOS.

Os bem nutridos/instruídos, são os SAL-DÁVEIS (permita-me esta breve digressão de vocábulo).

No outro extremo estão os Irmãos SAL-GADOS, carregados de informação, sem controle do necessário tempero.

Lamentavelmente, existem Irmãos que, por conduta própria ou mal conduzidos, se tornam indigestos.

A estes, nossa tolerância. Aos “saudáveis”, nosso respeito. Aos “sem sabor”, nossa dedicação.

A PROGRESSÃO DO MAÇOM SE FAZ POR AUMENTO DE SAL-ÁRIO,

NA MEDIDA EXATA ENTRE O APRENDER E O ENSINAR.

Atingimos quinze anos de compartilhamento de instruções maçônicas. Nosso propósito fundamental é incentivar os Irmãos ao estudo, à reflexão e tornar-se um elemento de atuação, legítimo Construtor Social.

Sinto muito, me perdoe, sou grato, te amo. Vamos em Frente!

Fraternalmente

Sérgio Quirino

Candidato a Grão-Mestre - GLMMG 2021/2024

DA CURIOSIDADE À SABEDORIA - Gabriel Campos Oliveira



O Ir. Gabriel Campos de Oliveira publica em diversos grupos a coluna "Fatos Maçonicos do dia" que traz sempre informações interessantes. 

 

Os termos “informação”, “conhecimento” e “sabedoria” são freqüentemente utilizados com o mesmo sentido, o que traz muitas interpretações dúbias e até errôneas, principalmente no que diz respeito aos termos conhecimento e sabedoria.

A informação é o dado em seu estado bruto, captado pelos sentidos de todos os níveis: um odor, uma imagem, um pressentimento, etc. O conhecimento é a informação analisada, compreendida e incorporada. A sabedoria é o conhecimento submetido ao julgo da Ética e da Moral. Desta forma, não há sabedoria sem conhecimento, e nem conhecimento sem informação.

No entanto, a informação que não é transformada em conhecimento é inútil. A inteligência é o dom humano capaz de “digerir” as informações, através da análise, e transformá-la em conhecimento útil. Para guardar uma informação, precisamos retê-la em nossa memória; para guardar um conhecimento, devemos incorporá-la em nossa mente e, conseqüentemente, em nossa maneira de pensar.

De forma semelhante, o conhecimento diferencia-se da sabedoria. O conhecimento que não é transformado em sabedoria está sujeito a tornar-se alimento para o vício, um vício mental que, incorporado em nossa mente, passa a influenciar negativamente nossa maneira de desenvolver processos mentais. A Sabedoria é a mãe de todas as virtudes, pois é dela que se origina a prática consciente dos bons hábitos que, incorporados em nossa maneira de pensar, conduzem o homem à Verdade.

Sendo a ignorância a ausência de conhecimento, ainda que a mente possua informação em abundância, esta é menos perigosa do que o conhecimento que não é feito sabedoria, pois conhecer sem saber é como possuir uma espada sem os critérios que diferenciam sua utilidade consagradora de sua capacidade mortal.

A ignorância é o estado original de todo o ser pensante, inicialmente desprovido de conhecimento por não ter sido alimentado pela informação obtida pela experiência e pela instrução. Sabe-se que não é possível dar conhecimento ao homem, pois este só pode ser construído por ele mesmo. No entanto, é possível fornecer-lhe informação, submetendo-o às experiências e instigando-o à busca. Para tanto, a curiosidade cumpre seu papel de alavanca que impulsiona o homem a buscar a informação e, através desta, a construir o conhecimento.

Na iniciação Maçônica, mais precisamente na Câmara de Reflexões, existe a frase “Se a curiosidade aqui te conduz, retira-te”, que tem como objetivo alertar o candidato que este deverá desistir de ingressar na Maçonaria caso sua motivação seja a mera curiosidade. Esta curiosidade, enquanto apenas desejo a ser saciado, age tão somente como elemento de busca da informação, não digerida e, possivelmente, mal interpretada.

No entanto, não devemos condenar a curiosidade, pois ela é parte integrante de qualquer ser pensante. Sendo um elemento útil ao aprendizado, a curiosidade é a força impulsionadora do espírito investigativo, necessário à busca do conhecimento e, conseqüentemente, da sabedoria.

É através da curiosidade que despertamos para o aprendizado, lançando mão da fé - não aquela cega ao mundo e limitada aos dogmas - para perseverar na busca, utilizando a inteligência para analisar o mundo à nossa volta, colocando o conhecimento obtido sob o julgo da retidão Moral, da sinceridade de propósitos

  O sinal mais seguro da Sabedoria é a constante serenidade.

"Se o que tens a dizer não é mais belo que o silêncio, então cala-te."

Aprendi o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade com os maldosos; e, por estranho que pareça, sou grato a esses professores.”

TFA GABRIEL CAMPOS DE OLIVEIRA .  :

junho 05, 2021

DA IGREJA - Newton Agrella




Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante. Um dos mais notáveis estudiosos da maçonaria no país..

No universo etimológico das Línguas Ocidentais observe como é interessante a origem da palavra  *"IGREJA"*

O substantivo advém do Grego *"EKKLESÍAS"* que significa (assembléia, convocação ou reunião de fiéis).

Em Latim           :   ECCLESIAE 

Em Espanhol     :   IGLESIA

Em Italiano        :   CHIESA

Em Francês       :   ÉGLISE

Em Galego         :   IGREXA

Em Catalão        :   ESGLÉSIA

Em Sardo           :   CRESIA

Em Corso           :   GHJESGIA

Em Occitano      :   ÉGLÉSE

Em Vêneto         :   CIÉXA

Em Mirandês     :   EIGREIJA

Em Romeno       :   BISERICĂ

Neste caso a palavra advém do Grego *"BASILIKÉ"*  que significa "Casa Real"  e que em Português deu origem à palavra BASÍLICA.

Em Inglês        :     CHURCH 

Esta palavra deriva também do Grego.  Advém de *"KYRIAKE"* que para o PORTUGUÊS suscitou a palavra "CÚRIA".

KYRIAKE em Grego =  Senhor, Deus

KYRIAKON DOMA =  Casa de Deus

De volta à KYRIAKE e CHURCH observe que para outras línguas ocidentais derivaram-se :

Em Alemão            :   KIRCHE

Em Holandês         :   KERKE

Em Dinamarquês  :   KIRKE

Em Norueguês      :   KIRKE

Em Sueco              :   KYRKA

Em Russo              :   CERKOV

IGREJA em MALTÊS  =  KNISJA

que por sua vez advém do ÁRABE =   KANISA (transliteração)

Como se percebe, as palavras relacionadas a *IGREJA* tiveram sua origem na Língua Grega.

Fraternalmente

NEWTON AGRELLA

NÃO SE ASSALTA O CÉU PARA ROUBAR O TESOURO DOS DEUSES - Cel. Sidney


O Décimo Segundo Trabalho de Hércules, consistia em roubar as maçãs douradas do Jardim das Hespérides, que eram os frutos sagrados que Hera, a esposa de Zeus, dele recebera por ocasião de suas núpcias. 

Essa tarefa simboliza, na verdade, a apoteose final de toda cadeia Iniciática. 

Representa a aquisição do conhecimento, do símbolo da ciência, da *Gnose* final, capaz de dar ao iniciado aquele estado superior de consciência, que buscou desde quando iniciou a sua escalada.

A sabedoria tem sido comparada a frutos de ouro, guardados ciosamente pelos deuses. 

E os homens nunca deixaram de cobiçá-los e tentar se apropriar deles. 

A própria Bíblia se utiliza desse símbolo para explicar que o pecado que causou a queda do homem foi ao fato do casal humano ter comido, indevidamente, o *“fruto do conhecimento do bem e do mal”* que Deus plantara no Jardim do Éden. 

Simbolizam o desejo do homem de adquirir a Gnose, ou seja, o conhecimento total das causas que possibilitam a vida do universo, para que possa controlar e administrar seus efeitos. 

O homem enfrenta todas as adversidades, todos os perigos, enfrenta mesmo os próprios deuses para obter essa sabedoria, mesmo que, após tê-la adquirido, não saiba o que fazer com ela, como aconteceu com o rei Eristeu

As tradições iniciáticas estão cheias de conselhos sobre esse desejo insano de apropriar-se desse fruto sagrado, que é a Gnose, o supremo conhecimento; apenas pelo desejo de poder ou por simples curiosidade. 

*Não se assalta o céu para roubar o tesouro dos deuses*. 

Esse tesouro só pode ser adquirido por quem sabe o que fazer com ele, que é dado voluntariamente pelos deuses aqueles que dele se fazem merecedores.

Hércules obteve os pomos dourados e os entregou ao rei. 

Este não soube o que fazer com ele por que deles não era merecedor. 

Por isso é que a Gnose não pode ser obtida apenas academicamente. 

A Gnose é fruto de uma longa escalada Iniciática.

Esse é um erro que algumas escolas de mistérios, como instituição, tem cometido ao longo dos séculos.

Para atender a objetivos simplesmente profanos, como o são os interesses políticos e pessoais de seus membros, tem admitido em seus quadros pessoas não qualificadas para perseguirem os objetivos da Ordem. 

Esses iniciados entram para a Confraria, mas jamais alcançam a verdadeira sabedoria, a Verdadeira GNOSE. 

Bom Dia meus irmãos.

junho 04, 2021

A BOMBA QUE NÃO EXPLODIU



Conta a lenda urbana que em uma vila do País Basco houve uma bomba que chegou a terra mas nunca estourou. A bomba ficou embutida no meio da praça central da pequena aldeia. Os habitantes  surpreendidos e assustados não se animaram a movê-la, e muito menos desarmá-la. Lá permaneceu anos durante o governo de Franco como um símbolo aterrorizador. Representava a morte, o poder do regime e a punição a quem se revelasse.

Um dia de primavera, de manhã, Julien cansou do detalhe da paisagem que arruinava a praça. Procurou ferramentas, pediu ajuda que não encontrou, e decidiu desarmar e remover o artefato. Nas primeiras horas ele trabalhou sozinho, diante do olhar distante dos seus conterrâneos. Ao meio-dia já contava com a ajuda dos amigos, pois se de algo for preciso morrer, que seja junto dos amigos. Na meia tarde toda a vila estava na praça, expectante e colaborando como pudesse.

Antes do anoitecer tinha sido desarmada, subindo em uma carreta, e decidido que iriam levá-la para a vila vizinha, onde se encontrava a sede municipal da região. Mas o interessante da história foi o que encontraram dentro da ogiva, ou seja, a ponta ou cabeça da bomba; a parte que viaja do lado de baixo quando uma bomba é lançada e possui o detonador. Lá, junto a cabos e peças de metal, encontraram um papel manuscrito que continha apenas algumas palavras. Pensaram que talvez  indicasse o lugar onde foi feita, seus componentes, ou algumas instruções de uso, mas de qualquer forma despertou a curiosidade do povo.

Claramente não era basco, nem castelhano, nem inglês. Aparentemente era alemão. Na vila, havia uma pessoa que podia chegar a decifrar a escrita: Miratxu, que quando era pequena, pelo trabalho do seu pai tinha estado alguns anos em Hamburgo. Miratxu  naturalmente estava na praça. Foi solicitada e assumiu o papel. Levou alguns segundos, que não foram mais de meio minuto. Ordenou em sua mente as palavras, a gramática, e para cortar com o suspense disse olhando para todos os seus vizinhos (que ao mesmo tempo a olhavam em silêncio):  "Saúde. De um trabalhador alemão que não mata trabalhadores ".

Ninguém saiu da praça nas horas seguintes. Discutiram, fizeram suposições, e interpretaram de mil maneiras o manuscrito.

Finalmente, antes da meia noite, por unanimidade, a cidade decidiu que a bomba não iria embora, voltaria ao mesmo lugar. A partir desse momento a bomba na praça começou a simbolizar a resistência, o fim do medo, e o poder de um povo com consciência de classe. Tudo isso como presente de um trabalhador alemão que, no meio da ditadura nazi, inutilizou a bomba e deixou claro que nem o medo, nem o regime o poderiam fazer matar trabalhadores como ele próprio.