julho 11, 2021

UM BRASA SOZINHA PERDE LOGO O CALOR - José Alves Fraga (Goiânia)



Oh! Quão bom e suave é que os Irmãos habitem em união!

Existe uma historinha que volta e meia estamos ouvindo no meio maçônico, mas que nunca é demais repetir:

Conta-se que em uma pequena cidade da Inglaterra, havia um pastor que conhecia praticamente todos os cidadãos da localidade.

Nos cultos dominicais, era comum que algumas pessoas ocupassem sempre os mesmos lugares na igreja. Assim, num determinado banco, sempre estava um senhor muito respeitado e querido no lugar.

Num determinado dia, o pastor notou que aquele banco estava vazio. Achou estranho. Porém, não se preocupou muito porque era comum alguém faltar ao culto esporadicamente por um motivo ou outro.

Na semana seguinte, novamente o banco estava vazio, levando o pastor a especular-se sobre o fato.

Na terceira semana o banco continuou vazio.

Terminado o culto, o pastor dirigiu-se à residência daquele Irmão para indagar-lhe o motivo de suas ausências.

O cidadão arguiu que há muitos anos frequentava aquela igreja e que já estava achando os cultos muito enfadonhos e repetitivos. Disse que já sabia de cor e salteado tudo o que o pastor falava.

Foi então que o pastor foi até a lareira, retirou de lá uma brasa e colocou-a em cima da pedra que servia de parapeito da janela. Dentro de pouco tempo, essa brasa começou a se apagar.

Passados alguns instantes de silêncio entre aqueles dois homens, o cidadão faltoso disse: Pastor, compreendi a sua mensagem.

E voltou a frequentar o culto como sempre o fez.

Moral da história: Uma brasa sozinha perde o seu calor muito rapidamente.

Meus Irmãos!

A pequena história que contamos acima vem bem a calhar com o que acontece nas Lojas Maçônicas de forma geral. Muitos Irmãos deixam de frequentar a sua Loja alegando motivos muitas vezes inconsistentes. Muitas vezes, quando comparecem, acham que a reunião está chata e demorada.

A Maçonaria, como já depreendemos, visa à mudança do homem em seu interior. O seu objetivo é que o homem evolua interiormente, e em fazendo isso estará contribuindo para a evolução não só dos Maçons de forma particular, como de toda a sociedade. O comportamento do homem normalmente reflete o seu interior. Alguns podem até conseguir disfarçar por algum tempo, mas nunca o conseguirão por todo o tempo.

O homem que deseja sinceramente evoluir em seu íntimo, deve fazê-lo mudando inicialmente a sua maneira de pensar. Deverá direcionar seus pensamentos para atitudes nobres. Quando nos propomos a realizar alguma coisa ou participar de qualquer evento, sociedade ou o que for, devemos inicialmente perguntar-nos se realmente é aquilo que queremos. Após a decisão tomada, devemos dar o melhor de nós na realização daquilo a que nós nos propusemos. Em outras palavras: devemos colocar AMOR naquilo que fazemos.

A Maçonaria é uma sociedade iniciática, isto é, os seus membros devem passar por uma Cerimônia de Iniciação, quando o neófito morre para o mundo profano, ou seja, o mundo dos erros e dos vícios e renasce em um mundo diferente. Um mundo dedicado ao trabalho e à virtude.

Mas será que a Iniciação consiste somente naquela Cerimônia do primeiro dia? Com certeza, a resposta é NÃO. A Iniciação envolve todo um processo no qual o Iniciado vai galgando degrau por degrau durante toda sua vida maçônica.

O verdadeiro Maçom é aquele que busca extrair dos postulados da Ordem, os ensinamentos de que carece para sua evolução. Infelizmente, muitos Maçons esperam que após a sua Iniciação, lhes seja aberta a cabeça e lá colocados vários tonéis de conhecimentos. Muitos Maçons têm a ilusão de que com a Iniciação, lhes seja revelada uma fórmula mágica que propicie uma mudança radical em sua vida. E isso, evidentemente, é só uma ilusão. A verdade é que os fatos não acontecem dessa forma.

Devemos reconhecer que existem falhas por parte das Lojas. E elas não são poucas. Por outro lado, notamos que existe uma grande apatia de parcela significativa de Maçons em procurar conhecer a Maçonaria profundamente. E a forma de fazê-lo é só através da leitura, do estudo persistente. Observa-se uma situação peculiar nessa questão: quem já está dentro há mais tempo, não possui os conhecimentos necessários a uma boa orientação aos neófitos e estes por sua vez, não sendo bem orientados, tendem a seguir o comportamento dos mais velhos. É aquela velha máxima que diz que "o homem é um produto do meio". O verdadeiro Maçom é aquele que busca conhecer a Ordem a que pertence sem esperar que os outros o façam por ele.

Por outro lado, devemos compreender que se queremos ser verdadeiramente Maçons, não podemos ficar somente observando as falhas dos outros. Se ingressamos na Ordem e deparamos com um ambiente que não corresponde à expectativa que tínhamos, certamente que o caminho mais correto não é o de abandoná-la, ou pior ainda, continuar fazendo parte da mesma, porém de forma indiferente. O procedimento correto do verdadeiro Maçom é procurar se evoluir e tentar, através de seus conhecimentos, buscar iluminar aqueles menos interessados. Se cada um de nós procurar agir dessa maneira, com certeza estaremos construindo uma Maçonaria muito melhor, formando melhores Maçons e, por consequência, contribuindo para a melhoria da sociedade como um todo. É fácil reconhecer um Maçom desinteressado: ele está sempre reclamando que a Sessão está demorando e que precisa ir embora por um motivo ou outro; ele sempre encontra razões em não colaborar com os afazeres da Loja.

Assim, um dos preceitos básicos que devemos observar é o da tolerância. Sem a tolerância não haverá companheirismo. Para haver tolerância e companheirismo, é necessário muita humildade e respeito. Talvez resida aí o primeiro passo que devemos dar para a nossa mudança interior, da qual falamos linhas acima. Tolerância não significa conivência. Devemos sim, ser tolerantes com as falhas dos IIr.·., com todos os seus defeitos e fraquezas, jamais com a preguiça e a indolência.

Falamos também acima, que devemos colocar AMOR em toda empresa de que participarmos. Então, quando participamos de uma Sessão Maçônica, devemos fazê-lo com a maior boa vontade possível. Ao nos dirigirmos para a Loja a fim de assistirmos os Trabalhos, devemos procurar ter pensamentos nobres e sublimes. Só assim estaremos contribuindo para a formação de uma corrente positiva dentro do Templo, e por consequência, auferindo os benefícios que dela advêm. Os Irmãos certamente já experimentaram a sensação de paz que existe em determinados locais, principalmente em Templos religiosos ou outros lugares onde não exista a presença de energias negativas. É justamente esse ambiente de paz e serenidade que devemos procurar proporcionar em nossas reuniões.

Conforme prevê a nossa Constituição, "a Maçonaria pugna pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade, por meio do cumprimento inflexível do dever".

A Maçonaria propaga e defende a VERDADE como simples verdade. Assim, se o Maçom busca sua mudança interior, o primeiro preceito que ele deve procurar desenvolver é o da verdade. Verdade sobre si mesmo e para consigo mesmo. Será se o motivo alegado para faltar a uma Sessão é o verdadeiro? Será que estamos doando de nós tudo o que podemos em beneficio de nossa Loja, em beneficio do grupo a que pertencemos, ou seja, em beneficio de nós mesmos? Vale a pena meditar sobre isso!

Se cada um de nós fizer a sua parte, com certeza, os resultados nos surpreenderão a todos. Alguém já disse que "o todo é muito maior do que a simples soma das partes".

julho 10, 2021

UMA XICARA DE CAFÉ




Um grupo de profissionais, todos vencedores em suas respectivas carreiras, reuniu-se para visitar seu antigo professor.

Logo a conversa parou nas queixas intermináveis sobre *stress* no trabalho, e na vida em geral. 

O professor ofereceu café. Foi para a cozinha e voltou com um grande bule e uma variedade das melhores xícaras: de porcelana, plástico, vidro, cristal... 

Algumas simples e baratas, outras decoradas, outras caras, outras muito exóticas...

Ele disse:

- Pessoal, escolham suas xícaras e sirvam-se de um pouco de café fresco.

Quando todos o fizeram, o velho mestre limpou a garganta, calma e pacientemente conversou com o grupo:

- Como puderam notar, imediatamente as mais belas xícaras foram escolhidas, e as mais simples e baratas ficaram por último. Isso é natural, porque todo mundo prefere o melhor para si mesmo. Mas essa é a causa de muitos problemas relacionados com o que vocês chamam "stress".

Ele continuou:

- Eu asseguro que nenhuma dessas xícaras acrescentou qualidade ao café. Na verdade, o recipiente apenas disfarça ou mostra a bebida. 

O que vocês queriam era café, não as xícaras, mas instintivamente quiseram pegar as melhores.

Eles começaram a olhar para as xícaras, uns dos outros.

Agora pense nisso:

*A vida é o café.*

Trabalho, dinheiro, status, popularidade, beleza, relacionamentos, entre outros, são apenas recipientes que dão forma e suporte à vida. 

O tipo de xícara que temos não pode definir nem alterar a qualidade da vida que recebemos. 

Muitas vezes nos concentramos  apenas em escolher a melhor xícara, esquecendo de apreciar o café!   

As pessoas mais felizes não são as que têm o melhor, mas as que fazem o melhor com tudo o que têm!

Então se lembrem:

Vivam simplesmente. Sejam generosos. Sejam solidários e atenciosos. 

Falem com bondade.

O resto deixem nas mãos do Criador Eterno, porque a pessoa mais rica não é a que mais tem, mas a que menos precisa.

Agora desfrutem o seu café! "


DO APRENDIZADO - Heitor Rodrigues Freire

 


Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis, advogado, past GM da GLEMS e atual presidente da Santa Casa de Campo Grande. Contribui regularmente com este blog

Quando se alcança a consciência a respeito do que verdadeiramente somos, ocorre, instantaneamente, uma libertação. Então acaba a insegurança, o medo e o sofrimento. 

E o que somos verdadeiramente? Somo filhos de Deus. Essa condição nos liberta, porque Deus é Pai. E um Pai realmente amoroso, que só quer o bem de seus filhos. Aí também aprendemos que nada acontece por acaso. Tudo decorre dos nossos próprios atos. E que estamos aqui para aprender, aprender, aprender.

Um aprendizado decisivo me foi proporcionado por meio do meu casamento com a Rosaria, e a partir daí ganhei uma mestra para sempre. Esse é um fato marcante e presente na minha vida ao longo destes maravilhosos 58 anos de convivência, companheirismo e solidariedade.

O alcance da consciência e o entendimento de que estamos aqui para aprender nos define um norte muito claro: na vida não há formatura, e a graduação suprema só acontecerá quando atingirmos a perfeição.

Assim, o aprendizado é contínuo. Várias, inúmeras encarnações serão necessárias para que a graduação se complete. Então, o que me cabe fazer é me dedicar ao aprendizado contínuo. Nesta encarnação não tem refresco. É trabalho permanente. Não aspiro a nenhum descanso nem aposentadoria.

Quando cheguei aos 69 anos, de repente, me deu a vontade de escrever. Hoje, decorridos 12 anos, já são mais de 600 artigos publicados, sempre um por semana. E sigo escrevendo, sempre, sem parar.

Aos meus 80 anos, circunstancialmente, decidimos, com a Rosaria, começar a produzir em casa chipa e sopa paraguaia para vender. Sou de origem guarani, nasci no Paraguai, do lado de lá da fronteira. Até então, eu não sabia nem fritar um ovo. Mas aprendi. Já faz um ano e pouco, e continuamos fazendo juntos a nossa chipa e a sopa.

Com 80 anos, coincidentemente, me vi também na contingência de assumir a presidência da Santa Casa de Campo Grande, um complexo hospitalar imenso, com orçamento anual em torno de 400 milhões de reais. Três mil e tantos funcionários. E uma dívida estratosférica. Como já sabia que sou filho de Deus, não tive a menor dúvida. Aceitei e assumi o compromisso. E contando com uma diretoria solidária e competente, estamos dando conta do recado. O nosso trabalho é totalmente voluntário, eu não recebo 1 centavo por isso, pelo contrário, eu ainda contribuo. Como associados, pagamos uma anuidade de 1.200 reais. O que vale é o ideal de servir.

Aprendi a ir na fonte. Sem ilusões nem desvios de propósito, sempre procurando aplicar a Lei de Uso, que determina que o conhecimento e a riqueza devem circular.

Aprendi a ter plena consciência sobre a transitoriedade da vida, o que me libertou da posse e do apego.

A evolução provoca ruptura porque gera mudança. E a mudança talvez seja, paradoxalmente, a característica mais constante da vida. Tudo muda e tudo se move (como diria Galileu). Heráclito já afirmava isso, literalmente, há mais de 2.500 anos: “A única coisa permanente é a mudança”. Compreender isso também é um sinal de evolução.

A vida é rica e plena de situações diferentes, e a cada momento há uma mudança. Lavoisier também mostrou que “na natureza nada se cria, nada se perde; tudo apenas se transforma”.

É interessante observar como hoje, infelizmente, a divergência política gera brigas, radicaliza posições, o fanatismo se faz presente e a discussão causa ruptura de amizades, de laços de parentesco, e provoca um choque de interesses. Camões já dizia: “Quando os interesses se chocam, cessa tudo o que a antiga musa canta”. Aprendi que isso nada acrescenta, muito pelo contrário.

A vida vai nos proporcionando mudança de estado etário, civil, social, profissional, filosófico e político, e isso deve ser motivo de reflexão para conscientemente aproveitarmos as diferentes situações e aprendermos as lições trazidas.

Parafraseando Francisco Otaviano, diplomata e poeta brasileiro:

“Quem passou pela vida

Em brancas nuvens, 

E em plácido repouso adormeceu,

Quem passou pela vida,

E não sofreu, [aprendeu, digo eu]

Só passou pela vida,

Não viveu!

Foi espectro de homem,

Não foi homem!”

Vamos viver com consciência, em paz e com amor, meus irmãos!


IRMÃO ÉGUA DE CIGANO - Pedro Jorge de Alcantara Albani






Ir Pedro Jorge de Alcântara ALBANI da Loja Maçônica Montanheses Livres e da Academia Maçônica de Letras de Juiz de Fora e Região


    A pandemia causada pelo coronavirus mudou nosso comportamento, nossa convivência, nosso jeito latino de viver, nos afastando dos abraços, dos saudosos apertos de mãos, as rodas de conversas, hoje esta convivência é exercidas pelas lives. 


    Mas sou das antigas e gosto de um bom bate papo, por isso o telefone é minha forma de matar a saudade e não deixar que o tempo exerça o afastamento dos amigos. 


Certa manhã lá estava ao telefone ligando para o meu amigo e irmão Adilson Zotovici do Oriente de São Bernardo do Campo. Ligar para ele é esquecer o andar dos ponteiros do relógio. Entre uma conversa e outra, entre assuntos profanos e maçônicos, surgiu à figura do IRMÃO ÉGUA DE CIGANO, que comparava um maçom que anda com o lado esquerdo do terno cheio de badulaque, misturando insígnias, medalhas, broches maçônicos e profanos, a uma égua que os ciganos enfeitam, para disfarçar a má qualidade do animal e ter melhor preço na venda. Esta comparação nos tirou verdadeiras gargalhadas e eu disse que conhecia uma estória de um IRMÃO ÉGUA DE CIGANO, que passei a narrar;


Com a assunção do novo Grão Mestre de um Grande Oriente qualquer, este listou os seus futuros Delegados, mas a vaidade, sempre ela, por mais que se combatam, ainda existe em alguns corações, que não foram totalmente lapidados. Pelos cantos vivem contestando as escolhas achando-se melhores preparados que os escolhidos;


Dentre eles o nosso personagem, que anda com um terno sob medida, do lado esquerdo todos os espaços são preenchidos com os mais variados "botons", um peito estufado, bem sucedido profissionalmente, achando que estas são as principais virtudes de um maçom, para ocupar um cargo;


Para sua maior frustação o escolhido foi um irmão, que ele chamava de “peito pelado”, pois não tinha um só "botom", que não tinha uma posição social igual à dele. A posse foi marcada em outra cidade e ele resolveu acompanhar a comitiva, pois queria mostrar a todos que ele era o mais preparado;


De carro partiram os irmãos para a cerimônia, que iria ocorrer no outro dia, domingo de manhã. Nosso irmão além do terno carregava duas malas, uma com roupa a outra com suas preciosidades, seus mimos, como dizia.


Chegaram e foram para os seus quartos, ou melhor, ele para o dele e os outros para o outro quarto, afinal não ficaria bem ele junto do “peito pelado”. Solitário foi dar brilho nos seus mimos, pois queria parecer ainda mais garboso na cerimônia, entre uma medalha e outra, falava das suas qualidades, do seu status social. Que o Grão Mestre iria se arrepender de não o ter escolhido para Delegado, ao olhar seu peito e seus mimos; 


Na manhã seguintes todos estavam se preparando para a cerimônia, a alegria e risos ecoavam na comitiva, menos o irmão “Zé da medalha”, dizendo que iria depois, não queria compartilhar a felicidade do Irmão “peito pelado”; Afinal chegando sozinho iria atrair atenção para seu peito, sem correr o risco de dividir os olhares;


Todos saíram e ele se pôs a colocar cada um dos seus mimos, beijando-os como se fossem seus troféus. Porém ao se vestir verificou que havia esquecido a principal peça do vestuário de um maçom, seu AVENTAL. Por mais que desfizesse e fizesse as malas, nada do AVENTAL;


Atrasado, saiu assim mesmo para o evento, sendo barrado pelos cerimonialistas, pois não estava com seu AVENTAL, do lado de fora acompanhou o som da sessão. 


Desiludido nosso ÉGUA DE CIGANO voltou a pé, e cada transeunte que cruzavam seu caminho, não o admiravam somente, mas riam do seu peito enfeitado;


Este é um conto fictício que fiz para mostrar ou tentar mostrar aos irmãos que a verdadeira conquista de um maçom, não esta a mostra, esta em um coração puro, nas suas ações, seus estudos, seu comprometimento com a ordem, sua conduta, fora e dentro dos templos, na fraternidade e no desapego. 


Meus Irmãos para sermos iniciados no Templo Celestial do Oriente Eterno, nossos sindicantes procuraram o que levarmos dentro do peito, não o que conquistamos fora do coração;


julho 09, 2021

O MAÇOM E SUA LOJA




Muitos Irmãos deixam de frequentar a sua Loja alegando motivos inconsistentes.

Muitas vezes, quando comparecem, acham que a reunião está chata e demorada.

A Maçonaria, como já depreendemos, visa mudança do homem em seu interior.

O seu objetivo é que o homem evolua interiormente e, em fazendo isso, estará contribuindo para a evolução não só dos Maçons de forma particular, como também de toda a sociedade.

O comportamento do homem normalmente reflete o seu interior.

Alguns podem até conseguir disfarçar por algum tempo, mas nunca o conseguirão durante toda a vida.

O homem que deseja sinceramente evoluir em seu íntimo, deve fazê-lo mudando inicialmente a sua maneira de pensar.

Deverá direcionar seus pensamentos para atitudes nobres.

Quando nos propomos a realizar alguma coisa ou a participar de qualquer evento social, ou seja lá o que for, devemos inicialmente perguntar-nos se realmente é aquilo que queremos.

Após a decisão tomada, devemos dar o melhor de nós na realização daquilo a que nos propusemos.

Em outras palavras, devemos colocar o AMOR naquilo que fazemos.

A Maçonaria é uma sociedade iniciática, ist é, os seus membros devem passar por uma cerimônia de iniciação, ocasião na qual o neófito morre para o mundo profano, ou seja, o mundo dos erros e dos vícios, e renasce em um mundo diferente.

Um mundo dedicado ao trabalho e à virtude.

Mas será que a iniciação consiste somente naquela cerimônia do primeiro dia? 

Com certeza, a resposta é NÃO.

A iniciação envolve todo um processo no qual o iniciado vai galgando degrau por degrau durante toda a sua vida Maçônica.

O verdadeiro Maçom é aquele que busca extrair dos postulados da Ordem os ensinamentos de que carece para sua evolução.

Infelizmente, muitos Maçons esperam que, após a sua iniciação, lhes seja aberta a cabeça e lá colocados vários tonéis de conhecimentos.

A verdade é que os fatos não acontecem dessa forma.

Devemos reconhecer que existem falhas por parte das Lojas.

E elas não são poucas.

De outro lado, notamos que existe uma grande apatia de parcela significativa de Maçons em procurar conhecer a Maçonaria profundamente.

E a forma de fazê-lo é só através da leitura, do estudo persistente.

Observa-se uma situação peculiar nessa questão: quem já está dentro não possui os conhecimentos necessários a uma boa orientação aos neófitos e, estes, por sua vez, não sendo bem orientados, tendem a seguir o comportamento dos mais velhos.

É aquela velha máxima que diz que “o homem é um produto do meio”.

O verdadeiro Maçom é aquele que busca conhecer a Ordem a que pertence sem esperar que os outros o façam por ele.

Por outro lado, devemos compreender que se quisermos ser verdadeiramente Maçons, não podemos ficar somente observando as falhas dos outros.

Se ingressamos na Ordem e nos deparamos com um ambiente que não corresponda à expectativa que tínhamos, certamente o caminho mais correto não é o de abandoná-la, ou pior ainda, continuar fazendo parte dela, porém, de forma indiferente.

O procedimento correto do verdadeiro açom é procurar evoluir e tentar, através de seus conhecimentos, buscar iluminar aqueles menos interessados. 

Se cada um de nós procurarmos agir dessa maneira, com certeza estaremos construindo uma Maçonaria muito melhor, formando melhores Maçons e, por consequência, contribuindo para a melhoria da sociedade como um todo.


NOVE DE JULHO - poema de Adilson Zotovici




Adilson Zotovici da ARLS Chequer Nassif-169 de S. Caetano do Sul e um poeta e erudito maçônico.


Vale sempre lembrar 

Desses insignes obreiros

Que há muito decidiram lutar

Honrados livres pedreiros


Na verdade Brasileiros

Em movimento Civil e Paulista

Por tempos alvissareiros

“Revolução Constitucionalista”


Uno anseio progressista

Com destemor, com bravura,

Sem ideia separatista...

Contra perigosa ditadura 


Lançaram-se pois à loucura 

Fraternais mas, sem medo,

Homens com muita cultura

E em comum...um segredo 


Inda que imposto degredo,

Ou militar, ou à paisana,

Nobre, Salles, Lisboa, Toledo 

Mesquita,Campos, Pestana...


Por Constituição Soberana,

Juntos lutaram à porfia

Por princípio, a liberdade humana,

Tal os arcanos da Maçonaria !


Adilson Zotovici

ARLS Chequer Nassif-169

QUANDO TUDO DÓI A DOR NÃO É FÍSICA - Dra. Roberta França




A Dra. Roberta França é médica geriatra

"Quando ainda era acadêmica ouvi de um professor algo que nunca esqueci "quando tudo dói a dor não é física"... 

Talvez eu não tenha dimensionado naquele instante a grandeza desse diálogo. Hoje geriatra, vivenciando diariamente a rotina dos meus pacientes, vejo o quanto esse olhar me abriu para compreender cada um que chega com dores por todo corpo; muitas vezes não sabendo nem por onde começar ou sequer explicar como acontece. Ouço com atenção às queixas de dores de cabeça, no estômago, musculares, ósseas, palpitações, náuseas, coceiras...

Depois faço apenas uma pergunta " o que está realmente acontecendo com você? " Após um minuto de hesitação e até espanto, a maioria cai num choro convulso e doloroso. Deixo o choro libertador acontecer e então no lugar das queixas álgicas ouço término de relações, perdas de pessoas queridas, problemas financeiros, medos, angústias e ansiedades... Novamente lembro - me da frase " quando tudo doi a dor não é fisica"... Não é! A dor é na alma... 

Tudo que nos faz mal e guardamos, por um mecanismo de defesa, vai sair de alguma forma... muitas vezes em forma de doença! É nosso corpo físico gritando pelo resgate da nossa alma... É nosso corpo nos confrontando com nosso eu... É nosso corpo nos mostrando o que não vai bem... É nosso corpo dizendo " olhe pra você "

As vezes é difícil compreender e até acreditar nisso. Normal! Estamos tão mentais, tão obcecados pela objetividade que só mesmo adoecendo, doendo, machucando é que paramos para valorizar nossas sensações e nos perceber. ..

Ninguém gosta de sentir dor, ninguém quer adoecer, todo mundo teme se machucar... 

Alertas! 

Quantos alertas nosso corpo precisa nos enviar para olharmos pra ele, de verdade!

Sejamos mais atentos , gentis e cuidadosos com nosso corpo... 

Sejamos mais atentos, generosos e amorosos com nossa alma...

Toda dor é real...

Toda dor é tratável. ..

Todo corpo deve ser templo...

Toda alma deve ser leve... "


julho 08, 2021

A ARROGÂNCIA






Linda e sábia fábula, bem curtinha e com a moral da história.

Dois galos estavam, disputando, em feroz luta, pelo direito de comandar a chácara.

Por fim um pôs o outro para correr.

O Galo derrotado afastou-se e foi se recolher num lugar sossegado.

O vencedor, voando até o alto de um muro, bateu as asas e exultante cantou com toda sua força.

Uma Águia que pairava ali perto lançou-se sobre ele e, com um bote certeiro, levou-o preso em suas poderosas garras.

O Galo derrotado saiu do seu canto e daí em diante reinou absoluto livre de disputa.

Moral da História :... O Orgulho leva antes à Destruição... 

Os Símbolos e Alegorias que decoram e abrilhantam nossas colunas estão lá exatamente para que o Maçom tenha consciência de sua finitude e aprenda a vencer suas Paixões e Vontades.

Somente assim será capaz de substituir a Arrogância pela Tolerância.

Infelizmente há os que percorrem todos os degraus da escada de Jacó apenas por formalidade e neste caso o tombo é bem maior...

Aqui juramos ser homens melhores e para isto lutamos diuturnamente contra as vaidades que nos são inerentes.

Entretanto, uma vez que se beba do Poder, ainda mais difícil se torna com ele conviver ou dele se abster.

Basta um momento de reverência e o irmão já se investe de uma autoridade que apenas representa e nela termina por revelar as Paixões ocultas.

O Poder envaidece e é seletivo pois ao término consegue isolar os muitos Chamados dos poucos e Verdadeiros ESCOLHIDOS.

Aqueles capazes de atingir o cume e regressar à base, com a naturalidade de saber que é ali que se faz a sustentação para erguer a pirâmide do conhecimento. 

Bom dia e boas Reflexões meus irmãos.

UM SHORT-TOUR PELO PLANETA ALMA E SEUS SATÉLITES - Newton Agrella





Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante. Um dos mais destacados intelectuais maçônicos do pais.


De maneira branda e descompromissada, tal qual uma brincadeira infantil, as palavras nos permitem intercalá-las e entrelaçá-las em forma, conteúdo e significado, como se estivéssemos no quintal de casa e no chão desenhássemos um punhado de caminhos, e por eles fôssemos passeando.

Nada mais divertido do que se começássemos pela ALMA, que significa o princípio vital, a singela manifestação da vida.  

Dela derivaríamos para o ÂNIMO, que se traduz como o espírito pensante, a disposição da alma, filho da vontade, do desejo e do humor.

Tocando um pouquinho mais adiante pegaríamos um atalho e nos aventuraríamos pelo caminho do ALIMENTO, filho da mesma raiz etimológica, cujo significado é o da substância digerível que sustenta o corpo e a mente, e que por extensão é o dispositivo que oferece a força e mantém as faculdades intelectuais e morais.

Nunca é demais abrir um parêntesis e destacar que numa figura de linguagem "a leitura é o alimento do espírito".

Prosseguindo o passeio e  tomando-se uma outra senda mais remota, desta vez, cheia de buracos, terreno mais acidentado, cheio de curvas, aclives e declives, encontraremos mais uma derivação do mesmo radical etimológico, a famosa ANIMOSIDADE. 

Esta, por sua vez, carrega consigo algumas características marcantes, que a fazem bastante particulares: a audácia, a coragem, a ousadia, o ardor frente aos embates, e a contestação nos lances mais polêmicos da vida.

Nesse animado tour, não poderíamos nos furtar de transitar por um caminho derradeiro, o ANIMAL, que seja como substantivo ou adjetivo, seu significado é o legítimo produto da vida. 

É a natureza que se materializa física e mentalmente.  

É a consciência que se estabelece entre a fé e razão da própria Existência. 

Como epílogo dessa brincadeira, cabe registrar que na essência filosófica antropocêntrica a ALMA e seus derivados assumem uma identidade imaterial e eterna do homem.

Desfrutar da vida é um jogo de permanente atenção aos desafios e de adaptação às mais diversas circunstâncias, impondo-nos um olhar crítico e construtivo ao nosso comportamento humano.

Ergamos pois, um brinde à ALMA, esconderijo mais íntimo de todas as nossas emoções e confidente guardiã de nossas experiências 


julho 07, 2021

O PODER DO SILÊNCIO




Originária do latim (silentiu), a palavra silêncio significa segredo, sigilo, calma, sossego e paz. Pela sua essência tão elevada tornou-se disciplina iniciática adoptada pelos mistérios da Antiguidade e cultivada pelas várias sociedades secretas dos primeiros tempos. Nos mistérios do Egipto, Ísis apresentava-se com um dedo nos lábios fechados, convidando o sábio ao silêncio que atrai as revelações. Nos mistérios Elêusis, aparecia o mista gogo colocando uma chave de ouro sobre a língua dos iniciados, impondo-lhes punições severas como ser banido, confisco de bens, morte e a proibição de enterrar o delinquente na sua terra natal.

A Maçonaria cultiva o silêncio, pois prescreve que a verdadeira sabedoria está na comunhão do pensamento humano com os eflúvios que lhe chegam dos poderes superiores. Tais eflúvios, palavras divinas perceptíveis ao entendimento mais elevado, não podem ser percebidos senão no recolhimento mais profundo. É através dele que o iniciado tem verdadeiramente consciência das suas forças latentes e das que o envolvem em função dos ensinos mais puros que lhe são transmitidos.

O silêncio desenvolve as nossas faculdades mais elevadas, permitindo ao ser humano adquirir o seu mais alto grau de aperfeiçoamento. Ele tem voz e tem alma, e nessa voz existe a majestade de uma força superior emanada do mistério da Divindade; é uma voz soberana, cuja modulação se estende por todo o Universo em harmonia infinita com a eternidade.

É valioso relembrar que do silêncio surgiu o mundo em que vivemos, obra do Grande Arquiteto à disposição dos seus filhos, facultando-lhes usufruir da mudez dos astros, da solidão oceânica, da calma ardente dos desertos, da quietude das tumbas milenares e de todas as riquezas naturais. E em tudo isto encontramos as formas que nos fazem sentir até ao fundo de nós mesmos as energias da Terra, esse magnetismo universal que devemos canalizar para dentro de nós próprios para sentirmos cada vez mais adeptos da perfeição humana.

É no silêncio, na solidão e na meditação que o espírito se eleva e atinge as regiões mais elevadas e onde vivem, em radiosa harmonia, as correntes nas quais haurimos as energias que nos faltam para a concretização dos nossos anseios mais dignos. E a voz do GADU não se faz ouvir se não no silêncio e no repouso da alma.

Nas práticas maçónicas a imposição do silêncio não constitui somente uma disciplina que visa fortalecer o carácter, mas um induzimento à meditação sobre o conteúdo maior dos augustos mistérios que nos indicam de onde viemos. O que somos? Para onde vamos? O silêncio é eterno… É divino… É emocional e é infinita elevação do espírito. Dele brota o estudo, fruto bendito de toda uma vida cheia de meditação, em que a mente humana vence tudo na conquista do saber.

Nos trabalhos maçónicos o culto ao silêncio é exercido não por força de normas regulamentares ou por educação, mas para que seja mantido um ambiente de espiritualidade no interior do Templo. É simbolizado pela Trolha, utensílio com o qual devemos, silenciosamente, colocar uma capa sobre as imperfeições dos nossos irmãos, tal o pedreiro comum, ao realizar o trabalho nas suas obras físicas.

Finalmente, no silêncio começa a vida, a nossa existência. Nele é dirigido o nosso pensamento positivo para o bem-estar das nossas almas, a oração fervente que conforta os nossos corações, transpondo-nos aos planos superiores do santuário do nosso espírito.

O MAÇOM E SUA LOJA - Evando Gonçalves



Muitos Irmãos deixam de frequentar a sua Loja alegando motivos inconsistentes.

Muitas vezes, quando comparecem, acham que a reunião está chata e demorada.

A Maçonaria, como já depreendemos, visa mudança do homem em seu interior.

O seu objetivo é que o homem evolua interiormente e, em fazendo isso, estará contribuindo para a evolução não só dos Maçons de forma particular, como também de toda a sociedade.

O comportamento do homem normalmente reflete o seu interior.

Alguns podem até conseguir disfarçar por algum tempo, mas nunca o conseguirão durante toda a vida.

O homem que deseja sinceramente evoluir em seu íntimo, deve fazê-lo mudando inicialmente a sua maneira de pensar.

Deverá direcionar seus pensamentos para atitudes nobres.

Quando nos propomos a realizar alguma coisa ou a participar de qualquer evento social, ou seja lá o que for, devemos inicialmente perguntar-nos se realmente é aquilo que queremos.

Após a decisão tomada, devemos dar o melhor de nós na realização daquilo a que nos propusemos.

Em outras palavras, devemos colocar o AMOR naquilo que fazemos.

A Maçonaria é uma sociedade iniciática, isto é, os seus membros devem passar por uma cerimônia de iniciação, ocasião na qual o neófito morre para o mundo profano, ou seja, o mundo dos erros e dos vícios, e renasce em um mundo diferente.

Um mundo dedicado ao trabalho e à virtude.

Mas será que a iniciação consiste somente naquela cerimônia do primeiro dia? 

Com certeza, a resposta é NÃO.

A iniciação envolve todo um processo no qual o iniciado vai galgando degrau por degrau durante toda a sua vida Maçônica.

O verdadeiro Maçom é aquele que busca extrair dos postulados da Ordem os ensinamentos de que carece para sua evolução.

Infelizmente, muitos Maçons esperam que, após a sua iniciação, lhes seja aberta a cabeça e lá colocados vários tonéis de conhecimentos.

A verdade é que os fatos não acontecem dessa forma.

Devemos reconhecer que existem falhas por parte das Lojas.

E elas não são poucas.

De outro lado, notamos que existe uma grande apatia de parcela significativa de Maçons em procurar conhecer a Maçonaria profundamente.

E a forma de fazê-lo é só através da leitura, do estudo persistente.

Observa-se uma situação peculiar nessa questão: quem já está dentro não possui os conhecimentos necessários a uma boa orientação aos neófitos e, estes, por sua vez, não sendo bem orientados, tendem a seguir o comportamento dos mais velhos.

É aquela velha máxima que diz que “o homem é um produto do meio”.

O verdadeiro Maçom é aquele que busca conhecer a Ordem a que pertence sem esperar que os outros o façam por ele.

Por outro lado, devemos compreender que se quisermos ser verdadeiramente Maçons, não podemos ficar somente observando as falhas dos outros.

Se ingressamos na Ordem e nos deparamos com um ambiente que não corresponda à expectativa que tínhamos, certamente o caminho mais correto não é o de abandoná-la, ou pior ainda, continuar fazendo parte dela, porém, de forma indiferente.

O procedimento correto do verdadeiro Maçom é procurar evoluir e tentar, através de seus conhecimentos, buscar iluminar aqueles menos interessados. 

Se cada um de nós procurarmos agir dessa maneira, com certeza estaremos construindo uma Maçonaria muito melhor, formando melhores Maçons e, por consequência, contribuindo para a melhoria da sociedade como um todo.


julho 06, 2021

ESTE É UM DE MEUS LIVROS





Foram feitas quatro edições, todas esgotadas. Atualmente está disponível em e-book por apenas R$ 15,00
 

LIMITE DE TEMPO PARA O USO DA PALAVRA - Pedro Juk





Em 16/08/2018 o Respeitável Irmão Arimar Marsal, Loja Guardiões da Arca, 4.348, REAA, GOB-RS, Oriente de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, apresenta a seguinte questão: LIMITE DE TEMPO 

Surgiu um questionamento em nossa Loja e gostaria da sua ajuda no sentido de eliminar esta dúvida.

Na Loja, o Orador é o representante do Ministério Público. É também o Guarda da Lei e fiscal do Regimento Interno da Loja. 

Dentre várias funções, está o de medir e limitar “a palavra” aos três minutos medidos pela sua ampulheta com alguma condescendência para que seja concluído o pensamento de quem está falando.

QUESTÃO: Como proceder com um Irmão (independente do cargo na Loja) que tem o hábito de não respeitar o limite de três minutos e continuar por até 3 vezes o giro da ampulheta? Isto em TODAS as sessões.

Precisamos de sua ajuda no sentido de nos indicar qual dispositivo podemos aplicar nesta situação constrangedora que acaba quebrando a egrégora e harmonia da nossa Oficina pela repetição do mesmo discurso, pois o irmão acredita que tem o direito de ficar tanto tempo quanto quiser.

CONSIDERAÇÕES: Penso que essa é mais uma questão de instrução em Loja do que propriamente de disciplina e legalidade.

Via de regra, não é de boa geometria em Maçonaria se controlar o tempo de uso da palavra de alguém. Isso pode mostrar cerceamento à liberdade. 

Do mesmo modo também é de péssima geometria que Irmãos exagerem nas suas oratórias esgotando a paciência dos demais e obrigando ao Secretário anotar as suas verborragias.

Como se pode notar, a questão é de equilíbrio, apenas conseguido quando a Loja ensina e estabelece regras de bem agir àqueles que carecem dessa instrução.

Para os “papagaios maçônicos” acredito que a Loja deveria utilizar o Tempo de Estudos para insistentemente ensiná-los a falar exclusivamente sobre assuntos necessários e com comedimento, clareza e objetividade.

Sob o aspecto legal, àqueles que se excedem no palavrório, o Orador deve advertir em momento apropriado, mas com fidalguia, para que a palavra se atenha à objetividade e somente a assuntos que digam respeito ao momento.

No tocante ao literal controle de tempo no uso da palavra, salvo o quarto de hora de estudos, onde o ritual menciona em não se exceder o período além dos quinze minutos, nos demais momentos da liturgia não aparecem objetivamente restrições relativas ao tempo utilizado pelo usuário da palavra – por certo pelo ritual contar com o comedimento e a compreensão do obreiro.

Assim, a questão de não se exceder ao tempo sem se agredir o direito da liberdade, me parece mesmo ser a de educação adquirida por insistentes ensinamentos comuns ao salutar costume maçônico.

Não sei se é o caso da ampulheta ser virada várias vezes ou literalmente o de alertar aquele que extrapola em demasia o tempo prolongando as atividades no canteiro, além do necessário.

Essa demanda me parece ser de responsabilidade, tanto daquele que fiscaliza as atitudes, bem como daqueles que se submetem à tradição e costumes maçônicos.

O maçom usando a palavra em Loja deve falar pouco, com clareza e objetividade. Em discussão, ele deve se ater apenas ao assunto discutido. A bem da Ordem ou do Quadro em Particular, ele deve falar com esse escopo. Discursos rançosos e repletos de exagerado lirismo não são práticas de operários que se propõem a construir um novo homem.

Se a questão for a de educação, não custa lembrar que a Gramática, a Retórica e a Lógica são matérias de estudo para o aperfeiçoamento do maçom. Dois olhos para melhor enxergar; dois ouvidos para melhor ouvir e uma só boca para menos falar são lições que jamais o maçom deve esquecer - ver, ouvir, meditar, bem agir e calar.

Se depois de todos os ensinamentos e advertências veladas ainda persistirem hábitos reprováveis por parte daqueles que acham que em nome da liberdade eles têm o direito de esgotar a paciência dos outros com seus intermináveis blá, blá, blá perturbando o ambiente, então eu sugiro que a Loja busque um mecanismo disciplinar legal para coibir esses descomedimentos.

Em havendo dúvida a respeito por parte do Guarda da Lei, aconselho que ele faça uma consulta requerendo orientação ao Ministério Público Maçônico Estadual que é o órgão que promove justiça no âmbito da Obediência.

Dando por concluído, lembro que antes de qualquer atitude extrema a Loja deve ter esgotado todos os argumentos e ponderações para a solução do caso. O exercício da tolerância é altamente salutar, porém ele não pode se transformar em um mecanismo de indulgência – o Prumo não pende como as oblíquas.